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    Skye Jenkins

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    Mensagem por Wordspinner Seg Jan 25, 2021 4:42 pm

    É a primeira vez que consegue se arrastar por ali. Não era foi fácil arrastar os moveis para o lugar certo. Eram pesados demais. Pesados demais mesmo. Por isso ela desistiu e resolveu só pular. Foi horrível. Ela quebrou as unhas um monte de vezes tentando se agarrar. Mas agora? Agora ela tava do lado de fora. Sentindo o ar fresco de uma primavera confortável. Ela olha as janelas fechadas. Ouve a música gospel vindo de dentro de casa.

    O coração ainda batia acelerado. Tinha um rasgo na camisa. Nada terrível. Umas gotas de sangue que ela tentou tirar com água. Sangue ainda fazia ela se sentir estranha.

    Outra música. Alegre. Animada. Música do caminhão de sorvete. Skye se esgueira até a cerca de casa. Uma cerca alta. Mais alta que antes? A mãe não parava de mexer nisso. "Tá vendo a árvore do vizinho? Aquela que tinha um balanço de pneu. É mais fácil por ali." A voz vinha do lado de fora. Era impossível ver a pessoa inteira. Um dos olhos aparecia por uma fresta na cerca. Mas elas eram tão pequenas. Dava para ver os dentes também. A luz lá de fora fazia ele parecer uma sombra.

    A sombra se descola dali sem esperar uma resposta de Skye. Ela não tinha visto aquilo chegar. Não sabia quanto tempo a pessoa tinha assistido pela fresta. Mas Skye sabia que o caminhão do sorvete estava parado bem perto. A música alta fazia seu estomago roncar.



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    Mensagem por Malk Seg Jan 25, 2021 8:17 pm


    O tempo passava um pouco diferente do porão. Talvez fosse o escuro. Talvez fosse a música. Talvez fosse só as sombras passando da janela lá no alto. Ao menos, para ela, parecia bem alto. Não havia nada que pudesse brincar lá embaixo, e as caixas de papelão eram abarrotadas de tralhas que Skye não tinha nenhum interesse. Em algum momento, a fome e o tédio a forçaram a buscar uma saída. Outra que não fosse a porta trancada para a sala da casa. Foi quando levantou do canto que estava e encarou a janelinha. A tomou como um desafio. Sorte sua da música abafar os barulhos das diversas tentativas sem sucesso e quedas da borda da janela.

    Os braços não eram tão fortes pra aguentar o próprio peso. E mais de uma vez a mão escapou quando faltava tão pouco pra alcançar o lado de fora. Quanto tempo havia se passado lá dentro? Não sabia dizer. E nem se deu por vencida até que estava se arrastando no chão dos fundos do quintal da casa. E como um soldado dos filmes que via, ainda se arrastou mais longe, ganhando distância das janelas e e o risco de ser flagrada pela mãe no meio da fuga. Levantou quando sentiu que a barra estava limpa, batendo com as mãos na camisa e nos jeans para tirar a poeira e a terra. Notou o sangue e parou um segundo, estava tentando se esquecer por quanto tempo ficou batendo na porta do porão para voltar para a casa. As mãos já não estavam mais tão vermelhas. Aquele rasgo? Não lembrava dele. E também não gostava. A exploração do quintal continuou. Alcançou a mangueira enrolada e abriu a torneira, tentando limpar as manchas e matando a sede de algumas horas sem água.

    Ouviu a música. E ficou alerta. Desligou a água e tentou localizar de onde vinha o barulho. A cerca alta não ajudava. Se perguntava se a mãe estava aumentando a altura para impedir uma outra fuga depois da última pelo quarto e agora o porão também fazia parte disso. Era estranho como aquela tinha se tornado sua brincadeira. Encontrar um meio de escapar. No momento, descobrir de onde vinha o caminhão era mais importante. Deu algumas voltinhas pelo quintal cercado, colocando a orelha na madeira e tentando adivinhar de que lado o caminhão de sorvete estaria. Até mesmo pensando como iria pular a cerca, não conseguiria pular tão alto. Foi quando ouviu a voz do outro lado. Gelou. Era agora que ia voltar para o porão? Mas espera aí... Aquela não era a voz da sua mãe e não a reconhecia. Tentou espiar pelas frestas, só um vulto.

    A árvore? Não era má ideia. E no pequeno intervalo em que desvia os olhos da árvore de volta para a cerca o vulto que pensou ser o dono da voz já tinha ido embora. Estava curiosa. Porém a barriga ditou o que seria uma prioridade. Deu mais uma olhada nas janelas da casa ao longe e então voltava a tomar cuidado com os passos até a árvore. Parecia alto também. Mas com árvores estava mais acostumada a lidar, o parque era cheio delas. Buscava com os olhos por um galho mais baixo e dava um pulo, o agarrando com ambas as mãos. Começando a escalada alta o suficiente apenas para saltar por cima da cerca. Uma vez do lado de fora, olhava em volta, um breve segundo procurando pela sombra espiando sua casa, mas logo começava a seguir o som da música do carro do sorvete. Não tinha nenhum dinheiro nos bolsos, mas esse detalhe nunca tinha a impedido antes.
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    Mensagem por Wordspinner Ter Jan 26, 2021 12:37 pm

    A casca árvore parece frágil e áspera, mas ela aguenta Skye. A garota sobe dela para o muro. Um passo depois do outro sem nem segurar nos galhos. Era até divertido. A música cheia de estalos do caminhão continua forte. Ela passa pela cerca da mãe. Nenhum arame. Nada para machucar alguém. Só alta. Muito alta. Talvez três vezes o tamanho da menina. A descida foi fácil. Três vezes a altura dela não era nada quando se tinha onde pegar. O chão da rua.

