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    Song Jae-Ki

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    Mensagem por Persephone Sáb Out 21, 2017 8:05 pm


    CENA EXTRA 01
    Tipo: Grande.
    Previsão: 6 rodadas (12 mensagens)


    05/01/2017


    O ano de 2017 tinha começado no calendário ocidental - ainda que o ano novo chinês fosse demorar algumas semanas. Para a maioria das pessoas, a virada de ano sempre trazia novas esperanças e perspectivas de um futuro melhor. As pessoas ficavam mais otimistas e alegres.

    Infelizmente, isso não se aplicava à família de Jae-Ki. O ano tinha passado, mas os problemas antigos continuavam. E parecia que só tendia a piorar.

    Fazia um inverno particularmente rigoroso e, diferente da beleza que as pessoas viam na neve, pessoas humildes e pobres como a família Song precisavam lidar com os problemas reais. O barraco não tinha uma boa estrutura para lidar com um frio tão rigoroso, mesmo que Jae-Ki e sua avó não medissem esforços para melhorar o aquecimento. Os dois eram incansáveis e, mesmo que ela fosse uma velha turrona e não desse o braço à torcer, ela sabia que Jae-Ki era a única pessoa que ela podia contar de verdade.

    Um fardo à mais nas costas do menino.

    Como se não bastasse, Soo-Ji estava doente. A irmãzinha que agora estava feliz por ter 6 anos, tinha começado aqueles primeiros dias com uma tosse insistente. A avó tentou dar uns chás, mas a tosse foi piorando e agora ela não saía da cama. Não era como se houvesse muitos lugares para ir - nevava muito e as pracinhas estavam impraticáveis. Soo-Ji queria muito fazer um “Olaf” com Jae-Ki, mas não tinha condições de sair da cama. A menina tinha muita febre durante às noites, mesmo que o frio tomasse conta das paredes da casa.

    A situação estava fugindo do controle. Não parecia uma mera gripe. E tudo se complicou ainda mais quando ela não conseguiu mais omitir a dor que sentia e ficou chorando por conta do ouvido que parecia a ponto de perfurar.

    Até mesmo a avó de Jae-Ki estava mais sensível e tentava amparar a menina, apoiando sua cabecinha contra seu peito e tapando o ouvido com a outra mão. Eles simplesmente não tinham dinheiro para remédio, muito menos para o médico. O pai tinha conseguido um bico numa obra em Busan, mas não dava sinais de vida. Ele sabia que era um alívio para a família tê-lo longe, o problema é que precisavam daquele dinheiro! Que nunca voltou...Porque o pai não podia ter dinheiro em mãos que gastava em bebida. Em sua defesa, ele não tinha ideia do estado de saúde de Soo-Ji, mas também, já tinha dez dias que não voltava para casa.

    Jae-Ki teria a sensação de que entrava num beco sem saída. Estava encurralado como um animal selvagem e ele só tinha duas opções: ceder ou brigar.

    Nesse ano letivo, ele fez amizade com um cara chamado Kim Jong-Suk. Era uma espécie de garoto de problema que não demorou a reconhecer outro garoto problema. Jong-Suk tinha repetido pela 2ª vez e essa, provavelmente, seria a 3ª. Não se importava com o colégio e estava a ponto de ser expulso do colégio porque não aceitariam uma 4ª matrícula para aquela série e ele estava com quase 18 anos. Kim fazia parte de uma gangue e não via problemas em falar disso com Jae-Ki. Também foi com ele que Jae-Ki voltou a praticar um pouco de artes marciais.

    Song Jae-Ki RLovPwd

    O cara era bom de briga e ficou impressionado com os golpes de hapkido que Jae-Ki sabia. Numa dessas lutinhas onde eles matavam aula para ficar no terraço, Kim comentou que falou com o chefe dele sobre Jae-Ki.

    - Eu tô ligado que você tá com uns problemas de grana, Jae-Ki. E também sei como você é responsa, então...Falei mesmo. O chefe disse que quando você quisesse ir, era só lidar. Tem seus ônus e bônus. Mas fique tranquilo que eu te projeto, irmãozinho.

