por anderson Ter Jul 15, 2014 6:48 pm
Adso de Melk e Nahir
Os dois comem o mais rápido que podem. A comida da igreja não era lá tão boa, mas não era ruim. O peregrino conhecia ao menos meia dúzia de estalagens que tinham a comida melhor que ali, e o mesmo número ou mais que a comida era muito pior. Comeram. Beberam. Saíram. Adso não tinha obrigações que cumprir em Shantagnar. Sua estadia ali era um acaso, ou um desígnio.
Nahir estava ali há apenas uma semana. Perdido em pensamentos, em histórias... Era um jovem notável, de uma inteligência afiada, mas que não tinha um objetivo claro. Por hora se contentava em buscar suas raízes, histórias sobre os encantados e Dragões. Era um trabalho para uma vida.
Os dois se levantam e rumam para o centro da vila. Não demora muito, afinal a igreja era basicamente o centro e a praça em frente a ela era o ponto onde tudo acontecia.
Havia uma grande carroça improvisada como um palanque e estava rolando uma peça de teatro de fantoches. Cerca de cinquenta crianças sentavam-se no chão rindo e caçoando do boneco Gerard, o rei de um lugar de mentira que queria casar-se com uma princesa, mas todos os seus planos para chamar sua atenção davam comicamente errados, até que a princesa o vê declamar seu amor por ela a um padre e, sensibilizada, casa com ele. As crianças riem e aplaudem no final quando, na hora do casamento, Gerard recebe como dote uma carroça de tomates, o último deles na cabeça.
Um homem passa com um chapéu recolhendo doações.
Noris Cordun
O homem olha Noris de forma interrogativa. Na certa nunca pensara em Noris como alguém que resolvesse problemas, ou uma pessoa versátil. Outra pessoa levaria estas afirmações de uma forma mais esquisita, não foi o caso desta vez.
- Não sei se é o tipo de problemas que você costuma resolver, mas o Bill tem uma lista de problemas que talvez você pudesse ajudar. Pode encontrá-lo no Porto. Todos saberão dizer quem é.
Noris termina sua comida. Estava realmente deliciosa. Era caro se instalar ali, mas com certeza valia a pena. Ele se levanta e se encaminha para o porto. Passa pela feira onde fora interpelado umas duas vezes para comprar gengibre e mel. Estava com pressa. Não lhes dera atenção.
Haviam poucos barcos pesqueiros e os outros aromas de mercadorias se misturavam ao de peixe dando um cheiro estranho ao porto. Mentalmente agradecia a este fato. Um porto pesqueiro era mesmo uma coisa nojenta de se ver e estar. Perguntando aqui e ali como de praxe, Cordun encontrou o Bill sentado num caixote, recolhendo algumas moedas. Ao seu redor haviam uns nove homens, alguns falando sobre trivialidades, outros apenas parados, dois com mercadorias. Por sua experiência, Noris consegue identificar que haviam ao menos três guardas, os outros deveriam ser funcionários ou clientes...
Quando o jovem das correntes esboça querer falar dá de cara com uma mão. O gordo Bill faz sinal para que espere. Depois de um tempo infinito ele pergunta:
- Então? O que vai querer?
Artemisia Gentilieschi
Artemisia conta o sonho com todos os detalhes que podia lembrar. Sua mente poderosa lembrara detalhadamente dos demônios, do cavaleiro, do padre apavorado, mas bem pouco dos desenhos ritualísticos. Menos mal que o desenho permanecia em seu ventre para consulta. Depois de um longo tempo a jovem volta as suas atenções para a comida fria. Já não era tão gostosa, mas serviria ao seu propósito.
Enquanto ela comia, Amadeu e a mulher foram para um pouco longe e falaram rapidamente. Foi o tempo da moça engolir a comida fria. Quando eles voltaram, Amadeu solta brutalmente:
- Tire a roupa e deite na mesa!- De novo, não. A jovem pensa e ele continua. - Não sei exatamente em que tipo de ritual a senhorita se meteu, mas as inscrições no seu ventre têm que ser retiradas. Que espécie de aprendiz é você? Vivendo num lugar como o que você vive, deveria ter acostumado a usar a visão mágica. Precisa saber distinguir as coisas... Se tivesse usado, saberia que tudo aqui brilha com magia, mas que essa runa aí é a que mais brilha nessa sala. Não está aprendendo nada?
Não era lá um convite tentador, mas as palavras do velho mago continham uma grande dose de sensatez. Aliás, por que ela mesma não usava a magia para saber? Ativou sua visão arcana com um pequeno comando de voz. Tudo ficava brilhante depois daquilo... E, sim. Havia uma luz de natureza altíssima em seu ventre. O medo voltou a se instalar em sua alma.
Charles Darren
Charles provou a sopa. Não era mesmo nada demais, embora servisse para matar a fome. Aquele garotinho petulante o irritava. Depois da comida o homem puxou um fumo num cachimbo e depois Caio. Ele ofereceu fumo à Charles enquanto, sentado, tragava seu cachimbo. Cada instante era odioso ao jovem Darren.
Por fim eles se levantaram. Sinval vai até a entrada da mina e pega um capacete, seguido por Caio. Depois Sinval acende uma lanterna, artigo caro para uma mina que lucra pouco, Charles imagina que ou a mina rende muito ou qualquer coisa suspeita está sendo feita ali.
- Não sei o que o Xerife quer aqui, Caio. O que vocês estão procurando?