    Nossa como era bom estar livre de novo. Assim era melhor ainda, com o desafio. Deixava ela cheia de alegria. Skye não consegue deixar de olhar em volta, um lado tinha rua e do outro também. Pessoas. Coisas. Um cachorro dormindo na sombra. Carros, um deles bem bonito e pequeno e vermelho. Devia ser um carro pra crianças. Muita gente na frente do caminhão de sorvetes. Ela nem pensa enquanto chega perto. Precisava olhar a placa com os sabores e o vidro com os potes. Ela queria ver tudo. Nunca tinha escapado do porão antes e isso trazia um gosto novo para o que via. Então...

    Um homem alto oferece um sorvete intocado a um garoto gordinho na frente dela. "Comprei errado e já abri." O garoto dizia não com a cabeça sem tirar um outro picolé da boca. "Cê quer?" Ele pergunta para Skye com o mesmo sorriso que deu para o gordinho. O vendedor no caminhão de sorvete acha graça da situação, mas não se oferece para trocar o produto. Ele tem uma fila de crianças para alimentar. Duas mulheres adultas na fila. Uma bem grande e outra bem magrinha. A mulher magra olha feio para ele. A outra olha esperançosa com os dedinhos se movendo sem falar nada. Ele pisca para Skye como se fossem amigos.

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    Mensagem por Malk Qua Jan 27, 2021 12:45 am


    Mais do que qualquer outra coisa, Skye era uma exploradora. Tantas horas enfurnada na casa haviam a deixado a marca, e o mundo conseguia a roubar de devaneios com muita facilidade. A rua era o melhor. Nunca estava do mesmo jeito do que um dia atrás. Enfiou as mãos no bolso, os olhos atentos, por um instante ficou acuada ao lado da cerca. Olhando as pessoas e os carros passarem, o entusiasmo fazendo o coração bater um pouco mais rápido, era sempre assim, nunca se ajustava a situação. Andou para frente, e parou quando viu o cachorro dormindo. Ela gostava deles, um pouco mais dos que viviam nas ruas, tinha seus motivos. Claro que não necessariamente significava que todos gostavam dela, teria muitas marcas de mordidas se elas ficassem, e nem por isso a impedia de tentar interagir com um novo. Dessa vez, não incomodou a soneca dele, e continuou na direção do carro de sorvete.

    Podia ser naturalmente fechada com estranhos. Mas multidões não a assustavam. Até que gostava. Uma maneira estranha de se sentir perto do mundo real e observar ainda mais de perto como os outros interagiam. Porém tinha uma grande diferença entre gostar da aglomeração de longe e se enfiar no meio para ser empurrada. Odiava. Muito mais considerando o quão era menor comparada com outros da sua idade. Tentava desviar para alcançar a placa, não estava tendo o melhor dos resultados.

    Foi quando ouviu a conversa paralela do homem com o gordinho na sua frente. Olhou ambos, em silêncio, era uma bela oportunidade para pegar e sair correndo. Já olhava para os lados procurando uma rota de fuga quando o sujeito se direcionou a ela. Não esperava. Não foi sua mãe, e sim o breve período na escola que a ensinou a não aceitar nada de estranhos. O estômago roncando não estava ajudando muito na escolha. Olhou para o homem, para o sorvete e então retornou a ele. – ...Sim. – Respondeu meio baixo, sem menção nenhuma de pegá-lo. Um pouco incerta se deveria ou não.
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    Mensagem por Wordspinner Qui Jan 28, 2021 5:29 pm

    O sorriso do homem se torna algo bonito de uma hora para outra. Uma palavra de Skye e os dentes formam uma linha de genuína alegria. O sorvete de casquinha é esticado para ela. Balança de um lado para o outro. "Eu não vou morder. Só vou comprar outro sorvete assim que tiver uma mão livre. Vai, me ajuda mocinha." A linha do sorriso é contagiante. Ela vai até os olhos. Vendo a menina hesitar ele deixa a casquinha cair.

    Ele ri quando Skye tenta pegar a casquinha do ar e não encontra nada. Um movimento com a mão e casquinha está lá de novo. Só um truque. O sorriso bonito uma linha ainda mais animada e vibrante.

    Linha que é esquecida assim que Skye pega o sorvete e ele pede um de sabor diferente, ou pelo menos assim que ele acredita que ela pegou. "Rasberry, por favor. Certinho dessa vez." Ele diz, mas é ignorado e as pessoas da fila olham para ele de cara feia. "Mocinha, você é a melhor pessoa daqui." Ele não olha de novo para ela, só vira o rosto na direção dela com os olhos colados na vitrine de sorvetes. Com as mãos nos bolsos ele vai andando para o final da fila.

