AQUELES QUE RASTEJAM PELAS SOMBRAS DA CIDADE

Aleister “Ally” Hiroshi

- Mas que droga! – resmungava enquanto via seu cigarro recém acendido caindo na água que corria pela sarjeta de um beco escuro e fétido. Quando olhou para aquela água escura de sujeira viu a figura de uma criança, uma criança com olhos puxados e seu pai, em um beco extremamente parecido com este, mas seu pai era devorado por uma criatura peluda e horripilante, e na sarjeta corria sangue ao invés de água. Sua mãe dizia que seu pai os havia abandonado quando ele tinha apenas 7 anos. Seria essa lembrança inventada? Talvez um sentimento... ou uma premonição?

Uma sonora cantoria religiosa que vinha de uma das portas daquele mesmo beco lhe trouxe de volta. Fanáticos religiosos faziam um culto cristão fervoroso, o que o irritava em seu amago, e resmungou – Ninguém se importa com vocês, seus imbecis hipócritas. Explodi-los seria uma morte rápida demais para vocês. - E quando vislumbrou a cruz neon pulsante que se formava na parede ao lado da porta, mergulhou novamente em seus pensamentos. Agora via sua mãe com a saúde debilitada e escarras grotescas pela pele, agarrada à uma cruz de madeira e orando incontrolavelmente enquanto cozinhava de febre. Parte do dinheiro que era escasso ela doou à sua congregação religiosa, dinheiro esse que poderia ter lhe pagado um tratamento, ou ao menos lhe dado uma morte digna.
Logo o culto se encerrou e vários guarda-chuvas se abriram enquanto dobravam a esquina para fora do beco, e o pastor que o havia contatado se apresentou – Senhor Hiroshi? Graças a Deus o senhor atendeu a meu chamado. Sou o Pastor Noah, e precisamos da sua ajuda com urgência.

- Noah? – Aleister resmungou enquanto um cala-frio percorreu sua coluna. Aquele nome era o mesmo do coordenador do orfanato em que morou após a morte de sua mãe. E ele jamais vai esquecer daquele maldito lugar. Os estupros que ocorriam não eram sexuais, mas de sangue. Noah era um maldito sangue suga e aquelas crianças e jovens, seu maldito banco de sangue. Para não ter seu pescoço mordido ele tomava pouco banho, enchia os bolsos das roupas de alho bem como a barriga e a boca, o que lhe custava dores estomacais fortes, além de levar no pescoço a cruz de madeira da mãe. Além desses cuidados tomados, outra coisa que afastava o coordenador era o faxineiro do orfanato.

- Senhor Aleister? O senhor está bem? – o pastor disse em frente a uma porta, após terem adentrado a edificação e percorrido algumas escadas e corredores estreitos e abafados. Dentro do quarto um moça estava amarrada a uma cama. Ela se debatia e soltava grunhidos bizarros, sua feição se contorcia e algo parecia ter tomado conta de seu corpo. – Eu nunca vi algo assim em minha vida. Eu já tentei de tudo, todas as orações, água benta e símbolos sagrados. O corpo de Julia está debilitado. Temo por sua vida. – disse o aflito homem religioso.

O mago pediu para que o homem se retirasse. Sentou-se na cadeira ao lado da cama e pegou um antigo livro místico de sua mochila. A mulher observou-o com os olhos injetado em preto, soltou uma gargalhada demoníaca, e disse – Sabia que iriamos nos reencontrar, querido “Ally”. Não era assim que você era chamado? – disse com cinismo. - Eu estava te procurando para dizer que seus amigos estão com saudades.

Os olhos de Hiroshi se esbugalharam com a notícia, e novas lembranças tomaram contam de sua mente. Agora ele estava bisbilhotando o casebre do faxineiro, Seu Eustáquio, que havia desaparecido, e lá dentro ele encontrou esse mesmo livro místico que o despertou para a magia. Com aquele livro ele acreditou que poderia destruir o coordenador, e com insistência convenceu seus amigos a fazerem um dos rituais. Tudo parecia correr conforme o esperado, mas o ser infernal que foi invocado era outro que não o NOMINADO no livro, e após destruir o Vampiro Noah, o demônio se voltou contra seus invocadores, os arrastando para o inferno e ateando fogo no orfanato. Os símbolos de proteção que havia desenhado em seu corpo, e que não mencionara a ninguém, supostamente o salvaram daquela situação, mas através da fenda planar que se abriu, ele vislumbrou o fogo do inferno e seus amigos queimando nele.
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To be continued...

“Tia” Olga Pankova: “Tia” Olga, como é conhecida, é uma senhora negra de idade avançada conhecida por suas habilidades de Cartomancia, e chamada de cigana pelos leigos. Ela é na verdade uma Maga que acompanhava uma comitiva circense itinerária, e que por um tempo se estabeleceram próximo ao orfanato onde Ally viveu sua juventude. Ela acabou se estabelecendo na região graças a um relacionamento com “Seu Eustáquio”, o faxineiro do orfanato. Após o desaparecimento de Eustáquio e o incêndio do orfanato ela foi por um tempo mentora do Hiroshi. Por vezes ele busca orientação e ajuda dela.

Mad Sweeney: é dono de um bar/boteco que recebe a “ralé” das criaturas e entidades místicas, bem como humanos malfeitores e outros tipos grotescos. Ele é uma “criatura” Feérica, tido como um Leprechaun. Alleister no entanto é um dos poucos que sabe que ele é mais que um Leprechaun, algo como um antigo Deus Irlandês chamado Buile Suibhne, que quase não tem mais adoradores e por isso muito pouco poder, e que é caçado por várias entidades, principalmente “Divinas” como anjos e nephilins. Uma vez por ano Mad se sente impelido a criar um novo sapato, que na verdade artefatos místicos que podem levar o usuário a outros locais, planos e talvez até mais. Mad e Hiroshi se “amam de paixão” mas tem uma difícil convivência com base em ameaças e as vezes dor.

Gus Fring: é um taxista idoso que não acredita no sobrenatural, que não enxerga bem e anda com a mente um pouco confusa e senil, mas que é grande amigo de Ally e sempre está lá para leva-lo e ajuda-lo, obviamente que com suas limitações. Hiroshi por vezes paga os serviços de Gus com algum tipo de droga mágica e estimulante que o faz recuperar momentaneamente os reflexos e a virilidade, provavelmente criando uma dependência química e mágica no senhorzinho. Gus também ajuda Hiroshi a cuidar do “Cerunos Café” (vide “Máscara), quando este precisa se ausentar.

Um apartamento pequeno de médio padrão nos limites entre a cidade alta e a periferia. Um local barulhento e iluminado, onde existe uma disputa de territórios entre os vampiros e os outros seres da periferia.

A não mais que 200 metros de seu apartamento, Hiroshi possui um Café/Livraria/Tabacaria chamado Cerunos. Um local “místico” e aconchegante, normalmente tomado pela fumaça dos fumos, e onde ele comercializa coisas licitas e ilícitas/místicas. Tanto Tia Olga, como Mad Sweeney são seus fornecedores.
É sussurrado nos meios “cristãos” que Aleister Hiroshi é um tipo de exorcista.