    Deu uma cotovelada em Jae-Ki na ocasião e sorriu.

    Jong era uma das únicas pessoas que atendiam as ligações à cobrar de Jae-Ki e agora ele tinha a opção de ligar para o único amigo que tinha no colégio ou tentar implorar por misericórdia nos hospitais. Soo-Ji não parava de chorar baixinho e os chás da avó não faziam mais efeito - porque faltavam as ervas certas e necessárias.

    - Oppa...Tá doendo.

    A menininha disse baixinho quando foi passada para o colo dele. A avó tinha se levantado para tentar fazer mais chá, ainda que não surtissem mais efeito. Fazer qualquer coisa era melhor do que não fazer nada.

    - Eu vou tentar um empréstimo no banco. Se eu conseguir pagar o cartão do plano social, a gente consegue internar. Vamos dar um jeito.

    A avó disse meio nervosa, mas, no fundo, Jae-Ki sabia que as opções eram bem, bem poucas.


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    Mensagem por Gakky Dom Out 22, 2017 12:58 am


    Desde muito cedo Jae-ki sabia que era o único que sua pequena família poderia contar, principalmente a sua irmãzinha que era ainda muito nova. Ele a amava mais que qualquer pessoa, e por isso assumia cada vez mais responsabilidades, entendia que se não fosse ele, não haveria mais ninguém para fazer isso. E de alguma forma, apesar de ser um fardo grande para sua idade, Soo-ji era sua força, por causa dela, Jae-ki nunca desistia. Mesmo que se sentisse derrotado por um dia, estava no próximo tentando mais uma vez.

    Infelizmente apesar dos seus esforços, problemas sempre apareciam e nos piores momentos. Não tinha paz nem no começo do ano. Os planos de brincar na neve haviam sido cancelados quando a realidade mostrou-se dura mais uma vez. Se tinha algo que deixava Jae-ki mal, era ver sua irmã doente, mais até do que estar ele mesmo doente. Além disso, ver que os dias passaram e que Soo-ji não melhorava o fazia sentir muito medo. Mal conseguia dormir porque vigiava Soo-ji durante toda noite, quando era vencido pelo cansaço acabava tendo pesadelos terríveis com sua irmã.

    Foi numa dessas madrugadas, em que observava o rostinho sofrido de sua irmã, que lembrou da proposta de Jong-Suk. Ter amigos era algo que Jae-ki gostava, mas não dava sorte em mantê-los. Por isso era tão importante a amizade de Jong-Suk, e por ser mais velho, o via como um irmão mais velho. Uma das coisas que Jae-ki sempre desejou era não ter que enfrentar seus problemas sozinho, como as brigas da escola.

    Nesse dia em que seu hyung o convidou para entrar na gangue, ele ficou um pouco indeciso. Sabia o que as pessoas falavam sobre gangues, não parecia algo certo de se fazer. Mas ao mesmo tempo lembrava como as pessoas o estavam sempre julgando mal. Entre todos os alunos bem falados de sua turma, foi o mal falado que havia se tornado seu amigo, um bom amigo. Enquanto os outros o criticavam, era Jong-Suk que via algo de bom nele. Além disso, ver que alguém se preocupava com seus problemas e dizia que iria protegê-lo, era algo que marcava Jae-ki.

    Soo-ji continuava piorando e chorava baixinho quando sua vó a deixou em seu colo. Ele abraçou a irmã para confortá-la e aquece-la, seu coração doeu mais ao ouvir a irmã reclamando de dor. Sua avó disse que tentaria um empréstimo do banco, mas Jae-ki sabia que isso seria difícil, já tinha ouvido falar como o banco podia ser exigente para empréstimos. Ele voltou seu rosto para a irmã e encostou a testa na dela. Já tinha chegado ao seu limite, estava disposto a fazer qualquer coisa para tirar Soo-Ji desse sofrimento, não deixaria seus piores pesadelos acontecerem, nem que para isso tivesse que roubar. Era a vida da sua irmã, então tudo era válido agora.

