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    Capítulo 2: A Proposta

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    Capítulo 2: A Proposta Empty Capítulo 2: A Proposta

    Mensagem por Elminster Aumar Sáb maio 20, 2017 2:32 pm



    Capítulo 2: A Proposta


    A oficina do Sr. Hanzenult havia amanhecido mais silenciosa do que o habitual naquele dia. Tudo por que ele resolveu tirar férias após um longo tempo sem descanso, e resolveu levar a sua querida esposa junto. A casa, que era junto com a oficina, ficou nas mãos de Hannah, a filha do casal, e de seu fiel ajudante, o robô Gordon. Era estranho para Hannah acordar e não ouvir o seu pai trabalhando em algum projeto. Por outro lado, o local todo era só dela. Ela poderia colocar as músicas que quisesse no gramofone, demorar-se no banho quente ou sair para onde e quando quisesse, sem dever explicações a alguém.

    De algum modo, Caspia também parecia menos barulhenta. Havia algo de estranho naquilo que era difícil de descrever. Hannah passou as primeiras horas do dia na oficina, mexendo em peças velhas para tentar criar algo novo. Sua família era vista como grandes inventores da era moderna, muito por conta do brilhantismo do seu pai, responsável por criações esplêndidas. Já Hannah tentava seguir os mesmos passos do Sr. Hanzenult, mas talvez a sua máxima criação até aquele momento tenha sido Gordon. O robô a ajudava nas mais variadas tarefas, tanto as domésticas quanto as da oficina. Ele era inteligente e possuía uma certa habilidade para manusear peças pequenas que outros robôs de seu tipo não possuíam.

    Chegava próximo do meio-dia quando Hannah ouviu a campainha de sua casa tocar. Era bem o tempo de fazer uma pausa no trabalho, pois já estava ficando cansada e com fome. Gordon foi atender a porta enquanto Hannah se livrava do avental e das luvas. Ao chegar na sala de estar, Hannah viu que ela já estava ocupada por uma visita.

    Era uma mulher, e uma das mais estranhas já vistas por Hannah. Para começar, ela carregava um polvo em seu ombro direito. A principio Hannah pensou que fosse algum objeto decorativo bizarro, mas logo percebeu que a criatura estava respirando. O pequeno animal era arroxeado e tinha tubos presos ao longo do corpo que eram conectados a uma caixa de oxigênio no braço da mulher. A estranha usava um monóculo de visão distante e tinha uma cartola sobre a cabeça, cuja traseira revelava uma nova caixa de oxigênio, essa provavelmente para ser usada como reserva. Ela usava um longo sobretudo preto que estava entreaberto, e pela abertura, Hannah viu que ela carregava uma pistola presa num cinto cuja fivela tinha o desenho de um polvo. Ela estava de pé, parada próxima a porta de entrada, e sorriu ao ver a aproximação de Hannah.

    - Você deve ser a mulher geniosa de que todos falam. A herdeira dos talentos do Sr. Hanzenult. Acertei? - perguntou, com um sorriso a brincar em seus lábios. Ela alisou os seus cabelos longos e dourados enquanto esperava a confirmação, mesmo ela não sendo necessária. - Fiquei sabendo que o seu pai foi viajar sem prazo para retornar. É uma pena, pois ele iria me reconhecer.

    Sem pedir licença, a mulher começou a andar pela sala de estar e avaliar os móveis e objetos de enfeite.

    - É um desperdício tanto talento ficar confinado a... isso. - A expressão em seu rosto chegava próxima a de nojo. - A oficina que vocês trabalham não deve ser muito maior do que isso que estou vendo. Uma mente grande demais para um lugar pequeno demais - disse a estranha, que ainda não revelara o seu nome. - Eu tenho uma proposta de trabalho a fazer, Hannah, que tenho certeza que você irá querer ouvir.

    Novamente sem pedir licença ou esperar gentilezas, ela sentou-se no sofá do cômodo. Ela ainda apontou para o poltrona a sua frente, convidando Hannah a sentar-se também.