    O sorvete era azul. Numa casquinha escura de chocolate. Azul escuro com pontos roxos. Mirtilo. Cheiroso. Bonito. Geladinho.

    O gordinho agora olhava para ela sem tirar o picolé da boca para falar. "Ó ghossto gi chocoahte." Baba marrom escorrendo pegajosa pelos cantos da boca.
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    Mensagem por Malk Qui Jan 28, 2021 8:43 pm


    Encarou o homem. Confusa. Por que ele estava sorrindo? Ela não tinha feito nada. Não era assim que deveria funcionar, ao menos não como estava acostumada. Talvez na escola tivesse os professores fazendo o mesmo, a lembrança estava lá, e nem por isso entendia direito o motivo. Ou estava sendo alguma piada ali? Os olhos mudaram para o sorvete balançando, a falta de atitude veio num movimento ainda mais repentino de ambos os lados.

    Skye se abaixou para tentar pegar a casquinha no ar antes de tocar ao chão. Não estava lá. Como? Olhou para o chão ao redor das pessoas, nada e quando voltou para ele, ela estava lá novamente. O rosto se fechou, não tinha gostado. O que fez pegar a casquinha de uma vez na primeira oportunidade, quase automático deu um passo para trás, evitando que ele tentasse pegar de volta. O que não aconteceu. Lambeu o sorvete. Não tinha nenhum sabor favorito, já que a escolha de pegar os mesmos todas as vezes não era dela. E talvez a fome ajudasse a experimentar a novidade. Estava comendo, mas sua atenção ainda estava no homem comprando outro sorvete e nas pessoas o olhando feio esperando na fila. Pensou em dizer obrigado, deveria tinham ensinado isso, não disse. E ficou estranhamente parada ali. vigiando-o ir embora com a nova compra.

    Quando o gordinho se aproximou, Skye já não estava mais prestando atenção no caminhão de sorvete, muito menos nele. O comentário a fez mudar o foco por um instante. Não era do tipo de ficar enojada com sujeira, ela mesmo muitas vezes acabava suja, ele estava fazendo uma lambança, e ela apenas não se importava. Até chegou a olhá-lo, com uma expressão mais neutra no rosto. Não deu nenhuma resposta, andando para longe da multidão. Observou os arredores queria ver para onde o homem tinha ido, seguir não era bem o seu plano, ela tinha uma certa rotina. A comida já estava em mãos, e andar olhando as ruas da vizinhança era seu jeito também de aproveitar o tempo fora de casa. Olhou o céu, pensando que horas poderiam ser agora, ainda estava claro, mas não tinha certeza quanto tempo tinha até a noite, ou a mãe perceber que tinha sumido de novo. Queria encontrar um tempo para visitar o parquinho.
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    Mensagem por Wordspinner Dom Jan 31, 2021 3:18 pm

    Skye anda tranquila até o parquinho mais próximo. Tinham crianças mais novas que ela brincando nos brinquedos. Algumas maiores usando um escorrega enorme com pedaços de papelão para não ralar a bunda. Na quadra ao lado garotos jogavam futebol e no banco de areia um monte de adolescentes se agarrava e chamava de rugby. Um gramado bem grande onde um monte de gente andava fazendo... Sabe se lá o que.

    Ela sente um empurrão na perna. Algo baixo. Ela olha com o coração acelerando. Se vira para a fonte do peri... O cachorrinho coloca as duas patas nela tentando pegar o sorvete também. Ele era machado e babão. Branco e preto. Pequeno demais para pegar o sorvete sem pular. Abusado? Parece que sim. O focinho faz aquele barulho que parece um apito sofrido. A língua pra fora da boca. O rabinho balançando incerto.

    "Skye!" Era Clara. Clara tinha certeza que era a melhor amiga de Skye. Talvez fosse, mas era uma grudenta que adorava abraços. A menina de cachos selvagens e castanhos era grande demais para a idade. Tinha oito anos nesse dia. A mesa com um bolo coberto de velas não deixava dúvidas. A menina tinha os braços abertos e vestia um vestido de fadinha. Os óculos grandões ocupavam o rosto quase todo. "Skye vem cá!" Ela grita de novo.


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    Mensagem por Malk Seg Fev 01, 2021 1:52 am


    O sorvete era sua única companhia pelas ruas. Não parecia se importar. Andava como se já tivesse feito o caminho um milhão de vezes, era perto da escola que estudava e alguns rostos no parque já eram familiares. Estava fazendo o mesmo de outras vezes, parada, longe, observando as pessoas serem... pessoas. As crianças brincando, em grupo, com os pais, ela queria fazer parte. E ao mesmo tempo, tinha medo que pudesse assustar alguém.

    Ficava sentada num banquinho mais afastado dos maiores grupos, quando sentiu o empurrão e o primeiro movimento foi levantar e olhar para baixo, foi quando viu o cãozinho. Respirou fundo, aliviada de que era só ele. – Não, não. Isso é meu. – Erguia o sorvete, ele não era tão grande, e nem Skye. Ela conhecia o animal, não tinha o dado nenhum nome, era apenas mais um dos cães que dividia comida quando visitava o parque. Ela olhou para ele, para o sorvete, não deveria dar doces para cães. Bufou novamente com a insistência dele pulando. – Tá! Tá! Toma. – No fim, não conseguia dizer não. Se abaixava, dando o sorvete para ele lamber. Sabia que poderia encontrar mais comida depois. Diferente dele que dependia de lixo ou a boa vontade de uma pessoa. Ela não sorria, não tinha reação, mas ficava ali ajoelhada o deixando comer.

