Central de Recrutamento da Guilda dos Heróis, Cidade da Espada Brilhante, Reino de Samúria.
Era o final de tarde e chovia de forma considerável, característico dessa época do ano. As ruas bem asfaltadas da gloriosa Cidade da Espada Brilhante, a terceira maior de Samúria, estavam encharcadas. O som distante do trovão podia ser ouvido ao longe mas não soava ameaçador. Era o meio do verão e o clima naqueles lados do Reinado se resumia entre um sol poderoso com surtos abuptros de chuva forte.
Espada Brilhante havia ganhado esse nome graças a magnífica espada que jazia cravada no monumento localizado exatamente no centro da cidade, onde uma lindíssima praça havia sido construída. Reza a lenda que um grande herói do passado havia recebido tal artefato das mãos do próprio Primogênito para que um grande mal ancestral fosse derrotato. Tal tarefa foi conquistada com sucesso mas o campeão veio a falecer. A espada, cravada firmemente na pedra por ele antes de morrer, permenece ali intocada pelo tempo. Ninguém, do povo ou da nobreza, seja por meios mágicos ou mundanos, conseguiu retirar a arma de seu local, sequer mover a pedra em que está cravada cujo material parece indestruível. Diz a lenda que apenas um verdadeiro escolhido pelo Deus da Justiça poderá realizar tal façanha para uma vez mais derrotar o mal ancestral.
A cidade se desenvolveu a volta do monumento e hoje é uma das mais cosmopolitas do reino. Isso se deve também graças a localização, logo ali ao lado do monumento, da Central de Recrutamento da Guilda dos Heróis, onde maior parte dos candidatos se reune na esperança de conseguir uma vaga na tão prestigiada Guilda.
Apesar da chuva, hoje é uma tarde celebração. No grande salão havia um modesto mas delicioso banquete sendo servido para cerca de 20 convidados, que ocupavam as diversas mesas. Muitos conversavam animadamente, outros adquiriam posturas mais discretas. O burburinho era crescente havia bastante barulho.
- ZAYNERA KABULT & EGARDA FOOT:
- Isso é um grifo, moça? Vocês não são daqui, são?
Zanyera desvia a atenção do seu copo de cerveja e encara o jovem que olhava atentamente para Faela, que afiava avidamente o bico e as guarras na mesa de madeira, arrancando grandes lascas. Talvez fosse interessante dar uma reprimenda ou algo para comer, pois não demoraria muito para que o filhote quebrasse a perna da mesa.
O rapaz usava roupas simples de camponês e era bonito, alto, olhos amendoados e cabelos arrepiados. Devia ter sua idade, talvez fosse mais novo. Ele olhava com espanto para Faela, era obvio que nunca havia visto uma criatura dessas na vida. O que não era incomum, afinal eles costumavam habitar montanhas distantes.
O questionamento interrompe a conversa animada que a bruxa estava tendo com sua amiga de longa data, a pequenina Egarda. Tudo era muito novo para ela, ela lembra que nunca havia ido tão longe de suas próprias terras. Espada Brilhante lhe encantava, era seu primeiro contato com o Reino de Samúria.
- RHUDZOK WOLFFURY:
Era, no mínimo, incômodo estar entre tantos humanos. O orc ainda tinha vívida em sua mente os tempos de glória sangrenta com os antigos companheiros de matança. E agora estava entre o que, antes, chamava de inimigos.
Tudo em nome de uma antiga dívida de sangue.
"Há algo em você que pode ser usado. Talvez você não seja apenas esse animal que aparenta ser." - havia dito o homem que pressionava a lâmina contra seu pescoço nas arenas clandestinas de Mezara. O dono daquela espada, o homem na armadura prateada que o havia derrotado com absurda facilidade o encarava com dureza. "- Você lhe dar apenas uma chance de escolher."
O homem que o derrotou era ninguém menos que Sir.Jonathan Storm, um dos líderes da Guilda. Você poderia ter escolhido morrer naquele momento, seria uma forma honrada. Mas você seguiu por outro caminho, o caminho que agora o trazia ali, misturado com aqueles humanos. Seria a sua redenção? Apenas o tempo dirá.
- Que absurdo, agora a Guilda está aceitando animais entre as fileiras... - você se vira para encarar o homem sentado duas mesas atrás de você.
- ARIK LEBANNEN:
- Altez...desculpe, não devo chamá-lo assim em público. Senhor, ainda há tempo de repensar sua decisão.
O quinto filho da família real de Astoth não aguentava mais. A viagem foi longa e Jordan não parou por um minuto de tentar convecê-lo a desistir da idéia maluca de virar aventureiro e voltar para o conforto dos castelos e luxos da vida palaciana. O criado era seu amigo de infância, apenas dois anos mais novo e você sabia do seu temperamento, muitas vezes, fresco. Mas, no final das contas, ele e Zartan haviam decidido acompanhá-lo.
- Ora Jordan, pare de reclamar! Dois meses de viagem e Arik não desistiu. Se eu fosse você, já teria voltado para casa. Talvez arrumem outro nobre para você limpar o penico!
Ao contrário de Jordan, Zartan não havia tentado convencê-lo. Na verdade, para ser sincero, você não tinha idéia dos motivos que haviam trazido o filho do visconde até aqui. Ele simplesmente os havia encontrado por acaso na estrada, na calada da noite, obviamente voltando o prostíbulo. E não os largou mais.
- Cale a boca Zartan! E se jogarem alte...o senhor Arik em alguma masmorra suja e fedida? Esse é o tipo de coisa que espera quem entra nesse antro de...de...horrores!
Zartan toma o resto da sua cerveja antes de responder.
- Bem, numa coisa eu tenho que concordar com você, Jordan: a qualidade caiu. Olhe ali na frente. Que absurdo, agora a guilda está aceitando animais entre as fileiras...
Zartan aponta o caneco vazio para um imenso orc que se sentava, sozinho, na mesa a frente. A criatura, enorme, vira sua cara de poucos amigos na direção de vocês três. Claramente havia ouvido o comentário indelicado de Zartan.
- ROBERT:
Os imensos olhos amarelos de Soldado o encaram. Sua conexão com o animal permitia vê-lo com clareza, apesar de sua cegueira. Todo o resto era apenas vultos e auras.
Você sentia um calor sendo emanado do símbolo divino talhado na porta do salão. Era um alívio sentir a presença de Daprhas. O verdadeiro. Você sabia que estava no lugar correto, pelo menos desta vez.
Havia um trio de garotos na mesa ao lado que não parava de falar. Você precisa se esforça um pouco para conseguir ignorar e perder-se em seus próprios pensamentos novamente.