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Amadou pareceu ficar confuso quanto Api perguntou se aquela forma de governo era desenvolvida. De fato, para os franceses aquela pergunta era absurda. Mas Api era um Imortal que via mais longe que qualquer humano comum. O cultista respondeu, desconcertado, dizendo que cria sim que eram desenvolvidos. Quando o assunto voltou ao culto, ele pareceu menos perdido. - Nós não somos muitos e nem todos sabem a totalidade da realidade. Porém, os benefícios de estar aliados a nós garantem a fidelidade. - Eles começavam a entrar na cidade. As casas à Colombage se sucediam uma coladas às outras. As ruas eram apertadas, mas calçadas com pedra, o que para a Esfinge era admirável, já que todas as ruas estavam calçadas assim. As pessoas caminhavam de um lado para outro e isso dava um ar de urbanidade similar ao que em eras atrás o Imortal havia visto no Império Sem Nome. - Nós somos Les Garçons. Somos vinte e sete, dos quais dez são iniciantes, outros dez são o que chamamos de magistrados e sete somos os guardiões. Somente nós sete sabemos a totalidade dos fatos. Os magistrados sabem algumas coisas, os iniciantes estão a anos de descobrir algo substancial, mas são tão acessíveis quanto qualquer um de nós. - A carruagem parou. Estavam no Centre-Ville. Amadou desceu primeiro, olhou ao redor com discrição e abriu a porta de uma das casas. Quando a porta já estava aberta, ele acenou para que o Surgido viesse. |
Entrando na casa, que tinha um pé-direito não muito alto, embora fosse suficientemente agradável, estavam numa pequena sala de estar, com lareira, mesa e cadeiras, além do espaço que seria a cozinha. Havia uma escada que levava ao andares superiores. O cultista o conduziu a subir. Logo acima chegaram à biblioteca do local, que contava com duas mesas de estudos. - O cocheiro é um dos guardiões também, bem como o outro irmão que estava comigo dentro da tumba. Em breve estarão todos reunidos aqui. - E assim foi feito. Api conheceu cada um dos guardiões do seu culto num momento muito breve. Mais tarde, Amadou indicou o quarto que estava preparado para o Imortal. Era soberbo. De fato, ele não se lembrava de ter tido um quarto tão luxuoso anteriormente. Isso, contudo, não queria dizer muita coisa e ele sabia disso. Aproveitou, porém, aquela oportunidade. No dia seguinte, sua vingança começaria. |
No dia seguinte, Amadou estava esperando-o na biblioteca que fora apresentado na noite anterior. - Bonjour, Maître. Estamos as suas ordens. |
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Ainda continuei um pouco da cena anterior pq achei válido haha. Começamos a segunda cena. O culto obedece as ordens, mas você precisa dá-las |
A noite passou veloz para o Imortal. Pensando e maquinando como poderia reaver sua relíquia e se vingar dos homens que o roubaram. No dia seguinte, já sentado diante de Amadou, eles conversavam sobre o que fazer.- Nosso interrogatório não foi muito produtivo, mas descobrimos que o divisão de origem daqueles soldados estava do outro lado do Reno, há algumas milhas de distância. Aparentemente a ordem superior se dirigiu somente a alguns soldados e não a todos. - O cultista se serve uma xícara de chá e come um pouco do pão com manteiga doce e geléia que estava sobre a mesa. - Em nossas fileiras temos homens de ciência, homens de armas, comerciantes, um ou outro político, professores, artesãos, proletários, etc... Mas essa gente simples e trivial é devotada ao culto até a morte. Somos poucos, Maître, mas somos como um aguilhão afiado e venenoso, basta acertar o ponto certo. - Amadou falava com segurança e tranquilidade. Efetivamente ele acreditava que eram capazes de fazer qualquer coisa. Mesmo que fosse arruinar uma divisão do exército prussiano. - Podemos aprender o que for preciso. E nossos homens estão em posições diversificadas, onde possamos puxar para um lado ou para outro, dependendo da situação. |
- Sobre o Coronel Mensing, sabemos que constantemente ele vem até a fronteira. Pedi para Clément, um dos homens que temos em Kehl - a cidade vizinha, já na Prússia - que tentasse se informar. Hoje cedo recebi um telegrama do mesmo. Ele disse que em dois dias Mensing deve estar chegando e tendo uma reunião com os comandantes das divisões estabelecidas na reunião. Eles aproveitam esse momento de relativa paz para essas reuniões cara a cara. - Terminou sua xícara de chá e também seu pão. Em momento algum ofereceu ao Imortal. Ele sabia que Api não precisava de nada disso. Seu corpo poderia até simular se alimentar, porém, ele era animado por conta do Ritual de Retorno que o transformou num Surgido. Fome, respiração, sede, nada disso mais fazia sentido para seu Sahu. |
- Não conhecemos os gostos pessoais e os hábitos do Colonel Mensing. Podemos traçar um perfil nesses próximos dois dias. - Traçar aquele perfil poderia não ser tão fácil quando Amadou parecia crer. Api lembrou-se então de sua guilda. Ele era bem visto nela e possivelmente poderia arrancar algum auxílio para si. Era preciso falar com o Nomarca. |
@Shura dê uma lida nas páginas do livro que falam sobre os Mesen-Nebu, a partir da página 36. E releia a Vantagem Status na Guilda na página 79. |