    Ouviu o seu nome e olhou para os lados, alerta outra vez, quase pareceu que ia sair correndo quando notou que era Clara. Skye nem se mexeu. Ela ia tentar abraçá-la novamente? Pelos braços abertos, aparentava que sim. O que a fez repensar se deveria ir. Era curioso. Queria ter mais amigos além dos cachorros, mas não se esforçava o suficiente para fazer interações. Talvez o receio fosse parte do obstáculo. Não que não gostasse da Clara. Ela falava bastante, falava pelas duas e aquilo era até bom. Ainda mais quando a própria Skye não tinha o melhor humor para uma conversa. – Eu trago outra coisa pra você depois. – Deixava a casquinha no chão para o cachorrinho.

    Levantou e andou para que era uma festa? Viu o bolo. Memórias vieram, não tão boas. Não ganhava um bolo desde que sua vó tinha... Balançou a cabeça. Evitando o pensamento, quase desistiu na metade do caminho. Clara era uma das poucas pessoas que não tinha medo dela e se não fosse, provavelmente teria ela no seu pé enquanto estivesse no parque. Skye olhou a mesa, o bolo. Não sabia bem o que fazer. – Oi... Clara. – Notou a forma que a menina estava vestida, talvez quisesse um vestido também.

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    Mensagem por Wordspinner Ter Fev 02, 2021 7:33 am

    O cão age como um cão, com extrema e desajeitada gratidão. Ele morde o sorvete e se sacode de um lado para o outro. Ele pula e empurra Skye e balança o rabo e o corpo. Clara gargalha uma risada limpa e alta e estridente. A dança insana de alegria que não para, só aumenta até o ultimo pedaço da casquinha ter sido comido. Então o cachorro começa a chorar enquanto lambe o chão e abana o rabinho como se pudesse sair voando com ele. "Eu gosto de filhotinhos." Não era um cão grande, mas não era um filhote. Clara a prende em seu abraço doce e literalmente melado. "Eu tenho bolo, muito bolo e bolo infinito!!!" Claro que a menina não tinha ideia que isso estava ferindo Skye. O que ela queria era dividir seu bolo que nem era tão grande assim. "Cla-ra! Bolo só depois do parabéns!" A mãe dela era alta e bonita e não tinha nada a ver com ela.

    A mulher se aproxima muito rápido com pernões gigantescos. "Vem meninas, tem suco e chá e rolinhos de canela!" A voz é gentil e amaciada. "Rolinho de canelaaa!!" Clara corre puxando Skye, mas Skye escapa entre seus dedos. "Ela fica com gases se beber refri." Ela sorri para Skye como se ela fosse uma criança normal. "Vai lá, tá tudo bem gostoso. Fui eu que fiz." Ela fala abaixando e olhando de Skye para Clara. "Essa menina vai acabar caindo... Cla-ra! An-da-ndo, filha!" Ela separa bem as silabas e ri quando termina de gritar com a filha, que só vira faz que sim com a cabeça e volta a correr segurando o vestido com as duas mãos.

    A mesa do bolo de Clara é comprida demais. Uma mesa esquisita coberta de coisas rosa de princesa. O chá em uma grande jarra e o suco em outra. Dois meninos estranhos estavam saqueando a mesa. Mas até eles respeitavam o circulo de docinhos vermelho em volta do bolo.
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    Mensagem por Malk Sáb Fev 06, 2021 2:14 am


    Skye cogitou fazer qualquer comentário sobre o cãozinho e o sorvete quando sentiu os braços de Clara se fechando ao seu redor, e parou na mesma hora. Se tivesse sido a primeira vez, estaria completamente travada no lugar, mas depois de uma ou duas vezes, já tinha entendido que era uma coisa que a outra garota gostava de fazer e a única coisa que podia fazer, era só ficar parada e esperando uma oportunidade de recuperar seu espaço de volta. Ali esmagada, ela percebeu a mesa, mas foi a mãe que chamou atenção.

    Começou a se sentir desconfortável. Ela tinha sido criada com uma noção diferente do que era uma “mãe”, e não podia deixar de achar estranho como, no parque, todas as outras mães sempre pareciam estar sorrindo. Ela gostava, mas não olhando tão de perto. Clara correu. Skye ficou parada. A mão direita apoiada no cotovelo esquerdo, quase formando um escudo na sua frente. Ficou observando mãe gritando com a filha, trazia algumas memórias. Os sorrisos também. Era um dos motivos de gostar de visitar o parque. Vagamente tendo lembranças de sua avó. Não disse nada para a mãe de Clara, andando atrás de onde a garota tinha corrido.

