[!Prólogo!] Tristão Drustanus | Steeple Langford - Início da Primavera

Não fazia muito que amanhecera. O movimento da casa se iniciava por parte dos servos. Porém uma gritaria logo toma conta do local. As vozes dos gêmeos Ivar e Isaak cortavam o ar com certa urgência. Eles haviam partido antes do inverno para a Cornuália pedido de Peter, a fim de pedir ouro a Mark Drustanus para reposição dos mantimentos no início da primavera, porém deviam ter ficado presos na nevasca antes de conseguirem voltar para casa. Mas cá estavam, mas a agitação e urgência nos gritos pelo nome de Tristão e Kelly mostrava que algo havia acontecido.

Off escreveu:@Kether
Finalmente, vamos começar o jogo! Para essa introdução vamos tentar criar o clima da família Drustanus e apresentar alguns elementos básicos do universo a qual estaremos mergulhando durante esse jogo. Essa primeira etapa do prólogo será feita individualmente. Para iniciar a interpretação, comece com uma postagem descritiva sobre o que Tristão fez desde o momento em que acordou até a chegada dos gêmeos Cymry. Qualquer dúvida pode perguntar do tópico off do jogo ou pelo discord. Espero que possamos nos divertir juntos durante essa jornada! =)

Tristão puxava o calçolão para cima, ainda estava com as impressões da bebedeira da noite anterior com o tio e o meio irmão. Ele olha para o leito, nenhuma das mulheres que dividiram a sua cama estava ali. Ele se encaminha até o balde onde depositava os dejetos e urina enquanto coça a nádega esquerda.

"Que maldita dor de cabeça!" - pensava.

O sol ainda estava ascendente, então ainda era manhã. Ao observar bem o quarto, não haviam vestígios de que ele havia dormido com alguém. Nem mesmo sinais de que chegara sozinho. Na verdade parecia que ele havia sido carregado. Ele lava o rosto e molha os cabelos ruivos ajeitando-os com as mãos.

Se estica preguiçosamente e se veste enquanto tenta lembrar do que ocorrera na noite anterior. Então ele se vestindo sente que seu braço direito está um pouco dolorido. Só então ele repara que tem um hematoma na altura do ombro e nas costelas.

"Mas o que!" - pensou

Então as recordações da noite anterior retornam. Ele havia brigado, mais uma vez por conta do gêmeos. Ele, Lothar e seu meio irmão haviam saído até uma vila vizinha onde bebíamos. Um grupo de homens falavam algo sobre os gêmeos, falavam que os amigos de Tristão eram pessoas sem honra e que iriam fazer com eles o que haviam feito com o falso Lorde Tristão, que era como os amigos um borra botas.

Aquilo fora o bastante para Tristão, que foi tomar satisfação com os homens. Logo uma briga estaria começando ali mesmo dentro da taverna. Mas graças a intervenção de Lothar, tudo ocorreu do lado de fora. Os dois cavaleiros bem como Tristão não sacaram suas espadas, e iniciaram a briga com os cinco homens. Num determinado momento quando os locais já se retiravam, Tristão deu as costas para eles (este foi seu erro) e levou uma forte paulada nas costelas. Lothar e Kaherdin surraram o homem e levaram-no para casa.

Ele então veste uma camisa de mangas longas e as roupas de inverno, o cinto e o cinto da espada que estava na bainha ao seu lado. Seguindo em seguida para a cozinha onde pega um pedaço de pão, carne e vinho quente com ervas para desjejum. Haviam algumas tarefas a serem realizadas na parte da manhã e tudo começaria com uma visita aos aposentos de sua mãe.

- Tristão! Lady Kelly! - gritavam.

Pareciam as vozes dos gêmeos. Ele então se encaminha para o salão de conferências, pois sua mãe já deveria estar a caminho com Myfyr.

- Para o salão! Os encontrarei lá! - grita em resposta

O frio do inverno ainda não tinha se recolhido completamente e o ar na casa estava gelado. Enquanto caminhava para a cozinha, Tristão sentia as fisgadas nas costelas onde estava dolorido. A cozinheira fez uma reverência quando ele entrou. Munido do que seria seu desjejum, ele vai até o pequeno aposento que servia como sala de reuniões. Sua mãe, Lady Kelly, chegou logo depois dele, convidando os dois Cavaleiros da família Cynryc para entrar. Ela passa atrás do filho que já se sentara em sua cadeira, passando a mão suavemente sobre seu ombro.

- Bom dia, querido.

