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    [!ON!] Heb, a Foice

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    Mensagem por Bravos Sáb Ago 08, 2020 12:27 pm






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    @Wordspinner

    Bateram três vezes na sua porta. E então mais três vezes. Havia uma urgência naquela batida. Quando abriu a porta, viu um garoto com vestes finas e de cores vibrantes. Queria dizer que era de família neolíbia, como ele fora um dia. Ao olhar nos olhos do garoto, notou que ele tinha medo.

    - O filho de Hakem... - Ele ofegava, deveria ter vindo até ali correndo. Respirou fundo uma ou duas vezes antes de continuar. - Está para morrer. - Hakem era um mercador neolíbio. Embora Heb morasse numa casa simples, tinha alguns vizinhos importantes. Hakem era um deles. Sua casa era como um palacete com três andares. Não devia ficar a mais de seiscentos metros dali.

    - Ele quer que... Que você o unja para que possa... - Ele hesitou mais uma vez antes de terminar: - ... Descansar. - Já era noite. Ele não era nem um embalsamador nem um curandeiro, mas era o anubita mais próximo.  






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    Mensagem por Wordspinner Sáb Ago 08, 2020 1:39 pm



    Heb respirou fundo o ar da noite, ainda incomodado de estar sendo importunado a essa hora. Mas a morte e seus caminhos não são incomodo para um anubita. Pelo menos não deveriam ser. Ele balança a cabeça uma vez para mostrar que entendeu o que o menino disse. Fecha a porta logo depois. Deixe que o menino bata até sangrar. Ele anda até sua mochila velha, se é para pavimentar o caminho do garoto para o outro lado é melhor ter certeza. Pega tudo que pode usar precisar para um diagnostico e tratamento. Também leva tudo necessário para uma outra reza que vai distrair e apaziguar os tolos e por ultimo o que for precisar para apresentar o menino aos ancestrais. Qual deles caminha entre nós essa noite?

    Bebe de um cantil, não tinha água boa em casa. Mostra os dentes para o vazio e coloca o Kopesh, ancestral e precioso, na cintura junto com as pedras das almas, que precisam ser vistas, e ferramenta afiada que fez dele um anubita. Passa a mão no próprio rosto sentindo cada parte. Lembrando da ultima vez que viu um espelho. Com certeza veria outro hoje. Algo muito importante precisa ser feito hoje. Mesmo que o garoto passe a caminhar com os ancestrais e não a sua sombra. Heb se foca na sua tarefa. Uma parte da fé é real. Ele sente. Ele sabe. Por baixo de toda fumaça e espelhos tem um poder de verdade.

    Ele anda até a porta em passos rápidos, o rosto sério não tem espaço para dúvidas. Heb coloca as costas na porta relembrando o que aprendeu enquanto coloca a máscara no rosto e pinta o pescoço e o peito com resina. Cada doença e cada maldição, inventada ou não e seus tratamentos. Agora que estava coberto de resina preta, ele era Anúbis. Quando sai da casa não se importa com o garoto, suas palavras não valem o tempo de um deus. Nem o de um menino a beira da morte.

    Com passos apressados Heb anda decidido. Não espera por ninguém e nem admite interrupções. Qualquer um no seu caminho está no caminho da Africa. Por debaixo da máscara os dentes serrados com o esforço de não correr e andar tão rápido quanto possível. Seiscentos metros não são nada, mas ele se pega apressado se sentido lento demais para aquilo.

    Finalmente ele se vê de frente ao seu destino. Poeira grudando irreverente na resina. Se tem guardas no portão ele não se importa. Nem os vê. "Anúbis atravessa os seus portões Hakem!" Ele não era um bom ator, mas não precisava fingir. Era verdade de um jeito ou de outro e todos ali sabiam disso. Passos firmes agora, sem pressa. A morte não pode ser vista se apressando. Mesmo assim as mãos ficam marcadas no portão. Duas grandes mãos negras onde ele precisou forçar a passagem. "Onde está seu filho Hakem?" A voz grave e alta ecoando entre as paredes bonitas do palácio. A mesma voz que gritara junto com as garras do leão na Europa. Nenhuma das cores do lugar importavam. Nenhum dos olhares importa. Só o africano a beira da morte. Heb, Anúbis, iria encontra-lo e arrancá-lo da linha entre a vida de a morte. Para um lado ou para o outro os ancestrais ficariam satisfeitos.



