"Parece o cão chupando manga." - Koenma

E é aqui que começamos...

Meu nome é Kariane e sou adotada. Fui adotada pela família Himura quando eu tinha pouco tempo de nascida então não sei absolutamente nada sobre meus pais biológicos, mas sei que sempre fui uma criança diferente.
Meus pais têm um café no centro da cidade. As coisas lá são parecidas com aquele famoso Starbucks, mas é algo mais familiar e menor, o que torna o sabor da nossa família mais gostoso.

Desde sempre as pessoas me olharam de forma estranha por eu ser loira de olhos azuis então desde cedo eu sempre soube que era adotada, mas isso nunca mudou meus sentimentos com relação aos meus pais, pois devo tudo a eles.
Quando eu era pequena, eu conseguia ouvir os pensamentos das pessoas e via coisas que as pessoas geralmente não viam, a menos que tivessem algum tipo de sensibilidade como a minha. Quando contei sobre isso para meus pais, eles ficaram muito preocupados e logo me colocaram para fazer terapia pois algo devia estar errado comigo. No início eu também acreditei nisso, mas com o passar do tempo eu percebi que as terapias não iam me ajudar em nada então era hora de eu aparentar que estava tudo bem, mesmo não estando.

Com o passar dos anos na terapia, eu consegui por eu mesma silenciar as vozes que eu ouvia para não me atrapalharem nas minhas atividades, tanto que minhas boas notas na escola não tinham nada a ver com isso, porém isso dificultou bastante com que eu deixasse as pessoas se aproximarem de mim.

Por alguns anos na escola, acabaram me elegendo como representante de turma e isso me ajudou a ver as coisas de uma outra perspectiva e eu aprendi a desenvolver o senso de imparcialidade e justiça com ambos os lados que eu tinha que lidar, mesmo assim eu sou uma pessoa bem introspectiva. Sou gentil com as pessoas mais sou mais calada e introspectiva no geral.

Estudei na escola Meiyo e me formei recentemente, mas ainda não sei o que fazer do meu futuro e meus pais são bem tranquilos com isso. Se eu precisar de todo o tempo do mundo para decidir, eles não vão me pressionar a nada e enquanto isso, vou trabalhar com eles e ajudar no negócio da família. Sempre fui muito boa aluna, mas não sei o que fazer agora.

Eu acho que tenho uma boa habilidade, embora eu ainda ache que um dos meus maiores defeitos é a indecisão...

Comparado com as outras meninas na escola, eu nunca tive namorados enquanto estudava, mas não era porque as pessoas não se aproximavam de mim, mas era mais porque eu não sabia lidar com essas pessoas perto de mim. E se descobrissem que eu podia ler seus pensamentos e ver coisas que não podiam ver? O que iriam pensar de mim? Iriam me chamar de louca? Então era melhor me manter calada e reclusa, para meu próprio bem, ainda mais pois isso poderia me entristecer muito e causar preocupações desnecessárias aos meus pais e ele já faziam tanto por mim... eu não podia dar esse tipo de desgosto para eles...

Apesar de tudo isso, como mulher, eu sempre quis encontrar alguém como eu, mas enquanto isso não acontece, vou seguir cozinhando no café.

Um dia, enquanto eu estava no caixa no café, apareceram duas pessoas que eu nunca tinha visto antes, um homem mais falante e um baixinho de cabelos arrepiados. Um deles de chamava Yusuke e o outro acho que se chamava Hiei pelo que ouvi Yusuke dizer. Naquele dia, Yusuke pediu para conversar comigo depois do expediente. Meus pais achavam que deveria ser alguém que devia trabalhar na escola ou que tinha algo a ver, mas eles não eram e eu não podia falar isso, mas queriam falar comigo.

O início daquela conversa foi muito estranho, pois quem eram eles e como é que sabiam tanto coisa ao meu respeito e o pior ainda, falaram que eu era diferente e que sabiam que eu podia ver coisas e ler mentes. Aquilo de início me deixou muito assustada e eu fingi não fazer ideia do que estavam falando, mas lendo a mente deles eu sabia... de alguma forma eu sabia que as intenções deles não eram ruins, apesar do homem baixinho parecer um pouco mais irritado e de poucas palavras do que Yusuke, que parecia bem mais amigável e gentil.