    - Eu trabalho numa organização grande, Hannah, que adoraria contar com o seu talento. Temos oficinas mil vezes maiores do que essa sua. Imagina trabalhar num lugar de capacidades imensas, com recursos quase ilimitados e ao lado de outros grandes engenheiros mekânicos? O propósito desse trabalho é criar tecnologias sustentáveis para por a disposição das pessoas, e pagaremos bem por isso, pode ter certeza.


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    Capítulo 2: A Proposta Empty Re: Capítulo 2: A Proposta

    Mensagem por Li Luo Seg maio 22, 2017 6:41 pm



    Visitas intrusas e com um péssimo senso de cortesia? Sim, esse era um claro sinal de que a visita não temia você ou qualquer autoridade que você clamasse ao ter sua casa parcialmente invadida por um estranho. Hannah logo entendeu que uma pessoa que carrega um polvo de estimação, bem, essa pessoa não deve ser normal.

    Mas a garota era curiosa demais, logo passou a esquadrinhar a mascote no ombro da mulher, tentando entender o mecanismo de funcionamento acoplado a ele – equipamento que provavelmente o mantinha vivo – e tomando algumas notas mentais do seu possível uso.

    Absorta nisso, não prestou muita atenção na mulher até que ela a convidasse para trabalhar numa oficina grande e maravilhosa e mais um monte de glamorosos adjetivos aos quais Hannah não tinha paciência de categorizar. Era difícil fazer as pessoas sociais entenderem que inventores não ligam para seus eventos e detalhes glamorosos que não tem utilidade alguma.

    Todavia, Hannah notou na postura – ou pensou que havia notado – um tom de certo ameaçador, não sabia quem ela era ou o que pretendia, mas carregava consigo uma triste certeza: Não teria a menor condição de lutar contra aquela mulher. Na ausência dos seus pais, o que poderia fazer?

    - Seria ótimo! – Exclamou com uma animação que soava quase tão genuína como era falsa, na verdade.

    Lutar ou correr eram as opções seguintes, mas era mais fácil para todos se Hannah simplesmente fosse e descobrisse por sua conta o que estava acontecendo, sem pôr sua casa e seus pais em risco. Se fazer de besta é o maior ato de inteligência já inventado, o orgulho e a arrogância que dominavam a alta sociedade – repleta de bestas quadradas e velhas rabugentas – era a maior prova daquele pensamento tão Hanzenult.

    Além disso, quem desconfiaria que uma jovem mimada pelos seus pais brilhantes poderia ter qualquer senso de desconfiança? Os "astutos" sempre tomavam os criadores por ingênuos em função da sua ânsia de criação que beirava a loucura social. O que não os tornava alienados às políticas do mundo, só ocupados e decentes o bastante para absterem-se ao máximo delas.

    - Quando posso começar? Qual o salário? De que tipo de espaço estamos falando?

    A garota chegou mais perto, só para espiar melhor o polvo e então atropelou os pensamentos e perguntou antes que recebesse qualquer uma das respostas de suas perguntas anteriores.

    - Como você conseguiu isso? Não é uma coisa do mar? Ele tem nome?

    A inquietude dos pensamentos da garota a ajudavam a dissipar o nervosismo. Enquanto ela enchia a dama de perguntas, aliviava seu coração e pensava em qual seria a melhor medida a se tomar dali em diante. Ela nem conhecia aquela mulher, mas não gostava de suas maneiras. Mamãe Hanzenult sempre dizia:

    “Observe o comportamento das pessoas como às engrenagens de um gigante a vapor, em geral más engrenagens e vícios são sinais de um funcionamento nocivo.”


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    Mensagem por Elminster Aumar Dom maio 28, 2017 11:45 am


    A estranha mulher notou que Hannah não se sentou na poltrona indicada por ela; ao invés, a geniosa inventora mostrava um interesse particular na criatura sobre o braço de sua visita. As perguntas saíram de modo atropelado, mas provavelmente foi o gesto mais sincero de Hannah até aquele momento. A mulher levantou o braço, deixando que Hannah tocasse ou visse o polvo mais de perto.

