Capítulo 3: Coisas que se mexem quando não se está olhando

As discussões iam e viam, porém resultado para solucionar o problema não vinha. Todas pensavam, sugeriam, mas nada sequer se aproximava do que desejavam. Aquilo preocupava Nalklyr, pois o tempo passava cada vez mais, e a cada segundo os Zatherins estariam mais perto.

Passei horas analisando esse diário, ontem, então se existe uma senha escondida nele ela me escapou completamente. Talvez um de vocês queira folheá-lo?

O meio-drow balança a cabeça em negação:

-Também não creio em um resultado diferente, você passou a noite toda e não encontrou nada próximo disso sendo um grande estudioso como os magos costumam ser.

O druida suspira devido a falta de soluções, mas logo vem algumas ideias em sua mente. Nalklyr arregala os olhos e levanta o dedo:

-Enxergo duas opções não muito politicamente corretas... Não acho que o Tab'uz deva usar seu machado para derrubar a porta, pode estragar a arma dele. Mas Rachel, com suas rajadas poderia destruir ou até eu, transformando essa parede de obsidiana em argila...Não estou muito a fim de descer como o Tab'uz e vasculhar toda a casa atrás dessa resposta...E caso tente isso espero não morre instantaneamente...

Nalklyr laça suas ideias, mas mesmo ele não tinha certeza se queria fazer isso, o risco era grande. Mas talvez fosse pior vasculhar a casa cheia de objetos animados.

-Esta casa deve estar tomada de objetos animados e outros perigos...talvez fosse pior vasculhar tudo. E é a única maneira de causarmos menos estragos na casa.

Após suas palavras ele ouve Jack mencionar desconfiadamente o Clérigo e Ladra:

-Ao que parece nosso nobre clérigo que saiu com a ladina tinha notado que havia alguém vivo atrás dessa porta... Minha dúvida é se o casalzinho não preparou isso para gente. E creio que não temos muito tempo, pelo papo legalista do sacerdote e pelo tempo que ambos andavam "de mãos dadas pelo jardim" não duvido que "convenientemente" foram chamar os guardas ...E não duvidaria que ele não "sentiu vida" nenhuma na outra sala...

Não, não creio nessa opção apesar de realmente ser estranho...

-Não o recrimino por suas palavras Jack, as ações tomadas por ambos foram muito estranhas, mas não creio que iriam nos trair...

A falta de solução também parece ter afetado Lin que ficava visivelmente irritada e culpava o Galadon pelo fracasso:

-Não seja tão dura com o Galadon Lin, a magia não funciona como você acha que funciona, vai muito além. Mas como falei, eu ou a Rachel podemos cuidar disso, ela talvez demore mais, porém, caso dê certo o efeito de minha magia é instantâneo e a parede vai virar argila, basta empurra-la que ela cai.

Quando Lin fala em chutar Nalkyr ele afasta-se dela um pouco e levanta as mãos:

-Ei, ei...calma aí! Porque não chuta o Tab'uz, ele é mais robusto e não vai sentir muita coisa e você alivia-se um pouco de sua raiva!

Rachel ri com respostas de Jack e Lin sobre não fica decrepita, a idade chegava para todos e para ela não era diferente. O momento de relaxamento rapidamente foi embora, começando uma conversa rápida pra lá e para cá. Ela ficou com a cabeça indo de um lado para outro tentando prestar atenção no que falavam, acabou se perdendo no final. Suspirou e finalmente disse:

- Do jeito que estamos perdendo tempo com inutilidade é melhor derrubarmos essa porta logo. Vão para o primeiro andar que vou botar essa porta a abaixo. Nós conversamos, falamos e falamos e não chegamos uma solução.

Ela dá as costas para a porta e vai andando até a escada e no começinho, ali no primeiro degrau pronuncia a palavra magica:

- Macabra.

Com isso ela começa a escalar a parede ficando quase na altura do teto.

- Estão esperando o que? Vão pro primeiro andar armadilha vai explodir e atingir todo mundo quando eu atirar.

Nalklyr arregala os olhos surpreso quando Rachel começa a escalar a parede.

