Será que?
A procura por respostas ativada no cérebro desmorto de Theo faz com que uma serie de imagens difusas e esparsas passem pela sua cabeça, como um turbilhão vermelho. Sim... Aquela noite...
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A festa estava bem animada e interessante, realmente Scott Mackay não economizava dinheiro na hora de comemorar. Estava no jardim de sua mansão luxuosa, em frente da piscina, que estava decorada com velas sobre pratos flutuantes e balões. A musica tocava alto, algum hit eletrônico do momento, e a galera estava toda pulando e dançando. Modelos lindíssimas vestidas para matar lançavam olhares sedutores e sorrisos convidativos.
Porém a imagem de Annabelle estava fixo em sua mente.
- Ah, desculpe, eu estou indo falar com Mackay, depois a gente conversa... - disse para despistar a uma das garotas, que ficou decepcionada. Mas realmente precisava falar com ele...
O avistou mais afastado, conversando com alguns outros parceiros de negócios, homens bem vestidos, alguns parecendo ate um tanto excêntricos.
Chamou a atenção um deles, que vestia uma mascara, embora definitivamente não fosse um baile a fantasia.
Scott pediu licença aos colegas e foi cumprimentar Theodore, falando bem de sua atuação na empresa. Falou de sua irmã, que tinha sido recém-eleita para a prefeitura de Redmond, e do futuro de Theo dentro do Banco de Investimentos. “Não tenho herdeiros”, frisou bem, “e eu o considero como o filho que nunca tive...”
Theo achou estranho aquilo, mas de alguma maneira suas palavras o tocaram... Alias a sua fala era como mel adocicado, entorpercedor...
Hipnotizante!
Sim, agora estava claro! A voz de Scott tinha comando! E como se uma cortina estivesse sendo puxada de lado em sua mente, Theo entendeu. Mackay era um vampiro, e ele o transformou naquela noite. A dor no pescoço era tangível. A escuridão. O retorno. Não eram contos ficiticios, os vampiros existiam de verdade! E agora ele era um deles.
- Por enquanto afaste-se dos outros até se sentir acostumado com a ideia - disse o vampiro-mestre - Eu enviarei bolsas de sangue que você deverá guardar em sua geladeira, e você irá toma-los como se fosse o seu almoço. Não saia de dia. E quando chegar a hora, eu falarei com voce. Deculpe-me se não posso explicar melhor, são muitos meus inimigos, e senti que poderia perde-lo se não agisse rápido. Agora que é um de nós, está a salvo.
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Terminadas as ultimas palavras, Theodore retorna a sua triste realidade. Com o corpo cheio do sangue de Annabelle, parecia que seus sentidos haviam se tornado mais aguçados. As cores eram mais intensas, podia sentir a leve brisa que passava por entre as frestas das janelas. Seu olhar voltou para duas formigas que estavam próximas a porta, carregando cada uma um grão de açúcar.
Uma respiração. Fraca. Virando o pescoço, o olhar do vampiro se pousou sobre o peito nu de sua amante. Era quase imperceptível, mas podia sentir o leve arfar... Annabelle ainda estava viva! Haveria tempo de salva-la?
Em procura de respostas, uma imagem surge de suas memorias. Uma escuridão total, e repentinamente o sabor de um liquido ferroso em sua boca. E então uma fome voraz, Theodore mordendo avidamente e sugando a vitae de seu mestre pelo pulso.
Poderia ser que...?