    - É curioso notar que você demonstra mais interesse no nome do meu bicho de estimação do que o meu - disse a mulher, com aquele sorriso irônico na boca que se tornava cada vez mais irritante. - Eu sou uma amante do mar e atuo como protetora dos animais marítimos no Golfo de Cygnar. A caça e a pesca ilegal são cada vez mais frequentes. Para ajudar estes animais, eu aprendi a caçar também, mas as minhas presas são bípedes.

    A mulher parecia sentir um sinistro orgulho nisso. Podia ser interpretado como fanatismo. Ela olhou para o polvo e continuou:

    - Eu encontrei-o atolado na areia de uma praia e havia um grupo de crianças por perto que estava atirando pedras contra o pobre animal. Iam matá-lo se eu não interferisse - disse, sem deixar claro que tipo de interferência fizera. - Ele acabou sob os meus cuidados e eu o salvei da morte. Eu o apelidei de Argonauta. Ao contrário de você, Hannah, eu não sou uma inventora, mas no local em que trabalho criaram esses mecanismos para mantê-lo vivo mesmo fora d'água. Isso se chama engenharia moderna - ela sorriu.

    A mulher tirou um envelope de um dos bolsos de seu sobretudo. Rasgou o lacre e tirou uma carta datilografada. Entregou para Hannah e disse:

    - Aqui está o contrato. Eu preciso que você concorde com todos os termos aí escritos e que assine o papel. Note que a organização em que vamos trabalhar exige o mais absoluto sigilo. Ah, aqui tá a caneta - ela retirou uma caneta tinteiro e deixou sobre a mesa, enquanto ela própria se levantou de onde estava sentada.

    Enquanto Hannah lia o extenso documento, a mulher se movia pela sala de estar dos Hanzenults. Dos principais pontos do contrato, estava o fato de Hannah não poder dizer a localização da fábrica para ninguém, nem mesmo a familiares. A carga horária seria puxada, entre 10 a 12 horas por dia. O salário era um dos últimos itens do contrato e dizia que ela receberia 50 coroas de ouro por mês. O documento não tinha o nome da empresa, mas havia uma marca no fim da última página: eram três folhas verdes entrelaçadas umas às outras, que juntas pareciam formar a letra "C". No momento em que terminava de ler o contrato, a visita estava observando o calado Gordon com interesse. A mulher tocava nele, talvez tentando entender como aquela máquina funcionava. Gordon era diferente da maioria dos robôs gigantes; sua forma era muito mais parecida com a de um humano e isso era encantador. Percebendo que Hannah estava para assinar - ou não - o documento, o rosto da mulher se virou para ela.

    - Você começa a trabalhar conosco dentro de três dias, isto é, se você tiver concordado com tudo o que lhe foi dito.


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    Mensagem por Li Luo Sex Jun 02, 2017 6:08 pm



    Hannah leu o contrato sem muita pressa, olhou as páginas e observou cada letra miúda. Era um contrato padrão, um monte de acertos presentes para evitar discussões futuras, quase tudo impecável, exceto pelo pequeno detalhe de não saber a quem prestaria serviço...

    - Doze horas é muito, tem café? Eu vou ter um alojamento?

    Perguntou e seguiu lendo e antes mesmo que fosse respondida virou-se para Gordon, no intuito de pedir uma caneta. Gordon estava claramente se contendo, ele não era o tipo de robô que gostava de ser apalpado, diria mais, era um tipo sensível e fácil de irritar, mas mantinha-se firme como se não estivesse extremamente irritado.

    Ordens de papai, na frente de estranhos, Gordon deveria parecer um robô qualquer sem grande valor. Papai era sábio, portanto, filha e criatura o seguiam rigorosamente quando o assunto eram conselhos sociais.

    - Gordon, caneta!

    Mas o gigante não moveu uma roda dentada que fosse, e ainda brincando de morto, escondendo sua espetacular personalidade e funcionalidade, chiou e se moveu meio arrastado para qualquer direção.

    - Ele está com esse problema de junta e joga fora! – A criança fingiu reclamar e levantou-se para buscar uma caneta ela mesma. – O preço de fazer um gigante com um aspecto mais humano é que sua funcionalidade se torna imbecil tal qual um.

    Hannah assinou o contrato e entregou o papel para a mulher, deu de ombros e olhou para cozinha como quem subitamente lembra que se deve oferecer comida às visitas.

