Fauzi - Hades

Porto Negro.

A cidade dos piratas é o espinho na sola do pé dos outros reinos. Refúgio de navios piratas, localizada em um importante eixo de caravanas e rotas marítimas, Porto Negro é cidade de atividades escusas, proibidas nos outros reinos, como a escravidão, contrabando e venda de objetos roubados.

Porto Negro nem sempre foi assim, e conheceu altos e baixos em sua turbulenta historia. E também foi assim a vida de muitos de seus habitantes.

Fauzi, por exemplo. Vivia em um povoado feliz e com um futuro promissor, mas as desventuras da vida fizeram com que tivesse destino semelhante ao de Porto Negro, onde um período de felicidade é sucedido por outro de desgosto e amargura.

Mas o que importa é o agora.

Fauzi estava concentrado. Ele observava uma dançarina de aparência exótica, sendo o centro das atenções em meio a um numero de marinheiros, piratas e trabalhadores das docas que a observavam fascinados. As tavernas de Porto Negro a noite eram locais onde homens e mulheres cansados e massacrados pelo dia-a-dia vinham procurar um escape de suas sufocantes vidas. E na taverna Peixe Defumado não era diferente.

A companheira de Fauzi, uma garota de nome Bia Wiam, gostava do local, pois o mesmo sempre era cheio, o que facilitava suas atividades de extrair um pouco daqueles que tem muito. E ela fazia isto com agilidade e delicadeza, em fregueses que estavam bêbados demais para notarem a falta de algumas moedas, ou mesmo todas suas moedas.

Após um certo tempo ela volta, e se senta ao lado do guerreiro, satisfeita. Bia tinha olhos azuis e cabelos castanhos, que ela usava amarrados em um grande rabo de cavalo. Gostava de usar roupas sensuais, e naquele momento usava um bustiê e saia de couros marrom-escuros.



Ela sorri de canto de boca, estalando os dedos satisfeita. “Consegui umas boas moedas por aqui, Fauzi! Os homens ficam babando em cima das dançarinas, o que facilita meu trabalho. Agora vou poder retribuir o favor que voce me fez, mesmo que seja em parte”, diz animada.

Fauzi fica absorto em seus pensamentos lembrando-se de seu passado. Eu olhar era fixo, reto, mas sem focar em algo específico. Ele observa a dançarina, mas sem prestar atenção nela. Ele quase não nota quando Bia se aproxima. Era uma jovem sensual e alegre e ele gostava de ter a companhia dela.

Eles se conheceram logo que ele chegou a cidade. Estava saindo do navio e passou por uma ruela quando escutou barulho de confusão e foi verificar. Dois homens estavam armados e avançando contra a jovem e Fauzi intercedeu e colocou os dois para correr. Não sabia, contudo, que eles tinham sido roubados por ela e só estavam a cobrar o que era seu de direito, e mais um pouco...

Ele sorri de volta para a garota e diz:
- Você tem que se cuidar aqui Bia... Pode pegar alguém que saiba contar e que note que suas moedas não estão mais em sua bolsa... Quanto ao favor, na minha terra favor se retribui com favor e dinheiro com dinheiro.... Não se pode pagar favores com dinheiro...

O Munir sorve um pouco de sua bebida e diz:
- Você tem alguma notícia de trabalho? Estou ficando enferrujado, preciso praticar minhas habilidades....

Bia ergue a mão, e pega uma caneca de cerveja da travessa de uma atendente atarefada demais para perceber o sumiço. “Pois saiba que minhas mãos são ligeiras, e o meu serviço é rápido e eficiente...”, diz, piscando um olho”. “No momento que perceberem a falta das moedas, como é que eles vão me achar?”

A ladina sorve um pouco da cerveja, limpando a espuma com o dorso da mão. “Agora se é de um favor que precisa, é só me falar, que faço com o maior prazer... Mas depois, por que agora estou com fome!”

A garota pede então um prato da casa, um peixe cozido em especiarias de Rabiah com cebolas e batatas. Ela então apoia os cotovelos na mesa e encara o Munir. “Trabalho eu não sei não, mas preciso te dizer das surpresas que se encontram nos bolsos das pessoas...”, diz, e retira algo de sua bolsa. Parecia um objeto retangular fino, de cor preta. De um lado tinha um vidro, do outro era coberto por um material macio. Nas laterais, pequenas saliências.

“Da uma olhada, esta preto, não está? Mas quando você aperta esta saliência aqui...”, diz Bia, que ao pressionar o botão, faz com que uma imagem se fixe no vidro, a imagem de uma mulher, cabelos negros como a noite e olhos amarelos, vestindo um bustier e saias pretos, sentada sobre um caixão de cemitério.