Yusuke Urameshi... eu não iria esquecer aquele nome...

Bem lá no fundo eu tinha um pouco de medo e receio de qualquer coisa, mas sentia que podia confiar. Yusuke até me mostrou que eu não estava sozinha em ter aquelas habilidades. Não sei como ele fez, mas com a ponta dos dedos, e sem encostar, ele simplesmente derrubou uma lata do lixo com um tiro de algo meio azul e meio preto que saiu de um dos dedos da mão dele. Aquilo foi reconfortante...
E então ouvi que tudo o que eles queriam era uma chance de participar de um teste e que se eu fosse bem e passasse naquele teste eu poderia ajudar outras pessoas usando minhas habilidades, me tornando uma detetive sobrenatural e me juntando a um grupo.

Detetive sobrenatural... ainda não sei bem o que significa isso mas, se tenho habilidades e se definitivamente não sou louca e posso ajudar as pessoas, porque não? Mas... com a condição de não contar aos meus pais...
Ok... eu aceitei...

Mas será que eu fiz mesmo a escolha certa?

- Ah, que ótimo!

Ren estava parado em frente a grande escadaria que conduzia ao templo que hoje pertencia ao mestre Kuwabara.

- Não basta esse lugar ser longe de tudo e ainda tem toda essa escadaria

Ele comentou com nítida amargura e contrariedade na voz

Pensou em simplesmente virar as costas e ir embora, mas uma lembrança muito antiga o fez parar.

Na época ele tinha 22 anos e aquele não estava sendo um bom dia.

Ren caminhava cabisbaixo pela calçada, havia acabado de sair de mais uma entrevista de emprego fracassada. Como não havia concluído a faculdade, estava encontrando bastante dificuldade de achar um emprego descente onde o salário não lhe custasse tanto desgaste físico e mental.

Estava caminhando a alguns bons minutos, absorto em seus pensamentos, quando uma movimentação a sua frente lhe chamou a atenção.

Se aproximou lentamente e parou do outro lado da rua, observando, até que entendeu que se tratava de um atropelamento. E pelo que escutara, parecia que um rapaz havia sido atingido por um carro ao evitar que um garotinho fosse atropelado tentando pegar sua bola.

Abaixando a cabeça, Ren enfiou as mãos nos bolsos da calça e voltou a andar.

Desde que estivera em coma por conta de uma briga na escola, onde ao cair havia batido a cabeça, isso quatro anos antes, Ren evitava certas situações e lugares.

Desde o coma algo nele havia mudado. Eram vozes, vultos, sensações que estavam constantemente presentes, a ponto de pensar que poderia algum dia enlouquecer.

Na época se sentia muito sozinho por isso, pois a maioria desacreditava de tudo o que ele contava, tornando-o ainda mais recluso e rebelde, até que ele desistiu de falar sobre o assunto e nunca mais comentou sobre as coisas que via.

Cinco passos, talvez nem isso. Foi o máximo que ele conseguiu se afastar antes que um estranho calafrio percorresse seu corpo.

Olhou em volta, assustado. Sabia que havia algo diferente. Até que ele ouviu uma voz que parecia vir de algum lugar mais alto.

Olhando para cima ele viu, flutuando, o mesmo garoto que estava deitado no meio da rua, atropelado.

Estático, Ren pode apenas acompanhar a movimentação do jovem que tomava conhecimento de sua morte e por incrível que pareça, naquele momento ele parecia tão invisível quanto o próprio rapaz que tentava em vão chamar a atenção dos médicos que levaram seu corpo embora.

Ele olhava atentamente para o jovem que flutuava logo acima do local do acidente quando, de repente, viu uma jovem de cabelos azuis, montada em algo que não conseguia distinguir aquela distância, aparecer, conversar com o rapaz e então ambos sumiram.

Ainda permaneceu olhando para o alto, assustado, por mais algum tempo.

Ren nunca havia tido uma visão espiritual tão nítida, mas não era só isso. Algo na garota lhe parecia estranhamente familiar.

Mexido pelo que havia presenciado, ele procurou saber sobre a identidade do rapaz atropelado, que soube que se chamava Yusuke Hurameshi, e chegou a ir até à casa do rapaz dias depois, onde descobriu que afinal ele não havia morrido, mas ainda não acordara do terrível acidente.