    Olhou a mesa de ponta a ponta. Não se lembrava do aniversário de Clara, na verdade, não ouvia tudo o que a “amiga” dizia também. A comida na mesa certamente se comunicou com ela quando a barriga começou a roncar. E a hesitação ia embora quando via os outros meninos comendo. Já tinha perdido qualquer resquício de ansiedade ou hesitação. Nem se sentou na mesa, começando a encher as mãos dos rolinhos e a boca também, ainda não tinha começado a colocar nos bolsos, mas o pensamento passou pela cabeça. – Por que é tudo rosa? – Perguntou a Clara, a boca meio cheia. Suas festas não eram assim e Skye também não conseguia se lembrar tanto de ligar para cores. Clara gostava de rosa? De princesas parecia que sim.
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    Mensagem por Wordspinner Dom Fev 07, 2021 3:28 am

    Clara encara Skye por um longo segundo. Depois outro. Então ela pega um rolinho e enfia na boca. Ela mastiga com dificuldade. O tempo todo não tira os olhos de Skye e a olha com uma enorme cara de dúvida. Ela engole seco. "Ue. Princesas tem tudo rosa. Cê não sabia?" Ela pega uma tiara rosa e com pedrinhas brilhando exatamente igual a que ela está usando. "Quer ser uma princesa também?" Ela diz com olhos cheios de uma animação febril e infantil. A menina encosta a tiara na mão de Skye e em um instante a larga e corre gritando. "Princesas!" Ela balança os braços e ri. A mãe acompanha a filha com os olhos o tempo todo. A preocupação marcada no rosto.

    --

    A mão se fecha no seu ombro. Os dedos apertam até doer. Ela estava brincando. Jogando contra os meninos. Um complexo jogo com tacos, tampinhas, bolas e chinelos. A mãe. Ela puxa Skye com força. Os lábios apertados de raiva. O cenho franzido de esforço. Ela não diz uma palavra, ela as gritaria em casa.
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    Mensagem por Malk Dom Fev 07, 2021 5:32 pm


    Ela a encara de volta. Talvez se questionando se tinha feito uma pergunta idiota. Os outros meninos não pareciam reparar da mesma maneira. A resposta a fez tentar lembrar da última vez que tinha visto filmes de princesas, fazia muito tempo. – Eu não lembro. É como a barbie?  – Foi sincera. Já tinha visto outros desenhos, e princesas definitivamente estavam entre os materiais escolares das crianças da escola. Rosa era tão importante assim? Quando Clara oferece a tiara, Skye larga os rolinhos e observa o acessório, ela queria.

    Limpou as mãos na camiseta, olhou para Clara correndo e para a tiara. Tomando cuidado de pegá-la e a colocar na cabeça. Não expressou nada, mas a animação veio. – Princesas. – Concordou com a menina, acenando a cabeça. E se perdeu na brincadeira, ela estava mais acostumada a brincar com os meninos. – Como se brinca de princesa?
    [...]

    Skye estava com um taco na mão, esperando a sua vez no jogo quando sentiu o aperto no ombro. O corpo reagiu, quase em reconhecimento direto. A situação era familiar, o cheiro tanto quanto. A expressão se fechou, sentiu o puxão e deixou que o taco caísse. Foi um movimento por reflexo. Forçou a mão da mãe para se soltar. Era uma criança diferente agora. Encarou a mulher como se fossem iguais, tinha raiva também.

    – Eu tô jogando. – Respondeu, se recusando a andar. Sabia que a mãe queria leva-la de volta e estava a desafiando. Não estava pronta para voltar ainda. O jogo ainda não tinha terminado.
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    Mensagem por Wordspinner Qua Fev 10, 2021 12:47 am

    "Igual a Barbie!" Ela diz. "Mas pode ser Winx também se quiser. Ou Bela Adormecida se tiver com sono." Ela diz parando de correr' e fingindo dormir na mesa. Ela abocanha um dos rolinhos de canela sem levantar da mesa. "Não é legal? Quer jogar taco?" Ela diz com a mão na frente da boca, algumas migalhas caem com as palavras.

    --

    "Você está Indo para casa agora. Quem deixou você sair?" A voz da mãe beirava a histeria. Contida com muito esforço. Mas inesperadamente a mãe de clara se intromete "Não tem problema ela brincar, é aniversario da minha Clara e ela insistiu muito pra chamar a..." Será que ela não sabe o seu nome ou é a cara de braba da mamãe? "Ela vai pra casa agora, já brincou demais." Skye sente a mãe puxar com força. Os pés da menina raspando no chão com o primeiro tranco.
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    Mensagem por Malk Qua Fev 10, 2021 1:53 am


    Balançava a cabeça concordando com Clara como se fosse o assunto mais importante do mundo, para Skye era mesmo, estava aprendendo como funcionava. Inclinou um pouco a cabeça quando ouviu ela falar de winx. – Mas elas são fadas. Não princesas. – Ficava pensativa. – Ah, a Stella é uma princesa. Eu acho. – Se pudesse ficar soltando poderes para ser uma princesa então ela queria mesmo ser uma. E a mudança no assunto também fez Skye trocar o foco. Ela pegou dois rolinhos e enfiou na boca e se levantou, aquele jogo ela conhecia. – Eu vou ser a princesa do taco!

    [...]

