Arthur Fray

Arthur acelerava a produção do elixir enquanto Nikki e Scott corriam de cela em cela para ajudar seus irmãos de matilha. As melhoras eram visíveis. As pústulas e manchas começavam a diminuir. Uma tosse asfixiante ocorria logo depois e o lobo cuspia uma bola de pus contendo o parasita morto. Nikki estava de prontidão para queimá-los com uma tocha. Ninguém queria correr nenhum risco neste momento. O tempo avança. Finalmente todos receberam a cura. Um ou outro ainda estava acordado, mas imóvel, e os outros desacordados. Arthur produziu elixires extras para serem aplicados nos próximos dias a fim de exterminar permanentemente os efeitos da maldição.

Estava bem tarde para voltar para casa sozinho, e Scott não acompanharia o velho, pelo contrário, queria ficar do lado da sua matilha. Então Nikki leva Arthur até um pequeno quarto para que ele passe a noite e indica um banheiro lateral. Arthur estava cansado, mas não demonstrava. Seu controle arcano sobre seu corpo o permitia suportar a fadiga que se abatia, como se não estivesse cansado. Mas ele estava. Arthur guarda seu material na maleta e a leva consigo até seu quarto, a deixa ao lado da cama e vai até o banheiro.

Encarando seu rosto por um longo momento em frente ao espelho, Arthur estava pensativo. Graças aos seus conhecimentos esotéricos, estudos arcanos e práticas alquímicas, conseguiu salvar os lobos. Por um momento pensou que não teria o conhecimento necessário, quase causando uma tragédia ou simplesmente perdendo a todos. Mas Arthur tinha a bênção de seu espírito-avatar naquele momento que o fez enxergar a solução. Na pia ele abre a torneira e joga água no seu rosto, esfregando os olhos. Já estão com sinais de cansaço. A stress pelo atraso na viagem de avião e a correria nesta situação se acumulavam e cobravam do corpo do bruxo. Então Arthur sente algo no bolso do casaco.

Tirando do bolso do casaco há um frasco do elixir que fez para os lobos. Arthur o havia guardado para si mesmo. O bruxo tinha o sangue dos lobos percorrendo suas veias, mas não era um deles, afinal, não se transformava, apenas compartilhava um ancestral em comum. Por precaução, para evitar que a maldição afete o bruxo também, Arthur reservou um frasco do elixir para uso próprio. Ele o toma e o guarda.

Totalmente cansado, vai até a cama simples que preparam para ele. Se senta na cama e retira seus sapatos já sujos pelo terreno da região. Há coisas que a bruxaria não pode substituir, e uma delas é uma boa noite de sono. Sem se trocar ou fazer qualquer outra coisa, Arthur deita-se na cama e apaga.

O que o dia seguinte reservará para o bruxo?

Arthur acorda. Tivera um sonho estranho. Um riacho desconhecido. Nevava uma neve quente, com brasas de um incêndio. Não via nada em chamas, apenas uma loba bebendo do riacho que se transformava e se aproximava como veio ao mundo, mudando de forma novamente para um rapaz cujo rosto não conseguia ver.  Estava cansado para pensar a respeito. Ouviu o uivo distante. Sorriu. Parece que os lobos estavam bem, de volta à ativa. Arthur volta a dormir. Tudo que ele precisa agora é dormir e descansar.

Arthur acorda um tanto cansado ainda. Teve um sonho que não se lembra, mas sabe que durou o resto da noite. Parece que não dormira por causa do sonho, mas se pergunta porque não conseguia se lembrar dele. E seu corpo estava suado e melado e aquilo era estranho, não lembra de ter passado calor a noite. Seria resultado do sonho? Pensaria nisso depois de uma ducha. Precisava ver como estão os lobos. Lembra que os ouvira uivar a noite. Onde e como estariam hoje?

Arthur deixa seu quarto e se dirige a um banheiro no corredor. Estava tudo silencioso, parecia que o local estava vazio. Se aproximou meio distraído do banheiro cuja porta estava entreaberta e para sua surpresa viu uma mulher loira totalmente nua tomando banho. Arthur por um momento ficou encarando a cena, olhando cada curva da loira, seus olhos iam de baixo para cima, até seus olhos se cruzarem e Arthur a reconhecer como a loba que curara em primeiro lugar na noite anterior. E ela tinha um olhar sensual, não se importando com a presença de Arthur.