Dando de ombros, Ren fez o possível para esquecer o que havia acontecido e seguiu a vida da melhor forma que pode.

Assim se passaram dezesseis anos. Mas as visões espirituais eram sua constante companhia a ponto de fazê-lo preferir uma vida solitária.

Sem formação, encontrou alguma estabilidade trabalhando aqui e ali, ajudando a descarregar caminhões. Um serviço braçal e pesado que já começava a cobrar seu preço agora que chegara aos 40 anos.

Até que em uma tarde quente de trabalho pesado, ele o encontrou novamente.

Havia ficado sozinho para terminar de descarregar um caminhão de frutas, nos fundos de um pequeno restaurante, quando viu um homem pular o muro do estabelecimento ao lado e correr, passando por ele.

Sentiu um arrepio quando ele passou e o acompanhou com os olhos, até que um feixe de luz azulada cortou o ar, atingindo o homem pelas costas, que caiu desacordado.

Ren teve de se esforçar para não deixar a caixa que estava em sua mão cair no chão com o susto. Ele pensou em se aproximar para ver o que aconteceu, quando viu outro homem pular o muro e ir em direção ao que estava caído.

Imediatamente Ren o reconheceu. Ele estava mais velho, mas era obvio ser o mesmo rapaz que vira no atropelamento anos atrás. E teria ficado estático olhando se uma movimentação no corpo do homem caído não tivesse chamado sua atenção.

Saindo da boca, um pequeno ser disforme tentava fugir, mas acabou sendo impedido pelo outro rapaz.

- Caramba!

Sua reação acabou chamando a atenção do homem que se aproximou e se apresentou como Yusuke Urameshi, confirmando suas suspeitas, e perguntou se ele havia conseguido ver o que aconteceu.

Sem muita alternativa, Ren confirmou e acabou contando sua história para Yusuke que revelou que depois do atropelamento trabalhava para o mundo espiritual como detetive e lhe convidou para fazer um teste para se unir ao grupo.

Então lá estava ele, em frente a escadaria.

Suspirando fundo, ele deu uma última tragada em seu cigarro, antes de jogá-lo no chão e apagá-lo com a ponta da sola do sapato.

Seria uma longa subida.

Prológo:

Por onde posso começar.
Meu nome é Kuroi ryū sou do Rei do Reino Reikai ou mundo espiritual muitos vão
Pro serviços do Reikai ou vao pro ningenkai por cuiriosidade.
Nunca gostei da ideia de ter tomar as mesmas decisões dos outros quero ser o dono
do meu destino, criar meu próprio caráter e não vai ser nas sombra dos outros que
irei descobrir, por isso me Tornei um Rebelde, ninguém me diz o que devo fazer, fugindo,
acabei tendo de me esconder no mundo Ningenkai, no meio dos humanos “cuspindo no chão
“por eu ser um Ningenkai acabei de fazer algo que não me agrado muito na época que foi entrar
no corpo desse humano. Futari no tamashī que em japonês quer dizer duas almas que coincidência não acham?
Ele parece muito comigo órfã tendo de aprender cedo como a vida e dura, foi fácil me afastar de amizades e encrencas.
A muito tempo ouvir falar de um Yokai que tinha um certo olho na testa Jagan e como ele consegui então fiz alguns
trabalhos escuros pra obter- lo isso não so o eu copiei do tal riei, quero ficar mais forte pra um dia enfrenta
lo e quem sabe derrota lo

Ah, qualé!! Você está com meu registro criminal nas mãos. Qual a necessidade disso? Ok, ok. Eu vou responder suas perguntas. Calma. Por onde começamos?

Pode me chamar de Aya. Hmm?! Ah, sim. Me chamo Ayaka Hayashi. Estudante de medicina. Então acho que é isso. Terminamos? Não? Tsc...

Sigh! Porque estou aqui? Bem, você já deve ter lido isso no meu registro, mas para você compreender melhor como tudo começou, terei que voltar um pouco mais no tempo.

Há alguns meses eu andava estressada e um de meus amigos recomendou que eu fizesse hortiterapia. Um tipo de jardinagem usada como meio terapêutico. Enfim, foi naquele momento que descobri não ser uma humana comum. Tudo começou quando desatenta espetei o dedo em um espinho. Até ai tudo bem, mas quando meu sangue respingou sobre uma das sementes, uma criatura de desenvolveu. Parecia uma mistura de rosa com dioneia. Mesmo sendo estranha, ela possuía um delicioso aroma doce e suave na medida exata que lembrava o cheiro das flores-de-mel.