Ela usava um vestido simples, de cor verde escura. O cabelo ruivo de uma tonalidade escura estava minunciosamente penteado e preso na franja com uma presilha prateada. Ela encarou os gêmeos quando estes entraram, fazendo uma reverência. Eles estavam com as faces suadas, provavelmente de terem cavalgado apressadamente até ali. Sir Ivar foi o primeiro a falar.

- Tristão, trazemos uma notícia... complicada.

- Seu tio Mark está morto. Ou pelo menos foi o que um Capitão do Conde da Cornuália falou.

- Como seu tio tinha se auto entitulado como Rei, o Conde logo se mobilizou e mostrou quem realmente comanda a Cornuália. Ele agora está controlando a propriedade e os arredores, com a ajuda de seus homens.

- Ele quer negociar as terras, mas diz que a tomará à força se for deixada para os membros da Igreja Católica local.

Finalmente pararam de falar. Lady Kelly se colocou ao lado de Tristão, a fim de observar a expressão no rosto do filho. Nesse exato momento, Myfyr adentrou no aposento, fazendo um gesto de mão como se se desculpasse pelo atraso.

- Perdoem-me. Mas deu tempo de ouvir o relato. As terras são de vossa família, não devem ser desfeitas, são um importante legado. - disse o Druida com a voz afetada.

- Mas temos vivido bem aqui, com o favor de conde Roderick. Talvez fosse bom consultá-lo. Se for do desejo de Tristão que continuemos aqui, podemos negociar a venda daquelas terras para a compra dessas, e finalmente sermos donos legítimos desse lugar.

Ela se virou para Tristão agora.

- Nossa família e amigos já se apegaram ao lugar. E... Eu não sei se suportaria voltar àquele lugar. Você... entende?

A voz da mãe de Tristão quase sumia ao fim de sua fala. Os olhos começavam a marejar.

O clima de tensão era palpável na sala enquanto todos os olhares se voltavam para Tristão. Sua expressão corporal, por outro lado, foi de relaxamento contra a cadeira. Aquela postura, de alguma forma, fez os outros se sentirem mais calmos. Era como se Tristão estivesse no controle da situação, e isso transparecia externamente, influenciando os outros. Myfyr sorriu satisfeito antes mesmo do herdeiro Drustanus dar sua palavra.

A mãe se aproximara pelo lado, ficando de frente para o filho quando ele começou a falar. As palavras foram de sabedoria e prudência. Myfyr assentiu positivamente com a cabeça enquanto Lady Kelly sorria aliviada. O druida voltou a falar.

- Sábia decisão, Tristão. Melhor informar seu tio logo. Mas antes, venho lhe entregar a carta de Conde Roderick. Certamente é o convite para o Banquete da Primavera.

Ele se aproximou, entregando a carta dobrada e selada com o símbolo da casa Roderick de Sarum marcada sobre a cera. De fato, era daquilo que a carta tratava, um convite formal para a família Drustanus se juntar ao Conde e seus familiares no tradicional Banquete da Primavera, a ser realizado ao final de Março, mas convocando as comitivas dos senhores o quanto antes.

Ivar e Isaak continuavam parados na presença de Tristão afetadamente. Lady Kelly pareceu notar, fazendo um sinal de mão como que perguntasse por que eles ainda estavam ali. Dessa vez Sir Isaak falou primeiro.

- Ouvimos... rumores, Tristão.

- Duas vilas pequenas foram atacadas por selvagens a nordeste daqui, próximo à região da Cornualha. Não chegamos a passar por lá, tomamos o caminho tradicional.

- Mas encontramos um homem numa hospedaria que estava contando a história. Bárbaros bem armados saquearam e atearam fogo nas vilas. Levaram algumas mulheres, mataram a maioria dos homens, mas não fizeram mal a nenhuma criança.

Myfyr pareceu se incomodar com aquilo.

- Não tem como bárbaros terem chegado tão longe da costa sem passar por outras terras. As sentinelas do Conde teriam notado. Talvez sejam boatos exagerados, alguém querendo chocar.

Eles não responderam. Esperaram então um retorno de Tristão para então deixar a sala.

