Capítulo 2 - Buscando Direções

Ao entrar no Gabinete de Roguer, Roosevelt fecha a porta e senta-se na cadeira onde quem visitava o velho normalmente sentava, começando a dialogar com o Escrivão.

- Então Roguer... o músico esteve aqui a alguns minutos certo?... Por Deus Roguer!!!... Você nunca me disse que já esteve na Ilha de Ferro... Você é um puto pirata velho maldito. Diz Roosevelt em tom descontraído, dando um gole na garrafa de rum que trazia consigo.

- Devo te avisar que estamos procurando por ela, inclusive, ajudaria muito se você compartilhasse comigo a direção necessária pra chegarmos até a ilha... Continua Roosevelt, estendendo a garrafa de Rum ao Escrivão, oferecendo para o velho caso ele queira.

O ancião recusa a garrafa.

- Já bebi o suficiente por hoje, capitão. - E pelo jeito dele estar falando e gesticulando podia-se notar que era verdade. Além disso, uma garrafa totalmente vazia encontrava-se em cima da escrivaninha. - A ilha não é fácil de ser encontrada, capitão... foi o que eu falei para aquele jovem que estava aqui agora a pouco... como é mesmo o nome dele? Bew? Dew?

- Lewellin... Completa o Capitão, que da mais um gole na garrafa de Rum já que o Escrivão rejeitou.

- Ouça Roguer... Temos uma tripulação boa o suficiente pra desembarcar na ilha, pegar o suficiente pra nos aposentar e cair fora... Aposentar... Hunf... Não no meu caso... Mas não vou te impedir de escolher o que fazer com seu futuro Roguer... Mais cedo, fiz um discurso bom o suficiente pra fazer esses marujos criar a coragem necessária pra deslumbrar o que essa ilha tem... Eu sei que você é sábio o suficiente pra não ir na onda de um discurso... Mas você já viveu o suficiente pra entender essas malícias, sabes do que eu digo... Seria uma frustração se não conseguirmos a direção necessária pra encontrar a ilha... Nos dê o que precisamos como seu último ato pirata caso queira... Não estou pedindo pra você desembarcar do navio conosco... Colabore Roguer! Roosevelt falava com o velho pacientemente, assim como Roguer também falava com ele.

Spoiler:

- Ah, então foi isso que a tripulação estava gritando lá em cima... - Roguer diz consigo mesmo. Desta vez o capitão fica em dúvida se isto era o efeito da bebida ou da velhice. - Capitão, eu sempre ajudei meus antigos capitães da melhor maneira possível, sempre contribui com o que me era devido... mas a questão é que faz muito, muito tempo que estive lá, naquela ilha... eu não passava de um garoto... Não me recordo das direções exatas, eu só sei que ficava em algum ponto perto da Orla do Dragão... talvez quando Marlin Negro estiver chegando lá, eu possa me recordar com mais clareza... mas no momento isto se faz impossível... me desculpe, capitão...

- Okay okay... Estamos indo pra Orla do Dragão... Agora tenho uma notícia ruim... Ou não, dependendo do ponto de vista... Oriun morreu!... Ele transgrediu as regras novamente... Foi sujo... Aposto que tudo que ele queria era ficar numa ilha pra tentar fugir dos castigos do Frac'Eido... Então eu o matei... Prefiro contar a você antes que alguém lhe conte... Foi uma morte rápida, nem sequer estava acordado, não sentiu o golpe, ele já havia desmaiado com o castigo que levava... Morreu no mar, como um pirata... Era um cretino... Mereceu!... É isso Roguer... Até mais. Roosevelt levanta-se da cadeira e sai vagarosamente pela porta, com a afeição séria, não mostrava remorso em ter assassinado Oriun, Roguer sabia que o cara era um poço de confusão e já estava na direita do capitão, Roosevelt só não sabia se Roguer entenderia seu ponto de vista.

Dyke continua navegando para Sembia, mas com duvidas sobre se o lugar realmente existe, pois ele pensava que fosse apenas uma lenda contada por velhos piratas e diante do acontecido questiona-se sobre a sanidade do capitão " espero que os mares nos leve para essa maldita ilha ou aquele pirata velho pode querer matar mais alguém"


Dyke fica sempre de olho nas nuvens a qualquer sinal de uma tempestade irá falar com o louco do Capitão.