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    Mensagem por Bravos Seg Ago 10, 2020 1:12 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    Seus passos largos faziam a distância entre sua casa e a do comerciante encurtar rapidamente. O garoto que lhe havia chamado praticamente corria atrás dele. Diante do palacete de Hakem havia dois guardas sim, armados com fuzis que fariam um homem grande estremecer. Mas naquele momento Heb não era um homem grande, era um deus caminhando sobre a África.

    Eles não objetaram a sua passagem. As mãos do anubita empurraram a porta de madeira maciça, que fora trabalhada com esmero por algum artesão, e adentrou residência adentro. Caminhou por um corredor de pouco mais de cinco metros, iluminado inadequadamente por duas tochas fixadas do lado esquerdo, uma no começo e outra no fim do espaço. As do lado direito estavam apagadas.

    Quando saiu do corredor, estava diante de um pátio. Para ambos os lados haviam arcadas que faziam um percurso sombreado. O pátio tinha vegetações e havia tecidos que caíam de bancadas superiores, além de refletores que banhavam aquele espaço com luz amarelada. Sua voz ecoou no pátio e sob as arcadas perguntando pelo filho de Hakem. Mas a resposta era evidente: no pátio havia pessoas reunidas em torno de algo. - Aqui, ele está aqui. - A voz era trêmula e falhada.

    Ele se aproximou com um ritmo grave e sem demoras, quase como o que havia usado para chegar ali, porém adaptado ao espaço que tinha. As pessoas deslizavam para um lado e para o outro para dar-lhe passagem. Perto da fonte que jorrava água como se estivessem em pleno meio dia, um berço e ao lado dele, o pai. - Não respira direito. Trouxemos aqui para fora, mas... - A voz embargou antes que pudesse continuar.

    O anubita então examinou o garoto. Sua respiração estava enfraquecida, mas o problema era o coração. Não batia como deveria. Arrítmico. Encostou o ouvido no peito do menino, que mal tinha força para chorar. Era defeito congênito. Heb não sabia bem como, mas estava certo que era isso. Não havia remédio para aquilo, no máximo, paliativos. Aquela criança ia morrer do coração. Hoje, amanhã, daqui há cinco anos. Isso não poderia precisar. Heb podia sentir os olhares ao redor dele esperando alguma resposta.






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    Mensagem por Wordspinner Ter Ago 11, 2020 10:19 am

    Wordspinner escreveu:




    Heb, a Foice

     O garoto andaria, pelo resto de sua curta vida, de mãos dadas com a morte. A cada momento os ancestrais rolariam seus dados em um jogo em que todos estão destinados a perder. "A vida dele é frágil, mas não é a hora. Não se engane, a criança nunca vai deixar a sombra da morte e seu coração fraco vai precisar de ajuda." Heb retira a criança do berço. Uma coisa tão pequena causando tanta comoção. Ele olha bem para os olhos do garoto e pensa que se seu pai não fosse rico não faria sentido prolongar a vida dele. Um dedo apertando o peito do bebê séria o suficiente. Mas essa criança teria dinheiro para sobreviver mais um pouco. Téria utilidade para seus poucos dias na terra aprendendo e brincando. Séria uma constante lição para seu pai. Enquanto vivesse séria um emissário anubita em sua casa. Talvez depois de entrar em Cairo voltasse a Fez para reparar a fraca vida da criança.  

    Quando Heb finalmente devolve a criança para seu berço ele já sabe que calmantes aplicar. O coração precisava desacelerar para a criança sobreviver a noite. A criança precisaria de cuidados e de uma vida separada do mundo para sobreviver. Anúbis vai até uma das tochas e a tira de seu lugar para traze-la bem perto da criança. Ele queima ar ervas que precisa na tocha e inala a fumaça, elas seriam úteis para diminuir a dor também e abrir os pulmões que poderiam se irritar com a fumaça. Facilitar os últimos momentos. Ele sopra a fumaça lentamente no rosto pequeno da criança. Depois ele repete o que fez, mais uma, mais duas vezes, mais três e até sentir a criança relaxando. Era fácil ignorar as pessoas. Sempre se achou melhor do elas e quando estava vestindo a máscara elas também achavam o mesmo. As palavras e o espanto delas eram um incentivo que ele precisava. Ele não era um bom ator, então precisava ser verdade.

