Era o dia seguinte. O sol mal havia se levantado e o som da mata ao redor da aldeia era ainda pouco e matutino. As mulheres se punham de pé para preparar a comida. Na noite anterior Emarã, o grande karaíba havia feito Ubatã cair adoecido. Naquele dia o conselho se reuniria e escolheria o morubixaba. Aquira estava lá quando os marakás tocaram e a notícia chegou. Aquira estaria lá quando o conselho se reuniria na casa especial preparada para isso. Aquira estaria lá pois ele era um paîé. Sua presença lá era mais que esperada, era obrigatória. Ninguém tomava decisões sem a bênção e as previsões dos marakás.

Levantou-se de sua rede. Ainda havia tempo antes do conselho se reunir. Pôs os pés no grande pátio. Um espaço circular no centro das casas cobertas com palha de coqueiro. Niara foi a primeira pessoa que encontrou. - Quem você acha que será o morubixaba? - Niara era uma guerreira. Uma guerreira como poucas. Ela também estaria no conselho. Aquira sabia que ela queria ser a escolhida. - Precisa mais tabaco. Muito foi usado ontem. Emarã queria que eu fosse buscar, mas você pode fazer isso melhor. - Os olhos de Niara eram ligeiramente claros, cor de mel. Era afiados como flecha. Os pêlos do alto de seus olhos eram erguidos e vivazes. Era difícil não escutá-la.

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@Nimaru Souske começamos aqui espero proporcionar um bom jogo.

Niara franziu o cenho e apertou os olhos quando Aquira falou dos marakás. O senso de humor não era seu forte e talvez pelo cedo da manhã Aquira não havia se dado conta daquilo. Com um tom sério Niara respondeu Aquira: - Espero que vocês estejam com os ouvidos atentos. - A resposta poderia ter pegue Aquira de surpresa, mas a verdade é que aquilo era típico de Niara. - Eu devo caçar ainda, você pode achar sozinho, não lhe ajudaria muito. - O tom ainda era sério, mas não havia nada de reprovador na voz da guerreira. Aquira sabia que Niara não guardava comentários nem ressentimentos. Ela era transparente como uma cachoeira da serra. Dizendo-lhe aquilo, ela pegou um varapau que estava escorado na casa e com ele saiu, sem despedir-se, afinal, não era uma despedida.

Aquira juntou os instrumentos que precisaria e saiu do perímetro da aldeia. Ele sabia que para encontrar tabaco teria que ir até às margens do rio que corria lá perto. Os sons da mata começavam a aumentar, indicando que o dia começava também para todos os animais que ali habitavam. Sem constrangimento, o tupinambá foi avançando pela floresta e descendo gradativamente até o nível do rio. Não era um percurso muito extenso e logo ele estava escutando o correr das águas. Ainda estava frio já que o sol mal havia se levantado. Ele avistou o rio, bastava agora encontrar os pés de tabaco para colher o fumo que seria preparado e usado no conselho.

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Se ainda quiser falar algo com Niara, pode, ela responderá e em seguida sairá. Role um teste de Percepção (Visão). Você rola 1d10 e soma com o seu atributo ligado à Percepção (Visão) - que é Vitalidade. Aliás, vi que na sua ficha tem somente Percepção, aí você precisa especificar. Veja o modelo de ficha na página 196. Se a Percepção que você escolher não for (Visão), você não terá a Capacidade e seu teste fica com modificador de -5.

O barulho do rio correndo era agradável aos ouvidos. Aquira caminhava com cuidado por entre as árvores e, aprochegando-se dos primeiros pés de tabaco, preparou-se para catar as folhas. Seus olhos porém notaram um farfalhar diferente nas folhas, sem contudo ver o que havia de fato ali. Sentiu que havia ali um perigo que não notara a tempo de se resguardar.

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Role um teste de Esquiva com modificador -5. Role também um teste de Percepção (Visual).