Lewellin tinha a noite de descanço, isso acontecia poucas vezes. Ele sempre ficava atento à tudo o que acontecia no navio, sempre em prontidão.
Ele resolveu ficar sentado na beirada do barco, com uma corda amarrada na cintura para não acontecer de cair no mar. Ele cuidava de sua adaga enquanto pensava numa letra para uma nova música.
Ele não gostava de escrever suas canções, achava que isto perdia o brilho da melodia. Apenas se concentrava e pensava na melodia "As palavras vem conforme o mar me conta..."

À noite chega como uma onda de alívio após um dia conturbado. Enquanto Hymma era o único marujo no convés, os outros ou estavam dormindo ou se preparando para dormir. Pelo menos era o esperado. Porém uma pequena reunião tomou forma no deque inferior onde o grosso da tripulação permanecia bem acordado. Dyke, Albett, Royce, Sean Dorean e Salaman eram os presentes. Jolly Roguer dormia profundamente em seu gabinete, ali do lado, e Roosevelt, Scrum, Frac’Eido, Raggeti e Lewellin estavam em seus respectivos quartos, num andar acima.

Uma única vela foi posta no centro do deque onde os cinco marujos se reuniram, um estava bem junto do outro e suas vozes não passavam de meros sussurros. A tempestade lá fora, com raios e trovões estrondosos, ajudava na discrição do grupo. Albett, um rapaz vigoroso de braços e torso bem definidos, é quem tomava a palavra.

- O que o capitão fez não foi certo. Oriun podia ser um tanto problemático, mas decepar a cabeça dele no meio do convés? Nunca vi uma barbaridade dessas, ainda mais vindo do capitão do navio. Tá certo que sou jovem ainda e não vi muitas coisas nos mares deste mundo, mas o que faz uma tripulação forte é a união dela. E não se consegue esta união arrancando a cabeça de um marujo por maus comportamentos. Eu estou preocupado com qual possa ser a próxima atitude de Roosevelt, já que o código foi quebrado. O que vocês acham?

Dyke se reúne com alguns marujos no deque inferior e sussurravam sobre o acontecido com o podre Oriun, todos escutam o que Albett fala e em seguida Dyke toma à palavra:

- Eu acho que o Capitão tá ficando doido, ele poderia ter todos os motivos pra matar o maldito, mas acima de tudo deveria seguir o código. Eu não nasci pirata, mas sempre ouvie que o código vem em primeiro lugar e se o Capitão não cumpre o código por que nós deveríamos... Enquanto nós trabalhamos o dia todo ele só fica na cabine bebendo e comendo... Eu sugiro cumprir o que o código diz; artigo 1 todos devem obedecer o código, e o Capitão também faz parte da tripulação, então também deve ser punido como o código diz... é nosso direito, caso ele não queira eu sugiro um motim.

Dyke olha para todos, um de cada vez, que estavam na mesa e espera suas respostas.

- Eu estou de acordo - diz Royce, irmão de Albett. O cozinheiro apenas balança afirmativamente a cabeça.

- Vocês não podem fazer isto. - O garoto Sean fora quem dissera estas palavras. Ele falou com tanta convicção que todos se viraram para encará-lo. - Um capitão de verdade nunca se renderá aos pedidos da tripulação. Motim? Rá! Quero ver quem vai passar pelos dois cães de guarda de Roosevelt. Aquele imediato que mais se parece um gigante não sai da cola dele, e o contramestre paranoico também não fica para trás. Enquanto isso, o que nos resta além de nós seis, se contarmos o vigia? Deixe-me pensar. Um velho que nem tem força para se levantar da cadeira e um músico que nunca deve ter pego numa arma de verdade.

- Ainda sobra o Ragetti, o mestre carpinteiro. Talvez se ele nos apoiasse... - raciocina Royce.

- Não há Capitão se não tiver tripulação e ele também é um pirata não está livre do código só por que é o capitão e se o próximo for você Sean o que fará? vai se ajoelhar e implorar pela vida, isso se você estiver acordado... acho que devemos convocar a tripulação e votar como o código diz e se ele não quiser aceitar e quiser nos punir ele não vai poder fazer isso com toda a tripulação, o Marlin Negro não se navega só
.
Dyke diz isso olhando para Sean.