    Heb agacha de forma a olhar a criança bem de perto. "Hakem, limpe um quarto para a criança. Não deve haver nada desnecessário lá. Quando terminarem, eu e você vamos esperar o sol olhando a criança. Na mesa do desjejum Heb vai repetir tudo que pode fazer para alongar a vida do seu filho." Ele não olhou para Hakem quando falava. Seu tom não era de comando. Ele não ordenava, só revelava o que iria acontecer. Que pai não passaria uma noite acordado por seu filho? Que africano negaria um anubita ungido na frente de tantas testemunhas com seu legado na balança. Não havia espaço para ordens ali. Era só a natureza das coisas. Se você larga uma pedra, ela vai cair.

    O anubita espera. Se sua previsão tiver frutos ele logo estará sozinho com Hakem e a criança. Durante tudo que restar da noite ele vai cuidar da criança e manter seu anfitrião acordado. Ele quer o homem cansado. Ele quer que ele entenda o preço que seu filho vai custar a alguém todas as noites e todos os dias. A voz grave do anubita falando somente o necessário. Repete o que o menino vai precisar tomar e inalar e como reagir as suas crises mais de uma vez. O anubita sabe que o garoto ainda pode morrer naquela mesma noite, mas por isso está ali. Se o garoto morrer logo que ele sair isso vai manchar a imagem dos anubitas. Mas se ele batalhar pela vida do garoto durante a noite inteira? Se der as ferramentas para atrasar o chamado da morte?

    Mais que isso, é uma chance de estudar e aprender. Decorar as reações do bebê. Acompanhar o desenvolvimento da criança e seu coração quebrado. Quanto mais ele aprender, mais poderá curar o seu povo. O garoto que caminha de mãos dadas com Anúbis é uma oportunidade. Uma noite em claro é um preço muito pequeno a se pagar por uma oportunidade dessas. Especialmente para quem já perdeu dezenas delas caçando aberrações e corvos.






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    Mensagem por Bravos Qua Ago 12, 2020 11:27 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    O fumo da erva queimada corria por suas vias aéreas antes de ser soprado sobre o infante. Fizera isso repetidas vezes até observar que os batimentos começavam a normalizar. A bater como deveria bater um coração humano. Até mesmo a respiração da criança se tornou ligeiramente mais forte. Hakem estava ao seu lado, com um semblante um tanto embasbacado, somente reagindo quando ele o disse para providenciar que o quarto fosse limpo.

    - Tahani! Providencie. - Uma das serventes acenou com a cabeça e se retirou, sendo seguida por mais duas pessoas que estavam ali ao redor. Devolvendo a criança ao berço, Heb sentou-se à fonte. Hakem fez o mesmo. Três quartos de hora depois, o quarto estava limpo e eles se encaminharam para lá. Durante a noite a criança ainda precisou de atenção por duas vezes. No entanto, Heb tratou-a da mesma maneira, obtendo igual sucesso. Quando o sol ia se erguendo e apenas sua aura iluminava o pátio, Hakem levantou-se e foi até o anubita. - Preciso agradecê-lo pelo que fez ao meu filho. Achei que viria aqui hoje para enfaixá-lo e prepará-lo para ser embalsamado. O que Hakem pode fazer por você? - Seus olhos, cansados da noite, pareciam ter certa urgência de manifestar sua gratidão. Os neolíbios tinham uma tendência a resolver tudo em valores.






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    Mensagem por Wordspinner Qui Ago 13, 2020 8:42 am






    Heb, a Foice

    Heb se recusa a falar de preço vestindo a pele de Anúbis. "A morte se senta à mesa no seu desjejum. Vou tomar da sua água e comida. Mas não das moedas. Hakem, vou ver seu filho crescer. Todo mês vou medir e testar a criança enquanto estiver em Fez. É isso que pode fazer por mim Hakem. Isso e decidir por deixar Africa mais forte todas as manhãs." O anubita decide que é hora de tirar a resina da pele e anda até a fonte que viu antes.

    Ele deixa a gravidade da noite escorrer junto com a resina escura. Deixe que eles vejam a água ficar escura com a morte. A máscara só deixa o rosto depois de toda resina. Não é o trabalho dele salvar vidas. Preservar vidas. Mas Africa tem que ser forte. Mais forte. Talvez o garoto a faça mais fraca, mas com sorte a sua existência fará seu pai mais idealista. O tratamento para sua doença pode ensinar Heb a salvar outras pessoas. Deixar Africa mais forte assim.

