Capítulo 4 - Conclusões

A Ilha de Ferro havia sido tomada pelos antigos prisioneiros. Eles invadiram o castelo, suas torres e salas comunais, derrotaram os últimos esqueletos-piratas e se apropriaram do lugar. Não haviam navios em bom estado para eles saírem de lá - o único próximo o bastante era o Marlin Negro, mas dele os prisioneiros nada sabiam. Roosevelt e seus dois marujos acabaram se encontrando com o outro grupo que havia adentrado a ilha pelo outro porto. Eram: Raggeti, Hymma, Salaman, Albett e Royce. Eles não sofreram baixas, embora também tiveram que enfrentar alguns esqueletos. Apenas Salaman tinha sofrido um ferimento grave na perna, o que o fazia mancar. Lew não foi visto mais em lugar nenhum após ele ter descido sozinho para as masmorras. Dyke, às ordens do capitão, foi pessoalmente procurá-lo mas tampouco o encontrou. Ele chegou a inquirir alguns ex-prisioneiros, mas nada souberam responder a respeito dele, e quando perguntados quem os havia libertado, eles disseram a aparência de um homem que batia bem com aquele prisioneiro folgado que tivera um atrito especial com o contramestre.

Todos eles passaram os dois próximos dias trancados num salão grande do castelo, se recuperando dos ferimentos e esperando o próprio sacerdote de Umberlee acordar. Neste tempo, percebeu-se que a pele do contramestre começou a tomar uma cor avermelhada e a ficar cada vez mais inchada. Ao tocar na pele, via-se também que estava quente como uma tocha. Cada dia que passava ele ficava mais fraco.

Após muito esperar, o homem vestido no manto azul-marinho acorda de sua inconsciência. Ele estava sentado numa cadeira, amarrado dos pés a cabeça.
- Ele acordou, capitão, ele acordou - diz Albett e Royce quase ao mesmo tempo, ambos haviam estado ao lado do sacerdote nas últimas horas.

- Muito bem - Roosevelt se aproxima do homem, com a espada na bainha, porém com um olhar ameaçador. - Temos algumas perguntas a fazer. Primeiro de tudo, a coisa mais importante: Aonde está a sala do tesouro?

- Sala do tesouro? - pergunta o sacerdote, que parecia um tanto confuso. - Err, não sei bem, eu... onde eu estou?

- Você está no castelo, seu imbecil. Na Ilha de Ferro. Agora me responda, aonde está a sala abarrotada de ouro ganho a duras custas pelos meus camaradas piratas?

- Ah, estou me lembrando... sim, tinha uma sala dessas. Ela fica escondida numa passagem secreta no quarto real, que fica no 3º andar. Terá uma mesa com um candelabro, se você girar um dos braços do candelabro uma passagem se abrirá. O ouro está ali, mas já aviso que não é muito.

- Ótimo. Dyke e Hymma, vão lá averiguar se o que ele diz é verdade. AGORA!

DOENÇA:

Dyke vai até o lugar indicado, com Hymma, mas não faz o que o sacerdote lhe diz, pois não confiava nele e prefere averiguar se há alguma armadilha ou algo mais valoroso.

Spoiler:

O quarto era grande e bonito, mas havia poucas coisas realmente de valor. O máximo que Dyke encontra é um medalhão com o desenho de uma mulher num dos criados-mudos. O medalhão se abria e fechava revelando uma bela mulher, mas Dyke calculava que conseguiria pouco dinheiro com ele no mercado negro. Nenhuma armadilha foi encontrada.
- O que você tá fazendo? - pergunta Hymma que estava parado ao lado da mesa do candelabro que o sacerdote indicara.

- Vasculhando não tá vendo?! Não gosto nadinha daquele sacerdote maldito, por mim js tinha matado ele... Pucha isso aí tá limpo.

Dyke guarda o medalhão e se aproxima da "entrada" e espera Hymma puchar o candelabro.

