Dia 1
Salvatore se dispôs a explicar o que fosse do interesse das irmãs Saunders, tudo com extrema discrição em relação aos tripulantes da embarcação. No mesmo dia mais tarde, depois do jantar,
sugeriu uma reunião para colocar todos os retratos juntos, lado a lado.Para os que compareceram à reunião, Salvatore disse:
- Em breve, essas fotos deverão estar muito bem escondidas! Esquecidas até! - falava em tom baixo, olhando cada um por cima da fina haste dos óculos - Elas podem acabar com o disfarce, sem o qual.... - Salvatore não sabia exatamente como terminar a frase. Pensava que eles poderiam ser expulsos da ilha, processados por falsidade ideológica, talvez até sentenciados a pagar algum tipo de fiança pesada, mas ali, olhando as fotos dos desaparecidos, as possibilidades iam além. - ... Só Deus sabe!
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Dia 2 e 3
Do segundo dia em diante Salvatore procurou ficar calado, estava com o ânimo arrasado: a matemática do tempo era inversamente proporcional à fé. Tinha recontado os dias desde que recebera o telegrama com a foto de Déborah, estipulava o tempo que levaria para o telegrama chegar à sua residência, e só podia imaginar o tempo decorrido entre o desaparecimento e a devida notificação do mesmo às autoridades. Tinha todos números e a soma anotados numa folha:
"marco zero: EVENTO (off: termo utilizado por Salvatore para substituir a palavra "desaparecimento")
+ 1 dia para constatação;
+ 4 dias de viagem de barco (trajeto: St Margareth - Inglaterra);
+ 1 dia para DIVULGAÇÃO (OFF: "alertar autoridades, confecção E postagem dos 4 telegramas");
+ 14 dias de viagem da correspondência para Stívan, Jason e Savatore via navio;
+ 1 dia para a distribuição da Correspondência;
+ 1 dia para entrega;
+ 2 dias DE PREPARO para a viagem;
+ 14 dias de viagem (destino: Inglaterra);
+ 4 dias de viagem (trajeto: Inglaterra - St. Margareth).
Total: 42 dias "
(off: correções serão bem-vindas aqui)
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Dia 4
Chegada à St. Margareth.
Salvatore baixou os óculos de leitura para contemplar, perplexo e assombrado, o edifício no topo da ilha.
- Mas o que... - esboçou uma pergunta, mas a visão da ficava cada vez mais assustadora, a névoa cintilante dificultava ainda mais o raciocínio.
Um calafrio percorreu o corpo do escritor enquanto o capitão falava sobre sua experiência, sobre as estranhezas e dos motivos para ele continuar ali.
- Na verdade, capitão... - recuperava-se lentamente do espanto, mas mantinha o olhar entre a névoa e o prédio melancólico - ... eu desconhecia esta paisagem! Posso dizer agora que é bem inadequada para um internato! - continuou sem conseguir esconder sua revolta.
- Capitão, o senhor sabe quantas alunas temos previstas para este ano? saberia informar se alguém do corpo docente já se encontra no colégio? Sou recém contratado, sabe? Coordenador pedagógico! - O escritor, acostumado a ser otimista e sincero, não era acostumado a mentir daquele jeito, ainda mais ao vivo, o que fez sua última frase parecer um tanto quanto inquisidora no início, abrandando no meio e quase relutante no final.