    - Soo-ji-ya... - Sussurrou para sua irmã - Você vai ficar boa, eu prometo, vou fazer essa dor passar.

    Quando Jae-ki se determinava a fazer algo, nada conseguia fazê-lo mudar de ideia. Roubar tinha passado pela sua mente, mais ainda era uma de suas últimas opções. Poderia ainda implorar nos hospitais, mas implorar para pessoas que provavelmente se importavam mais com dinheiro parecia ter poucas chances de dar certo. Então sua primeira opção foi ligar para pessoa que acreditava se importar de verdade, seu "irmão mais velho". Ainda com a irmã no colo, pegou o celular, discou a cobrar para Jong-Suk e quando atendido suas palavras foram praticamente um pedido de socorro:

    - Hyung, estou desesperado, minha irmã está doente e não tenho como comprar remédios para ela, não tenho como levar ela no médico. Já faz dias que ela não melhora, não sei o que fazer... Eu não posso perder ela...

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    Mensagem por Persephone Ter Nov 28, 2017 9:07 pm

    O número discado por Jae-Ki discou três vezes antes que ele ouvisse a voz de seu hyung do outro lado da linha. Por conta do horário avançado, a voz sonolenta era mais do que evidente.

    - Jae-Ki? - Jong-Suk fungou do outro lado da linha e, mesmo que Jae-Ki não visse, podia imaginá-lo passando a mão na cara. - Que foi, cara? Que que ta pegando pra você me ligar à essa hora?

    Deu uma boa olhada no relógio ao lado da cama. O pior é que ele tinha acabado de se acomodar depois de se meter numa briga, sentia o corpo dolorido e a sensação foi que apenas piscou os olhos antes do telefone tocar. Talvez realmente tivesse acontecido isso, mas agora ele não tinha como saber com precisão.

    Jae-Ki trazia seu desabafo em forma de pedido de socorro. Jong-Suk não gostava de colocar o amigo contra a parede, mas ele bem sabia que, assim que recebesse a primeira ajuda, ele com certeza precisaria de outras. O problema é que ele precisaria pagar, cedo ou tarde e o chefe sempre cobrava mesmo. Como disse uma vez, havia o bônus e o ônus de se meter nessa vida de gangue. Jae-Ki recebeu um silêncio um tanto quanto incômodo por cerca de dois segundos.

    O amigo estava pensando. Até que finalmente disse.

    - Cara...- Umedeceu os lábios. - De quanto você tá precisando? Numa boa. Eu real não tenho grana, mas posso conseguir pra você, como um empréstimo indireto. Eu vou falar com o meu chefe, mas...você tem que me prometer que vai dar um jeito de me pagar. Porque eu vou botar o meu na reta, mas só porque é você. E porque eu gosto da garotinha, odeio ver criança doente e passando aperto. Seu pai é um belíssimo de um shib-seh-ggi!

    Disse sem pensar se isso poderia ofender Jae-Ki ou não, mas era o que pensava mesmo! Não tinha nem o que discutir.

    - Você tem conta no banco ou vai precisar que te entregue? Eu devo conseguir a grana completa amanhã, mas se precisar de dinheiro pra remédio fácil, eu tenho pra adiantar. Mas pro médico, só amanhã, saca? Se quiser, passo aí pra te entregar. Já tô todo fodido mesmo e minha noite pra casa do caralho.
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    Mensagem por Gakky Qua Nov 29, 2017 2:28 pm


    Jae-ki havia percebido que seu hyung parecia sonolento, quando ligou, estava tão desesperado que nem pensou que o incomodaria ligando a essa hora. Mas não importava agora, porque Jae-ki acreditava fielmente que seu "irmão" não o decepcionaria. Ainda com a irmã no colo, também acreditava que Jong-Suk iria lhe dar uma solução, alguma direção do que deveria fazer para ajudar Soo-ji.