    Skye estava mais concentrada em lutar contra a força da mãe do que ouvir ou responder a gritaria que ela estava fazendo. O que parou momentaneamente com a intervenção da mãe de Clara. Olhou para a mulher, com a expectativa de que ela falasse alguma coisa. Que a ajudasse. Mas ela não fazia nada e sentiu a frustração subir em conjunto com a raiva de ser arrastada. Não era tão forte, mesmo resistindo a mãe estava ganhando. – Eu. Não. Vou. Ir. – Se forçava na direção contrária, sem fazer diferença contra a força de um adulto. E foi além, sem pensar nas consequências mordendo a mão da mãe.
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    Mensagem por Wordspinner Qua Fev 10, 2021 11:34 pm

    Skye carregava o time das meninas nas costas. Clara era horrível. Ela torcia e comemorava cada movimento. Ela gritava e curtia. Mas não conseguia fazer nada certo e ainda tinha a total e absoluta alegria em cada mancada. Mesmo assim estavam a um ponto da vitória, ela pelo menos distraia o outro time. No momento final e decisivo. A última tacada se ela acertasse. Nessa hora a mãe chegou. Mãe que estava arrastando ela a força, mãe que respondeu a mordida com um tapa forte. Um silêncio enorme seguiu o tapa e então ela ouviu o choro, mas nem tinha percebido que estava chorando. Porque? Não era Skye, era Clara que dos braços da mãe tentava alcançar Skye.

    A mãe agora segurava ela pescoço. Skye sentia o gosto de sangue na boca, dela, da mãe.

    Em casa, dessa vez ela trancou Skye no quarto e arrastou o armário para frente da janela.

    --

    Dessa vez Skye teve que sair pelo telhado. Sua mãe já tinha passado a prender ela em cada lugar que podia da casa, agora ela ficava no sótão. Ela ficou semanas pensando em como sair, amaldiçoando o maldito passarinho bicando o telhado. Até que uma das telhas caiu. Um fresta de luz deixava as cruzes mais visíveis. As garrafas de água que a mãe rezava todos os dias. A mãe definitivamente tentava, todas as coisas erradas, mas tentava.

    Skye olha a luz entrando e outra telha cai para dentro da sua prisão. A menina testa as outras e consegue soltá-las. Uma, duas, três, quatro e pronto ela consegue sair. Passo a passo pelo telhado até a borda. Ela vai até a beira e olha lá para baixo. Muito alto. Muito, muito alto. Skye senta na beirada por um tempo até que vê o seu caminho para descer, a calha.

    Ela desce bem devagar, o coração na boca o tempo todo. Suor nas mãos faz tudo ainda pior. O medo faz ela ficar toda suada. Olhar pra baixo faz o mundo girar um pouco. As batidas nas costelas, por dentro, são quentes. Ele desce mais um pouco. Mais um pouco. A mãe aparece subitamente na janela e ela quase cai. Escorrega e sente a mão arder ralada e cortada. Ela quase grita e quase cai. Mas a mãe não a vê. ela passa sem perceber nada pela janela. No chão ela tinha que procurar uma de suas rotas alternativas, a mãe mandou cortar a árvore quando descobriu que era ela que ajudava.

    Subir pela grade nova machucava as mãos. Mas a dor durava pouco. Bem pouco.

    Assim que la chega do lado de fora vê um garoto correndo para longe. Ela tinha machucado ele. Machucado tanto que ninguém acreditou que foi ela.

    A rua era larga, duas vias. Casas dos dois lados e nas duas direções. Um subúrbio confortável. Finalmente livre, mas para onde ir?
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    Mensagem por Malk Qui Fev 11, 2021 4:30 am


    Os batimentos eram mais rápidos durante o jogo. Uma energia que a deixava elétrica e focada. Ela não se importava que as outras meninas eram ruins, não reclamava. Ela queria ganhar. Cada lançamento, cada ponto, aumentava a euforia que se tornava perigosa. Mais agressiva, menos cuidadosa. Como se o jogo fosse a coisa mais importante. Foi o combustível da revolta maior quando a mãe interrompeu. Então veio o tapa. Sentiu o rosto arder, as lágrimas ameaçando cair, segurou o choro. Foi quando ouviu que outra chorava, ela olhou Clara. A mãe a impedindo de ajudar. E todas as outras crianças que também observavam a cena, adultos também, parou de resistir ali.

    Ninguém fazia nada. Eles nunca faziam nada...

    Ouviu a tranca do lado de fora do quarto, não bateu na porta dessa vez. Limpou o sangue na boca esfregando com a mão. A janela coberta pelo armário impedia que a luz entrasse. Conseguia escutar a mãe xingando pelos corredores da casa. Ela caminhou pelo quarto, se sentando entre o armário e a parede. O canto era mais escuro. Abraçou os próprios joelhos. Não ia chorar.

    [...]

    O sótão era diferente dos outros cômodos da casa. Não havia muito com o que mexer. O tempo parecia passar ainda mais devagar. Depois de alguns dias o nariz já não se incomodava com a poeira. As aranhas fazendo teias era a única coisa que podia assistir quando não estava pensando em uma saída. Ou quando os pássaros deixavam o telhado. Ou para se distrair da fome. Às vezes a mãe trazia comida, às vezes parecia que nem lembrava a última vez que tinha comido. Estava deitada, olhando para o telhado, descansando enquanto a mente tentava traçar uma nova saída. Aquele lugar estava se provando um desafio maior.