Hein? Os detalhes também são importantes. Prosseguindo. A principio fiquei assustada, mas a plantinha bizarra não parecia hostil. Ao interagir com a mesma, percebi que ela compreendia e acabava por seguir meus comandos. A partir dai você sabe como é. Eu queria descobrir até onde minha habilidade sanguínea iria. Hi! Hi! Hi!

Acabei por criar um pequeno grupo de flores rebeldes que saíram do controle. Elas acabaram dispersando para a cidade e criaram a maior confusão. Tentei o possível para controlá-los, mas por obra do destino ou por todo esforço, fui eu que acabei perdendo o controle.

Dai em diante não me recordo de muita coisa. Quando voltei a mim, pelo menos parcialmente, já que meu corpo se movia sozinho, eu estava trocando golpes com um ruivo. Mas, por algum motivo, ele parecia ter um controle maior sobre minhas plantas do que eu mesma. No momento que retomei o controle do meu próprio corpo. Só me lembre dele esboçar um sorriso enquanto minhas pernas fraquejavam e meus sentidos deixavam-me.

Alguns dias depois acordei em um ambulatório com o meu algoz ao lado. Ele disse se chamar Kurama. Ruivo, olhos verde, controle sobre as plantas, temos muito em comum. Você sabe se ele é solteiro? Ai, ai! Desculpa. Eu só estava curiosa. Eu vou continuar com a historia. Calma. Conversamos por um bom tempo e após explicações, ele disse que mesmo eu não tendo consciência do ocorrido, eu tinha que responder pelos meus crimes cometidos contra a humanidade.

No entanto, ele prometeu que tentaria intervir por mim. Tendo em vista que poderei cumprir minha sentença em liberdade, claro, desde que eu cumpra alguns favores para o Reikai. Com isso posso concluir duas coisas. A primeira é que Kurama deve ter alguma influencia com um tal de Koenma. E sou grata por isso. A segunda é que eu devo uma ao Kurama. Só me pergunto se um dia ele irá cobrar??

“Sen,
Eu não sei quando, nem se, você vai ler este email. Você vive se enfiando por tudo quanto é lugar atrás das suas feitiçarias, e eu juro que não sei como você consegue internet e tempo pra ficar me amolando. Mas eu acho que maltratar um animal já passa um pouco do limite!
Você sabe que eu não acredito nessas baboseiras de espírito! Eu observo as pessoas, eu analiso comportamentos, eu leio o que está escrito na cara delas e eu tiro o dinheiro delas! E você faz a mesma coisa, mesmo que cobre mais barato e minta pra si mesma que tem espíritos de verdade te ajudando!
Não existem espíritos. Existimos nós, que somos espertos, e existem os trouxas que pagam nossas contas.
E não adianta nada você ter enviado esse corvo pelo correio sei lá de onde. Como você fez isso? Eu não ouvi o carteiro chegar, ele estava parado na minha soleira com a sua carta amarrada no pescoço, sem caixa nem nada. Você não tem dinheiro pra ficar pagando a mais por entregas extravagantes!
Enfim, eu li o bilhete que estava amarrado no corvo, e não acho que ele vá me ajudar “a despertar minha percepção sobre meus próprios poderes”. É só um pássaro, Sen, e um pássaro muito cansado – ele comeu uma tigela de arroz que eu tinha aqui, se empoleirou no sofá e ficou lá dormindo a tarde toda.
Eu até pensei em batizar ele de “Jackie”, porque sei que você detesta filme de kung-fu, mas a verdade é que amanhã de manhã eu vou aproveitar que não tenho trouxa nenhum pra consultar e vou levá-lo pra algum abrigo, pra ver se ele arranja alguém que queira um “pássaro místico”. Por favor, não fique mandando bichos pras pessoas pelos correios!
Sem abraços desta vez porque estou bravo contigo.
Satoshi.”