-Você tem truques interessantes Rachel, sua opção parece ser melhor do que a minha. Parece que suas estranhas habilidades são ilimitadas. Muito bem Vamos descendo.

Quando o Druida passa por Galadon, ele pega o pergaminho que ele segurava o oferecendo anteriormente.

-Interesante esse efeito, considere aceito! hahaha Agora vamos descer. Aviso que ficarei na escada para socorrer a Rachel caso seja necessário.

Em meio a toda aquela discussão sobre o que fariam em relação a porta, as palavras de Nalklyr atingiram a elfa como uma flecha. O brilho de raiva no olhar citrino da moça tornou-se mais vívido e ela nunca se sentiu tão ultrajada como daquela maneira.

- Não me venha falar sobre magia. Eu sei muito bem como magia funciona, seu... - ela queria um xingamento forte, um palavrão bem horrível, mas ela não conhecia nenhum, então sua fala morreu ali mesmo.

Por mais que não fosse verdade, ela jamais diria não entendia a mecânica de uma magia. Por uma fração de segundos, a expressão de Lin passou de raiva extrema para uma de mágoa e tristeza, por mais que não tenha durado muito tempo, ela não conseguiu evitar que memórias tristes lhe viessem à mente. Lembraças das palavras duras de sua mãe quando a pequena Minhyukllin não conseguia nada com relação a magia, de quando sua mãe a submeteu a um treinamento exaustivo para ver se o dom mágico despertava na menina, mas isso nunca aconteceu e Yulah nunca escondeu seu desgosto. Por mais que Lin se destacasse na academia marcial e enchesse de orgulho seu pai, seus avós, seu mestre e tio, o mesmo não podia se dizer sobre sua mãe. Ela não queria que a filha fosse a mácula em sua linhagem nobre. 

Ela lutou para espantar aquelas lembraças e agradeceu quando Jack a segurou seu braço e a levou para longe. Ele podia sentir que ela tremia de raiva. Ela começou a respirar para acalmar-se, pois não podia deixar que seus sentimentos interferissem na missão, sua primeira grande missão e ela não queria estragar tudo. Queria ser a guerreira destemida e inabalável dos contos heróicos de seu povo. 

- Obrigada, Jack - ela deu umas batinhas de leve na mão do rapaz, agradecendo por ser tirada de lá. Desceu as escadas como pedido por Rachel. Deu umas batinhas no rosto para revitalizar sua expressão e passou a observar o que acontecia no alto da escada, mesmo tendo Nalklyr em seu campo de visão, dando suporte para a bruxa.

[OFF] Vou adiantar alguns turnos para o resultado...

Os heróis desceram e Rachel se pendurou em um dos alicerces de madeira para desferir seus ataques contra a porta. Quando ela desferiu o primeiro, a boca se abriu e jorrou um cone de ácido que caiu no chão sem atingir a bruxa, mas derreteu um pouco o piso de madeira. Rachel podia ver que o piso era todo feito em rocha e que a madeira nada mais era do que um tablado para dar beleza a arquitetura do lugar, porém, sua estrutura era rocha.

Então, Rachel continuou a disparar suas rajadas místicas contra a porta, de maneira contínua e no mesmo ponto.... porém, nada acontecia. A porta era feita de uma rocha escura... Obsidiana. Uma pedra que dava beleza, mas extremamente mais barata que outras gemas (isso inclusive de acordo com o LdM)... porém, Obsidiana é uma rocha vulcânica... ou seja, ela se formava através de grandes temperaturas e pressão... e as rajadas de Rachel não pareciam ser fortes o suficiente para vencer a densidade da porta. A densidade da porta era muito grande para que qualquer magia de um conjurador menos poderoso a destruísse...

Todos os turnos em que a Bruxa atacava com fogo, a boca se abria novamente e cuspia outro cone de ácido, que pegava toda a largura do corredor e por volta de 6m à frente...

Lá embaixo, os heróis apenas ouviam o "TSSSS" do ácido caindo no piso....

Mas agora Rachel via um problema.... para descer.