    - Quer chá e biscoito? Ou coisas assim? Desculpe-me, é raro ter visitas na ausência de mamãe, para ser bem honesta, é raro ter visitas... estou enferrujada com essas coisas de recepção.


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    Mensagem por Elminster Aumar Ter Jun 20, 2017 9:59 pm


    Hannah levou quase vinte minutos para ler todo o contrato, parando em alguns momentos para retirar duvidas pontuais. Numa dessas intervenções ela queria saber se teria direito a café e um alojamento.

    - Sim... nós temos café - respondeu a caçadora, lançando um olhar demorado para Hannah como se quisesse entender o motivo disso ser tão importante. - Quanto ao alojamento, nós temos um que ficará a sua disposição. Você poderá dormir lá sempre que quiser, ao lado dos outros inventores, ou pode voltar para sua casa. Isto é, enquanto você tiver trabalhando em Caspia. Em um dos itens do contrato, ele prevê viagens a outras cidades para pesquisas e desenvolvimento. Eu não quero adiantar nada, mas acredito que irão chamá-la para se integrar à equipe que viajará até Ellsporth.

    Em seguida, Hannah pediu uma caneta à Gordon e viu a sua criação não atendê-la. Gordon parecia meio fora de si, e quando se moveu com todo o barulho que um robô faz, o polvo se assustou e moveu os seus tentáculos, tentando alcançar um lugar mais alto no braço da mulher. A caçadora fez uma carícia na cabeça do Argonauta, tentando tranquilizá-lo. Enfim, Hannah consegue uma caneta por si só e ela a usa para assinar o documento. Era inevitável um mau pressentimento passar pela sua cabeça. Ela acabara de conhecer aquela mulher e não sabia nada sobre quem seriam os seus patrões. Apesar da oferta de trabalho pagar um salário muito acima da média, Hannah não era o tipo de garota que passaria fome sem essas moedas de ouro. O que os seus pais teriam pensado a respeito?

    Hannah, sendo educada, oferece chá e biscoito, mas a mulher nega enquanto guarda o contrato de volta num dos bolsos de seu sobretudo.

    - Ficará para uma próxima vez, Hannah Hanzenult. Tenho muitas coisas para fazer no dia de hoje. Ah, acho que acabei não me apresentando. Me chamo Amélie Hansford. Nos veremos mais vezes, eu espero.

    Sem prolongar a despedida, a mulher se retira da casa, deixando Hannah de novo a sós com Gordon. Ela agora tinha todo o resto do dia para fazer o que bem entendesse e mais nada de excepcional ocorreu até o inicio de seu novo emprego, dali a três dias.


    Chegada a hora de se apresentar, Hannah se encaminhou pro trabalho ao lado de Gordon. Era até uma medida de segurança levar o robô consigo, além de possivelmente poder impressionar logo de cara os seus colegas de trabalho. Ela chegou até uma enorme fábrica no distrito mais ao norte de Caspia e foi recepcionada logo de cara por um homem que se disse ser o seu superior naquele setor. Era um homem quase de meia-idade, com um bigode grosso e longo, e os seus cabelos grisalhos eram longos e divididos ao meio, mas parcialmente escondidos por sua cartola preta. Ele usava um sobretudo bastante gasto e remendado. Ao seu lado havia um robô, relativamente parecido com Gordon, mas em tamanho miniatura. Ele tinha menos do que um metro de altura. O homem, que se apresentou como Sr. Scoresby, estendeu a mão para cumprimentar Hannah.

    - É um motivo de grande satisfação contar as suas capacidades, senhorita. - Um sorriso aparecia por baixo dos pelos grossos de seu bigode. - Por favor, peço para não me tratar como o seu chefe, mesmo porque fui promovido recentemente a essa função. Espero que Amélia tenha lhe explicado todos os seus afazeres e o que esperamos de você em nosso dia-a-dia.

    Os dois se movimentavam pelo galpão principal, que estava lotado de cientistas, inventores e maquinários trabalhando. Era um lugar grande e caótico, com gente e fumaça demais. O pequeno robô andava ao lado de Gordon, e ele não parava de olhar para cima, como a encarar o gigante-de-aço. Até que não se conteve mais, e deu duas batidas leves no tornozelo de Gordon.