Aquelas eram notícias muito mais urgentes do que a morte de um parente ausente. "Selvagens atacando no inverno? Isso era algo que não era comum, a não ser que eles já estivessem na região escondidos a muito tempo. E quanto a isso o Conde Roderick deveria ser informado. Mas com certeza ele iria mandar uma ordem de que deverei cuidar do problema, uma vez que desejo ser o senhor destas terras. Mas tenho apenas três cavaleiros agora disponíveis para este problema. Ainda devo seguir para Salisbury para os festejos e tratar da aquisição das terras junto ao Conde Roderick. Meu tio e seus homens deverão seguir para a Cornualha, os gêmeos mau retornaram. Meu irmão, deverá seguir comigo para Salisbury. Devo deixar Peter em comando enquanto estiver fora." - pensou Tristão. Tristão se arruma na cadeira de maneira que ele pudesse olhar sua mãe, ele tinha quase tudo já decidido e agora era a hora de dividir seus pensamentos. - São notícias muito duras esta me informa agora.   Tristão faz uma pausa e se vira para os amigos. - Devo partir para Salisbury como todos sabem, mas meus amigos e todos aqueles que dependem de nós para que possam levar as suas vidas sofrem. E por este motivo não posso de maneira alguma deixá-los sem meu alento. Por este motivo, Ivar e Isaak vocês deverão com seus homens averiguar estas informações, preciso saber qual o caminho que estes selvagens estão seguindo. Portanto deverão enviar batedores até estas vilas para coletar maiores informações sobre o que de fato ocorreu por lá. Wyfyr conto com a sua torre para abrigar os órfãos e dar a eles condições para que sigam as suas vidas.

Ele novamente faz uma pausa e olha para a serva, um sinal típico de que ele desejava um cálice de vinho.

- Minha comitiva para Salisbury contara com Kaherdin e devido aos problemas que atravessamos nos encontraremos com os outros já em Salisbury. Ivar e Isaak, sei que seus homens estão cansados e desejam passar algum tempo com suas mulheres e familiares, mas é de muita importância ter estas informações o quanto antes. Até mesmo porque Lothar deverá passar com um grupo grande por aquelas terras e se faz necessário que haja segurança para todos do grupo.   

Ele faz nova pausa, pega o cálice e agradece, bebe um gole curto do vinho e apóia no braço da cadeira. Depois olha para a mãe em seguida para o Druida finalizando para os cavaleiros.

- No poente faremos uma reunião com todos para traçar nossa linha de ação. Ivar, Isaak vão, comam alguma coisa e deem um dia de descanso para seus homens. Estejam prontos para nossa reunião.

Tristão observa os gêmeos saírem e então gesticula para Peter que acompanhava tudo na sala.

- Peter meu bom amigo. Preciso que convoque Lothar, Kaherdin, Leodric e Frederico e que retorne o quanto antes para que possa saber sobre os nossos recursos. Quanto a ti sábio Wyfyr, Cathbad também deverá estar conosco em nossa reunião.

Ele olha para a mãe e se aproxima dela para falar-lhe num tom que apenas ela ouviria com a mão cobrindo-lhe os lábios.

- Precisarei de vossa sabedoria minha mãe.

Enquanto a conversa se desenrolava, Peter chegara e se colocara no fundo da sala, escutando tudo. As palavras de Tristão em resposta ao ataque dos selvagens pareceram ser bem recebidas por todos. Myfyr faz um sinal de positivo com a cabeça ao ser acionado para dispor sua pequena torre para receber os órfãos.

Os gêmeos fazem uma reverência depois de receber suas ordens, deixando a sala logo em seguida. Era notável a lealdade dos dois e a vontade de fazer o que fosse necessário pelo bem da família Drustanus. Aquela era uma família benquista, principalmente depois que Tristão tomou a rédias da casa.

Peter também se despacha depois das ordens de Tristão, mas não sem antes fazer um comentário.

- Precisava ter contigo antes da reunião, se possível. Estarei aqui no meio da tarde depois de reunir os que você pediu.

Por fim, todos iam deixando a sala. Myfyr é o último a falar antes de sair.

- Tristão, bem sabes que não uso palavras para enaltecer seu ego, fujo disso para que não se torne um homem suscetível à bajulação. Em vez disso, escuta minhas palavras como confirmação. Sua liderança sobre a família é prudente e sábia. Seu pai ficaria orgulhoso.

Os olhos de Lady Kelly brilharam ao comentário. Ela se manteve ao lado do filho até que todos tivessem saído. Ao ouvir o quase sussurro do filho, ela se ajoelhou a seu lado, ficando com a cabeça na altura pouco abaixo do olhar de Tristão, de forma que ele a olhasse de cima, mesmo que estivesse sentado em sua cadeira.

- Se é que existe algo ainda a lhe ensinar... - comentou com um sorriso sincero. - Em que posso ajudar?

