Capítulo 1 - Festival dos Horrores - Parte I

Após Solemar dizer que aceitava chá, a prefeita se dirigia até uma chaleira que havia em uma mesa mais ao canto suportada por uma bandeija de alumínio e falava enquanto punha o chá em duas das chicaras.

Josephine Uptal escreveu:

- Fico feliz que diga isso, senhor Ondiniel, pois realmente precisarei de sua disposição.

Ela terminava de por o chá na chicara e se dirigia até o elfo o entregando uma das chicaras com o chá e o pires e em seguida contornava a mesa e sentava enquanto falava.

Josephine Uptal escreveu:

- Peço perdão por ser tão direta, mas creio que tempo é um luxo do qual não posso dispor agora, portanto serei breve.

Ela tomava um gole. Solemar podia sentir pelo aroma e ver pela cor que se tratava de um chá de camomila e a prefeita realmente parecia estar tensa.

Josephine Uptal escreveu:

- Olmira me disse que o senhor está na cidade a pouco tempo, mas isso já é o suficiente para ter assistido ao nosso Festival anual de entrada de Inverno. Nós realizamos uma cerimônia teatral, uma representação da história de nossa cidade e de seu fundador Ekat Joyfish. O festival consiste nos herois da cidade indo até a Cripta onde o malévolo Asar fazia seu refúgio e atáca-lo para por um fim à sua campanha de terror em nossa cidade. Os herois, os jovens dessa cidade que estão para entrar na fase adulta fazem uma excursão até a Cripta e lá eles enfrentam desafios e perigos falsos e armados como forma de diversão e provação dos jovens que estão nessa transição da vida, porém algo aconteceu. Os voluntários que foram três dias antes do Festival iniciar para armas as armadilhas e montar os obstáculos e desafios ainda não retornou, e isso deveria ter acontecido até a noite de anteontém. Nossa guarda patrulha os arredores da cidade, deve ter ouvido falar dos Mercadores da Morte. Um grupo de Orcs que tem importunado os arredores da cidade, porém perdemos também contato com esta guarda que deveria ter respondido ontém. Se algo aconteceu com os voluntários eu ainda não sei e também há os jovens que partiram para o Festival. Ontem eu enviei um grupo de Mercenários para garantir que tudo esteja em ordem e se houver algum perigo que eles resolvessem, porém eles me pediram reforço antes de partir e prometi que os enviaria esse reforço hoje. Olmira era parte desse reforço, como uma Druída experiente ela seria útil, porém tive a surpresa de saber que ela não poderia ajudar, mas recomendou o senhor. Gostaria que o senhor assumisse essa tarefa de reforço dos Mercenários e se encaminhe até eles para auxiliar no que precisarem, é claro que irei recompensá-lo pelo seu tempo, mas na situação atual teremos de falar da recompensa depois do seu retorno, pois temos preça.

Ao fim de todo o discurso tenso da prefeita, ela tomava um gole de chicara de chá, mas o gole era longo embora não o suficiente para terminá-lo todo de uma vez.

Macalister escreveu:

- Como assim ainda vão precisar??? E o Trocados???? E o Holgast???? os dois são exatamente o que precisam!!

Guarda Daryl escreveu:

- Holgast já recusou, ele é um velho excêntrico e Trocados está com medo demais caso tope com os Mercadores da Morte. Estamos procurando mais pessoas que possam fazer essas duas coisas, mas estamos ficando sem opções. Eu só estou te deixando a par da situação, você é meu amigo e eu ia querer que alguém viesse me de deixar a par no seu lugar.

Raki podia ver então que Macalister levava a mão até os olhos, claramente contendo um choro de raiva e medo, parecia que pessoas estavam correndo perigo e duas dessas pessoas eram próximas do seu primo Macalister, felizmente, talvez Malka-el tenha agraciado a família, pois Raki era exatamente o que eles estavam precisando naquele momento.

Enquanto o anão pegava todas as coisas menos o saco de dormir Roldare ia falando com Sor Drammont e ele ia observando de relance o anão se apossar de tudo o que havia por lá, ao final, quando o anão faz a pergunta, ele diz:

Roldare escreveu:

- Bem... É... Um som bizarro, como... correntes, como... vento... como... como uma caverna que rosna. Hey... Hey... Senhor... Senhor Baraaz? o senhor vai voltar ainda, certo? Certo? Precisam levar toda a comida?

Sor Drammont escreveu:

- Não, não precisamos de toda a comida, temos o suficiente para 9 dias, pegar tua comida seria muita avareza, meu companheiro é um anão mas ele não tira mais do que precisa ainda mais dos mais necessitados. Baraaz, pode deixar a comida, levaremos esta poção e as lanternas e os óleos, isso realmente podemos precisar.