Fauzi não podia acreditar, mas era como se a mulher estivesse ali, só que minuscula, para caber naquele objeto. Ao tocar no vidro, algumas letras estranhas de um alfabeto desconhecido surgiam.

“Demais, não é? Nunca vi objeto magico assim, mas deve valer alguma coisa, não acha?”, comenta a ladina, sorrindo.

Tristan observa o objeto com extrema curiosidade, também nunca tinha visto algo como aquilo. Parecia um artefato de contenção, algo que mantia aquele mulher ali dentro. Ele foca sua visão para ver se conseguia ver expressões na mulher, como piscar os olhos ou ela se mexendo... Nem mesmo seu cristal tinha propriedades como aquela. Ele volta-se para Bia e diz:
- Onde e quando você achou isso? Essas runas... Isso parece ser um objeto mágico... E objetos mágicos são valiosos e se o dono der falta pode usar magia para localizá-lo... E se fizerem isso você se meteu numa encrenca das grandes mocinha....

Off: O objeto é psíquico? Se for quero fazer um teste de conhecimento psi.

Fauzi olha para aquele objeto estranho, que apesar do vidro parecer ser feito de algum tipo de cristal, não emanava radiações psíquicas. A mulher dentro dele não se mexia, e sua expressão facial não mudava, como se fosse uma estatua, uma pintura.

Diante do tom alarmado do Munir, Bia fica inquieta e insegura. “Achei ele ontem, aqui mesmo no bolso de um freguês do Peixe...”, diz, com a face indicando preocupação. “Será que podem me encontrar?”

Como em resposta a sua pergunta, um homem barbado e mal-cheiroso segura o braço da ladina. Estava cheirando a álcool, e estava bem nervoso. “Sua vagaba! Então foi você e seu namorado que me roubaram? Podem já ir devolvendo a mercadoria, antes que eu arrebente vocês dois!”

Fauzi olha o homem barbado segurando a mão de sua jovem amiga e fica furioso com isso. Ele podia contornar a situação de outra forma, mas não gostava de valentões e ele se levanta e bate na mão do homem com a caneca de cerveja para que ele solte a jovem.
- Tire suas mãos imundas dela, ou você ficará sem mãos...

Ele coloca a mão no cabo da espada e encara o bêbado.
- Peça desculpas a jovem... Ela achou isso ontem, aqui... Se é seu, prove...

NRPG: Jogar com personagem sem carisma é foda kkkkk

Ao ter sua mão golpeada pelo caneco, o arruaceiro logo se volta para Fauzi. Porém o olhar de morte do Munir é o suficiente para que seu sangue gelasse em suas próprias veias, deixando suas pernas bambas. O barbado da um passo para trás, tremulo, pede desculpas para Bia e sai correndo com o rabo entre as pernas. O breve momento de tensão se vai, e logo todo o “Peixe Defumado” volta para suas atividades normais.

A ladina ainda permanecia boquiaberta com o rápido desfecho do episódio. Ela então morde os lábios e põe a mão sobre o braço musculoso do guerreiro. “Nossa, esta foi demais! Você sabe como proteger uma mulher... Hmm...”, comenta, roçando suas unhas na pele do outro. Mas então sua atenção volta para o objeto que estava no centro da mesa. “Ah sim, e pelo jeito este troço deve estar amaldiçoado... como pode, você abrir a boca, e logo surgir problema? Estou pensando em vender ele, ai a gente se livra da coisa e ainda ganha uma grana, que você acha?”

Off: Parece que o rolador de dados daqui gosta de voce, hades! kkk!

O Munir permanece olhando para o homem enquanto ele corre e então ele retira a mão do cabo de sua espada. Quando sua jovem amiga coloca a mão em seus braços e passa suas unhas ele fica arrepiado com aquela situação e um pouco sem jeito. Tirando o braço de forma devagar.
- Não foi nada... Não consigo ver um idiota desses destratando uma mulher...

Bia então sugere que venda o objeto e ele concorda, contudo faz uma outra sugestão antes.
- Antes de vende-lo, acho que deveríamos saber o que temos em mão... Ou que pelo menos saiba ler essa runas... Conhece alguém com conhecimento para tal? Também acho que devemos sair daqui... O beberrão pode voltar com ajuda, uma vez que não tem a coragem para me enfrentar sozinho.

Caso ela concordasse, seguiria com ela até o local onde poderiam avaliar o objeto.