    - Eu sou o Sucata. E você? - perguntou o pequeno robô, mas na ausência de respostas, deu novas batidas para chamar a atenção de Gordon. - Por que você não me responde?

    - Sucata, tenha modos! - pediu o Sr. Scoresby. - Continuando a nossa conversa, senhorita, eu fui incumbido de dois trabalhos para fazer em Ellsporth, mas não poderei estar presente em ambos. Gostaria que você fosse comigo para lá e me ajudasse. Há um grande lago na região, mas a poluição está fazendo com que muitos peixes morram contaminados. Você deve conhecer alguma coisa sobre tecnologia sustentável, suponho.


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    Mensagem por Li Luo Ter Jul 11, 2017 5:12 pm



    Não que Hannah ligasse um pouco que fosse, mas havia algo muito errado com os acontecimentos daquele dia. Ela observou a mulher deixando a casa e deu um longo suspiro, abraçando seu gigante.

    - Estamos encrencados, meu caro, Gordon! Amélie Hansford me parece um nome peculiarmente memorável...

    Passaram-se os três dias entre parafusos e graxa até que lá estava Hannah colocando uma roupinha menos amassada e que não estivesse tão manchada de óleo de máquina e tinta. Ao chegar na indústria, em Cáspia, um homem com a mesma cara de todos os homens que Hannah via nas odiosas festas sociais, apresentou-se como seu superior imediato.

    A cascata social era um pouco cansativa, pensava consigo mesma enquanto seguia o homem pela fábrica. “Sr. Scoresby” era relativamente simpático, com aquele ar pomposo e aquela risadinha cansada dos homens gordos demais. Sua voz abafada pelo bigode era engraçada e a garota esforçava-se para não rir de suas observações quanto ao aspecto do seu chefe.

    - Na verdade, receio não ter muita certeza das minhas funções. Certamente, me restou uma curiosidade a respeito do conhecimento de vocês sobre minhas habilidades mekânicas. – Sorriu, imitando o sorriso amarelo que as pessoas lhe davam toda hora. – Mas é só uma curiosidade, temo que não tenho o hábito de deixar a residência dos meus queridos pais.

    Apesar de um pouco desconfiada, a pequena garota não conseguia parar de se distrair com o maquinário do galpão, cada cientista parecia mais focado e determinado que o outro. Um dos rapazes anotava, uma outra moça apertava alguns botões e discutia alguns parâmetros.

    O ambiente era quente em função do vapor, Hannah já esperava que o Sr. Scoresby estivesse suando como uma pedra de gelo ao vento. Logo teriam rodas de suor sob as mangas do homem. Hannah prendeu mais um riso ao pensar sobre isso.

    O problema da doçura de um lar com amor é a dificuldade de socializar com pessoas aleatórias e que podem se sentir ofendidas muito facilmente. O silêncio, em geral, era uma boa forma de evitar rodeios sociais, por isso a menina manteve-se em silêncio a maior parte do tempo, focada nas máquinas e nas pessoas que passavam apressadas de um lado para outro.

    Mas o barulho ambiente fora quebrado pelo pequeno robô. A garota riu com gosto, cada risada que havia deixado de rir com medo da repressão social, pela fala abafada do bigode, pelas rodelinhas de suor... Hannah riu e passou a mão pela cabeça do robozinho.

    Gordon ainda se fingia de não tão esperto assim, embora Hannah tivesse certeza que bem no fundo o seu gigante a vapor queria mesmo era dar um chute no pequeno robozinho. Gordon era legal, muito leal, mas sofria do fraco da família, odiava o convívio social. Por outro lado, o pequeno conseguia falar pelos cotovelos, assim como a garota em dias bons.

    - Ora, vejam! Você fala muito ligeirinho! – Comentou animada. – Meu amigo chama-se Gordon, ele não tem uma caixa de voz igual a sua.

    A garota se abaixou e fingiu falar ao ouvido do Sucata.

    - Ele perdeu a caixa de voz por dizer muitas coisas inapropriadas! Está de castigo desde então.

