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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor

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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Empty Re: O Jogo dos Tronos - Asdulfor

    Mensagem por Alexyus Qui Nov 07, 2024 1:39 pm

    Com Lyra

    Lyra manteve o sorriso, embora uma pequena tensão iluminasse seu olhar. As palavras de Asdulfor, tão calculadas e precisas, eram um lembrete de que ela caminhava sobre uma linha fina, onde qualquer deslize poderia significar sua ruína — ou, talvez, algo ainda mais imprevisível. Mas ela não era de recuar. Aquela era a dança que escolhera, e estava pronta para acompanhá-lo em cada passo, por mais gélido que fosse o ritmo.

    Inclinando-se levemente para frente, ela respondeu, com a voz baixa e carregada de uma segurança tênue, mas impenetrável.

    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Lyra_j10
    — Mestre Asdulfor, sua confiança será sempre bem guardada comigo, assim como qualquer risco que eu possa correr ao seu lado. Quanto ao preço, sempre será justo... tanto quanto o senhor permitir.

    Ela suavizou o tom com um sorriso, não deixando transparecer qualquer hesitação, como se o jogo fosse apenas um estímulo em vez de um risco.

    Com um pequeno aceno de cabeça, Lyra se afastou, os passos suaves ecoando pelo aposento enquanto fazia sua saída. Ela manteve a compostura, o porte ereto e o semblante impecável. A cada passo, sua mente percorria rapidamente o que poderia ser sua próxima cartada, sempre um passo à frente, sempre calculando.

    Ao alcançar a porta, virou-se levemente, o olhar determinado e um sorriso quase desafiador nos lábios.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Lyra_j10
    — Estarei sempre à disposição, meistre, sempre que precisar.

    E, com um último olhar, afastou-se, deixando para trás o silêncio e o ar repleto das promessas e riscos velados de sua aliança com Asdulfor.

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    COM YARA

    Yara manteve-se imóvel por um momento, absorvendo a intensidade de Asdulfor e pesando cuidadosamente suas próximas palavras. Aquele era um homem que não se contentava com respostas fáceis; ele buscava o desconhecido com a mesma determinação com que ela própria navegava pelos mistérios que as sombras revelavam. Mas Yara também sabia que conhecimento demais poderia ser uma armadilha, e que alguns segredos eram selados por um motivo.

    Seus olhos, profundos e insondáveis, ergueram-se para encontrar os de Asdulfor, e ela deixou que um leve sorriso, sombrio e enigmático, se formasse em seus lábios. Ela respondeu, a voz quase um murmúrio que parecia se fundir com o ar, como se falasse diretamente às sombras ao redor.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — As sombras revelaram fragmentos de um futuro que se molda ao passo de escolhas e sacrifícios. Elas falam de um poder que está destinado a destruir ou a forjar. Uma força que se acumula como tempestades sobre os oceanos, uma maré que arrasta consigo aqueles que se atrevem a desafiar seu fluxo.

    Ela pausou, fechando os olhos por um instante, como se ouvisse algo distante, algo sutil que apenas ela poderia captar. Ao abrir os olhos novamente, um brilho sombrio reluzia ali, como uma chama cintilando no escuro.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Há uma voz entre as sombras que avisa que o preço para tal poder pode ser a própria essência de quem o busca.

    Ela continuou, permitindo que cada palavra soasse como uma advertência, e não um convite. 
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Aqueles que tentam moldar as sombras são moldados por elas, e poucos saem incólumes.

    As palavras de Yara foram recebidas com um breve silêncio, e ela pôde ver o brilho fascinado nos olhos de Asdulfor, o brilho de um estudioso obstinado que estaria disposto a arriscar tudo para tocar aquele poder.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Meistre, só posso guiá-lo até certo ponto. Além disso, o caminho é seu para percorrer, mas saiba que as sombras nem sempre perdoam.

    Ela esperou, observando-o com uma calma firme, deixando o peso das suas palavras pairar entre eles.

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    COM RALPH

    O taverneiro Ralph ouviu o pedido de Asdulfor, rabiscou alguns números e finalmente disse:

    - Posso arranjar isso, Meistre Asdulfor. Ao custo de 8 dragões de ouro.

    OFF: Marque o gasto no tópico Cofre do Tesouro.