    Os segundos que o hyung demorou a responder só deixaram ele mais aflito, ansiava por ouvir algo que pudesse resolver a dor da sua irmã. Quando Jon-Suk começou a falar, Jae-ki ouviu atentamente cada palavra. Finalmente uma solução tinha sido apresentada a ele. Sentiu o estômago revirar ao ouvir que apesar da ajuda, teria que dar um jeito de pagar depois, era justo, mas Jae-ki sabia que não tinha muito controle sobre o dinheiro, e a ideia de ter dívidas era um pouco assustadora para ele por conta dos anos passados.

    Ouviu seu hyung xingar o seu aboji, mas não tinha do que reclamar, nesse momento também tinha muito raiva dele, já que nunca mais ele estava presente quando precisava. E cada vez que seu pai falhava assim com ele, mais seu coração aprendia a odiá-lo. Nos últimos anos tinham sido tantas falhas, que Jae-ki não sentia a menor vontade de defender seu aboji, e nem havia como. Agora mesmo sentia-se abandonado, embora soubesse que o pai estava trabalhando, já tinha visto o suficiente para saber que provavelmente ele não voltaria com o dinheiro. Se continuasse assim, não demoraria a chegar o dia em que seu pai perderia qualquer resquício de amor ou respeito por parte do filho.    

    Continuou escutando as palavras do amigo sem mostrar qualquer incomodo pelo xingamento, só queria ajudar sua irmã. Antes de responder ao Hyung, Jae-ki lançou um olhar a irmãzinha nos seus braços. Tinha que acabar com a dor dela o mais rápido possível, esperar mais um dia estava fora de questão.

    - Hyung - Suspirou e continuou - Cara, só você mesmo para me ajudar, eu tô a ponto de fazer uma loucura... E pode deixar, eu vou dar um jeito de te pagar, eu juro. Você me conhece. Eu sei que to te ferrando a essa hora, mas não posso esperar até amanhã, não posso deixar ela ficar sentindo dor, eu preciso fazer isso parar agora. Deve ter algum remédio pra dor, o cara da farmácia deve saber. Vou tentar levar a minhã irmã lá, talvez ele dando uma olhada não precise de médico. Deve ter alguma coisa que pare a febre ou a dor, sei lá. A gente se encontra na farmácia aqui de perto, fechado?

    Depois de combinado, Jae-ki vai desligar o celular e respirar fundo. Tinha finalmente encontrado ajuda, podia se agarrar a mão do hyung, já que a do seu pai estava muito distante. Sentia-se como se tivesse se afogando no meio do desespero e do medo. Medo de perder o que tinha sobrado de bom da sua vida, sua Soo-ji. E a mão que havia encontrado para segurar e se salvar desse afogamento era de Jong-Suk.  

    - Halmoni! - Exclamou para avó - Eu consegui que um amigo me emprestasse dinheiro pra comprar remédios... O banco não vai querer dar empréstimo pra gente como nós... E não posso esperar até amanhã, ela não pode ficar sentindo dor assim... Eu vou levar a Soo-ji na farmácia, talvez o cara de lá saiba o que ela tem e nem precise de um médico. Eu vou encontrar meu colega lá também. Mas se não der jeito, amanhã eu levo ela no médico com o meu amigo. Ele falou que vai ajudar.

    Jae-ki olhou para irmã e faz um carinho na testa dela enquanto perguntava baixinho:

    - Você consegue ir comigo Soo-jiya? Vai passar essa dor hoje, só que eu vou te carregar até farmácia para isso, ok?

    O garoto olhou de volta para a avó esperando a reação dela depois de falar:

    - A gente coloca um casaco meu nela, que é maior, e um gorro para tapar os ouvidos dela. Ok halmoni?

    O semblante de Jae-ki estava muito preocupado, era visível no seu olhar a preocupação, o cansaço e até o medo.
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    Mensagem por Persephone Dom Dez 10, 2017 10:25 pm


    - Tudo bem, Jae...Eu já tô acordado mesmo. - Bocejou e coçou a nuca, mas não estava mentindo. - Eu vou colar lá, tentar chegar o mais rápido possível, tá bom? Mas vai desenrolando com o cara para ele agilizar logo o remédio da menininha. - Apesar do jeito meio bronco e da fala delinquente, ele tinha um jeito doce para falar de Soo-Ji. - Fechado, cara. Até daqui a pouco.

