por A noite estava iluminada por tochas que lançavam sombras dançantes ao longo da clareira, enquanto o som dos violinos, flautas e tambores enchia o ar. Lia e Eron se juntaram ao círculo de dança, onde os Fianna celebravam com toda a paixão e energia típicas de seu povo. O jovem era ágil e habilidoso, acompanhando Lia com facilidade, e ela percebeu que dançar com ele era surpreendentemente confortável, como se seus movimentos já tivessem ensaiado juntos antes.
Eron era um rapaz de cabelos bagunçados pelo vento, e olhos dele estavam cheios de vivacidade. Ele falava com entusiasmo, compartilhando histórias de sua vida na ilha e fora dela. Quando Lia perguntou se ele tocava, ele riu, admitindo:
- Não tão bem quanto eu danço. Mas posso tentar te impressionar qualquer dia desses.
Entre os passos da dança, os dois conversavam, e Lia se viu relaxando mais do que esperava. Eron era espirituoso e parecia genuinamente interessado em conhecê-la, sem aquela reverência excessiva que muitos Parentes tinham em relação aos Garou. Ele a tratava como igual, algo que ela achou refrescante.
- Não é sempre que vemos alguém dançar tão bem e com tanta energia. Eu apostaria que você nasceu para isso.
As danças mudaram para ritmos mais lentos em um momento, e Lia hesitou, mas Eron estendeu a mão com um sorriso confiante.
Enquanto os dois dançavam, ela percebeu que os outros também os observavam de relance, mas ninguém interferia. Patrick, Rilley e Sinead sorriam ao vê-la se divertir, sabendo que Lia precisava daquilo. Era raro que ela se permitisse momentos assim, mas naquele instante, ela se entregou à festa.
Após várias músicas e algumas risadas compartilhadas, os dois se afastaram um pouco da roda de dança para recuperar o fôlego. Eron pegou duas canecas de hidromel e entregou uma a Lia, que agradeceu, com um sorriso satisfeito no rosto.
- Você sempre é tão... intensa? - perguntou ele, olhando-a com curiosidade.
A conversa fluía naturalmente, e os dois riram de várias histórias que Eron contou sobre sua vida na ilha. Ele tinha uma forma descontraída de narrar, que fazia Lia esquecer momentaneamente de suas responsabilidades como líder de matilha.
Quando a noite começou a avançar e os fogos da celebração ainda ardiam fortes, Eron inclinou a cabeça para ela, com um olhar curioso:
- Você vai dançar até o amanhecer? Ou já tem planos de voltar para a clareira?
Afinal, Tyler teria gostado de vê-la sorrir assim.
A manhã após a grande assembleia da Seita Fianna era um contraste marcante com a energia vibrante da noite anterior. O sol nascente tingia o horizonte com tons dourados e rosados, enquanto a brisa marítima trazia um frescor bem-vindo, espalhando o cheiro salgado do oceano pela clareira.
O campo que horas antes estava repleto de música, dança e vozes animadas agora era dominado por um silêncio respeitoso e um leve murmúrio de vozes roucas de ressaca. Muitos Garou e Parentes ainda estavam espalhados pela área, alguns recolhendo instrumentos, outros guardando barris vazios de hidromel e cerveja. Uma leve neblina pairava sobre o chão, conferindo ao cenário um ar quase místico.
Lia acordou cedo, mesmo após a longa noite de celebração. Seu corpo doía levemente das danças e da energia intensa da reunião, mas sua mente estava clara, ainda embalada pelo calor dos momentos vividos. A jovem sentou-se na pequena varanda de sua casa, observando o sol nascer enquanto segurava uma caneca de café fumegante. Ela se lembrava das conversas com Eron e dos risos compartilhados com sua matilha. Havia algo reconfortante na ideia de que, apesar das perdas, a vida continuava, e os laços entre eles se fortaleciam.
Pouco depois, Sinead apareceu, com os cabelos ainda bagunçados e uma expressão preguiçosa.
- Já acordada? - perguntou ela, bocejando.
- Estou melhor do que pensei que estaria - disse Sinead, sentando-se ao lado dela.
- Foi uma boa noite, apesar de tudo. Acho que Tyler teria ficado orgulhoso.
Mais tarde, na clareira, a matilha "Ecos do Alvorecer" se reuniu para ajudar na limpeza e para discutir os próximos passos. Patrick estava organizando alguns dos jovens Parentes, que recolhiam as últimas decorações. Rilley, com sua energia renovada, já estava ajudando com os instrumentos musicais.
Eron também estava por ali, rindo e brincando com algumas crianças que ainda corriam pela clareira. Quando ele cruzou olhares com Lia, deu-lhe um breve sorriso, que ela retribuiu antes de voltar a se concentrar na conversa com seus companheiros de matilha.