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    AS PRÓXIMAS DUAS SEMANAS

    O treino de Rakashar era extremamente cansativo fisicamente para um velho como Asdulfor, mesmo com suas capacidades empáticas com os animais.

    Já Morghul era bastante inteligente, mas muito genioso e estava bastante perturbado com a presença de Yara.

    O ensino de westerosi era um desafio pedagógico para o meistre nortenho, com dois alunos muito diferentes entre si: Olac tinha o idioma como sua língua nata mas sofria para reconhecer letras no papel e associá-las aos sons; por sua vez, Yara conseguia ler e compreender as palavras, mas o som delas era uma prova difícil para ela, que não conseguia entender o que ouvia nesse idioma e menos ainda pronunciar as palavras.

    AS NOITES COM YARA

    Na quietude das noites, enquanto a lua cheia lançava uma luz pálida e misteriosa sobre o aposento, Yara e Asdulfor estavam reunidos em um dos cantos mais sombrios da estalagem. Uma mesa simples de madeira estava coberta de velas, que Yara havia cuidadosamente preparado. O ar era preenchido com uma fragrância densa e herbácea, misturando-se ao crepitar das chamas que iluminavam suas expressões com um brilho quase sobrenatural.

    Yara, com movimentos lentos e graciosos, depositou um pequeno punhado de pó vermelho nas chamas de uma vela, fazendo com que uma chama viva e alta se erguesse por um instante. Ela olhou para Asdulfor, seus olhos refletindo o fogo, e começou a falar, sua voz baixa e carregada de reverência.
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    — Os deuses, meistre, são como as sombras que dançam. Os Deuses Antigos, os Sete que são Um dos ândalos, o Deus Afogado das Ilhas de Ferro, o Deus das Tempestades, O Leão da Noite, o Bode Preto, a Criança Pálida, o Grande Garanhão dos dothraki, a Senhora Chorosa de Lys, o Deus Ovelha dos lhazarenos, o Rei Caranguejo, o Deus de Muitas Faces, todos eles existem e têm poder. Diferentes e igualmente insondáveis em cada canto do mundo. Aqui, em Westeros, as divindades têm raízes antigas e profundas, como as árvores-coração, que são canais para alcançar os Desues Antigos. Elas ouvem e observam, mas são mudas e implacáveis. As faces esculpidas no represeiro, por exemplo, guardam segredos de milênios, prontos para quem ousa pedir sua visão. Elas não são os únicos canais. Há muitos outros. E até mesmo os homens e mulheres podem ser canais para canalizar o poder dos deuses.

    Ela fez um movimento com a mão sobre o fogo, e o reflexo das chamas pareceu ondular e tremeluzir, formando imagens confusas que iam e vinham.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Em Essos, os deuses tomam outras formas, mas o princípio é o mesmo. Eles revelam e escondem, exigindo obediência absoluta. Veja R'hllor, o Senhor da Luz. 

    Com um movimento rápido, ela empurrou um pouco mais de pó vermelho no fogo. A chama cresceu, dançando e emitindo um leve calor. 
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — O fogo é sua ferramenta. Nas chamas, é possível vislumbrar o futuro, decifrar profecias e aprender sobre os caminhos que ainda não foram trilhados.

    Ela indicou a Asdulfor para que olhasse mais de perto as chamas. E enquanto ele se aproximava, as sombras dos dois se alongaram e se contorceram nas paredes, como se também estivessem tentando escutar.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Encare o fogo e permita-se perder no ritmo dele, o Senhor da Luz revela o que ele desejar e nada além. Apenas aqueles com coragem para enfrentar as consequências de suas visões podem tocar essa força.

    Asdulfor observou fixamente, e, por um breve instante, achou ter visto a silhueta de uma figura misteriosa no meio das chamas. Mas a visão logo desapareceu, deixando apenas o calor e o brilho do fogo diante dele. 

    Depois, Yara apagou a chama com um gesto, e o aposento mergulhou em uma escuridão quase absoluta. Ela ergueu as mãos, e, com um murmúrio de palavras em uma língua esquecida, as sombras começaram a se mover ao seu redor. Sombras de todos os cantos da sala pareciam se aglomerar e se envolver ao redor de Yara, criando formas vagas e contornos incertos que pareciam ganhar vida.