    Heb aproveita a mesa do Neolíbio com nostalgia. Se lembra da infância em uma casa grande cheia de mimos. "Hakem, sua casa e sua mesa são obras de arte. Meus parabéns." Tentando ser agradável. Mas não era mentira. Tinha luxo para todo canto. Ele coloca mais um pedaço de carne na boca e mastiga lentamente. "Quando a criança largar o peito, não deve engordar. Mantenha-o ativo, mas evite grandes emoções e esforços. Assim ele vai viver o máximo possível. Isso e o tratamento. Não precisa me pagar por isso. Não precisa insistir. Acompanhar seu filho vai ser pagamento o bastante." Ele coloca uma fruta na boca. Algo exótico que ele não vê com frequência. Tenta ouvir as palavras de Hakem com atenção. Decide também por ser menos intrusivo do que antes. Agora era somente Heb.

    Heb deixa a mesa assim que parecer que não vai causar ofensa. Não tem nenhuma razão para antagonizar Hakem. Nem para aceitar seus dinares. Ele também quer dormir, mas não vai deixar transparecer. Comidas caras não vão abrir seu caminho para Cairo. Então o que iria? Quando finalmente estiver a caminho de casa essa é a pergunta que vai dançar na sua mente. O que vai abrir seu caminho para Cairo?






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    Mensagem por Bravos Sex Ago 14, 2020 5:13 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    Os olhos cansados do neolíbio se aguçaram como os de uma raposa diante da resposta de Hakem. Mas ele não falou mais nada. Enquanto Heb tirava suas pinturas rituais, o café era preparado para eles. Uma empregada o conduziu até uma sala que ficava no primeiro piso da casa. Um tapete enorme e bonito cobria a parte central do chão. Sobre ele estava uma mesa baixa, rodeada de almofadas. A mesa era coberta por um tecido vermelho vinho e estava cheia de pães, frutas, queijos e carnes defumadas.

    O cheiro de chá perfumava o ambiente. Hakem já o esperava, sentado no centro da mesa. Havia outras pessoas também. Um lugar à esquerda dele estava destinado a Heb, ele fez um gesto indicando-o. Ao elogio, Hakem apenas assentiu. - Ele terá uma vida difícil, não? - Perguntou o comerciante sem erguer os olhos da sua comida. - Nunca será normal. - Ele pegou a copo de chá de cerâmica e olhou o fundo dele. Heb sabia que olhava para si.

    Repentinamente, Hakem pareceu expulsar seus demônios e sorriu. - O que faz um anubita quando não está curando os doentes, enterrando os mortos ou matando aberrantes? - Colocou na boca uma fruta, mastigando-a e fazendo saltar para fora um pouco do suco da mesma, enquanto encarava o homem que há poucas horas havia salvo seu filho. - O que aspira um filho de Anubis?






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    Mensagem por Wordspinner Seg Ago 17, 2020 10:18 am






    Heb, a Foice

    Se aquela não era uma pergunta com muitas respostas Heb não sabia o que era. uma delas era muito fácil: Cairo. Outras difíceis demais para falar: Paz. Mas nenhuma dessas satisfaria Hakem. "A gente anda e come e sente frio e calor. Eu gosto de pesquisar doenças, gosto de aprender a matar e ouvir as histórias dos nossos ancestrais. Mas o que eu mais faço é sonhar com o mundo todo sob a bandeira do leão. O planeta todo nosso e aí..." Heb nem saberia continuar se quisesse. Ele não viveria para ver o fim do Corvo e nem para ver o planeta sem a praga alienígena. De que adiantaria sequer pensar no depois. "Isso e pedir comida e bebida para aqueles que tem o bastante para dividir." O anubita sorri e logo coloca outra fruta na boca. Mastiga lentamente apreciando o que poucas vezes tem a chance de provar. Pega uma lasca de carne sem nem saber o que é e começa a comer, lavando a boca com o chá que o neolíbio parecia gostar.

    Se inclinando um pouco sobre a mesa em tom de segredo. "As coisas estão calmas em Fez. Mas poderiam não estar, entende? Deveriam não estar. É como se debaixo da areia estivesse cheio de serpentes e escorpiões que eu nem consigo ver. Sabe? Isso não te incomoda Hakem?" Heb estava sendo sincero, tinha pouca fé na humanidade e não conseguia dizer o que estava errado com Fez. Era como uma doença silenciosa. Alguma coisa ali não era o que parecia e ele era obtuso demais para perceber. Talvez Hakem fosse mais afiado.