Off: Tomara! Estava vendo os posts do Lana e foi ridículo ele tomar um pau pra aquele Orc Korbac! Podia ter vencido ele fácil e a Luthien estaria viva. De qualquer forma, ficou legal pra história rs. E acho que depois disso eu poderia definir a personalidade do meu psicristal como Bully (+3 em teste de intimidação rs). A por falar nisso, eu tenho um psicristal, e ele tem personalidade própria e consegue se comunicar mentalmente comigo, se quiser interpretar, fique a vontade!

Bia ouve a sugestão de Fauzi e reflete por alguns instantes. “Bem, o homem para quem eu vendo tem um bom conhecimento de itens mágicos. Podemos pedir para ele avaliar, e dependendo do que for, vendemos ou não,” diz, ajeitando a saia e se levantando.

**

O local para onde a ladina e o guerreiro foram não era muito longe do cais. Ficava numa área residencial, e era uma casa humilde e aconchegante. A fachada tinha como decoração arbustos de espinheiros, logo abaixo das janelas.

Bia foi então em direção da porta de madeira, dando duas batidas secas e uma longa. Um senhor usando óculos, de uns poucos cabelos brancos em formato de coroa, atende a porta. Ele olha desconfiado para o Munir, mas deixa entrar, após confirmar com a garota de que era uma pessoa confiável.

Ao ver o item magico, o velho, chamado Colten Fiske, fica admirado. Ele conjura uma magia, e depois de alguns instantes observando o objeto, acena com a cabeça. “Como imaginava, este item não emana magia! Tenho alguns que também são assim, mas este é o primeiro que tem uma imagem de uma pessoa tão real... “, diz o velho, olhando para a mulher. Ele então fica surpreso e exclama: ”Mas eu conheço ela! Esta é a ex-duquesa de Porto Negro, a vampira Lilia!”

Tristan fica surpreso quando o senhor fala sobre ela ser a ex-duquesa de Porto Negro. Então, ele o interrompe.
- Você sabe o que é isso? Ou, o que está escrito ai? Por que essa coisa teria a imagem da ex-duquesa, seria uma moeda, ou uma chave para alguma coisa?

O jovem estava realmente interessado em saber o que era aquilo. Estava curioso com o que poderia ser, além disso, achava um item belo.

Colten pega um monóculo e o fixa em um dos olhos. Ele vira o objeto com as mãos, observando minuciosamente cada canto e reentrância do mesmo. Coçando a cabeça e confuso, diz, “não faço idéia, meu jovem. Tenho alguns itens que contém estas mesmas runas, se não estou enganado, mas acho que tem função diferente. Quanto a imagem... Bem, pode ser o que voce disse... Ou pode ser uma indicação de quem é o dono desta coisa...”

O velho pede um momento e sai da sala. Ele retorna com um saco cheio de moedas.

“100 peças de ouro pelo item,” diz, jogando o saco que, tilintando, deixa cair algumas das moedas sobre a mesa. Os olhos de Bia brilham de felicidade.

Fauzi olha pra o saco e para Bia, em seguida cochicha no ouvido dela.
- Olha, eu não venderia esse item. Esse velho tá parecendo saber mais do que contou sobre essa coisa.... E oferecer 100 peças de ouro por algo que ele nem sabe o que é? Está esquisito isso... Mas o item é seu, e o que quiser fazer, apoiarei...

Em seguida ele volta novamente a atenção para o velho e aguarda a resposta da jovem.

Bia morde os lábios e permanece com uma das mãos na cabeça, esfregando compulsivamente. Ela olha para o saco de moedas, as moedas brilhantes, e então para Fauzi, e para Colten, e de novo para as moedas, e de novo para o Munir.

Ela da um grito agudo de frustração. Ela pega o item magico e o põe de volta em sua bolsa. “Arrggh! Já estou vendo que este item é maldito e me faz perder dinheiro! E o que eu vou fazer agora com esta joça?”, pergunta a moça, com as mãos na cintura, encarando Fauzi.

Ele olha para Bia com um sorriso nos lábios e balança a cabeça negativamente.
- Eu não sei ué, só disse que eu não venderia... Parece ser importante. Você não conhece alguém que trabalhava no governo dessa ex-duquesa? Talvez ele saiba se isso é um pertence particular dela ou algo mais....

Bia mira Fauzi com os olhos semi-cerrados, uma pequena veia saliente na testa aparente. “Tá, então é pra confiar nos seus instintos... Pelo amor de Shadowlady, que bem este troço vai nos dar?”, exclama, com os braços levantados para o ar.