Peter escreveu:- Precisava ter contigo antes da reunião, se possível. Estarei aqui no meio da tarde depois de reunir os que você pediu.

- Não esperava nada diferente de você meu amigo. Assim que terminar suas tarefas estarei com minhas portas abertas para atendê-lo. - respondeu.

Myfyr escreveu:- Tristão, bem sabes que não uso palavras para enaltecer seu ego, fujo disso para que não se torne um homem suscetível à bajulação. Em vez disso, escuta minhas palavras como confirmação. Sua liderança sobre a família é prudente e sábia. Seu pai ficaria orgulhoso.

Ele apenas responde com um menear de cabeça para o sábio druida de quem sempre ouvira os conselhos e ensinamentos. Quando por fim ficara a sós com a mãe, Tristão deixa postura de Lorde e volta a ser o jovem filho e toma as mãos de sua mãe entre as próprias.

- Minha Senhora, eu preciso muito de um conselho, não preciso de uma ajuda e a Senhora irá entender. Com a morte de meu tio sem que ele tivesse descendentes, há somente um Drustanus agora vivo. Devo partir para a minha sagração como cavaleiro, mas a família deve seguir viva. Preciso de um herdeiro, e para tal devo ter uma esposa em idade de gerar filhos e de uma família que seja nossa amiga. Desejo manter vivos os costumes antigos, mesmo que isso venha contra o crescimento dos cristãos. Preciso de um casamento, mãe.

Ele continua segurando as mãos de sua mãe com carinho e força ao mesmo tempo. Olhando para ela diretamente nos olhos.

-Mas enquanto isso não acontece, devo nomear um herdeiro. E acredito que deva nomear Kaherdin como meu herdeiro. Ele é um dos meus mais valorosos cavaleiros e amigos.

Ele sabe que o preferido deveria ser Lothar, afinal era da família enquanto Kaherdin não, apesar de sua família ser uma das mais próximas e protegias pelo pai de Lady Kelly, sendo a mãe de Kaherdin uma das suas damas de companhia desde seu casamento.

Para Tristão a continuidade da família era uma grande necessidade, e ele e Kaherdin eram inseparáveis amigos, além da aparência que a cada dia era mais parecida, sendo que Tristão era um pouco maior que o amigo e mais sorridente. Kaherdin era um homem que valorizava os amigos era também honrado, mas não seguia o caminho das caçadas, apesar de ser um bom guerreiro, ele buscava por vezes ensinamentos com Wyfyr e com Peter com quem aprendera a ler.

Tristão acreditava que Kaherdin era até mesmo mais hábil que ele na administração. Por isso mesmo ele seria um perfeito conselheiro, somente ficando atrás de Lothar que seria seu Conselheiro de Guerra. Enquanto os gêmeos por sua atitude mais expansiva seriam muito bons recrutando novos homens e ouvindo o que o povo dizia.

Por ora este, um casamento, era um dos problemas que deveria deixar de lado e deixar com que sua mãe resolvesse. Ele deveria se preparar para a conversa com Peter e com a preparação para a rápida ação contra os selvagens. Deveria enviar mensageiros para os vizinhos para que eles se preparassem contra eles também.

Seu olhar que havia se distanciado não passara despercebido por sua mãe...

Tristão acompanhava as palavras da mãe e junto com o barulho na cozinha ele disse:

- Sempre com seus sábios conselhos minha Senhora.

Ele então se levanta e fica a distância observando o restante da cena.

- Não minha Senhora, temos muito ainda a fazer e o dia é curto para todos compromissos.

O jovem senhor acompanha com os olhos a saída da mãe e tão logo ela se afasta ele toma seu cinto com sua espada embanhaida e então segue em direção a cozinha.

"Agora temos ratos a nos acompanhar?" - pensou enquanto caminhava lentamente.

Ele olha como estavam as panelas e utensílios em busca do que estava fora do lugar ou no chão. Ele chega até uma mesa com longa toalha e levanta para observar se havia alguém escondido.

"Nada!" - pensa

Já se dirigia até a dispensa seus passos eram lentos e ritmados. Mas não fazia questão de esconder a distância, seguia com os passos marcados. Já levava a mão na maçaneta da porta com os ouvidos atentos a quaisquer ruídos. Porém, ele ouve.

- Senhor Tristão! - era a voz de um morador da vila.

Ele para por um instante.

- Senhor Tristão! - ele repetiu.

Tristão olha para a porta, solta a maçaneta dá meia volta sob os calcanhares e retorna para o salão.