Mordida +7
Bravos efetuou 1 lançamento(s) de dados (d10.) :

10

Furtividade +4
Bravos efetuou 1 lançamento(s) de dados (d10.) :

5

O veneno correu no corpo de Aquira e ele sentiu uma fraqueza. Aquira precisava fazer algo sobre aquilo. Picada de cobra era sério e deixar que o veneno agisse sem nenhuma providência seria uma causa provável de morte. Aquira já havia visto vários guerreiros que pereceram por conta de um descuido e uma picada que não fora bem tratada. Mas ele era um paîé e sabia o que precisava fazer. Havia por ali algumas copaíbas. Se conseguisse subir e colher alguns de seus frutos e mastigá-los, o óleo da árvore ajudaria com aquele veneno e com a ferida da picada.

Era também necessário afastar-se dali, antes que a cobra voltasse a atacar Aquira. A colheita do tabaco teria que ficar para depois.

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O veneno começa a fazer efeito e Aquira tem -3 em todos testes de capacidade Física. Ele recebeu 1 de dano e receberá mais 1 a cada hora passada. Pontos de Vida: 10

A copaíba é uma árvore, que pode ficar enorme ou talvez até mais reduzida, dependo do local onde estiver plantada. Aquira afastou-se das margens do rio e tratou de encontrar o remédio para a picada. Como ele pode ser tão desleixado? É verdade que ainda era cedo e o sol ainda não estava no alto e, por isso, era mais fácil para as cobras se esconderem. Mas Aquira sabia que as margens de rios são lugares onde vivem as cobras. Balançava a cabeça. Não fora culpado de nada. Deveria estar ocupado em achar a árvore.

Felizmente sua procura não demorou tanto. Avistou logo árvore da espécie há cerca de duzentos metros de onde fora picado. Subir a árvore ia ser difícil com o corpo cheio do veneno da cobra, mas era sua única chance. Respirou fundo algumas vezes antes de começar a fazê-lo. Aquira sabia que o se o sangue corresse muito rápido, ele estaria mais próximo da morte. Começou a subida. A cada galho maior, ele fazia uma pausa. Respirava fundo antes de subir a próxima leva. Após três tentativas dessa, ele encontrou os frutos. Pegou e meteu-lhes na boca, mastigando-os. Talvez ele pudesse agora respirar aliviado.

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Role um outro teste de Resistência a Veneno. A Agência do veneno é 9. Você tem -3 devido ao esforço físico (adaptando a regra). Pontos de Vida: 10

Bravos efetuou 1 lançamento(s) de dados (d10.) :

3

Antes de tomar os frutos, pediu a permissão para consumi-los. O gosto em sua boca de Aquira era amargo, mas era tranquilizador. Sentiu logo o corpo reagindo, suando mais do que o normal. Aquira sabia que ainda precisava tirar o veneno da cobra de seu corpo. O remédio contudo, lhe daria tempo para fazer isso sem correr o risco de ter uma hemorragia ou uma infecção aguda.

Respirando aliviado sobre a grande árvore, lembrou-se do conselho que deveria começar logo mais. Possivelmente já esperavam que Aquira houvesse voltado com mais tabaco. Mais ainda: Aquira deveria participar e, portanto, deveria estar se preparando para esse momento. Que desgraça ter sido atacado naquele momento. Esforçou-se por pensar e lembrou-se de uma parte do rio ali próxima onde o mato não era tão espesso e ele poderia colher o tabaco menos exposto.

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Nimaru, pode narrar colhendo o tabaco e indo para a aldeia. Aquira ainda precisa ter o veneno tirado de si, ele precisará do auxilio de outro paîé, possivelmente de Emarã, o grande karaíba. Pontos de Vida: 10

Aquira colheu o tabaco o mais rápido que poderia. Torcia e orava para que não encontrasse novos perigos no caminho. Aqueles eram maus augúrios, de certa forma. Poderia ser já os Macarás reagindo à ação de Emarã? Ontem eles haviam posto o maior guerreiro Macará acamado. Teriam eles reagido tão rapidamente em menos de um dia? O tabaco e os marakás contariam se aquela era a verdade, afinal de contas.

(...)