Embaixo dela, o piso de madeira já havia sido todo consumido e restava apenas o piso de Obsidiana... que não era consumido pelo ácido. Havia uma enorme poça de ácido que se formou nos 3 turnos... Como Rachel sairia dali e como os heróis passariam pela porta depois que ela estivesse aberta?

TURNO: 11

Bocejando pela terceira vez seguida e praticamente jogado sobre a mesa, Ta'burz esperava pela solução de seus companheiros que, a julgar pelas expressões em seus rostos, não tinham conseguido muita coisa. O Bárbaro conseguia escutar o barulho das rajadas da Bruxa seguidas por um som não muito agradável de Ácido queimando vindos do andar de cima, por um segundo pensou em subir para verificar se estava tudo bem, mas desistiu ao perceber que os golpes continuavam e que não houve nenhum grito de dor.

O Grandalhão olhava para o teto entediado e, depois de algum tempo, levantou de uma só vez e falou para aqueles que estivessem por perto.

- Cansei... - Puxou seu machado resmungando. - Aquela porta não quer abrir e ficar aqui parado está me entediando. Vou dar uma olhada por aí...

O Bárbaro então ruma para a porta mais próxima e entra. Como medida de segurança, ele mantinha distância das cortinas e tapetes da casa.

"Porcaria de casa maluca... Porcaria de Mago maluco... Porcaria de Halfling e seu diário... Porcaria de Manopla idiota..."

Off:

[quote="Artorias"]

OFF:

Aguardando as informações de Rachel, Nalklyr ouve Tab'uz e Kvothe resmungar lá embaixo já completamente impaciente. O druida observa a ação do meio-orc e não pare ser algo inteligente a se fazer, ainda mais com essa casa tomada por coisas mágicas.

-Esperem vocês dois... Nossas cartas na manga ainda não cesaram... Aguarde Rachel retornar com informações precisas. Além disso, é muito arriscado sair por aí sozinho vocês não são imortais! Se outro tapete desse agarrar vocês, sequer pedir socorro vocês poderão, isso sem falar em outras coisas inimagináveis que podem ter nesta casa. Tenham um pouco mais de paciência. Eu tenho um plano "B"!

Dito isso ele vira-se para Rachel:

-Como estão as coisas ai Rachel? Se não estiver funcionando vamos para o pano "B". Vou transformar essa parede em argila e então basta derrubá-la.

O druida aguardava a informação da bruxa para agir.

[quote="Artorias"]

OFF:

Já com a mão na maçaneta da porta, Ta'burz olha para o Druida no topo da escada com uma cara de poucos amigos. Em seguida o Bardo faz coro ao pedido de Nalklyr e nesse momento o Bárbaro revira os olhos. Olhando bem para eles, Crohar abre a porta, nitidamente como um movimento de afronta, como um gato que teimava em derrubar copos de vidro da mesa.

O Meio-Orc permaneceria no mesmo lugar, mas daria uma boa olhada pra dentro.

Referências:

Para frustada rajada após rajada a mesma coisa acontecer. A porta não parecia ceder e o acido continuava a ser derramado no chão. Ela se moveu pendurada na coluna que nem um macaco até a parede e ali como uma passou andar. Foi até o andar de embaixo se movendo na vertical e no primeiro degrau da escada, ela desceu da parede e passou a andar normalmente no chão.

No momento em que caminhava para juntos dos seus companheiros é que ouviu a pergunta do druida.

- Bem tenho duas noticias para vocês, uma boa e outra ruim - tirou um momento para um suspiro e voltou a falar - A boa é que agora sei que tipo de armadilha tem na porta ela joga acido se tentar arromba-la, a noticia ruim é que não consegui derrubar a porta. Ela não cedeu as minhas rajadas e feita de um material bem resistente. Precisamo achar outro jeito de abri-la ou precisamos de mais poder de fogo.

- Bem tenho duas noticias para vocês, uma boa e outra ruim - tirou um momento para um suspiro e voltou a falar - A boa é que agora sei que tipo de armadilha tem na porta ela joga acido se tentar arromba-la, a noticia ruim é que não consegui derrubar a porta. Ela não cedeu as minhas rajadas e feita de um material bem resistente. Precisamo achar outro jeito de abri-la ou precisamos de mais poder de fogo.

