Uma leve garoa em um céu acinzentado molhava lentamente os grossos e fortes vidros dos painéis dos automóveis que ousavam subir a velha estrada do sinistro “Morro do silencio”. A subida é íngreme e escorregadia e a região, fria e de vasta vegetação, esta que encobre boa parte da visão do além do morro, com a clara exceção do motivo principal em que os bravos indivíduos a enfrentam, a imponente e esguia mansão Holland, soberana no topo do monte. No primeiro carro, o que guiava em frente rumo a tal mansão, estavam Charles McMuller, um influente jornalista da região, Ernest Crow, amigo de infância de Charles e atualmente um detetive particular e Kristofer Kruss, talentoso antiquário do principal museu da cidade de Nova Yorke.
- Charles McMuller:
Charles havia os chamado com certa urgência, assim como as duas mulheres que seguiam em seu automóvel logo atrás do deles. Elena, uma atriz cansada do sucesso e sua amante, Susan, uma paramédica militar em licença. Eles haviam atendido prontamente seu chamado pois, além de possuírem seus próprios motivos pessoais, no geral compartilhavam dos estudos e anseios de Charles sobre o oculto, sobre o que está além do imaginável para os pobres ordinários que apenas servem a máquina da sociedade que continua a funcionar.
- Eu... Eu não deveria tê-la deixado ir... – Choramingava Charles, enquanto guiava seu bom e velho Willys 77 por entre a escorregadia estrada, sufocada pela grande quantidade de arvores deformadas, estas que formavam uma espécie de túnel por grande parte do caminho. Ele se referia a sua irmã, Sarah McMuller, psiquiatra e assim como ele e todos os outros ali, uma entusiasta do oculto. Ela havia desaparecido cerca de três semanas atrás e era o motivo principal daquela urgente e despreparada reunião.
- Quando você me prometeu aventuras, bem... Não era bem isso que eu tinha em mente... – Comentava a brava paramédica Susan O´Hara, enquanto guiava um belo e caríssimo Rolls-Royce, um belo exemplo do poderio financeiro da excepcional artista que era Elena. Por mais que Susan concordasse e participasse dos encontros sobre ocultismo e bruxaria que sua amante Elena organizava, no fundo ela sentia que aquelas coisas não deveriam ser tocadas.
Quanto mais avançavam e subiam em uma altitude considerável do temível monte, podiam observar mais algumas outras montanhas, cercadas por uma densa e sinistra névoa. Enfim chegavam aos portões da propriedade, e a noite e chuva chegavam para ficar. Charles reunia todos em frente aos enormes portões da propriedade, estes que, iluminado pelos faróis dos carros, pareciam revelar que o tempo não lhes fora gentil, pois estava muito enferrujado e várias trepadeiras agora tomavam conta de si, se emaranhando por entre suas grades.
- Agradeço todos vocês por terem vindo aqui hoje, sei que não fora fácil, afinal todos tem seus afazeres e responsabilidades... - Começara Charles, sempre muito carismático, apesar da grave e preocupante situação em que se encontrava.
- Ah por deus! Ande logo com isso homem, não vê que estamos nos molhando aqui!? – Dizia Susan, em tom aborrecido e sem muita paciência, segurando um grande e negro guarda-chuva por sobre as duas mulheres.
- Sim, me desculpem... – Então o homem realizava algumas breves tossidas para limpar a garganta e assim continuar. – Como vocês sabem, minha irmã Sarah e mais um amigo que desconheço foram a esta residência a cerca de três semanas atrás, a fins de investigar os terríveis rumores que a cercam. Esta mansão... – Ele então apontava por entre o velho portão de ferro, e com um raio que caia triunfante do já enegrecido céu, todos ali poderiam ver a tão falada mansão Holland. Por mais que a noite e a chuva complicassem uma melhor visão, a mansão parecia estar bem diferente de sua entrada. Ela parecia relativamente nova, muito bem cuidada, como se tivesse sido construída a poucos dias.
- A Mansão:
- ... É de propriedade de Donald Hollan, um magnata que acabou a abandonando depois que sua família acabou morrendo, misteriosamente vocês já podem concluir, e até alguns antigos funcionários acabaram por saírem enfermos e morreram logo depois. Então como se isso não bastasse, a cerca de um ano atrás, mais alguns entusiastas do oculto como nós também desapareceram sem deixar vestígios depois de aparentemente buscar informações sobre as lendas e mistérios que cercam este local...
- Como que tudo isso pode acontecer aqui e ninguém faz nada?! – Questionava Susan, arqueando a sobrancelha e demonstrando um certo estranhamento com tudo aquilo.
- Bom, nossa policia até começou a investigar, mas por falta de provas e talvez coragem, a investigação está rumando a passos lentos, além disso todos em nossa amada Arkham parecem se borrar de medo quando questionados sobre os eventos desta propriedade, com a exceção de vocês, é claro.
- É claro. - Respondera ríspida a militar, antes de direcionar seu olhar a Elena.
- Então como vocês já devem saber, não podemos adentrar o local sem autorização, pois mesmo abandonada, ainda é uma propriedade privada. Pelo que sei, o velho Holland, que agora mora no exterior, deixou apenas um funcionário para cuidar da casa, seu nome é Alberto Gutembergue, e vocês já podem presumir que a história deste sujeito também é cercada de horrores, pois em minha pesquisa descobri que sua família também acabou por falecer de alguma espécie de moléstia nesta propriedade, e alguns ousam dizer que está completamente maluco hoje em dia, se é que ainda vive. – Charles então puxa de seu encharcado paletó uma folha de papel, mostrando-a a todos com certo cuidado para não a molhar completamente.
- Como disse, precisaríamos de uma autorização, então consegui uma depois de subornar o nosso estimado juiz Harold Wallace. – Então se vira para o portão adjunto aos altos muros de alvenaria, e analisando a espessa corrente que prende o mesmo, pergunta a todos:
- Alguém tem alguma ideia de como abrir isto aqui?
Pessoal, enfim começamos nossa insana aventura, fiquem livres para interagirem entre si e perguntarem o que quiserem para os dois NPCs que estão em cena, além de que, se quiserem é claro, também podem descrever como Charles chegou até vocês e os convocou a esta reunião.
Também peço que não se esqueçam do mais importante, usem e abusem de suas habilidades, especialmente as investigativas, pois elas não necessitam de testes, mas apenas que descrevam o uso delas e lhes direi o que querem saber ou o que conseguem descobrir.
Outra coisa, como preferi não entrar na parte do crédito e itens, até porque isso demoraria muito tempo e não faria muito sentido pois a mesa sera curta e purista, vou considerar alguns itens que alguns personagens estão levando. Um Revólver .38 Especial Smith & Wesson (1902) para Ernest Crow, pois um detetive que se preze deve ter pelo menos uma arma né rs e também um rifle M1 Garand .30-06 (1936) com a NPC Susan, que é militar. Caso os outros jogadores necessitarem de algum item também, basta informarem em seus posts, mas realço que não faz muito sentido uma atriz e um antiquário andarem armados, então precisariam justificar muito bem isso.
No mais espero que se divirtam e estou a disposição para quaisquer dúvidas. Boa sorte a todos e bem-vindos a insanidade!