Hymma puxa então um dos braços do candelabro e a parede começa a se deslizar para o lado, fazendo um barulho estarrecedor. Um portal se revela, e dentro da pequena câmara ouro e prata brilhava intensamente. Mais a prata do que o ouro. Uma grande quantidade de moedas estava espalhadas ao chão, assim como havia pilhas intactas de moedas. Haviam peças de cobre também, e algumas pouquíssimas de um metal mais valioso que o ouro, a platina. Passado a surpresa inicial da cena, Hymma e Dyke puderam perceber que o sacerdote estava certo. Apesar de haver muitas moedas, não era uma quantia tão assustadora assim, principalmente pelo fato da maioria ser as prateadas. Não daria para comprar um novo navio, por exemplo, mas daria para comprar alguns acessórios de extrema utilidade para o Marlin Negro.

Enquanto isso Roosevelt continuava a interrogar o sacerdote.
- Então você era quem mandava aqui? O que aconteceu com os sembianos? Contramestre, venha para perto de mim, talvez eu precise de sua ajuda para fazer o homem falar.

- Não sei o que houve com os sembianos... Para falar a verdade não lembro exatamente nem das últimas coisas que fiz aqui. Tenho algumas vagas lembranças, lembro dos homens que eu matava e transformava em esqueletos, mas não era bem eu que estava fazendo isso... Era alguma força sobrenatural que me levava a fazer isso.

- Força sobrenatural? Hummnm... talvez fosse o fantasma que saiu de seu corpo... É, é, só pode ser isso - raciocina o capitão. - Você estava sendo controlado por um fantasma.

O sacerdote cospe no chão.
- Agora as coisas estão começando a fazer sentido. Eu nunca teria permanecido neste lugar maldito por conta própria. Eu tinha vindo para cá, ao lado de meu antigo capitão e de sua tripulação, apenas para investigar sobre o que houve com os sembianos... Todos eles devem estar mortos agora - ele cospe novamente no chão, mas tomando cuidado para passar longe dos pés de Roosevelt e do contramestre. - Este fantasma... este fantasma deve ter sido o responsável por tudo...

Frac se aproxima como pedido pelo capitão e tosse algumas vezes limpa a garganta e cospe uma gosma merde no chão.

O contramestre estava visivelmente doente e sua aparência era ainda mais assustadora do que quando ele estava normal. Parecia que havia ido ao inferno e retornado de lá.

-O que mais você sabe? Como foi que esse fantasma entrou nesse seu corpo morimbundo? Existe mais alguma coisa que precisamos saber sobre esse fantasma? Sabe fantasma de quem ele é?

O contramestre se pudesse aprisionaria o fantasma em um frasco e usaria como forma de tortura contra os seus subordinados. Era uma ideia interessante que fez um sorriso sarcástico surgir no canto de sua boca.

- As lendas dizem que os fantasmas vem a superfície com algum objetivo pessoal. Talvez este fantasma tivesse algum para com a Ilha de Ferro - diz o sacerdote.

- Sim, sim, o fantasma tinha a aparência de um velho pirata, o que nos leva a crer que ele era um pirata quando vivo! E a julgar pela sua aparente idade, é bem provável que ele sofreu nas mãos dos sembianos meio século atrás e encontrou sua morte nas masmorras ou nas câmaras de tortura. Seria possível então que o fantasma do pirata retornasse para atormentar seus antigos assassinos, ou então assumir o controle da Ilha de Ferro. Aquela carta, a maldita carta que o desgraçado do músico leu para gente, agora estou me lembrando... Lá dizia sobre alguém estar agindo de forma estranha... Devia ser o fantasma do pirata entrando no corpo do carcereiro, tomando posse de suas ações... Sim, só pode ser isso. Este fantasma deve ser poderoso se foi ele que afugentou todos os sembianos daqui.

O sacerdote apenas balançava a cabeça enquanto o capitão discursava.

Então Frac diz, sem antes dar outra daquelas cusparadas verdes.

-Mas se esse capitão foi torturado pelos sembianos ele deve ter algo a dizer. Será que seria prudente darmos uma palavrinha com ele capitão? Vermos o que ele tem a dizer?

O contramestre tinha a plena certeza de que seria muito arriscado e o prudente a fazer era pegar as moedas e dar o fora da ilha o quanto antes, mas ele realmente queria saber o que o maldito fantasma tinha a dizer.