    Embora Hannah não duvidasse que Gordon tivesse um perfil de absoluta má criação, a verdade é que nunca houve necessidade de uma caixa de som para que a comunicação entre eles fluísse. Portanto, nunca se imaginou instalando um sistema de voz na sua melhor criação.

    O pequeno momento descontraído foi interrompido pelo seu superior que novamente tocava no assunto de Ellsporth. Algo que já havia sido comentado pela memorável Amélia.

    - Não vejo problemas, tendo uma boa caneca de café, poderia segui-los até o inferno para consertar caldeiras de lava, meu caro. – Riu-se da sua tentativa muito fajuta de descontrair o ambiente. – Meu pai é um grande especialista na área, permita-me, gabar-me da minha boa orientação no assunto, quanto filha de um grande homem como o Sr. Hanzelnut! Mas quão grave é essa situação? Ouvi comentários a respeito, e quando rumores se espalham, Sr. Scoresby, eles perdem toda a veracidade!
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    Capítulo 2: A Proposta Empty Re: Capítulo 2: A Proposta

    Mensagem por Elminster Aumar Sáb Ago 12, 2017 9:53 pm


    - Já ouviu o ditado que filho de peixe, peixinho é? - O Sr. Scoresby perguntou com um sorriso por baixo do bigode. - Nós sabemos que você tenta seguir os passos de seu pai, e vendo de perto o seu gigante de ferro... Foi você que o construiu, não?

    A conversa transcorria enquanto os dois caminhavam por entre as fileiras de bancadas dos cientistas. Ele esperou pela confirmação de Hanna antes de complementar:

    - Veja o Sucata, ele é minha criação, mas essa lata velha nem se compara com a sua maravilha. Você é talentosa, Hanna, precisa aceitar isso.

    Sucata pareceu ficar ofendido com as palavras de seu criador, se é que isso era possível. Contudo quando Hanna elogiou a sua fala eloquente, seu ânimo instantaneamente voltou. Ele se empertigou todo, como se tivesse orgulhoso de si mesmo.

    - Eu treino desde cedo e a minha capacidade de fala só vem aumentando - gabou-se.

    - Na verdade foram as atualizações que eu fiz em seu córtex - cochichou o Sr. Scoresby nos ouvidos de Hanna.

    Sucata parou de cutucar Gordon depois que foi-lhe dito que ele estava de castigo por má criação. Mexer com alguém muito maior que você parecia ser uma regra respeitada até entre os robôs. O assunto prosseguiu com Hanna questionando a situação em Ellsporth. O Sr. Scoresby coçou o bigode antes de responder:

    - É uma situação complicada, Hanna. Espero que Amelie tenha-lhe dito, nós somos uma organização ambiental, que atua em favor da natureza. Não temos apoio de nenhum governo. Pelo contrário, eles mais nos atrapalham do que nos ajudam, com toda a burocracia e o avanço da sociedade como um todo. Nesse momento o planeta está pedindo socorro. A flora e a fauna estão sangrando e ninguém toma as providências que precisam ser tomadas. Com a exceção de nós. É importante que saiba que o nosso trabalho é muito honroso, mas ele requer a mais absoluta discrição. Qualquer movimento em falso e você estará atraindo inimigos poderosos contra você. As autoridades irão tentar nos impedir, irão criar barreiras para o que fazemos, irão alegar que isso ou aquilo não é possível por qualquer motivo que seja, pois o único interesse dos políticos é enriquecerem os seus próprios bolsos. Farão o que for melhor para si mesmos, e não o que for melhor para o mundo. Compreende isso, Hanna? - perguntou o Sr. Scoresby.

    Eles estavam chegando ao final do grande galpão. Uma enorme porta de ferro começa a ser erguida com a aproximação do grupo.

    - Bom, nem todos as autoridades são pessoas ruins. - disse o Sr. Scoresby enquanto esperava o portão ser totalmente erguido para poder passar por ele. - Há aqueles que se destacam e tentam cooperar com a gente. Para a sua sorte, o barão Gregory, de Ellsporth, é um desses bons políticos, embora ele esteja atualmente casado com uma mulher vil e interesseira. Pelo menos foram os relatos que chegaram até a mim. - A porta de ferro termina de ser levantada e ele dá alguns passos a frente. - Aqui está, Hanna! Uma das minhas belezuras.