    Desligou o celular.

    Enquanto Jae-Ki procurava por ajuda, a avó tentava abraçar as ervas medicinais que tinha ao alcance para tentar ajudar a neta. Soo-Ji continuava no colo de Jae-Ki, agarrando de modo a proteger o ouvidinho. Tinha parado de chorar alto para não atralhar o irmão - mesmo pequena, sabia que os mais velhos não gostavam de ser interrompidos ou ter ruídos quando falavam ao celular. Mas a verdade é que ela estava sofrendo muito com aquela dor que parecia atravessar o ouvido e machucar sua cabecinha.

    A avó retornou para a sala depois de ouvir o grito de Jae-Ki. Não precisou de muitos passos para isso, mas ela estava distante o suficiente para não ouvir o teor da conversa dele. Franziu as sobrancelhas, bastante desconfiada. Não conhecia esses "amigos" de Jae-Ki e temia que o neto estivesse se metendo em algo que não conseguisse retorno.

    - Que amigo, Jae-Ki? - Perguntou na mesma hora. - Eu estava pensando em pedir fiado na farmárcia e pagar amanhã, tudo certinho, depois de pegar dinheiro no banco. - Estava secando as mãos no avental e ainda achava aquela conversa estranha. - Nada do que vem fácil fica, Jae-Ki. Você vai pedir dinheiro pela primeira vez e depois isso vai se tornar um hábito! Escute o que estou falando!

    - Aaiiin....Halmoni, socorrooo - Soo-Ji sentiu uma pontada tão forte no ouvido que pulou nos braços do irmão e se encolheu todinha. Dessa vez, ela não conseguiu conter o choro e tossiu quase se engasgando por conta das lágrimas. As lagrimas formavam bolinhas perfeitas e ensopavam o rostinho infantil dela.

    A avó ficou sem palavras. Os olhos se arregalaram e ela levou a mão até o peito, apertando a blusa, como se conseguisse esmagar o coração. Os olhos ficaram marejados e ela logo foi atrás de mais agasalhos.

    - Oppa...Você promete? - Perguntou baixinho enquanto abria um dos olhos com dificuldade.

    Jae-Ki providenciava todo o "transporte", mas além do casaco e do gorro, eles também receberiam o cachecol para a garganta e umas luvas da avó.

    - Aqui, vai ficar enorme, mas vai protegê-la. - Eram as únicas luvas que a avó tinha para trabalhar, inclusive, mas não via alternativas. - Jae-Ki, amanhã eu vou conseguir o dinheiro no banco e você vai pagar ao seu amigo, entendeu? Não estou brincando. Não quero você envolvido com coisas questionáveis. Por favor...

    Havia ali um legitimo pedido de preocupação. A avó demonstrava um afeto que ela raramente deixava transparecer. A troca de olhar foi intensa, mas o tempo era curto. Soo-Ji ainda estava sofrendo e Jae-Ki tinha que passar por toda uma madrugada com nevasca leve - como uma chuva fina e constante de pequenos flocos de neve. - e Soo-Ji nos braços. A menina só tinha os olhinhos de fora de tão encasacada que estava com os agasalhos dos outros.

    Olhava para a expressão do irmão e Jae-Ki via que ela tinha os olhos iguais aos da mãe. Na verdade, Soo-Ji era muito parecida com a mãe deles, pelo menos alguns traços que vez ou outra remetiam - o tom do cabelo e sua textura, o desenho e a cor dos olhos... - e o jeitinho alegre, muito embora Soo-Ji fosse infinitamente mais doce do que a mãe. Soo-Ji voltou os olhos para o floco de neve e murmurou.

    - Abraços quentinhos... - Uma referência ao filme que ela mais amava assistir: Frozen. Fechou os olhinhos, encolhida e aproveitou o abraço quentinho que tinha à disposição.


    [...]