Frac então dá de ombros e diz;

Então vamos matar esse cara, pegar o ouro e dar o fora dessa ilha. Por falar em dar o fora, cadê o maldito do Lew?

- Vamos pegar esse ouro e dá o fora daqui.
Dyke procura sacolas ou um baú para por as moedas dentro e segue voltando para o grande salão.

No meio do caminho Dyke pergunta, sussurrando, se há novidades sobre o motim:
- E sobre o motim, conseguiram mais alguém para o nosso lado?

Não havia baús ou sacolas. O tesouro teria que ser deixado momentaneamente aí e dar um jeito de pegá-lo depois. Hymma responde a pergunta de seu amigo:
- Não, a situação continua a mesma. O contramestre, o imediato e provavelmente o Raggeti estarão ao lado do capitão, mas parece que são só eles contra o resto da tripulação. Acho que não será necessário matar o capitão, podemos deixá-lo para apodrecer em alguma ilha deserta no caminho de volta.

Dyke olha todo aquele "ouro" e avalia mentalmente quanto em peças de ouro havia ali.

Dyke se diverte imaginando o motim e o capitão sendo deixado para trás e responde:
- Exatamente como o código manda, em uma ilha deserta com uma garrafa de rum e uma arma.

Spoiler:

- Exatamente, vai ser divertido a beça, hohoho. - Os dois piratas começam a fazer o caminho de volta rindo imaginando a cena do capitão abandonado.

Dyke calculara haver bem mais de mil peças de ouro ali. Seriam necessários bastantes baús e sacolas para transportar todo o tesouro, mas nada que o conteúdo daquele antigo depósito não desse conta.

Os dois marujos retornam à sala exatamente no momento em que Frac'Eido dizia para matar o sacerdote.
- Contramestre, pegue uma adaga e arranque a cabeça fora dele - diz Roosevelt.

- O quê...? Por favor, não faça isso - o sacerdote apavorara-se. - Eu posso ser útil no navio, me dê uma chance...

O capitão não estava inclinado a ser misericordioso, mas o mestre carpinteiro Raggeti abre a boca.
- Senhor capitão, acredito que ele realmente possa ter utilidade para nós. Ele é um sacerdote, deve saber tratar de ferimentos, e nós sabemos o quanto estamos feridos. A perna do cozinheiro não tem melhorado nadinha, pelo contrário, parece que a cada dia piora. O contramestre está doente e você próprio ainda ostenta machucados. Então por isso acho que devemos dar esta chance ao sacerdote.

- Humnmn... - avalia Roosevelt. - O que vocês acham disso? - pergunta aos outros marujos.

- O que!!! Esse miserável é servo de Umberlee a madita que deseja a morte de todo marinheiro ou pirata.
Dyke cospe novamente e continua:
- Eu sou totalmente contra, prefiro morrer com um ferimento cheio de gangrena do que ser curado por um maldito servo de Umberlee.

- O seu conceito sobre a Rainha das Profundezas é equivocado - afirma o sacerdote. - Ela é boa com aqueles que fazem oferendas ao mar. Boas oferendas sempre trazem bons ventos para os marinheiros, isso é sabido. Mas vocês não precisarão se preocupar com isto, comigo abordo eu farei todas as oferendas e rituais necessários à Rainha e vocês só terão a ganhar com as suas bençãos.

- É e que oferendas são essas... um marujo, uma cabeça a menos.
Dyke balança a cabeça negativamente.
- E se o fantasma quiser voltar para o corpo dele de novo e resolver nos matar durante a noite.

- Os tributos podem ser comidas, moedas... Mas já disse, vocês não precisarão se preocupar com as oferendas. Eu cuidarei de tudo e se possível as farei de madrugada quando todos estiverem dormindo. Palavra de pirata.

- Se essa palavra de pirata valer tanto quanto ao do nosso capitão, estamos lascados - cochicha Hymma para seu amigo Dyke.

Roosevelt seguia esperando as opiniões dos demais, incluindo a de seu contramestre.

Dyke acena com a cabeça para Hymma.
- Se quer um sacerdote, vai numa igreja ou procura lá em baixo, tem todo tipo de gente até mulher e o Bardo sumiu nun ta em canto nenhum.