    Um novo galpão é revelado, menor do que o primeiro, mas não menos impressionante. O Sr. Scoresby havia parado em frente de um dirigível estacionado num dos cantos do lugar. Hanna nunca havia chego tão perto de um antes. Era uma grande engenhosidade dos tempos modernos, embora aquele do Sr. Scoresby, em especifico, não fosse tão grande. Era uma nave feita para voos longos e transportar poucas pessoas e pouca carga. Com certeza gastava muito menos carvão do que alguns dos gigantescos dirigíveis que sobrevoavam as ruas de Caspia.

    - Espero que não tenha medo de altura, Hanna Hanzenult, pois iremos para Ellsporth com ele, que eu chamo carinhosamente de o Vaporeiro!


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    Capítulo 2: A Proposta Empty Re: Capítulo 2: A Proposta

    Mensagem por Li Luo Qua Ago 16, 2017 12:15 pm







    O barão Gregory... O barão Gregory... Hannah tinha uma certeza quase palpável de que já havia sido apresentada para todos os velhos gordos, carecas e com bigodes grossos enfiados no meio político, mas não se recordava de quase nenhum, tampouco aquele. Lamentou-se dois ou três segundos por não prestar atenção nas pessoas, mas isso logo passou, enquanto observava as engrenagens que erguiam a porta, tão pequenas, mas engenhosas o bastante para erguer o metal pesado.

    Não pode evitar de sentir uma pontada de familiaridade com as engrenagens. O discurso do senhor gordo... nossa, como era mesmo sua alcunha? Enfim, Hannah parou de suspeitar da coisa toda, até sentiu alguma pena do meio ambiente – essa não demorou-se tanto. – e depois seguiu concentrando-se em lembrar o nome do homem.

    Scor... Scolee? Scora? Sc.... Tinha certeza que fazia esse som de “s” com “c”.

    - Sr. Scoresby! – Exclamou e voz alta, sem conseguir conter a empolgação ór finalmente recordar o nome.

    Foi uma reação tão aleatória que, mesmo ela, sentiu certo desalinho social, mas foi logo salva pela imagem que havia surgido em sua frente.
    Era incrível!

    - Sr. Scoresby, isso é um dirigível? Eu nunca! Ó! Olha o sistema de aquecimento a vapor! Que belo! Sempre quis saber como mantinham a base em temperatura aceitável! É muito frio lá em cima? Digo... no ar, quando voa!?

    A garota não pode conter as pernas, as danadas saltaram, uma após a outra, em direção cega ao transporte.

    - Vejam! Parecem tão pequenos do céu! Imagino que nem seja dos maiores! Mas é tão brilhante! Sr. Scoresby, já teve a sensação de lástima por não ter tido uma ideia tão brilhante!? Essa maravilha, eu poderia ter nascido um par de séculos antes e desenvolvido-a! Morreria feliz.

    Hannah alisou o exterior do dirigível, tocando-lhe com distinta curiosidade, contornando os parafusos mais próximos e questionando toda a modernidade da estrutura. Além de funcional, era um transporte muito gracioso. Dava um ar pomposo à coisa toda, a menina não pôde evitar sentir-se animada.

    “Espero que não tenha medo de altura, Hanna Hanzenult, pois iremos para Ellsporth com ele, que eu chamo carinhosamente de o Vaporeiro!”

    Os olhos da pequena brilharam. Se tivesse braços longos o bastante, Hannah abraçaria aquele transporte até lhe faltarem forças. Ao invés saltitou para dentro do balão e continuou investigando o construto minunciosamente.

    Gordon, por outro lado, passou a mão robótica pelo rosto -  e se tivesse uma engrenagem que lhe permitisse rolar os olhos, certamente o faria – e seguiu no mesmo ritmo, o fiél gigante a vapor achava que a criadora tinha sérios problemas de controle emocional e não pode deixar de encontrar uma semelhança à criação do sr. Scoresby.

    Hannah e Sucata eram duas crianças perdidas, um em um corpo de adulto e outro num corpo robótico, Gordon sentiu-se ligeiramente entediado, como um adolescente responsável por cuidar dos seus irmãos mais novos.