O coração de Aquira se aliviou quando viu as ocas da aldeia por entre as árvores. Ele havia conseguido voltar sem ser atacado uma outra vez, afinal de contas. Quem também se aproximava, no mesmo instante, era Niara. Quando os olhos de Niara encontraram os de Aquira, Aquira viu a preocupação desenhar-se no seu rosto. Num movimento rápido Niara tirou a caça do ombro, colocando-a no chão da mata, e logo estava correndo na direção dele. Quando a mão de Niara tocou o ombro de Aquira, ele sentiu o toque da pele frio como o rio pela noite. Niara sentiu o corpo de Aquira quente como a pedra ao final da tarde. - O que te aconteceu, Aquira? Está quente. Não pediu autorização para colher o tabaco? Caiu também doente? - Uma certa apreensão se notava na voz de Niara e ela passava o braço de Aquira por sobre o pescoço dela e o seu braço pela cintura dele, suportando-o.

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Pontos de Vida: 10

- Não diga isso. Não pode ser. - Disse Niara a Aquira, enquanto se esforçava para levar o corpo pesado e doído do índio. Aquilo era parte das guerras de vingança do povo Tupinambá. Teriam eles feito algo de errado? Fora o grande karaíba que colocara aquilo tudo em ação. Teria Emarã agido contra os conselhos dos marakás? Teriam que perguntar pessoalmente à Emarã o que estava acontecendo.

Niara ao ver os olhos fundos e doentes de Aquira, apressou o passo. Logo estavam diante da oca onde aconteceria o conselho. Havia grandes esteiras trançadas, onde eles ser sentariam e acenderiam seus cachimbos, fumando o tabaco e preparando-se para aquele momento. Niara deitou Aquira numa daquelas esteiras. - Vou buscar Emarã. - Assim ela fez. Logo estava ali o grande karaíba. Emarã olhou para Aquira e então botou as mãos sobre seus olhos. Disse algumas palavras em voz baixa. - Aguente firme. Niara, vamos buscar as ervas para fazer o remédio para Aquira. - Eles saíram e Aquira desfaleceu.

(...)

Acordou com Emarã dando-lhe tapas de leve no rosto. Ele tinha uma cuia nas mãos. - Beba. - E botando-a na boca, virou o conteúdo amargo e aquoso garganta abaixo. O rosto do grande karaíba demonstrava preocupação. - Deve estar fora de perigo agora. Vamos deixar para fazer o conselho somente à noite. - Niara, ao seu lado, parecia também estar tensa. Aquira viu que o sol já era forte. Talvez já fosse tarde. Niara pegou-lhe pela cintura mais uma vez e ergueu-o. - Vou levar Aquira para sua oca.

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Bom post

- Sim, você trouxe o bastante. O conselho se reunirá quando o sol estiver se pondo. Você tem que melhorar até lá. -Niara lhe dizia essas coisas enquanto carregava Aquira para sua oca. A decisão de atrasar o conselho era justamente para que Aquira pudesse se recuperar um pouco. Porém, o tempo urgia. Ter feito Ubatã cair adoecido era um sucesso importante e não poderiam perder tempo. Do lado dos Maracá, eles já deviam estar procurando os remédios para que seu maior guerreiro se levantasse. Por isso era importante que o conselho se reunisse logo e preparassem a Guerra de Vingança.

Niara pôs Aquira deitado em sua rede. Ela parecia cabisbaixa. Sem olhar para Aquira, disse essas palavras: - Se a mata não está bem conosco, você precisa dizer à Emarã e aos outros durante o conselho. - Aquira sabia disso. Era arriscado começar uma Guerra de Vingança tendo os espíritos contra eles. - Não quero ser a morubixaba de uma guerra fracassada. - O desejo de Niara era forte como o fogo.

(...)

As horas se passaram. Aquira foi se sentindo melhor ao longo do dia. De sua rede, de onde ele não se moveu momento algum, Aquira notava que o sol estava baixando. Niara mesmo havia trazido para ele a comida e sempre parecia mais inquieta com a proximidade do conselho. Aquira esperava que ela viesse lhe buscar, mas quem entrou na oca foi Emarã. O grande karaíba aproximou-se e sentou perto de Aquira, num tamburete feito de madeira talhada toscamente. - Como você está?

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Desculpe a demora @Nimaru Souske