-"Desculpe, não percebi que estava ocupado. Vejo que as manchas saíram. Como está passando?", perguntava, sem desviar o olhar, indo contra a cortesia que tanto se orgulhava. Algo naquela mulher-loba afetava seus sentidos. Arthur a desejava, mas a cortesia segurava seus instintos mais primitivos. Ou apenas lhe faltava coragem para dar o próximo passo.

- Graças a você estamos todos bem melhor....

-"Fico feliz em ver..., digo, ouvir! A situação foi terrível, não tenho dúvidas disso. Só posso imaginar a dor e angústia que sofreram. Não esqueça de continuar tomando o elixir, por favor.", dizia, já desviando um pouco o olhar, encarando o batente da porta. Era uma bela mulher, mas Arthur tinha seus modos, seus princípios, sua educação.

- Pode vir tomar seu banho... já já eu estou saindo...

Arthur suspira e diz: -"Acho melhor eu esperar você terminar primeiro." A situação era tentadora, mas Arthur sabia do seu lugar, da sua condição, era bem idoso, ela era jovem, não gostaria de fazer algo que fosse mal interpretado. Além disso, Arthur escondia sobre as roupas o custo da magia, o custo das perseguições que sofrera na vida pelos que não entendiam a bruxaria, daqueles que temiam o que não entendiam. Não eram apenas rugas e manchas da idade que ele tinha no corpo, mas cicatrizes e fissuras que ele pagou para ter o poder que tem hoje. E por este motivo ele utilizava sempre roupas de colarinho alto e manga longa, sempre escondendo suas deformidades.

Antes de sair e encostar a porta para deixar Elena terminar, Arthur comentou: -"Sabe, tive um sonho estranho esta noite. E você estava nele. Eu sei que tive outros sonhos depois, mas não consigo me lembrar de nenhum. Deve ser o cansaço ou este lugar. Quem sabe? Pode terminar em paz, não precisa se apressar.", então, Arthur se retira e volta para seu quarto, onde se senta na cama e aguarda.

Arthur teve seus planos interrompidos. Ia se retirar de volta ao quarto, mas Elena o puxa e o conduz para o banheiro e não o deixa sair. Ela começa a despi-lo. Por um momento, Arthur tenta impedir, com receio das suas cicatrizes e marcas, dela ter alguma aversão a elas, mas ela não ligava para isso. Elena até acariciava suas marcas com um sorriso malicioso. Então, Arthur se permitiu deixar que a loba o despisse por completo.

Ela tinha um corpo magnífico. Arthur tentava se lembrar da última vez que esteve com alguém antes. Já faziam anos. Décadas até. Arthur não lembrava, e seu corpo tentava lembrar. Seu sangue fervia e seu corpo respondia de acordo.

- Que pena que você não se lembra do sonho... quem sabe eu não ajudo você a se lembrar de alguma coisa...

Então era realmente ela no sonho... e parece que ela sabia do sonho. Mas os pensamentos de Arthur são interrompidos quando ela lhe rouba um pequeno beijo e o não deixa sair dali, forçando Arthur contra a parede e o velho mago para um saudoso prazer...

OFF:

Arthur retribui o beijo de Elena com ardor. Nada passa por sua mente a não ser aproveitar aquele momento. Há quantos anos Arthur não se deita com alguém? Isso não vem ao caso agora. Elena o conduz a se deitar de costas no chão, e Arthur permite, vagarosamente sendo deitado, o chão frio e molhado causa um arrepio momentâneo que apenas atiça mais a vontade do velho bruxo. Arthur, como um bom parceiro, deixa que Elena o conduza ao seu bel-prazer.

Arthur trocava carícias com Elena, seu sangue fervia e seu membro respondia pronto para recebê-la - e foi o que a loba fez quando se ajeitou, permitiu ser penetrada e Arthur a encaixou sobre si. O estase se intensificava enquanto Arthur se movia sob ela, um vai e vem que começou suavemente e foi se intensificando. Elena estava de frente sob Arthur e o velho bruxo levava suas mãos aos peitos da sua parceira acariciando-os enquanto aproveitava aquele momento. Arthur gemia de felicidade. Na sua cabeça nunca podia imaginar que chegaria este momento... alucinações passavam por seus olhos. O bruxo não via mais Elena, ele via outra pessoa. Com um movimento brusco, Arthur passava suas mãos por detrás da cintura de Elena e a trazia para perto de si, abraçando-a fortemente enquanto aumentava drasticamente o movimento do vai e vem e entre os gemidos de prazer, Arthur, que não tinha controle das suas vontades, desejos e fantasias, com o rosto entre os peitos de Elena, acaba por dizer um nome que poderia ser sua ruína naquele momento: -"...oh, Clairy...". Neste momento, Arthur entendeu que toda sua vida ele era apaixonado pela sobrinha. E qual seria a reação de Elena ante esta situação?