- Ora Mestre Lucian! O que lhe aflige que necessita de minha presença com tamanha necessidade!

Tristão segue até o humilde homem, patriarca de uma família que trabalhava no campo e cuja esposa fazia belas broas e pães.

- Venha me acompanhe e conte o que está acontecendo, aproveite pois caminharei pela vila.

Tristão seguia para sua caminhada diária pela vila para saber como estava seu povo. Mas desta vez apesar de ouvir o que o camponês falava ele tinha outras questões que dividiam a sua atenção. E não eram as jovens atendentes da taverna, nem as acompanhantes de sua mãe que moravam nos pensamentos de Tristão. Mas sim os problemas com os selvagens, ele deveria assim que possível enviar uma carta para os Lords vizinhos contando sobre o ocorrido.

Tristão entrou na sala e caminhou lentamente enquanto as vozes iam abaixando até o silêncio imperar, ele observou a mesa, seu mapa já estava aberto no centro com as pontas presas com pesos no formato de meia lua todos com o brasão da família. Sua caixa com as miniaturas estava exatamente onde havia deixado anteriormente, apenas o mapa estava aberto e isto deveria ser algo que Peter deveria ter feito. O jovem senhor caminhou e ali estavam seus homens, não apenas seus homens, eram todos seus amigos. Muitos cresceram ao seu lado, senão acompanharam seu crescimento. Com todos aqueles homens ele aprendeu algo, todos eles eram responsáveis pelos seus calos e suas cicatrizes. Tristão os conhecia tão bem que sabia o nome de seus pais, esposas e filhos. Ele havia sorrido com eles, chorado com eles nas perdas, sangrado com eles todas as vezes que perderam algo. Ele sentia orgulho de todos os homens que estavam ali, e sempre que podia ele deixava transparecer para todos, quase sempre em conversas a sós ou em grupos pequenos. Nada para que aumentasse o orgulho daqueles homens ou gerasse inveja entre eles. Quando passava pela mesa a caminho de sua cadeira ele avistou sua mãe. Ela que era sua fortaleza, com certeza ela estava ali para ouvir a tudo e perceber as reações de cada um dos membros daquela reunião. Como esposa de um Lord e filha de um Rei da Irlanda, sua mãe sabia bem o seu papel neste jogo. E sempre orientava sua prole para se manter de olhos abertos aos seus homens de confiança, muito mais do que daqueles que sabidamente tinham algo contra ele. Ela ao reparar que seu filho havia a percebido não esboçou nenhuma reação, mantendo-se como o que ela deveria ser. Uma testemunha a ser consultada num futuro próximo.

Tristão não chega a se sentar em sua cadeira, se serve de um copo com água e de pé olhando para todos os membros da reunião diz:

- Senhores agrada-me ver que todos responderam meu chamado. Vós que sois meus valiosos homens, não, sois meus irmãos! Tenho numa primeira nota trazer a morte de meu tio Marc que tomava conta das terras da família na Cornuália. Como sabem um Lord só é um Lord das terras que ele pode comandar, prosperar e proteger. Não desejo tomar posse daquelas terras, mas ainda sou seu Suserano e tenho deveres para com os moradores daquela terra. Portanto, eu enviarei meu tio Lothar e um terço de nossos homens para a Cornuália para trazer para Steeple Langford os pertences da família, nossos tesouros, parte da população que deseje vir para cá e parte das colheitas. Também está revogado quaisquer benefícios que os católicos tenham naquelas terras e deverá ser entregue o tesouro que eles arrecadaram de meu tio sem o meu consentimento.

Ele faz uma breve pausa e bebe um gole curto de água, o suficiente para que os homens refletissem em suas palavras.

- Porém o envio desta caravana, corre um perigo. Conforme os gêmeos me informaram, as terras que são cortadas pela estrada a Cornuália estão sofrendo ataques de selvagens. Num primeiro momento pensei em enviar dois grupos de batedores.

Neste momento Tristão abre a caixa com as miniaturas e coloca um cavaleiro na estrada para Cornuália, todos sabiam que aquela era a peça que representava Lothar. Em seguida ele pega dois arqueiros idênticos e coloca um na região onde fora informado dos ataques e outro mais a frente do cavaleiro.

- Mas seriam dois grupamentos de batedores, não um exército. Estes grupos seriam formados por 3 a 4 homens com armaduras leves e armas rápidas. Seriam comandados pelos gêmeos e seriam os olhos das forças de Lothar. O primeiro grupo que seguiria na frente se juntaria a caravana e retornaria com eles. O Segundo faria a escolta e quando passassem das terras atacadas retornariam para Steeple Langford.