Amadou ouvia atento as orientações de Api. - Assim faremos, Maître. Descobriremos o local da reunião ainda hoje se for possível. - Levantou-se, da mesma forma que fez o Imortal, por respeito e reverência. Ao ouvi-lo falar sobre Mesen-Nebu, seu rosto pareceu denotar uma certa confusão. Coçou a cabeça e então fez um gesto como que pedindo que aguardasse. Em passos largos se dirigiu a uma cômoda que havia ali. Ela tinha duas portas em cada extremidade e três gavetas largas ao centro. Abriu a última das gavetas. Estava vazia. Puxou algo de dentro, revelando um fundo falso. Tirou um envelope pardacento pelo tempo, com um selo de cera fechando-o. Do outro lado estava escrito em letras cursivas e bastante trabalhadas 'Mesen-Nebu'. - É tudo o que sei sobre essa palavra. - Entregou para o Surgido, que olhando o selo reconheceu-o. Era familiar. Mas não sabia o que significava. Rompeu-o. Tirou de dentro um papel fino, feito de um material muito diferente do papel do envelope, lembrando mais pergaminho que efetivamente papel. Nele havia escrito 'Rue des Orfèvres'. Amadou viu e logo pronunciou-se: - Esta é a rua dos ourives, fica no centro. Hoje se chama Goldschmidt-Gasse. |
Naquelas palavras, Api soube que aquele era o caminho a ser tomado se quisesse encontrar o Nomarca. Avisou Amadou disto, e logo ele estava providenciando sua diligência. Minutos mais tarde, envolto nas mesmas roupas que havia usado para chegar ali, Api subia no veículo que o levaria. Não era distante dali, porém ele não podia ser visto tal como estava naquela altura, cheio de poder e semelhante, mais do que nunca, a uma múmia. Passaram ao lado da gigantesca catedral que ele havia visto ao longe no dia anterior. E logo dobravam numa pequena rua, que mal cabia a diligência. Disse para que o cocheiro fosse devagar. Mal haviam avançado vinte metros e ele vira: esculpida na parede, o desenho de uma pequena naja, símbolo dos Nascidos do Ouro. Naquela mesma parece, um arco abria uma passagem entre as diversas lojas coladas muro com muro e dava acesso a uma espécie de bolsão dentro do quarteirão. |
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Entrou naquele bolsão dentro do quarteirão. Sentiu, nas sua pele ressecada, o ar ligeiramente mais úmido. O ambiente parecia uma espécie de quintal público, um átrio. As construções que limitavam aquele espaço tinham todas dois pavimentos de altura e, dominando a paisagem, uma árvore sombreava todo o local. Seus olhos percorreram o espaço procurando aquilo que era preciso ver. Ele não sabia o que era, mas sabia que estava lá em algum lugar. Girou em torno de si mesmo antes de ver, talhado no tronco da árvore, como estava na pedra lá fora. Agora porém era um símbolo diferente, era um símbolo que indicava o ouro. Imaginou se aquilo indicava que ali estava de fato o Nomarca. O entalhe trazia também um indicador. Seguiu-o com os olhos. Dava direto na escada que levava a um pequeno corredor elevado no primeiro andar. Subiu as escadas. Havia naquele corredor várias portas. O Leão passou devagar diante de cada uma delas, tentando ver furtivamente pelos vidros empoeirados. A porta certa entretanto, era uma das últimas, logo atrás da árvore, sendo impossível vê-la apenas entrando no bolsão, era preciso subir. Aquela era a única porta com maçaneta trabalhada, num claro produto que só poderia ser pago por quem detinha os meios, por quem sabia o que significava Dedwen. |
Girou devagar a maçaneta e empurrou a porta. Ela não ofereceu resistência. O ambiente estava iluminado fracamente. Um senhor limpava algumas peças de algo que era desconhecido de Api, mas era ao mesmo tempo profundamente familiar. Ele olhou para o Imortal com tranquilidade, o que certamente deixou a Esfinge confusa.- Bonjour, Monsieur. És também um Nascido do Ouro? |
Api estava desconcertado com aquele homem diante de si. Ele não era um Surgido, disso a Esfinge sabia. Seria talvez um cultista do Nomarca? Possivelmente. E talvez por isso estivesse tão habituado com a presença de um Imortal. - Acompanha-me, por favor. - Ele terminou de limpar o que quer que limpasse, limpou as mãos com o mesmo pano e com o gesto chamou-o. Aproximou-se de uma outra porta que havia no recinto que, como a maçaneta, era superior a tudo que estava ali. Api reconhecia ali a magnanimidade típica dos Alquimistas. Passando aquela porta, eles entraram em uma sala que em muito se parecia uma tumba. Ela era quase tão grande quanto a de Api, porém, claramente aquele não era o único recinto, como era a dele. As paredes eram ornadas de pinturas e baixos-relevos. Bem diante da porta, próximo à outra extremidade, havia uma elevação do piso e em cima um trono. - Aguarde um momento apenas. |
Na parede perpendicular a que havia entrado, havia uma segunda porta, feita de duas folhas pesadas. Por ali passou o homem que o recebeu, fechando-as em seguida. Api permaneceu em pé no meio daquela sala em silêncio. Momentos depois, as portas voltaram a se abrir e por lá passou um outro homem, de pele negra, cabeça impecavelmente raspada, olhos penetrantes e maquiados com delineadores brancos, vestido como estavam seus cultistas, porém com roupas de muito mais qualidade. Um grande rubi lapidado servia como uma espécie de gravata. Ele dirigiu-se ao trono e ali sentou-se.- Eu sou Shakir Nascht-amen, Garra de Nefer-Tem, Nomarca dos Mesen-Nebu do Nomo de Estrasburgo. E vós, quem sóis? |
@Shura Rola um teste de Inteligência + Erudição e me manda uma MP assim que rolar, que responderei o que nota o Api a partir desse teste, daí você poderá postar a partir disso |
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