por Dycleal Sáb maio 20, 2023 6:34 pm
Após abrir meu coração, sabia que ele faria alguma crítica ou admoestação, porém ele me recriminou pelo meu comportamento de devassar seus documentos afirmando ser inaceitável para minha posição. Não nego que fiquei um pouco constrangida com aquela afirmação professoral como se eu fosse uma criança e ele o mestre me dando uma lição, porém tentei disfarçar, mas parece que o Marquês sempre adivinha meus pensamentos, ele fica olhando a paisagem através da janela observando a noite e como se não fosse nada o que ele tivesse falando, me diz que me dará uma nova chance durante o baile, mas realça que teria que lutar pela posição de ser sua noiva. Aquilo me pega de surpresa e fico pensando porque lutar? E contra quem ou o que?
Neste ponto como novamente ouvisse meus pensamentos e dúvidas, eu fico admirada dele começar falando, qual respondesse o curso dos meus pensamentos, falando que é a princesa Bianca de Navarra que será minha concorrente. Ai me percebo, pensando comigo mesma: - A princesa Bianca, aquela menina mimada que morava em Pamplona a capital do seu reino, onde fui com meu pai e seus exércitos, garantir a soberania do seu pai, o Rei, contra uma invasão dos franceses! Era uma menina irritante nem era tão bonita quanto eu, mesmo sendo um pouco mais velha... Mas não quis mais pensar sobre ela, imaginando que o David estivesse adivinhando os meus pensamentos, e pensar que estava com ciúmes dela, alias, é assim que devo chama-lo, David, pois ele é tão Marquês quanto meu pai.
O David continua novamente a falar, desta vez porém, sem ser em resposta aos meus pensamentos, mas continuando o seu raciocínio e afirmou que ela terá as mesmas chances que eu tive no quarto, quando neguei seu pedido. E logo me vem a mente, que na verdade não fui eu que neguei, mas sim, foi ele que assumiu essa assertiva, fruto de sua própria percepção doentia e deturbada pelas consequências de sua história de vida.
E novamente como se ele lesse meus pensamentos e sentisse a minha insegurança de competir com alguém que vive apenas para a vida fútil em palácios e teria mais habilidades de etiqueta e cortesia, dominando a forma correta de se comportar em uma festa que teríamos logo a seguir, eu precisava ter um aprendizado rápido em etiqueta, pelo menos melhor do que eu estava vivento nos últimos tempos, para ter chances nessa disputa e novamente ele fala como se ainda estivesse lendo meus pensamentos e diz que ele gostava da forma como eu não tinha medo dele e nem do olhar dele, como eu encarava ele sem o temer isso para ele me torna especial! Então, após essa fala, ele se volta para seus documentos, voltando a me ignorar.
Neste momento eu tenho uma visão, aquela mesma visão de antes, só que de outra forma e em um cenário diverso, como sempre, aquelas duas opções, eu na minha forma selvagem, correndo sozinha e tendo meus parentes e amigos mortos. E de outro lado, a minha imagem vestida de nobre, está de braços abertos para mim e como meus parentes, próximos, todos vivos, porém como sempre, estou nesta versão, algemada e com grilhões e desta vez pareço estar até grávida e antes que ele, o David, note, que eu tive uma visão, eu volto a mim e disfarçando o questiono: - David, o chamo pelo nome para coloca-lo no seu lugar, lembrando que eu também sou uma filha de um Marquês, Posso te chamar assim, enquanto estamos à sós, não é? Bem, porque você me salvou dos oficiais da inquisição? Afinal, o que você pensa da inquisição para decidir que precisava me salvar deles? E quanto aquela tempestade tão estranha, você tem alguma coisa a ver com aquilo? Foi algo que você provocou para poder ter o cenário perfeito para me salvar? Pois foi bem conveniente...
Vendo que as perguntas saem em um crescente coordenado de dúvidas plausíveis, paro um pouco o fluxo das palavras, para lhe dar uma pausa mental, de modo a ele absorver as perguntas e para fechar o pacote de perguntas, anuncio uma motivação e uma quase desculpa para tantas perguntas: - Desculpe tantas perguntas, mas eu fiquei um pouco confusa naquela hora pois perdi os sentidos e acordei na sua torre, e tudo transcorreu tão rápido até chegarmos aqui... Pode me explicar estas coisas? E antes que você queime a sua mente com as suas respostas a estas questões, você poderia, mesmo que eu perca a disputa para ser a sua noiva, ser o meu tutor nas artes palacianas, melhorando a minha maneira de conversar entre os nobres e me reentroduzir nas regras de etiqueta, pois estou a muito tempo no ambiente da caserna, como bem sabes... Me ajuda para que eu possa colocar elas em prática? Isso me ajudaria muito e lembre-se eu te vejo como um igual, eu respeito a tua história, porque eu me identifico com ela e vivi uma vida parecida não digo igual, mas com os mesmos desafios...
Tomo fôlego depois de tantas perguntas e inalterada em relação aos nervos, mas com emoção na voz, continuo: - Prometo que serei uma companheira leal, sempre, pois te compreendo e sei que o caminho que você abrir nas suas lutas é um caminho que abrirás para mim também e por isso seremos companheiros em todas as batalhas, tanto sociais, quanto as no campo da guerra propriamente dita e te peço, humildemente, que sejas meu mentor nessas artes palacianas tanto de melhorar a minha linguagem e o meu convencimento, pois quanto em ação, eu use a etiqueta e a lábia para vencer os nossos inimigos no campo da diplomacia, economizando muito, os esforços caros da guerra campal. Neste momento, uma gota de suor rola a partir da minha fronte e um pequeno arrepio, corre na minha espinha e sinto que estou no jogo e não quero perder...