“Sen, o que é essa porcaria que você me mandou?
Acordei hoje cedo com o pássaro em cima do meu travesseiro, bicando a minha testa! Está ardendo à beça, e estou com uma baita dor de cabeça! Como se não bastasse, quando a dor alivia um pouco começo a ouvir uma voz do nada me dizendo ‘Hey, hey, você tem pão?’.
Não tenho tempo pra te xingar mais agora, porque quero levar esse monstrinho pro abrigo antes que ele me arranque um olho, mas mais tarde espere um email meu, ainda bastante bravo!
Satoshi”

“Sen, eu não estou acreditando ainda no que aconteceu.
Consegui fazer o Jackie pousar dentro de uma caixa de papelão dando um pedaço de pão pra ele, e ele ficou bonitinho lá dentro até eu sair do prédio. Assim que eu pisei na rua, porém, ainda não sei como, o desgraçado conseguiu abrir o fundo da caixa e saiu saltando pela calçada!
Tentei ir atrás dele – isso aqui é uma cidade grande, um bicho desses solto na rua não dura dois dias sem ser atropelado! Mas sempre que eu chegava perto ele saltava mais pra longe. E ficamos nessa um tempão! Tentei correr, tentei andar devagarzinho, tentei oferecer um pãozinho que eu comprei de um carrinho na esquina, nada dava certo. O Jackie só queria saber de ficar me olhando e saltar pra longe quando eu chegava perto – e nisso tudo minha testa ardendo um monte ainda, e eu ouvindo cada vez mais vozes na minha cabeça!
Até que nós entramos num parque que tem aqui atrás de casa. Acho que você já foi comigo uma vez, aquele dos pedalinhos, lembra? O Jackie se enfiou no meio de um bosque sem trilha, e eu atrás. Teve uma hora que eu achei que um gato ia pegar ele, mas ele bicou a testa do bicho e botou ele pra correr! Eu fiquei com dó do gato depois, bicada do Jackie na testa é muito dolorido.
Quando eu saí do bosque, vi o Jackie pousado num barquinho de madeira, que estava amarrado num riachozinho que eu achava que ia dar no lago dos pedalinhos. Eu não sou rápido nem ágil, você sabe bem disso, mas consegui cercar o Jackie o suficiente de forma que ele não tivesse saída se não vir pra cima de mim ou saltar pra dentro d’água.
Mas assim que eu pisei pra dentro do barquinho a corda se soltou, e começamos a navegar muito rápido. Eu não sabia que a corrente daquele riacho era tão caudalosa, eu não conseguia saltar de volta pra terra! O riacho começou um trajeto super esquisito, ziguezagueando pra dentro do bosque de novo, e quando a gente saiu do meio das árvores não era no lago do pedalinho que estávamos, mas num rio imenso! Eu não conseguia ver as margens, cobertas de bruma, e até o céu estava com uma cor esquisita.
E o Jackie lá na dele, pousado na proa, olhando pra frente como se estivesse esperando alguma coisa. ‘Fica tranquilo, humano, já já alguém encontra a gente’, eu ouvi, de dentro da minha cabeça novamente.
Eu me senti um idiota, mas perguntei “Jackie? Foi você que falou isso?”.
‘Não falei nada, só pensei, mas dá na mesma.’
Eu estava tremendo, Sen! Tremendo de medo! Tentei bater na minha cara e me beliscar pra ver se eu acordava, mas não teve efeito. Então tive a ideia de esticar meu braço pra o rio, tentar jogar água na minha cabeça ou sei lá.
‘É melhor não fazer isso, humano. As águas do rio Sanzu não são seguras de se tocar para um mortal que ainda está vivo...’
Meu estômago afundou, Sen! Eu não sei ainda como eu não desmaiei na hora!
“Rio Sanzu? Você me trouxe para o Rio Sanzu? Você por acaso é um deus da morte?”
‘Não, não, que besteira, eu só sou um corvo. Mas ali vem um deus da morte!’
Jackie olhou para cima, e eu acompanhei seu olhar. Um pontinho rosa e azul descia voando a toda velocidade.
O que era aquilo agora? Primeiro um corvo homicida falante, ou pensante, depois o rio dos mortos, e agora uma bruxa? Mas aquilo não era uma vassoura em que ela estava montada, não. Parecia ser todo de madeira; um remo talvez? Vassouras voadoras tudo bem, eu pensei comigo, mas um remo voador? E depois me dei conta: nem vassouras nem remos deveriam estar voando por aí. Mas aquele remo voava, e vinha uma pessoa em cima dele
(...)”