Era claro que Sor Drammont não conhecia Baraaz para confirmar se o anão era avarento ou não, era claro que as outras raças normalmente viam anões como criaturas avarentas, ainda assim, Sor Drammont estava certo. O local só tinha 2 andares, levaram apenas 1 dia de viagem para chegar à Cripta e ainda possuíam ração para mais 9 dias. Pegar a comida seria desnecessário e muito avarento.

Josephine Uptal escreveu:

- Eu já passei os detalhes para o Senhor Ondiniel, senhorita Raki, ele conseguirá lhe explicar no caminho. Sinto não lhe dar os detalhes eu mesma, ou lhe oferecer algo para tomar, mas necessito da urgência de vocês. Sua recompensa será discutida quando voltarem. Se não tiverem duvidas imediatas estão dispensados, passem no armazém da prefeitura atrás dos estábulos para pegarem suprimentos.

A prefeita então retirava da gaveta uma folha de papel, ela retirava do tinteiro uma caneta de pena e escrevia algumas coisas nele e por fim ela carimbava no final com um carimbo de tinta vermelha que tinha em sua mesa. Por fim, ela entregava a Solemar.

Josephine Uptal escreveu:

- Esta é uma solicitação de retirada do armazém assinada por mim, liberando suprimentos para viagens de vocês assim como dois cavalos para que cheguem ainda hoje à Cripta. Possuem alguma duvida?

Se Solimar e Raki vissem na lista que a prefeita deu à eles, haviam rações de viagem para 6 dias, 2 sacos de dormir, 2 lanternas 4 frascos contendo óleo, 2 cavalos de guerra preparados para viagem, 2 mochilas, 2 cordas de cânhamo, 2 kits de primeiros socorros e 4 itens/equipamentos à escolha dos solicitantes. Se nenhum deles tivessem dúvidas, eles estariam liberados para irem até o armazem conforme e pegar os itens da lista.

Da mesma que o Anão olhou contrariado para os dois homens, Sor Drammont também olhou contrariado para o anão.

Sor Drammont escreveu:

- A prefeita está te pagando por estes contratempos Baraaz, Roldare não lhe deve nada e nem a mim pois é um inocente apavorado pela maldade deste lugar, mas eu concordo que podemos encontrar sobreviventes pelo caminho e famintos. Caso não encontremos devolveremos o restante da comida. Não temos necessidade de levar mais do que já tinhamos. Não te preocupas Roldare, ele é um mercenário e já está sendo pago pela prefeita por todo o problema que aqui está acontecendo, você não deve nada a ele pois é o trabalho dele lhe levar em segurança apesar das adversidades que encontrar aqui.

Baraaz já podia notar que com Sor Drammont por perto, ele não conseguiria lucrar tanto em cima dos mais fracos, mas aquilo já deveria ser esperado pelo anão, Paladinos tendem a ser cavaleiros de armadura brilhante, heróis do povo, campeões dos mais fracos e protetores dos oprimidos, tirar vantagem de alguém não era algo que Sor Drammont parecia estar disposto a permitir, mesmo que um aliado estivesse o fazendo. Roldare olhava para Baraaz com hesitação, mas a confiança inspirada por Sor Drammont parecia começar a fazer presente nele.

Roldare escreveu:

- Sim, Sor... És muito gentil, muito obrigado! Tenho fé nos Dragões que irão lhe proteger.

Se Baraaz não quisesse falar mais nada para Roldare ou Sor Drammont, então ambos os dois saíriam deixando Roldare sozinho e o mesmo fechando a porta, sendo muito bem audível o civíl arrastando de volta os móveis para fazer a barricada da porta, e agora o próximo passo seria a porta ao lado esquerdo deles, já que à frente seria o caminho de volta por onde já havia percorrido, o labirinto com as lavancas.

A prefeita assentia levemente aliviada e ela guiava a dupla até a porta. Os dois falavam no caminho pouca coisa e andavam como uma lady e um lorde, apesar de nenhum dos dois estarem vestidos como tal. Eles passavam pelos corredores cheios de aristocratas que olhavam para os dois sem muito interesse. Eles então passavam pelo portão da frente que dava ao lado do estábulo. Caminhando um pouco mais a fundo eles encontravam o armazem. O armazem era um galpão até que pequeno, como uma loja diminuta. O sujeito que atendia o armazém atrás do balcão era alto, gordo, de meia idade e bigode. Quando um dos dois apresentava a lista para ele, sem dizer nada aos poucos ele ia pegando os pedidos da lista, até que no final, tudo dentro das duas mochilas ele diz.

- Quais vão ser os 4 itens?

Atrás do sujeito, Raki e Solemar podiam ver uma variedade simples tanto de itens quanto armas e equipamentos. Não havia nada muito elaborado ou complexo, mas pelo menos seriam coisas úteis.