por anderson Ter Jan 06, 2015 7:17 pm
Em suas viagens, o padre peregrino havia visto a face do mal. Não um mal demoníaco como estava de frente agora. Algumas pessoas não precisavam serem possuídas para cometer o mal. Bastava um pequeno empurrãozinho para que se transformasse. Adso se lembra de uma conversa que teve com padre Francisco quando relatava uma ocasião em que fora assaltado por um grupo. Entre eles havia inclusive uma criança.
- Não sei se já lhe ensinaram isso, meu jovem, mas a maior dificuldade em identificar a ação demoníaca é que eles agem de três maneiras distintas e é preciso mesmo ter um olho clínico para sua ação. A primeira realidade que os demônios se utilizam, por incrível que pareça, não é a possessão. Não. Os demônios são criaturas ardilosas que pensam muito no melhor curso de ação. Depois que Tehlu, bondoso, encarnou na terra e a todos nós deu o discernimento da ação dos demônios, eles têm sido muito cautelosos e se utilizam de subterfúgios para passarem incólumes.
A primeira realidade da ação demoníaca é a tentação. As pessoas são boas. Nasceram para o bem, mas nós sempre queremos mais. Temos toda a felicidade a nossa volta, e quando algo vai mal, ouvimos aquela voz: Tehlu não te ama! Então o empurrãozinho que precisava foi dado. A inveja é o próximo passo. Daí para o roubo e o assassínio é um passo, só.
A segunda realidade é a possessão... O padre é arrancado do devaneio pela realidade, e a realidade era que ele havia afundado o martelo no peito do mineiro à sua frente. Este parecera ficar sem ar e desabou em frente a Nahir. Este esticou a mão para o inimigo à frente de Adso e proclamando palavras desconhecidas, fez os próprios olhos girarem nas órbitas até ficarem apenas o branco total. Nem mesmo os cegos nos quatro cantos tinham olhos assim, um vapor quente emana de seu corpo e, assustado, o mineiro mira sua adaga na mão de Nahir e o acerta fazendo-o verter sangue do ferimento no antebraço direito. Mesmo assim, o homem de trapos não se dá por vencido e mantêm o encanto que começara. A palma de sua mão brilha numa luz alaranjado-incandescente até uma explosão atingir o inimigo de forma violenta atingindo o homem por completo, mas este não cai.
Arthemísia notara que estava em desvantagem desarmada e, dando um passo para as costas de Nahir, saca sua besta já armada e atira na perna do homem. Talvez fosse a preocupação, mas a moça só conseguiu acertar o chão.
O homem avança sobre ela visando acertá-la mais grave e o faz. Sua adaga encontra os o lado esquerdo da moça, na altura dos rins. Arthemisia quis gritar, mas não conseguiu articular nenhum som. Apenas caiu no chão com um sangramento grave. O outro mineiro, que havia recebido o dano da palma ardente de Nahir buscava vingança e também acerta Nahir com um golpe lateral que faz um belo corte no rosto do jovem feiticeiro. Neste instante uma luz arroxeada irrompe da entrada na parede e os dois mineiros riem risadas de satisfação. Estranhamente os olhos de ambos giram e os dois caem abatidos no chão como que atingidos por um raio silencioso.