“Digamos que conhecer alguém no governo não vai ajudar muito, General Khan não morre de amores pelas ex-duquesas...”intervem o velho Colten, esfregando as mãos. “Bem, ouvi falar que Lilia fugiu para o lendário pântano de Shumah Gorath, para lá fundar uma cidade só dela. Alguns viajantes que me venderam itens mágicos dizem que foi la que obtiveram os mesmos. Voces poderiam ir para la, e se encontrarem algo interessante, podem trazer para eu avaliar.”

Fauzi avalia as palavras do velho. Ir para um pântano numa cidade onde tem uma governante que é uma vampira. O que poderia dar errado? Ele sorri e diz para Bia:
- Acho que é melhor seguir esse caminho do que ficar com isso na sua mão com você achando que fez um mal negócio. Se esse item for dela, talvez ela de alguma recompensa por recuperá-lo. Vamos?

Era tarde da noite, e as ruas de Porto Negro já estavam começando a ficar vazias. O caminho era perigoso, especialmente por aquela região. E não demorou muito até que Fauzi e Bia vissem o reflexo de uma lamina brilhar próximo. Felizmente o problema não era deles, mas sim de um jovem vestido de maneira extravagante e usando uma bandana de tigrinho na testa. Ele tinha em sua orelha vários brincos, e usava colares de pedras de diferentes cores e tipos. Era tão magro quanto a moça que segurava uma faca, mas era difícil ver se a outra realmente tinha a intenção de feri-lo.



Ele estava olhando para o lado oposto ao da garota, e ao ver a aproximação de Fauzi e Bia, fixou seu olhar na ladina. Com um sorriso, ele gritou: “Bia! Bia Wiam! Vem ca dar um abraço, querida!”

Fauzi voltou seu olhar para Bia, que estava tremula, uma lagrima descendo pelo seu olho: “Cray! CRAY!”

Fauzi coloca a mão no cabo da espada quando vê que havia uma pessoa sendo ameaçada, contudo, quando essa pessoa reconhece a ladina e parece não se preocupar muito com as ameaças ele retira a mão. Ele olha pra Bia não sabendo se estava chorando de raiva ou felicidade e aguarda para saber do que se trata aquilo tudo. Também dá uma olhada de baixo a cima no rapaz franzino com uma bandana de "tigrinho" e pensa: "Que pessoa esquisita..."

Ao notar a aproximação de Fauzi e Bia, a jovem armada rapidamente esconde a faca, cochicha algo no ouvido de Cray e se afasta sem se despedir. O outro, ignorando o que quer que tenha sido dito, abre os braços para recepcionar a ladina.

Era difícil para Fauzi determinar se o reencontro entre os dois era amigável ou não, parecia haver uma mistura de sentimentos naquela lagrima furtiva que escorria pela face da companheira. Fato é que os poucos metros que separavam os dois foram percorridos rapidamente, e uma vez em frente de Cray, Bia deu uma sonora bofetada em sua face.

Cray leva a mão na boca, massageando o queixo, mas não aparentava estar nervoso, e sim arrependido. Com os ombros abaixados e as palmas das mãos para cima, disse, “Sei, sei, mereci isto... Como explicar? Faltei na hora marcada, mas era porque recebi a noticia de que meu irmãozinho estava doente, e tive que correr atrás do remédio...”

“Mas isto já faz mais de dois anos! Seu cafajeste!”, retruca Bia, que começa a desferir uma porção de socos em Cray, que não se defende. Após se cansar, a ladina vai ao chão, exausta, e chorando convulsivamente. O rapaz a abraça ternamente.

“Calma, calma, respira... Estou de volta, não vou te deixar...”, diz, e olha para Fauzi. Cray ajeita a bandana de tigrinho e oferece a mão para o Munir. ”Ah, vocês estão juntos? Prazer, meu nome é Cray Daragon Jr, aventureiro extraordinário. O que fazem em Porto Negro? Precisam de ajuda?”

Fauzi olha pra o jovem e imagina o que ele teria de extraordinário, contudo aperta a mão dele.
- Meu nome é Fauzi, venho das terras de Rabiah... Quanto a Bia, eu cheguei a pouco tempo na cidade e ela foi uma companheira e amiga... E eu o mesmo para ela. Vejo que vocês dois parecem ter uma história...

Logo em seguida ele diz que só estava acompanhando Bia num assunto que ela queria tratar. Sem dar maiores detalhes sobre o que ou qual assunto.