Magna Veritas

Por ora tudo ainda estava seguindo de forma controlada. O tarado continuava algemado e a dominatrix se mostrava disposta a me ouvir. E assim que ela abriu a janela respondi também em  linguagem demoníaca:

- Sou a filha de Lilith, Aezhlyn. - Sorrio gentilmente e estendo a mão para Ummah. - É um prazer conhecê-la! - Inclino-me vagarosamente para que não ocorressem imprevistos com aqueles velhos galhos e sussurro para Ummah. - Desculpe ter interrompido a brincadeira. - Completo sem jeito.

Com o andamento da conversa, tive certeza que eles não notaram a presença angelical que estava a rondar o local. No entanto, mantive em silencio já que eles não haviam tocado no assunto talvez eu ainda tivesse algum tempo para embromar.

Era um alivio passar pela janela e finalmente não me preocupar com o quebrar dos velhos galhos da árvore. Apesar que não podia afirmar que estava livre dos perigos.

- Não, ele não é. Eu precisava de uma carona até aqui. Então... - Dou de ombros respondendo ainda na língua demoníaca.

A principio ignorei Andy e mantive minha atenção apenas em Ummah, mas ao ouvir seu questionamento,  logo respondi:

- Melhor não envolver humanos em nossos assuntos. - Inclino-me em direção a Ummah e sussurro. - E ele ainda me deve alguns favores. Então não quero que quebrem meu brinquedo... - Esboço um sorriso travesso.

Volto-me para a janela e debruço-me sobre a mesma:

- Andy, vá me esperar no carro. Daqui a pouc... - Fui interrompida por uma terceira pessoa.

Sai da janela virando-me e encarando Ummah maliciosamente.

- Ménage à trois? - Questionei-a.

No entanto, "merda, merda, merda..." era a única palavra que ecoava repetidamente em minha mente. Como se nada pudesse piorar, agora eu descobria que haviam mais deles pela casa. Porque não corri quando tive oportunidade. Mas ainda havia alguma esperança. Com um pouco de sorte, aquele ser divino poderia surgir e criar uma abertura para eu conseguir me safar.

- Digamos que você tem uma admiradora secreta que quer você em segurança. - Suspiro incomodada. - E infelizmente mamãe concedeu a sua admiradora a minha ajuda... - Balanço a cabeça negativamente ao responder. - Não, somos só nós dois. - E então sorrio sem jeito. - Malz pelo seu circulo.  - Um tom malicioso toma minha voz. - Juro que dá próxima vez vou ser mais carinhosa com seu circulo.

Provavelmente o taradão ficaria mais irritado ainda, mas pelo menos estava ganhando algum tempo. Se Andy fosse esperto o suficiente talvez ele chamasse as autoridades. Apesar de não acreditar que poderia enrolá-los até a chegada deles. Enfim, só sabia que estava em uma enrascada.

- Ele não vai quebrar nada do carro. Não tem porque se preocupar, Ummah. - Concluo fazendo uma careta e mostrando a língua.

Diante das novas palavras de Ummah, levantei uma sobrancelha curiosa.

- Hmm, brincarmos a cinco? - Sorrio maliciosamente. - Se chamar o seu, eu chamo o meu e podemos chegar a um consenso divertido para todos. - Aproximo-me de Ummah e repouso minha mão sobre sua cintura.

Talvez eu conseguisse sair dali sem a necessidade do anjo que estava aos arredores. No entanto, poderia acabar por envolver Andy em algo perigoso. Era uma decisão complicada a se tomar. Mas, antes que pudesse retornar a janela para chamar por Andy, Marcus se dirigiu a mim.

- Sinto muito, Marcus. Mas o sigilo de minha cliente faz parte do favor. - Apesar de responder o taradão, mantenho o olhar fixo em Ummah. - Se caso algo der errado, ela não quer que saibam que ela tentou de ajudar. Pelo que entendi, você tem sido um menino levado. - Sutilmente aproximo-me mais um pouco de Ummah. - Você só saberá quem é ela se caso eu consiga te levar para o local seguro combinado. Só não sei se conseguirei cumprir com os horários. - Sorrio maliciosamente para Ummah. - A tentação para desviar-me do caminho é muito grande. Não é mesmo, Ummah?

Droga, acabava cada vez mais enrolada.

Antes mesmo que conseguisse compreender se Marcus realmente havia descoberto a identidade da sua admiradora secreta ou estava apenas blefando, quando um barulhão no andar de baixo causava alvoroço no quarto.

- Oh, droga! O maldito anjo nos encontrou! - Encaro Marcus. - Temos que sair daqui. - Tentava mostrar que estava do lado deles enquanto o via assumir sua forma astral.

E quando o vi a cara de poucos amigos de Marcus, sabia que estava em uma grande enrascada. Contudo, também pude sentir a presença do anjo logo atrás de mim. No mesmo instante, fico espantada e me aproximo deles apontando para o telhado.

- O que é aquilo? - Assim que eles olharem ou eu estiver entre eles, eu grito. - SHAZAM!!

No mesmo momento um forte estrondo lançava uma onda sônica de caos por todo o quarto.