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    Mensagem por Bravos Seg Ago 17, 2020 11:26 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    Hakem o fitou por alguns instantes enquanto ele contava suas aspirações. Eram grandes. Ao mesmo tempo que eram realistas e no rés-do-chão. - Seus sonhos são altos. Não sei se um dia chegaremos aí. Entramos na Hybrispania, mas não avançamos nos últimos anos. Nem temos como invadir outros lugares. Estamos por cima, sim... Porém não tão em cima. - Ele se mostrava um homem sério. Apenas permitiu um sorriso quando Heb falou que comida e bebia de quem tinha o bastante.

    O anubita se aproximou para confidenciar o que sentia. O neolíbio escutou aquilo e pareceu pensar um pouco. - Por que acha isso? - Parecia preocupar-se com aquela possibilidade. - As coisas aqui parecem apenas prosperar. Poucos riscos. Sua desconfiança é sadia, pois o inesperado é o que é. Tem algum motivo plausível para desconfiar disto? Se sim, eu irei buscar descobrir o que é. - Ele parecia disposto a realmente a procurar o que quer que fosse.

    A refeição se aproximava do fim. O próprio neolíbio já havia terminado de comer e praticamente todos esperavam que ele se levantasse para fazer o mesmo.

    1 PE Rolling Eyes pode anotar na ficha.






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    Mensagem por Wordspinner Qua Ago 19, 2020 12:05 pm






    Heb, a Foice

    Heb demora para perceber que está atrasando. Pensa em se desculpar, mas... melhor não. Ele limpa a mão e toma mais um gole de chá antes de se levantar. Agradeceu com genuína gratidão pela comida e bebida. Heb sabia que as vezes comia demais. "Tem algo errado em Fez, e não é só brasa. Quando você olha um mapa, quando conversa com os algozes sobre suas viagens e caminhos. Até os sucateiros somam dinaris aqui. Era de se esperar que os Neolíbios daqui fossem mais conhecidos. Mais influentes. Mais poderosos. O que há de errado em Fez Hakem e como posso curar isso? O que pode ser feito? Eu sei que pensa a mesma coisa. Sei que tem algo a conquistar na mira do seu rifle, Hakem." Nessa hora o anubita desvia os olhos. Ele não conseguiria arrancar nada do neolíbio. Mas não era isso que queria. Ele queria tomar os prêmios do mundo para o seu povo. Deixando o orgulho de lado, quem eram os maiores conquistadores? Eles. Os mercadores. Não os algozes. Não os anubitas. Mas a única nobreza que Africa tem, os Neolíbios.

    Volta a fitá-lo, esse homem não era como os algozes que tão facilmente eram seus amigos. Era difícil, não tentaria nada além de honestidade. Se é que um mercador sabe o que isso significa. "O que está no seu caminho Hakem? Os traficantes de brasa? Eu duvido. Pense. Se não tiver nada para dizer agora, tudo bem. Mas sabe onde me encontrar." Heb não tinha as conexões para fazer Fez crescer, mas talvez Hakem tivesse. Se fizesse dele um homem grande, ele faria Fez mais forte e assim toda Africa ficaria mais forte. Hakem se lembraria dele quando seu palácio fosse ainda maior? Quando suas expedições fossem ainda mais longe? Esperava que sim. Na verdade ansiava por se lançar no desconhecido e no perigo novamente. Mas não razão. Não sem saber onde seus passo o levariam depois que voltasse triunfante.






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    Mensagem por Bravos Qui Ago 20, 2020 2:07 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    Pela forma que Hakem o olhava e o avaliava, ele não parecia ter a mesma interpretação de que algo impedia o desenvolvimento de Fez. Mas, podia ver que o neolíbio estava escutando-o. - Talvez nós estejamos considerando como demora natural algo que não o seja. Vocês anubitas são capazes de perscrutar a linha da vida de um homem, devem ser capazes de ver a linha da vida de uma cidade.

    Eles se levantaram. De manhã aquele local era ainda mais belo que à noite, sob luzes tremulantes ou artificiais. Enquanto passavam pelo jardim interno, Heb sentiu-se como dentro de um perfeito refrigério. Só que isso durou apenas alguns passos. Hakem o acompanhou até a saída de sua casa. - Procurarei encontrar o que meus olhos ainda não viram. Quando encontrá-lo lhe direi o que você pode fazer. - Disse, erguendo seu punho fechado diante de si. Era um cumprimento típico de Fez. Era esperado que Heb fizesse o mesmo, encostando o seu pulso no pulso do neolíbio. Um aperto de mãos onde as mãos não se tocavam, mas estavam firmes e juntas.