As palavras da Bruxa as indagações de Nalklyr foram respondidas, logo, o plano "A" acabou sendo descartado.

Uma porta muito resistente e que cospe ácido? Típico...

O druida desce os degraus até onde está o grupo:

-Pois bem, o plano "A" não funcionou, vamos para o plano "B": Atacaremos essa última cortina a distância para destruí-la, pegaremos o tapete e as cortinas destruídos e jogaremos no ácido para diminuir sua quantidade, em seguida conjuro água sobre a poça de ácido para dissolvê-lo ainda mais, após eu conjuro a magia "Amolecer Pedra" na Shivra de modo que ela vá pelo teto até a porta e descarregue a magia lá, assim que a porta se tornar argila a Rachel volta a atacar a porta do teto para testar se mesmo em forma de argila ela ainda cospe ácido, se não cuspir, avançamos e derrubamos a porta entrando em seguida. Caso ainda assim não funcione, vamos para o plano "C", vasculhar a casa atrás de algo.

O que me dizem?



O meio drow aguardava a opinião dos demais para seguir com o plano.

Nalklyr balança a cabeça com a indagação de Lin, ele sorri.

-Eu já falei Lin, nem Tufo nem Shivra são animais comuns! Eles podem nos ser muito úteis.

Com tudo confirmado Nalklyr já sobe as escadas para analisar com mas calma o ambiente, ele se aproxima de onde o ácido está mantendo-se numa distância segura, põe a mão no queixo e inclina a cabeça olhando a porta mais atentamente, ele passa alguns segundos e algo vem em sua mente.

Analisando a estrutura da pedra eu talvez tenha certeza de algo...

-Shivra e Tufo, aproximem-se da porta. Tufo analise-a observando seus detalhes e me informando algo e Shivra use suas patas para tocar na porta, bata com elas e me descreva a sensação e o som.

Tufo voa rente o teto até a porta aproximando-se dela e passando a observa-la com mais atenção e Shivra vai pela parede até o teto e de lá também toca a porta com sua pata para senti-la. Depois de alguns segundos, amos retornam para Nalklyr e as noticias não são boa. Ele volta-se para o grupo, suspira, balança a cabeça em sinal negativo e se pronuncia:

-Bem, acho que realmente teremos que ir ao plano "C", a porta é feita completamente por mãos humanas sem nenhuma vulnerabilidade aparente, o que impossibilita que eu use a magia que pensei, sendo que ela funciona apenas em pedras naturais...

Ele levanta as mãos, balança a cabeça em sinal negativo. E desce as escadas de lá, ele saca sua besta e ataca a cortina.

-Vamos treinar nossa mira? Não quero essa coisa viva, não me sinto seguro, mesmo ela presa...

Alguns dos heróis desceram e, de longe, destruíram a última cortina. Então eles coletaram as duas cortinas e o tapete e o estenderam sobre a poça de ácido. Uma fumaça fétida subiu e o barulho característico de ácido corroendo os objetos, agora inanimados. Com tudo aquilo para o ácido comer, o ácido se tornou irrelevante e os heróis podiam caminhar sem preocupações pelo corredor.

Enquanto isso, Tal'burz e Kvothe desceram e foram até uma das portas... seguidos depois por Jack. O Bárbaro imprudentemente - e porque não dizer corajosamente - abriu a porta, que deu para um pequeno corredor e uma entrada em arco, mas sem portas. À distância, parecia ser um quarto. Ele aproximou-se, mas não entrou, para observar o local...


Tratava-se mesmo de um quarto, mas não era um quarto arrumado e nem nada. Parecia mais um quarto de serviçal mesmo. Havia uma cama de casal com lençóis velhos e um tapete bem velho e rasgado no chão. Na soleira da cama havia um baú e no canto havia uma estante de livros. Também havia uma pequena escrivaninha no canto da sala e uma porta que dava para outro ambiente, mas que estava fechada.


TURNO: 14