Aquela taberna não tinha nada de especial, sua construção era um tanto quanto precária devido a rústica engenharia e também ao malcuidado da madeira bem como sua idade avançada. Não tinha nem uma simples melodia sendo tocada, apenas os sons de clientes insatisfeitos, da fraca lareira queimando e do forte vento empurrando neve contra as janelas fechadas. Estava ali desde a fundação daquela vila e já tinha presenciado todo o tipo de sujeitos ao longo dos tempos. Mas atualmente era apenas uma ponte para poucos comerciantes que precisavam desafiar o rigoroso inverno daquela região para assim abastecer as outras poucas vilas mais distantes, e claro, lucrar o que conseguirem. E agora também para aventureiros buscando a glória da vitória contra as forças do mal.
- Brrrr... Puta que pariu, que espelunca! – Bravejava um suposto candidato a aventureiro a seus colegas de mesa. – Essa merda de lareira não esquenta porra nenhuma e nossas cervejas ainda não chegaram! – Concluía. Era apenas um garoto, não mais do que 16 anos na cara cheia de espinhas e dentes tortos e amarelados. Vestia uma armadura de cota de malha e tinha uma espada grande repousando ao lado de sua cadeira.
- Acredito que pela cara despreocupada do taberneiro, vai demorar ainda mais... – Respondia uma garota sentada ao lado direito do rapaz, suas roupas e o grande livro aberto logo em sua frente entregava se tratar de uma maga. Sem falar em seu chapéu pontudo. – Mas posso fazer algo sobre o fogo... - Então para o alivio de todos os presentes no local, a moça esticava seu braço em direção a lareira que queimava lentamente alguns poucos pedaços de lenha e lançava uma modesta, porém bastante eficiente, bola de fogo. As chamas então aumentavam consideravelmente bem como o calor, mas o taberneiro esperneava.
– Forasteiros idiotas! Não veem que temos pouca lenha?! Não adianta aumentar o fogo sem ter o que queimar! – Então ele se dirigia praguejando até a lareira e atirava de um pequeno montinho mais umas duas lenhas para que o fogo não se apagasse rapidamente.
- Pouca lenha?! Vocês têm uma puta floresta como vizinha! – Exclamou revoltado o guerreiro. Era verdade, as vilas livres ficavam muito próximas da gigantesca e misteriosa floresta labirinto, então era estranho faltar lenha naquela região. Antes que o taberneiro abrisse a boca para retrucar o forasteiro guerreiro, um menino não aparentando ter mais de 12 anos surgia de outro cômodo com uma bandeja de madeira com quatro canecas cheias de cerveja e, se aproximando da mesa dos aventureiros, respondia cochichando em tom tristonho:
- É a maldição... – Ele então servia as canecas, o que parecia acalmar um tanto os forasteiros aventureiros, que logo partiam para o gole, menos a maga que parecia interessada nas palavras do garoto. – Nenhum lenhador quer se meter naquela floresta desde que tudo começou... – Dizia, limpando o nariz escorrendo com a gola de sua suja camisa.
- Mas vocês não fizeram um estoque para o inverno? – Perguntara um homem mais velho e barbudo, colega dos demais aventureiros e calado até então.
- Si-Sim...Mas meu pai disse que precisamos poupar poi- Então o taberneiro avançava até o garoto e o reprendia veementemente:
- Bastião! Vá ajudar sua irmã e sua mãe na cozinha e pare de papo com esses forasteiros, se eles não estão gostando do serviço, basta caminhar mais 30 quilômetros até Vila Pinheiro! - O garoto girava rapidamente sobre seus pés e corria como se algo terrível fosse acontecer se não chegasse a tempo até a cozinha, e o taberneiro voltava para seu balcão resmungando mais um pouco.
- Hum, essa tal maldição está criando muito mais problemas do que eles previam, talvez podemos extorquir bastante o pessoal de Vila Pinheiro... – Comentava a última do quarteto agitado. Uma elfa pelo físico esguio, era provida de uma beleza de sangue, mas vestia roupas discretas e escuras, com um capuz escondendo parte de seu rosto. Outros bebiam e reclamavam do frio e da comida ruim, apesar da escassez de suprimentos, o volume maior de visitantes talvez colocasse mais tibares nos bolsos dos comerciantes daquelas vilas.
Imagem meramente ilustrativa
Com certeza aquilo era um evento bastante extraordinário para as chamadas vilas livres, um dos pouquíssimos resquícios de liberdade em Arton, isso claro, se Tauron e seus seguidores não voltassem seus cascos grossos para aquela minúscula “utopia” de seus vizinhos. Vila caneca era a primeira chegada das vilas livres, e a estalagem/taberna/o que você precisar “Vento gelado” era a única opção para viajantes da localidade. Mesmo no verão, não era comum muitas pessoas visitarem aquela região, pois apesar de liberdade perante o Reinado e os Minotauros, a falta de mais controle e ordem gerava mais bandidos nas estradas, e a modesta e humilde infraestrutura das vilas não chamavam muita atenção. E por último, nada de mais acontecia ali. As pessoas nasciam, cresciam, sobreviviam e morriam nas vilas livres. Com sorte na caçada, umas mais largas que as outras.
Porém um farto contrato em ouro do líder de Vila Pinheiro chamava vários aventureiros para lá. O alvo, uma suposta maldição que estaria assombrando a sinistra floresta labirinto e deixando um rastro de sangue cada vez maior.
Off: E finalmente começamos! Desculpa pelo atraso, mas consegui postar ainda hoje como prometido! Seguinte, gostaria que vocês postassem descrevendo como ficaram sabendo do contrato e de como chegaram até vila caneca, que é onde fica a taberna onde vocês estão agora. Vocês decidem se querem começar já se conhecendo ou se preferem se conhecer em ON agora na taberna. Enfim, espero que se divirtam e fiquem livres – caso queiram - para adicionarem detalhes sobre a taberna e sobre os eventos de antes de chegarem ali.
PS: Reiterando que se tiverem alguma dúvida ou sugestão, estou disponível pelo canal da nossa mesa no discord ou por MP aqui no fórum, podem me chamar que quando possível irei lhes ajudar!
PS2: O @hylian infelizmente ainda está donte, então ele provavelmente irá entrar mais tarde na história, começamos desfalcados kkkk