Ele toma mais um gole de água.

- Tudo isso seria fabuloso, porém não temos recursos para toda esta movimentação. Por isso meus amigos precisamos urgentemente pensar em como fazer esta empreitada. Realizar não é uma opção. Deve ser feito não posso deixar meu povo desguarnecido, sei que não é justo tirar o pouco que temos. Mas ainda é mais injusto deixá-los a própria sorte.

Tristão observa Peter e Lothar, depois cada um dos outros membros sentados a mesa.

- Se eu deixa-los, como as pessoas de Steeple Langford poderão confiar em mim? Se eu não fui capaz de cuidar do povo que por gerações foram cuidados pelos Drustanus como o povo que nos conhece a apenas uma geração se sentirá seguro? Existe mais em jogo aqui do que apenas recursos meus irmãos. Por isso, Lothar irá como meu mensageiro trará a todos que desejem vir para cá junto com nossos tesouros e comida. Lothar também irá encontrar com o representante do Conde da Cornuália e dirá para ele que eu tenho o desejo de negociar as terras com ele e que ele será bem vindo a Steeple Langford onde prepararemos uma festividade para que possamos fechar o negócio. Neste momento deverá deixar claro para ele que não iremos deixar nada para os católicos e que meu tio não era o Detentor das Terras, e sim que eu sou o legítimo herdeiro dos Dustranus.

Tristão agora se volta para o irmão.

- Tenho ainda que ir para Sarum para o banquete onde deverei ser sagrado cavaleiro. Para esta viagem seguirei apenas com Kaherdin, Cathbad, Governal e três homens que farão a guarda da carruagem onde minha mãe estará. Infelizemente devido aos graves problemas que passamos meus irmãos de armas não poderão seguir conosco.

Ele então bebe o restante da água

- Willian e Thomas, vocês juntamente com Peter farão a contagem dos mantimentos e serão os responsáveis para que nada falte, mesmo que sejam pequenas porções para cada família. Não haverá fartura, mas também não poderá faltar.  Leodric e Frederico precisarei que preparem madeira e um terreno para um grande salão para abrigar as famílias que chegarem. Este salão deverá ser uma vez e meia maior que este que temos agora, e ele se tornará o novo salão comunal. E este será com o tempo transformado em mais um local para estocagem. Peter como sempre precisarei de sua habilidade para coordenar e manter tudo funcionando enquanto eu estiver fora em conjunto com Myfyr que ficará pois seus conhecimentos de ervas, unguentos, bálsamos e poções poderá ser útil para cuidar das pessoas que vierem.

Ele agora se senta e observa os homens aguardando suas opiniões e apontamentos.

Tristão observava os homens já traçando suas ações entre si, quando o Kaherdin indagou sobre a segurança.

- Meu querido irmão - Tristão se referia a todos desta forma. - Se eu pudesse destacaria mais homens para nos acompanhar. Porém dois cavaleiros como nós dois deveria ser mais do que o suficiente para a guarda de uma carruagem. Sem contar que estaremos seguindo na direção oposta aos ataques.

Ele então faz uma pausa reflexivo.

- Os batedores de Ivar partirão nesta madrugada, plea manhã Lothar e sua comitiva partirá. Junto os batedores de Isaak que seguirão em marcha acelerada. Partirei com onintuito de chegar a Sarum com dois dias de antecedência para poder tratar com o Duque.

Tristão sabia que exigia demais de todos, mas aqueles eram tempos duros e difíceis para ele e para todos os que estavam sob sua guarda. Por isso ele apenas confirmou com um meneio dizendo:

- Que a Grande Mãe e os Deuses Antigos os guarde em suas missões.

Ele então acompanha com os olhos um a um dos seus amigos e homens de confiança saírem do salão onde ocorrera a reunião, se mantem em silêncio e com o olhar fixo no mapa e no posicionamento das peças que representavam as tropas até que repara que sua mãe não mais está ali. Então ele remove as peças de jogo colocando-as dentro da caixa.

Seu olhar ainda é preocupado, sabia que não tinha homens e recursos para tudo aquilo em segurança total, mas era o que devia ser feito. E agora tinha ele mesmo que se preparar para sua viajem. Ele faz uma prece para as deusas guerreiras Morrigan, Macha e Badb para que trouxessem a boa sorte das batalhas para seus homens e para Oghma e Scath para eles o intuísse nas horas mais difícieis.

Só então ele parte para o seu quarto.