    Conforme o prometido, o hyung chegou lá para pagar pelo remédio e o atendimento prévio. A farmácia que ficava próxima à casa dele tinha esse hábito de dar pequenas consultas para problemas que conseguiam resolver. Era um problema, quase ilegal vender remédios assim, mas num bairro pobre onde pouca gente tinha plano de saúde - ainda que social - ou conseguia ir ao médico, o farmacêutico era quase o "Pai da Medicina". O homem que ficava ali de plantão foi bastante claro...

    - Olha, você sabe que eu sempre ajudo quando posso, mas esse ouvido parece ter uma otite bem séria. Posso passar um analgésico para pingar, mas você tem que levar essa menina ao hospital. Pode precisar de limpeza, essas coisas. E eu não tenho o instrumento para isso.

    Se fosse alguém mais velho, ele provavelmente abriria a "sala de cirurgia", mas naquela situação, envolvendo uma criança - três crianças, levando em conta os garotos que a acompanhavam - ele não se arriscava.

    - Po, cara...Mas tu acha que esse analgesico aí vai melhorar ou piorar? E se não for o certo?

    - A dor passa, mas apenas o tempo suficiente de irem ao hospital. Não brinquem com isso, estamos no inverno.

    Jon-Suk respirou fundo, enchendo as bochechas e olhou para Jae-Ki. A decisão estava nas mãos dele mesmo.
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    Mensagem por Gakky Seg Dez 11, 2017 12:46 pm


    Jae-ki escutava as palavras de sua halmoni, ela parecia não confiar em seu amigo, mas ele sabia, ao menos acreditava, que seu hyung, Jong-Suk, era um garoto muito confiável. E diferente de outros, não o decepcionava. Também notou que sua avó estava preocupada com ele pedir dinheiro, mas Jae-ki achava que não se tornaria um hábito como ela disse. Era só uma vez e eles não tinham muita escolha. Não foi preciso argumentar, porque Soo-Ji começou a chorar e a sentir dor. Ver a irmã assim fez Jae-ki sentir um nó na garganta, seu coração doía e seu rosto ficou pálido. Ele a abraçou quando ela se encolheu no seu colo.

    Enquanto a avó foi buscar os agasalhos, Jae-ki enxugou as lágrimas de Soo-ji e respondeu a pergunta dela, também em voz baixa:

    - Prometo, vai passar. E quando você ficar boa, vamos brincar.

    Tinha aprendido a passar segurança para irmã, mesmo que estivesse totalmente inseguro e perdido. Ele ajudou a avó a agasalhar Soo-ji, estava frio lá fora e não podia deixar que isso piorasse a menininha. Enquanto ajeitava a irmã no colo, Jae-ki ouvia as recomendações de sua avó sobre o empréstimo, ela parecia mesmo preocupada com isso, não se lembrava de ter visto ela com um olhar tão aflito. O garoto sentiu o coração apertar, não sabia exatamente porque, talvez porque não contou a ela que Jong-Suk tinha uma gangue? Mas para ele não tinha como dar errado, Jong-Suk sempre estava do seu lado o defendendo. Assentiu com um movimento positivo da cabeça e respondeu, ainda com aquele semblante preocupado:

    - Pode confiar halmoni. Ele é meu único amigo da escola, nunca me deixou na mão, e vamos pagar ele amanhã. Mas a Soo-ji não pode continuar assim. Estou indo.

    Ele já estava acostumado a carregá-la e fazia isso sem problemas e sem se cansar facilmente, mesmo que se tornasse pesado, não era uma coisa que o incomodaria. Com Soo-ji aninhada em seus braços, dava passos largos para chegar o mais rápido possível a farmácia, a nevasca leve o preocupava, porque tinha medo que piorasse a irmã. Por isso a abraçava bem perto tentando-a proteger o máximo do frio ou de qualquer vento. Não tinha escolha, só assim o farmacêutico poderia realmente entender o que ela tinha.