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    Mensagem por Elminster Aumar Seg Set 04, 2017 9:52 pm


    A reação de Hannah ao se lembrar do nome do Sr. Scoresby o fez ter um pequeno sobressalto de susto. Ele tomou aquilo por hesitação de Hannah ao descobrir que viajaria até Ellsporth pelos céus de Immoren. O Sr. Scoresby não podia esperar por outra reação que não essa.

    - É um dirigível - confirmou, com um sorriso no rosto que quase não aparecia por baixo de seu grosso bigode. - Você verá que o frio será o menor dos nossos problemas quando estivermos lá no alto. Há uma cabine fechada para piloto, no caso, eu, e em seus deques inferiores os cômodos também são bem protegidos do frio. - Ele se aproximava de Hannah, que já estava próxima o bastante para tocar no casco do Vaporeiro, se assim ela quisesse. Apontou para o tanque de abastecimento no centro do deque principal: - Quando ficar com frio, se aproxime disto, pois isto esquenta que é uma beleza. Eu não consigo ficar muito tempo perto do carvão em combustão, então deixo o Sucata cuidando do abastecimento.

    Talvez Hannah se questionasse se o Sr. Scoresby estava suficientemente são ao deixar o seu robô cuidar da principal tarefa de um voo como aqueles: a de abastecer o veículo com carvão.

    - Eu nunca tive ideias muito brilhantes, para ser sincero - admitiu para Hannah, que, exultante, não parava de tecer elogios ao dirigível. - O meu pai fez o projeto de construção desse dirigível antes dele sofrer um acidente que tirou-lhe a vida. Bem, eu encontrei o projeto numa das gavetas de seu escritório e coloquei a mão na massa. É claro que dei alguns toques meus à obra - terminou dizendo, parecendo satisfeito consigo mesmo enquanto admirava toda a estrutura que montara.

    Sem pedir licença, não que o Sr. Scoresby tivesse se importado, Hannah usou uma escada lateral para subir no dirigível, seguida de perto por Gordon. O pesado gigante-de-aço fez o Vaporeiro se inclinar pro lado enquanto ele alçava degrau por degrau. A verdade é que um olhar mais atento revelava peças de qualidade questionável. A madeira sob os pés de Hannah rangia com os seus passos e quase chegava a gritar com os passos lentos e vigorosos de Gordon. As várias cordas que prendiam o balão ao casco pareciam ser de cânhamo ao invés de seda, o que traria uma maior segurança para a viagem. Fora esses detalhes técnicos, o interior do dirigível era realmente incrível.

    Entretida em inspecionar cada pedaço do dirigível do Sr. Scoresby, Hannah só percebeu que o motor do dirigível foi acionado quando o solavanco proporcionado por ele quase a derrubara. O Sr. Scoresby já achava-se em sua cabine enquanto Sucata terminava a válvula de abastecimento. O teto do galpão se abriu, e Sucata gritou, se é que isso era possível para um construto.

    - Iniciando a decolagem em 3... 2...

    Não havia tempo para mais nada. Pegando Hannah desprevenida, o dirigível saiu do solo graças as pequenas hélices giratórias e de elevação que haviam. O Sr. Scoresby a olhou com um ar divertido.

    - Segure-se firme, Sra. Hanzenult. Nossa viagem para Ellsporth começa agora. Espero que você não tenha se esquecido de nada de muito importante, pois se tivermos que passar em sua casa, pode ser que falte carvão depois para chegarmos em segurança até o nosso destino.

    Gordon fazia o possível para se segurar em algum lugar enquanto eles ganhavam altura cada vez mais rapidamente. Hannah viu a fábrica se transformar num pontinho pequeno no globo terrestre, e toda a grandiosa capital de Cygnar já não era parecia tão impressionante vista lá do alto. O vento batia forte em seu rosto.

    - Existem quartos lá embaixo - anunciou o Sr. Scoresby, precisando gritar para ser ouvido. - Fique a vontade para descer ou para apreciar a vista, a escolha é sua! - e ele soltou uma sonora risada diante da expressão de Hannah.



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