    * * *


    O anubita voltou para casa e deitou-se. Dormiu quase imediatamente. Se esperava dormir como uma pedra, foi frustrado. Sonhos lhe assaltaram como se fosse um caminhante em estrada estranha. Viu estrada e poeira. Viu as construções amarelas de Córdoba. Viu os campos de crânios que formam a fronteira ficando para trás. Viu-se entrando em ruínas com um homem velho.

    E aí bateram em sua porta e seu sonho foi interrompido. Do outro lado uma voz conhecida: Zuri. - Heb? Ainda está dormindo uma hora dessas?






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    Mensagem por Wordspinner Qui Ago 20, 2020 10:00 pm






    Heb, a Foice

    Heb não precisa pensar para retribuir o cumprimento. É como respirar. Um reflexo treinado até ser natural. O anubita não estava decepcionado com Hakem, pelo contrário. O homem pelo menos disse estar disposto a tentar, mesmo contra o próprio julgamento, a procurar uma ação para engrandecer Fez. Para por a cidade na direção certa. Com orgulho e cansaço, mas sem palavras Heb volta para casa. A máscara agora leve como uma pluma.

    -

    Em casa ele se deita esperando que seus sonhos sejam algo entre o abandono escuro sem memórias e o belo jardim de onde acabou de sair. Ele tentava lembrar o cheiro das flores quando adormeceu. Quando acordou de sobressalto com a voz de Zuri, murmurou para si mesmo. "Córdoba" e depois de novo e de novo. Sentia o gosto ruim na boca que se sente ao acordar. Mas sorriu. Zuri era uma flor num campo de crânios. Ele procura a mulher com os olhos tentando imaginar se sua presença significava uma visita ou oportunidade. Estaria ela prestes a compra-lo com desconto? Ou a oferecer um velho e um mergulho no desconhecido?

    Com a voz ainda cheia de sono. "Não fale isso alto, as pessoas gostam de imaginar que estou fazendo todo tipo sortilégio quando não podem me ver. Não tire isso delas." Nem dele. Reputação era muita coisa para Heb. Não podia parecer preguiçoso e nem dar desculpas. "Se veio falar de negócios espero que tenha trazido o almoço. Minha manhã foi ocupada demais para algo assim." A barriga dele roncava e ele tentava esconder o riso na voz. Mas com sorte ela também ia achar graça e sorrir e isso ia ser melhor que uma ruína escura e empoeirada.

    Mesmo assim, a parte mais forte dele, a parte que tirava ele da cama todas a manhãs, estava implorando exatamente por isso.






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    Mensagem por Bravos Seg Ago 24, 2020 10:38 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    Zuri abriu-lhe um sorriso sincero, enquanto dava um pequeno empurrão no seu ombro direito, como que dizendo-o para abrir espaço para ela entrar. - Você já foi mais dedicado nos seus sortilégios. - Ele disse que sua manhã havia sido ocupada e ela riu, quase cínica. - Vai precisar tirar essa remela do olho se quiser enganar alguém com isso. O que aconteceu?

    Agora ela já estava dentro de sua casa. Ela sentou-se sem cerimônias e pareceu estar bastante à vontade. - Não trouxe nenhum almoço, mas... - Olhou-o com a cara que fazia quando ia lançar propostas. - Shinji e eu iremos fazer uma entrega. Provavelmente para o norte, não sei ao certo. Pensei em chamá-lo para ir conosco. - Ela ficou olhando-o durante um tempo, como que esperando uma resposta. - Para falar a verdade, estou um pouco assustada com o que houve pela manhã e não quero nenhuma viagem para o sul. Ainda assim, me sentiria mais segura se você estivesse lá. Mais do que com algozes contratados. -

    Ela era assim, jogava a proposta sem pretensões, depois ela dava um motivo pessoal e pungente para obrigá-lo. Ainda sorriu no final.






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    Mensagem por Wordspinner Ter Ago 25, 2020 11:55 am

    Wordspinner escreveu:




    Heb, a Foice

    Heb passa a mão no rosto. Cansado. Não cansado demais para ela. Os passos dela fazem barulho no chão e ele arrasta os dele até um jarro de água. O anubita bebe um gole grande e depois mais um enquanto ouve Zuri. Encosta a lateral fresca do vazo no rosto. Era bom sentir algo gelado, mesmo que o frio durasse só um instante. Ele espanta a pergunta dela sobre o que aconteceu como quem espanta um mosquito. Ela entenderia."Então eu sou a segurança mais barata que conseguiu encontrar? Lisonjeira..." Ele oferece água a ela.