O Grande Ancião Aidan MacEwan apareceu pouco depois, andando com sua postura imponente, mas seu tom era gentil enquanto agradecia a todos pelo sucesso da assembleia. Ele se aproximou da matilha, seu olhar sério, mas com um brilho de aprovação.
- Vocês fizeram bem, filhos do Cervo. Continuem honrando nosso povo e este Caern.
O reconhecimento de Aidan era como um selo de aprovação para Lia. Ela olhou para seus companheiros e viu o mesmo orgulho refletido em seus rostos.
Era um novo dia, e, apesar das dificuldades, estavam prontos para seguir em frente.
Quando o sol finalmente se elevou no céu, dispersando a neblina, o Caern já estava limpo e a vida voltava ao ritmo natural da ilha. Lia, ao lado de sua matilha, sentia que, embora o peso das responsabilidades fosse grande, o apoio daqueles ao seu redor fazia tudo valer a pena.
Quando Kenneth reuniu os membros da matilha "Ecos do Alvorecer" na clareira, o rosto do theurge estava marcado pelo cansaço, e seus olhos, geralmente tranquilos, revelavam uma inquietação que a matilha imediatamente percebeu. Ele os chamou em um tom baixo, mas firme, para longe dos outros, conduzindo-os até um local mais isolado na floresta ao redor.
Lia, ainda sentindo a leve alegria da assembleia, logo se endireitou, o sorriso desaparecendo de seus lábios. Patrick cruzou os braços, adotando sua postura vigilante, enquanto Sinead e Rilley trocaram olhares curiosos e preocupados.
Quando finalmente chegaram a um pequeno círculo de pedras cercado por árvores, Ken respirou fundo antes de falar.
- Há algo que precisamos discutir, algo que não podia esperar - começou ele, com sua voz ecoando na clareira silenciosa - Ontem à noite, enquanto todos celebravam, meditei e procurei respostas na Umbra. Os espíritos continuam inquietos, e a presença da Wyrm... ainda está lá.
Patrick deu um passo à frente, o peso de seu papel evidente em sua expressão.
- O que isso significa, Ken? Pensei que havíamos neutralizado o Poço.
Ken balançou a cabeça lentamente, seu olhar sombrio.
- O que enfrentamos na caverna era apenas uma manifestação superficial da corrupção. O verdadeiro Poço está mais fundo, no fundo do oceano. O que fizemos foi importante, mas não definitivo. Os espíritos mostraram um vislumbre do que ainda está lá embaixo... e é terrível.
Rilley franziu a testa, apertando os punhos.
- Então, o que precisamos fazer? Descer lá e destruir de vez essa coisa?
Ken suspirou, passando a mão pelos cabelos, claramente frustrado.
- Exatamente isso. Mas é mais fácil dizer do que fazer. A profundidade é imensa, e a influência da Wyrm é mais poderosa do que imaginávamos. Precisaremos encontrar uma maneira de mergulhar até lá, e isso não é algo que podemos fazer sozinhos. Vamos precisar de aliados, talvez até de artefatos espirituais ou ajudas dos Parentes que entendam do mar.
Sinead colocou a mão no ombro de Ken, tentando trazer alguma leveza à situação.
- Ei, já enfrentamos muita coisa. Não vamos desistir agora.
Patrick, que até então estava em silêncio, falou, sua voz firme como sempre.
- Precisamos de um plano. Quanto mais tempo deixarmos aquilo lá, mais forte a corrupção pode se tornar. Não podemos nos apressar, mas também não podemos esperar muito.
Sinead olhou para todos os membros de sua matilha, sentindo a força coletiva deles mesmo diante da gravidade da situação.
- Certo. Primeiro, precisamos de informações. Vamos falar com os anciãos e com os Parentes que conhecem bem o oceano. Depois, nos prepararemos física e espiritualmente para a descida. Isso não será apenas uma batalha, será uma jornada perigosa... mas faremos o que for necessário.
Ken assentiu, um pouco mais calmo ao ver a determinação de Lia.
- Estamos enfrentando algo maior do que nós, mas é para isso que existimos, não é? Para proteger o mundo, não importa o quão profundo tenhamos que ir.
Os "Ecos do Alvorecer" trocaram olhares de cumplicidade, sabendo que a jornada à frente seria árdua, mas inevitável. Com a liderança de Lia, a sabedoria de Ken e a coragem de cada membro da matilha, estavam prontos para enfrentar o que quer que estivesse à espreita nas profundezas do oceano.
OFF: @shamps, pode prolongar a cena com o Eron o quanto quiser. A cena com a matilha é para começar uma nova demanda, então também pode esticar essa cena o quanto achar necessário.
