Cidade de Gorsengred - Taverna Ganso Manso
Tentara oferecer o mínimo possível sobre suas intenções ao questionar quais eram os pensamentos dela a respeito do casamento da sobrinha de Zinfraud com o Cavaleiro da Luz. Imaginava que aquela união, embora não trouxesse toda a Ordem do Deus da Justiça para o lado da Senhora, ao menos lhe daria não apenas o aspecto de nobreza casta que buscava, mas também teria ao seu lado uma parcela considerável dos nobilíssimos cavaleiros.
Seus lábios se curvaram num sorriso ante a provocação dela sobre casamentos em geral. Seus pensamentos sobre tal relação monogâmica eram similares. Em seu caso, não apenas por sua natureza, digamos, serelepe, mas muito mais pela insegurança que sua profissão traria a qualquer um com quem estivesse por um longo tempo.
Era uma espiã e espiões estavam sempre em busca de Um novo dia para morrer.
Mas queria saber daquele casamento em específico, não do geral que ela pensasse a respeito e logo a resposta, bem descritiva, veio. Levou o indicador e o polegar da mão direita até a boca, obviamente estava pensativa imaginando a melhor maneira de agir.
Estendeu a mão pegando novamente o cigarro e voltando a fumar. Nada disse, embora sua mente estivesse em polvorosa, os olhos passando por um instante pelo belo corpo desnudo da morena. Ela logo voltou a falar e aquilo, que apenas imaginava, surgiu nas palavras seguintes dela.
– Unir-se ao outro Império? – ergueu as sobrancelhas e deu um sorrisinho de canto de boca – Em certos círculos, isso seria visto como traição... – completou num tom mais baixo.
Quando ela terminou de se vestir e veio lhe beijar, num selinho rápido, e, da porta, se despediu. Uma idéia se formou em sua mente e ela perguntou antes de Milana abrir a porta para sair.
– Onde o noivo e os outros cavaleiros da Luz estão ficando? – perguntou curiosa.
Demorou um pouco para dormir. Antes de desmaiar, houve o banho, houve o trancar completo da porta do quarto com algumas amarrações para lhe chamar a atenção caso alguém adentrasse ali. A pistola estava consigo na cama, próxima a mão, uma invasão poderia ser a última coisa que alguém que entrasse ali faria.
Sabia que precisava evitar aquele casamento ao máximo. Lady Zinfraud estava passando, e muito, de seus direitos. Já tinha algumas informações a enviar para a capital, mas ainda era cedo. O casamento seria em três dias. Talvez procurar o jovem cavaleiro no dia seguinte fosse uma opção. Ou ir em busca do Intendente.
Acabou dormindo com pensamentos em lucros, pilhagem, corsários fiéis à Coroa Real e não aquele pequeno feudo.
Os barulhos da manhã seguinte acabaram por despertá-la. Perdera a hora, provavelmente uma junção do consumo recreativo da erva produzida no reino, dos momentos tórridos vívidos sobre aquela cama e, obviamente, pela longa viagem realizada.
Piscou algumas vezes os olhos e então ouviu os gritos, gritos de uma mulher. Não reconheceu a voz de início. Vestiu sua roupa o mais rápido que conseguira, armou-se, pegou todas as suas coisas e saiu do quarto pela saída secreta existente na parede, descendo o mais silenciosamente possível. Tentava ver ou ouvir o que se passava.
Reino de Ahlen