Finalmente Arthur podia descansar. Esta mulher era insaciável. Arthur precisou até a usar alguns feitiços de emergência para manter seu membro ativo porque a idade já lhe cobrava algumas habilidades da sua juventude.

Estavam os dois ali, deitados no chão do chuveiro ainda jorrando aquela água quente respingando sobre a pele, em silêncio, recuperando o fôlego. Arthur imaginava se aquela loba iria querer mais e se ele conseguiria dar conta do recado, mesmo trapaceando com seus feitiços de vigor. Enfim, o silêncio reinava. E no meio do silêncio Arthur se lembrou do que dissera durante o êxtase: o nome de sua sobrinha Clairy...

Para Arthur, parece que Elena não ouvira, pois não esboçou nenhuma reação agressiva ou de qualquer tipo. Talvez tenha escutado, mas disfarçado. Ou tenha escutado e utilizado o sexo para mostrar do que era capaz, que podia ser melhor que ela. Mas o que mais preocupa o bruxo naquele momento é perceber que todo o coito foi praticado tendo sua sobrinha em mente. Anos de criação e tutoria os aproximavam demais, e os namorados de Clairy sempre deixaram o velho tio preocupado, e só agora ele percebe que não era preocupação pela sua segurança, mas inveja de não possuir aquele corpo jovem... Arthur resmunga, esfrega a cabeça, tentando tirar estes pensamentos da cabeça. Ela era família. Isso é errado.

Olha para Elena. -"Você foi a mulher coisa que me aconteceu estes anos todos. Me fez lembrar de como é viver. Agora preciso ir. Tenho que ver como estão os outros. E voltar para casa. Minha missão aqui está terminada.", diz de forma seca e se levanta, indo ao chuveiro tomar uma ducha rápida antes de sair do banheiro.

Elena escreveu:- Está bem... quando nos veremos de novo? Eu vou querer reprise, em breve...

-"Espero que não seja quando houver outra emergência destas!", responde instintivamente, não fornecendo uma data ou prazo, mas mostrando simpatia para um próximo encontro.

-"E não esqueça de tomar o elixir diariamente! Não queremos perder alguém especial assim, certo?"

Ao terminar seu banho, Arthur nota que Elena deixara o banheiro. Então segue para seu quarto se trocar. Junta suas coisas, toma uma dose do elixir que separou para si. Então segue para fora da casa em busca da sua carona, afinal, estava muito longe de sua residência e espera que Scott ou algum outro lobo lhe ajude a chegar em casa.

Scott deixa Arthur em frente do seu antiquário e agradece muito a ajuda além de prometer qualquer ajuda caso precisasse, à qual Arthur apenas responde: -"Eu digo o mesmo, jovem Scott. Apesar de sermos tão diferentes, compartilhamos o mesmo sangue dos lobos. Isso nos torna família e nos ajudar só tende a reforçar os laços. E não se preocupe com agradecimentos, já tive todo o agradecimento que poderia desejar esta manhã. Siga em paz e lembre-se de manter o tratamento, mesmo que tenha que dar a força para os mais teimosos."

Se despedindo com um aceno do chapéu, Arthur entra na sua loja residência e presencia algo que nunca imaginaria acontecer: uma loja bagunçada e sua sobrinha Clairy em uma posição que realçava suas nádegas bem ali na sua frente, procurando algo embaixo do sofá enquanto praguejava contra a loja desperta, que se divertia em atazanar a vida de Clairy. Arthur olhava fixo para aquela cena por alguns momentos até que seus pensamentos o levavam de volta ao seu encontro com Elena e ao que seus sentimentos revelaram naquele momento. Então, limpando a mente de qualquer tentação, afinal, Clairy é sua sobrinha, Arthur pigarreia e diz, chamando sua atenção para sua presença.

-"A-ham! Clairy?"