- Vocês vão pedir para que o contramestre açoite o capitão? - questiona Sean. - Ele nunca fará isso. Eu já disse, aquele carniceiro é um dos braços direitos de Roosevelt, assim como o imediato. Os três estão cada dia mais próximos um do outro, eu pude observá-los na Cauda do Tritão. Eles compartilharam a bebida e a comida, e só não compartilharam a puta porque havia muitas outras disponíveis. E o que aconteceu quando você e Hymma foram até a mesa deles? O capitão chutou os dois imediatamente.

- Ei garoto, vocês não tinha mais nada a fazer do que ficar xeretando? - pergunta Royce que não gostava nada deste hábito de Sean.

- Eu apenas gosto de me manter bem informado. Então, o que vai ser? Vão declarar guerra contra o capitão e seus dois cães de guarda? E ainda tem o Raggeti, que sinceramente está mais do lado deles do que do nosso. Se levarmos em conta que ainda não sou um perito na arte da luta, seriam cinco contra quatro a nosso favor, a diferença é que o capitão e o mestre carpinteiro são os guerreiros mais capazes, e o imediato não fica muito atrás também não. O risco de perdermos seria grande, não acham?

- Ah então já que você é tão observador, então o que você sugere?! que fiquemos calados com o rabo entre as pernas vendo ele matar qualquer um que ele quiser, quando der na telha. Dyke diz isso irratado com a coversa e se afasta um pouco da roda.

- Claro que não. É apenas uma questão de esperar pelo melhor momento.

- E qual seria este momento? - pergunta Albett.

- Estamos indo para aquela tal Ilha de Ferro, não é mesmo? Se metade dos boatos que se dizem a respeito dela forem verdadeiros, talvez um dos braços direitos do capitão ou até mesmo o próprio Roosevelt pode acabar encontrando um trágico fim lá. Ou, quem sabe, nós podemos arranjar este fim prematuro, sabem como é, no calor de uma batalha eu posso fingir que meu virote atingiu sem querer o capitão ou algum de seus capangas... Seja como for, dizem que há ouro lá. Toneladas de ouro. Se for para fazer um motim, é melhor esperar que o Marlin Negro esteja nadando em ouro do que nadando em sacos de pão duro. Melhor sermos piratas rebeldes ricos do que piratas rebeldes pobres.

- O garoto tem razão. Um motim agora seria desperdício, mesmo porque ainda estamos próximos da Ilha Dragão e sabemos como o capitão tem amigo por estas bandas. O melhor seria esperar por uma oportunidade no futuro, caso o capitão continue a desrespeitar o código.

- Feito, mas aquele que trair o grupo aqui contando sobre o possível motim vai perder a língua no mínimo.
Dyke olha seriamente para os demais e sai, em direção ao convés para ver como o tempo está.

- Então está encerrado o assunto - diz Albett. - Por ora não discutiremos mais a respeito disso.

Dyke sobe até o convés encharcado pela chuva. As trovoadas seguiam-se num ritmo constante. Hymma permanecia solitariamente no cesto da gávea. Um buraco envolta do mastro fazia a água escoar do cesto, não deixando assim que ele transbordasse.

- Ahoy - grita Hymma lá de cima.

Dyke, já no convés percebe que a chuva continua forte e quase não ouve Hymma se não tivesse olhado para cima. Dyke acena para ele e começa a subir até a gávea, chegando lá Dyke se aproxima do marujo e fala:
- A gente tava conversando sobre o que o capitão fez hoje, quebrando o código, tava eu o Albett o Royce o Sean... e eu queria saber o que você achou.

Dyke olha para o homem e espera para ver o que ele dirá antes de contar o plano.

- pois é ninguém gostou nadinha daquilo e a gente tava pensando em. Dyke se aproxima mais ainda e sussurra:
- Fazer um motim depois dessa ilha de ferro, ele deve ser punido como o código diz.
Dyke se afasta um pouco esperando uma resposta.

- Podem contar com a minha ajuda - afirma Hymma. - O coitado do Oriun não merecia morrer dessa maneira. Você viu como o corpo dele foi arremessado ao mar sem nenhuma cerimônia, como se ele fosse apenas um peso inconveniente para o navio que deveria ser atirado fora imediatamente. Mas é melhor você voltar para o deque inferior, se o capitão ver você aqui...