    O ruído no sótão a fez olhar para a portinha que levava para dentro da casa. A mãe estava trazendo comida? Olhou para os lados e percebeu a luz vindo de cima. Ela se aproximava, outra telha caía. Não pensou duas vezes para abrir espaço e investir na escalada, mas tomou cuidado em não simplesmente derrubá-las e fazer barulho para ser descoberta. Talvez outra criança tivesse medo. Que as telhas cedessem enquanto andava. Que despencasse lá do alto por nervosismo. Não Skye. Ela encarou a beirada, o coração bateu mais rápido. Adrenalina do começo da fuga. Alto. E ainda considerava pular até lá embaixo. Pensou na dor. Não tinha testado o seu corpo daquela maneira ainda. Desistiu da ideia, demoraria, e seria pega. Sentou-se e olhou por cima das grades que agora cercavam a casa, a rua do outro lado. Quase lá.

    A calha já tinha a traído uma vez, em fugas anteriores quando tentou pular pela janela. Tinha despencado com ela junto, mas não tinha escolha. E teria que confiar que a calha nova dessa vez aguentaria seu peso. Agarrou nela e começou a decida. A excitação pulsando no corpo. “Quase lá. Quase lá.” O pensamento se repetia, olhou para baixo e se arrependeu, segurando com ainda mais força na calha. As mãos doíam pela pressão e manter o corpo pendurado, os pés não ajudavam, escorregavam bastante tentando se apoiar na estrutura da casa. Escutou a janela abrindo, parou, de novo. Até a respiração parecia ter parado. Esperou que ela saísse, soltou o ar e continuou a descida. Quando passou pela janela, por um segundo, muito breve, ela pensou em pular lá dentro. Ela queria ficar. Mas não presa. Olhou para a janela, para o chão que já estava mais perto. Decidiu escolher a liberdade e terminou a descida.

    Não perdeu tempo tomando água dessa vez, tinha pressa para escapar. Sentiu a dor de subir a grade, mas não se importou. Iria se curar. Sempre curava. Finalmente do outro lado. Os passos correndo fez o coração bater mais rápido outra vez. Quase começou a correr achando que era a mãe, notou o garoto correndo. Ela não fez nada. Talvez tivesse o encarado. Não se lembrava de todas as pessoas que tinha machucado. Às vezes era ela. Às vezes... Algo diferente. Mas o motivo ela conhecia. Sentiu algo vibrar dentro dela, tão rápido quanto um piscar de olhos. Não. Não era ele seu foco. Ela estava com fome. Não podia ir para o parque a mãe sempre a encontrava lá. Começou a andar pelas ruas, explorando um pouco mais do que só a vizinhança. Ela procurava um mercado, uma padaria ou um posto de gasolina. Um lugar pequeno onde encontrasse comida fácil, ainda não estava tão desesperada para procurar no lixo. Ainda.
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    Mensagem por Wordspinner Sex Fev 12, 2021 9:52 pm

    A loja tinha sido reformada desde a última vez. Estava tão clara. Tão colorida. Tão cheia de doces e pacotes brilhantes de salgadinhos. Cores vibrantes. Freezers enormes com fumacinha de frio dentro. Ela passa pela porta de vidro como uma sombra. Uma criança sem dinheiro querendo comida precisava ser uma sombra. Se clara estivesse ali ela pagaria alguma coisa. Clara sempre tinha um trocado e sempre guardava até o fim do dia esperando Skye.

    Ela vai direto pro banheiro de funcionarios que ficava no fundo. Nunca estava trancado. Agora estava melhor. Tão branco. Mas ela não ligava muito. Precisava se limpar para chamar menos atenção e porque era melhor. O sangue sempre pegava nas coisas e era sujo e melado. Chamava atenção demais. Ela lava as mãos e fica com aquele cheirinho gostoso e a sensasão refrescante. A mão dela não tinha marca nenhuma. Nem de quando caiu ou se ralou. Ela já tinha visto marcas em outras pessoas. Quando machucou o menino ele ficou marcado. Ele não sarou rápido, ele sangrou e gritou e chorou. Ela joga água no rosto e empurra a imagem pra longe.

    Ela sai do banheiro e não vê ninguém no seu caminho. Passos lentos e olhos atentos. Dedos rápidos e tem um pacote amassado na barriga.

    Ela ouve o sininho da porta e sabe que conseguiu. Já está sentindo o gosto salgado quando a mão grande segura sua camisa por trás. "Dessa vez não garotinha." A voz era grave, mas géntil. A palma quase branca aberta do lado dela. Ela conhecia o segurança. O único que pegava ela todas as vezes. Não adiantava tentar fugir. Ele levatava ela e esperava cansar se tentasse. Ele não cansava e nem batia nela. Skye vê que o rosto negro sorria para ela. Continuava sorrindo quando ela devolveu o pacote, mas não a soltou até pegar as balas e os chocolates. Quando ela é obrigada a entregar todo o saque ele finalmente a liberta sem nenhum rancor. "Tenho meio sanduiche pra você." Ele diz e tira um triangulo de pão, embrulhado em pápel, de dentro do bolso do casaco. Era um sanduiche de atum. Sempre era atum. Ele coloca a comida do lado dela e volta para dentro da loja.