    O anubita se senta passando a mão no rosto como se ainda para espantar o sono. "Córdoba fica ao sul certo? É você que negocia não, é? Eu vou se..." Ele mostra os dedos da mão, três deles em riste. "Vamos levar um velho, mesmo sendo inútil, vamos entrar na ruína, não importam os crânios, e uma coisa é minha. Não importa o valor." Ele espera ela objetar e talvez até perguntar que coisa é essa. Ele pondera sobre se vale a pena fazer um mistério. Mas decidiu dar a ela o que ele tinha. "Vai saber o que é quando eu souber. Faça seu marido jurar e vocês terão o privilégio da minha presença, ou pelo menos do que eu sou." Ele toca a máscara de novo. Deve ter agradado os ancestrais e eles iluminam seu caminho. Ou seria o contrário? Ele se ajeita desconfortável no banco de madeira.

    Heb encara Zuri com um rosto sério, ele revelou demais para ter alguma vantagem em um negócio. Mas talvez tenha revelado o bastante para ela não ter coragem de barganhar.











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    Mensagem por Bravos Qua Ago 26, 2020 7:50 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    - Assim você me ofende. - Disse contrariada Zuri. - Podemos levar algozes para fazer isso, mas eu não confio em nenhum deles como confio em você. - Ela pega a aula e não se faz de rogada para beber. Enquanto Heb faz suas exigências, sua prima tem um semblante confuso.

    - Isso tem a ver com você ter dormido até meio dia? Por que você quer levar um velho? - Mas ela não demorou a entender que aquilo parecia ser uma revelação. - Podemos conversar com ele. Shinji só tem interesse em equipamentos que permitam-no fazer sua máquina de voar. - Fatalmente Heb já teria ouvido falar sobre ele. O clanista não perdia uma oportunidade de falar sobre aquilo.

    - Eu não vou convencê-lo de nada. - Sorriu, de forma leve. - Mas é claro que ele escuta o que eu falo. - Ela levantou-se e pegou na mão dele, puxando-o de leve para erguer-se. - Se você estiver lá, terei segurança de ir até nessas ruínas estranhas que você quer ir. Você deveria ver como um dos caminhões chegou hoje de manhã vindo do interior.


    Córdoba fica ao norte da África, a parte que entrou na Hybrispania. Mas estava no sul da Hybrispania antes de virar África.






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    Mensagem por Wordspinner Qui Ago 27, 2020 8:59 am






    Heb, a Foice

    Heb acompanha sua prima com os olhos. Ela e o clanista faziam uma boa dupla. Jogando um para o outro as responsabilidades como fosse mais conveniente. O anubita pega sua bolsa e tira a poeira do pesado casaco de peles que usava como proteção. Verifica suas bandagens e ervas. "Quanto tempo antes de sairmos? Meu preço é o mais baixo da cidade, mas espero que estejam levando comida e água para três." Ele dá um tapinha na bolsa leve mostrando que ele não tinha nada do tipo e um sorriso largo e cheio de dentes.

    Heb se espreguiça enquanto levanta para acompanhá-la e pega o kopesh que dormia ao seu lado. Não que ele fosse precisar disso no mercado, mas era uma parte dele. Uma parte rara e preciosa. "Se alguma coisa lá fora me pegar e eu não voltar dos mortos em quatro dias, não deixa minhas coisas virarem lucro ou ficarem com Shinji. Essas coisas são da Africa. Promete?" Ele pergunta sério, olhando a lâmina como tantas vezes antes. Procurando alguma marca de uso na lâmina velha. Com ela, ele era uma arma do seu povo, uma extensão dos seus ancestrais. Ele não precisa que Zuri responda e nem se importa se Shinji vai concordar com seus termos. Sua mente já está em outro lugar, o que ele vai tomar de volta para o seu povo? O que eles vão conquistar em Córdoba? Arma na cintura. Ele sai de sua casa para as ruas de Fez. A porta velha rangindo atrás deles.

    Com Zuri ao seu lado ele tinha a chance de ouvir mais sobre sua vida com os asashina



    Off escreveu:Geografia 0... T_T









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    Mensagem por Bravos Dom Out 11, 2020 11:14 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    Encontrar o hospital não foi difícil. Era um edifício grande, três andares, estilo antigo. Ninguém perguntou quando ele entrou e para falar a verdade, ele caminhou pelos corredores durante um bom tempo sem que ninguém lhe perguntasse nada. Nos quartos, mesmo de portas fechadas, era possível escutar as lamúrias dos enfermos.