    Quando Soo-ji disse aquela frase do Frozen, Jae-ki sentiu mais uma vez o nó na garganta apertando. Apesar de ser bem jovem, sentia-se imensamente responsável por ela, os dois eram muito ligados. Ver que os olhos dela lembravam os de sua mãe era doloroso. Se a omma estivesse ali, com certeza saberia melhor o que fazer, pensava Jae-ki, mas repreendeu a si mesmo por isso. Sua mãe não existia mais, assim como todo seu passado, eram só lembranças de algo que não fazia mais parte da sua vida. Algo que lhe parecia muito distante e se empenhava em esquecer. Agora Jae-ki era tudo que sua irmã tinha e que precisava.

    - Só mais um pouco Soo-ji... - Sussurrou para irmã.

    Depois de chegar na farmácia e ver o hyung, se sentiu um pouco melhor, ao menos poderia comprar algum remédio. Jong-Suk realmente não falhava com ele, mesmo nessa hora da madrugada. Quantos fariam isso por ele? E era assim que o hyung ganhava cada vez mais sua confiança. Jae-ki ficou perto enquanto o farmacêutico dava uma olhada na sua irmã, seu semblante estava bem pálido e preocupado. Mordia os lábios nervoso, nem mesmo notava que estava ferindo a si mesmo, os lábios já estavam rachados por causa do frio e essa mania só piorava. Esperava ouvir uma solução, que tivesse um remédio que curaria a irmã, mas não foi como o esperado, infelizmente não maioria da vezes não era como desejava.

    Levar Soo-ji ao hospital faria sua dívida aumentar muito, sabia como médicos eram muito caros, ainda mais sem um plano. Jong- Suk participava do seu problema até fazendo perguntas sobre o remédio, estas foram muito úteis, já que ele mesmo nem tinha pensado nas chances do remédio falhar. Jae-ki ainda mordia os lábios quando lançou um olhar para o amigo. A saúde da sua irmãzinha estava em suas mãos, tinha que resolver isso da melhor forma que estivesse ao seu alcance para ela não sofrer e melhorar logo. Se tinha uma coisa que ele havia aprendido era não lamentar pelo que perdeu no passado, pois só perderia tempo, e nem se preocupar com o futuro quando deveria resolver os problemas do presente, senão não poderia não haver futuro.

    - Vamos levar o analgésico - Respondeu determinado, mas ainda sentindo aquela sufocante preocupação, olhou para Jong-Suk e disse - Ela não pode continuar sentindo dor, ela tá muito mal... Se eu ainda pudesse trocar de lugar com ela, mas não dá... Pode deixar que te pago o mais rápido que eu puder! Valeu mesmo cara.

    Enquanto esperava o amigo tomar a iniciativa para pagar, voltou a aninhar a irmãzinha nos braços. Havia já decidido consigo mesmo que a levaria no médico o quanto antes, custe o que custar. Depois daria um jeito para pagar, mesmo que tivesse que passar dias inteiros fazendo pequenos trabalhos. Depois que o farmacêutico entregar o remédio, Jae-ki vai pedir para ele colocar ali mesmo antes de irem para casa, não queria esperar nem mais um segundo para ver a irmã um pouco melhor e também poderia ver como faria em casa para usar o remédio. Ele era impaciente e muito preocupado, ainda mais quando envolvia o que mais importava em sua vida.

    Já com remédio em mãos depois de medicar Soo-ji, e antes de sair, se virou para o amigo, com a irmãzinha no colo e disse sua decisão:

    - Cara, tenho que levar ela no médico. Eu odeio aumentar minha dívida, mas você viu, não tenho escolha. É a minha irmã, pode ficar muito grave se eu não levar. Você consegue me ajudar, não é? Eu vou pagar, minha halmoni também falou que vai no banco para ajudar. Posso então contar com você amanhã, hyung?

    Os olhos arregalados e preocupados de Jae-ki fitavam o amigo como um pedido de socorro. Não sabia o que poderia acontecer a irmã se demorasse mais, precisava levá-la no médico amanhã, não tinha jeito. O problema já era grande, mas aos olhos protetores e preocupados de Jae-ki, ainda se tornava muito maior.

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