    --

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    Mensagem por Malk Seg Fev 15, 2021 4:59 pm


    A loja parecia nova, mas os atalhos continuavam os mesmos. Skye marcava o balconista, os clientes espalhados pelos corredores, adultos que a expulsariam enquanto passava sem ser notada, novamente não era sinônimo de limpeza e precisou tirar o sangue das mãos e das roupas antes de fazer o que tinha vindo fazer. O sangue parecia literalmente a seguir, grudava em toda a oportunidade, não deixava marcas mas a acompanhava, ela não se importava tanto, mas sabia que as pessoas sim. Lavou as mãos, o rosto, pensou na última vez que tinha tomado banho ou trocado de roupas. Ou que tinha arrumado os cabelos, olhou o reflexo no espelho. Deu de ombros e saiu.

    Os corredores eram quase um segundo parque, já conhecia, já sabia onde procurar. A maior parte enfiada nos bolsos era besteira e talvez nem precisasse, mas guardar comida para depois era quase uma obrigação, não sabia quando teria a oportunidade outra vez. Rápido, ao menos tentou, saindo da loja e pronta para correr se a mão não tivesse a parado. Não tinha sorte mesmo. Ela virou para trás ouviu e viu o segurança, a raiva pela frustração até veio, mas não com intensidade. Eram os pequenos momentos que ela queria que ele tivesse medo dela e pudesse sair dali, mas não funcionava assim. Ela não funcionava assim e aquilo irritava um pouco também. Não tentou escapar e nem dar uma desculpa, às vezes era mais esperta que ele, mas hoje não era o dia. Levantou os braços e deixou que tudo caísse no chão, esvaziando os bolsos e também deixando cair. Ela não tinha uma expressão amigável no rosto e ainda foi traída pelo estômago roncando a aceitar o sanduíche, que pegava e corria para longe antes do dono da loja a ver ali. Ele não era tão legal.

    Do outro lado da rua, sentou na calçada e comeu o sanduíche. Ele não mataria toda a fome que estava sentindo mas distrairia o suficiente. Ali, ela pensou em como voltar lá dentro e conseguir o que precisava. Com o segurança seria difícil. Ele era muito grande e, bem, Skye não queria realmente machucá-lo. O papel do embrulho virava uma bolinha que a menina brincava jogando de uma mão a outra, pensativa. Ela não tinha outro lugar pra ir. Na verdade tinha, mas estava pensando em algo diferente. Não soube por quanto tempo ficou na calçada quando decidiu se levantar. Iria procurar por Clara. Ela tinha uma ideia.
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    Mensagem por Wordspinner Sex Fev 19, 2021 1:37 pm

    A casa de Clara era perto da dela, logo era uma área de risco. Mas sempre valia a pena. Dessa vez ninguém ficou no caminho dela. A mãe não apareceu em momento algum. Em pouco tempo ela olhava na janela de Clara. Não tinha muro na casa dela, só uma cerquinha branca e o Wally, um rottweiler grande e babão. Clara estava no quarto com Stela e Lucas, dois irmãos nada pacíficos, mas que tinham com Clara a paciência que não tinham um com o outro. Qualquer um era um alvo válido para farpas, exceto Clara.

    O quarto era enorme, maior que o quarto da mãe de Skye. A menina já tinha entrado na casa e o quarto de Clara era o maior cômodo dali. Enorme. Tinha uma cama beliche, um balanço de corda, uma estante de livros que ia até o teto cheia de coisas da Clara, uma mesa baixa para ela desenhar os rabiscos que ela sempre fazia e mais muitas coisas. Coisas demais para ficar contando. As paredes eram uma de cada cor e rabiscadas, cheias de desenhos da Clara. Uma vez ela chamou Skye para ajudar e foi divertido, elas usavam guache e giz de cera.

    Os três estavam desenhando. Clara estava desenhando e os outros dois brigando um com o outro.
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    Mensagem por Malk Sex Fev 19, 2021 6:39 pm


    Estava correndo um risco voltando, mas não era a primeira vez. E Skye foi sem medo. Cumprimentou Wally com um afago, e deixando as roupas meio sujas pela baba e a sujeira do cachorro pulando em cima dela, não se importou. Ficou um bom tempo espiando pela janela, o trio dentro do quarto, ela queria entrar como uma criança normal, pela porta da frente, só que não confiava tanto assim na mãe de Clara, tinha certeza que ela a entregaria para a mãe na primeira oportunidade como outras vezes. E também não era pelos irmãos que ela tinha ido até ali.

    Saiu da janela e andou um pouco ao redor do quintal da casa, os olhos grudados no chão, procurando uma pedra. Ela e Clara tinham um cumprimento secreto, pelo menos quando visitava a casa da amiga. Era estranho como uma das crianças do bairro confiava nela tanto ao ponto de Skye considerar uma amiga próxima. Ajudava a se sentir menos solitária. Pegou uma pedra no chão não grande o suficiente para fazer um rachado no vidro, menor que uma moeda. Skye ficou próxima da casinha de Wally, usando como esconderijo. Jogou a pedrinha no vidro, buscando o estalo que chamasse a atenção de Clara e então sentou-se no chão. O cachorro do lado, ficou esperando que ela saísse ou a notasse pela janela.
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