    Perguntar não foi algo que lhe passou pela mente. Ele se sentia movido e seguia aquele instinto. Ele subiu para o primeiro pavimento. Corredores de um lado e do outro. Direita ou esquerda? Direita. Passos largos. Passou um quarto, dois, três e então reduziu o ritmo. Chegou à porta do quarto. Lá dentro alguém murmurava alguma coisa, era ininteligível.

    Empurrou a porta para ver um Medewa claramente perturbado, olheiras fundas, ligeiramente mais magro. Os olhos de seu colega se arregalaram enquanto ele continuava murmurando algo. Em nenhum momento ele pareceu reconhecer Heb.






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    Mensagem por Wordspinner Ter Out 13, 2020 8:04 am






    Heb, a Foice


    "Córdoba" A palavra escapa sem sentido. Sem razão. Uma lembrança em mais de uma ocasião. "Medewa..." O homem na maca não era o seu amigo. Não podia ser. Medewa era sólido como concreto. Uma mente afiada e calma. O que ele estava vendo? Medewa nunca foi grande e inchado. Mas estava magro. seco. Fraco. Heb se força a dar mais um passo. Vontade sobre sentimentos. Tudo que ele queria era ir embora. "Medewa, você..." Ele força os dedos a abrir e toca o braço do amigo. O coração agitado. Um anubista perturbado com morte e fraqueza? Doença e decadência? Ele devia ser como a morte e não tocado por ela. Ele abaixa para ficar na altura dos olhos dele. "Tem alguém aí Medewa?" Era o que Heb sempre perguntava. Medewa tinha olhos afiados que viam longe. Tinha.










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    [!ON!] Heb, a Foice Empty Re: [!ON!] Heb, a Foice

    Mensagem por Bravos Ter Out 13, 2020 4:13 pm






    Heb, a Foice
    @Wordspinner

    Os olhos atormentados de Medewa demoraram a fixarem-se nos de Heb. Eles pareciam cheios de energia ainda, mas vacilantes. - Quem é você? - Perguntou. Pareceu então reconhecer algo de familiar. - Nós estamos em que ano? Eu vi outros tempos. Diferentes destes. - Ele parecia professar um credo estranho que ninguém mais acreditaria. A mão do algoz pesou no ombro do anubita e ele notou que apesar de emagrecido, ainda havia força ali. - Tem muita coisa escondida ainda, nós não descobrimos quase nada. Estamos indo na direção errada. ESTAMOS INDO NA DIREÇÃO ERRADA. - Enquanto ele falava, balançava Heb com vigor. Seu tom foi subindo até se tornar grito.

    O anubita escutou passos se aproximando. Vinham rápido, mas sem pressa. Olhando de soslaio ele pode ver uma irmã de coletivo. Sua voz era doce, apesar de distante: - Acho que não permiti visitas a esse paciente. Quem é você? - Não havia paixões naquela frase. Ela permanecia parada na porta observando-os e só falou depois que Heb se apresentasse.

    - Ele está assim desde que voltou de uma incursão para o norte. Na verdade tem sorte, normalmente eles apenas não voltam. Ainda temos esperança que seja algo temporário.






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    [!ON!] Heb, a Foice Empty Re: [!ON!] Heb, a Foice

    Mensagem por Wordspinner Qui Out 15, 2020 9:36 am






    Heb, a Foice


    "Heb, Foice, de Fez." As palavras não são pensadas. O que ele deveria ter dito, como mostrar a ela o que aquele homem representava e ele para o moribundo. "Tudo que somos é temporário." Ele tenta encontrar as palavras do amigo de novo. Gritadas. Faladas. O anubita gostava de pensar que era brilhante. Que era uma mente ágil e potente em um corpo que lhe desse agencia. "Eram três irmã. Um deles morreu, sabe me dizer onde está o terceiro?" O tempo todo ele tentava não olha para ela. Não que tivesse vergonha ou constrangimento. Mas ele queria pistas e elas estavam nele. No emaranhado de loucura enferma que era o seu amigo. Trauma? Substâncias nocivas? O que tinha acontecido. Norte. Claro. Os crânios. O velho. "Tem alguma ideia do que houve com ele?" Ele queria dados. Queria entender. Queria Medewa de volta. Ia descobrir um jeito.

    Heb sentia raiva, mas estava em guerra de novo. Uma batalha que não podia ser lutada com a força das mãos.

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