    Ela murmurou, sua voz quase um sussurro.
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    — Asshai é o lar de deuses mais obscuros, e os sacerdotes e feiticeiros de lá invocam o poder das sombras. E as sombras, Asdulfor, são perigosas. Elas podem ser usadas como ferramentas, espiãs e até mesmo armas, mas sempre pedem um preço. A vida, a luz, o sangue… algo sempre é deixado em troca.

    As sombras ao redor dela, como criaturas obedientes, começaram a se mover ao seu comando. Yara estendeu uma mão, e uma das sombras desceu pela parede, serpenteando até a mesa, passando por perto da mão de Asdulfor, que a observou com um fascínio que beirava o desespero. A sombra deslizou como se fosse sólida, parecendo capaz de invocar algo muito além de meras ilusões.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Com o tempo e o sacrifício, você pode aprender a controlar o que está à margem da luz. Mas saiba que as sombras nunca pertencem totalmente a quem as chama. Assim como os deuses, elas têm suas próprias vontades e podem trair quem as subestima.


    OFF:  @Sandinus, faça um teste de Lidar com animais (Treinar), com dificuldade 15 para Rakashar e um para Morghul com dificuldade 12. Role um teste de Conhecimento (Educação) com dificuldade 12 para Olac e um com dificuldade 15 para Yara.
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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Empty Re: O Jogo dos Tronos - Asdulfor

    Mensagem por Sandinus Qua Nov 13, 2024 11:58 pm

    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Dalle_11
    Meistre Asdulfor


    Com Yara:



    Asdulfor ouviu as palavras de Yara com a intensidade de um estudioso que há muito havia jurado desbravar os mistérios além do véu da realidade. As advertências dela reverberaram em sua mente como ecos de segredos antigos, e seus olhos, atentos e famintos, absorviam cada nuance daquele diálogo carregado de sombras e prenúncios. Ele sabia que o poder que ela mencionava não era simples; era uma força que moldava e era moldada por aqueles que ousavam tocá-la, uma força cujas consequências poucos poderiam prever.

    Observando Yara, ele notou a chama sutil que reluzia em seus olhos, um reflexo de um entendimento compartilhado apenas pelos que trilharam caminhos perigosos. A menção de um preço, a essência perdida por quem busca dominar as sombras, era uma verdade que Asdulfor reconhecia. Ele próprio já sentira os dedos frios da escuridão tentando esculpi-lo de acordo com seus próprios desígnios.

    Com um murmúrio grave, Asdulfor finalmente rompeu o silêncio, a voz carregada de determinação e uma familiaridade inquietante com o desconhecido.
    — Se o preço é a essência — disse ele, as palavras desenrolando-se como uma profecia —, então minha essência já é metade sombra. Não há como voltar atrás quando a curiosidade se transforma em destino. Se as sombras pedem algo em troca, elas já têm parte de mim.



    Ele a fitou com firmeza, a luz trêmula lançando sombras que dançavam em seu rosto, refletindo a decisão que pesava em sua alma. As sombras não o intimidavam; o vazio da inação, esse sim, o aterrorizava.
    — Guia-me até onde podes, Yara, e deixemos que os deuses, sejam antigos ou novos, testemunhem o que repousa além do teu alcance. Pois eu, Asdulfor, não temo o abraço da escuridão, mas sim a chance perdida de nunca ter ousado enfrentá-la.


    TREINOS E ENSINOS:



    Durante aquelas duas semanas de desafios implacáveis, Asdulfor sentia o peso de cada momento arrastar-se por seus músculos e ossos, uma lembrança amarga da idade que já o havia alcançado. O treino de Rakashar, o feroz companheiro animal, sugava dele as últimas gotas de vigor. Cada comando, cada exercício, exigia uma precisão que ia além do simples controle; era necessário fundir-se ao instinto da fera, entrar em sua mente e entender suas motivações. Asdulfor, mestre das sutilezas da empatia animal, sentia-se desgastado, mas cada gota de suor era uma moeda paga pela lealdade de seu aliado bestial.

    Morghul, por outro lado, perturbava-o de maneira diferente. A inteligência daquele corvo negro era indiscutível, mas sua personalidade intransigente e a agitação causada pela presença de Yara faziam com que o meistre enfrentasse confrontos diários. O olhar intenso da ave e seus grasnados desafiadores ecoavam pelo quarto da taverna, uma lembrança constante de que, por mais profundo que fosse seu laço com a criatura, o controle nunca era absoluto. O corvo parecia saber mais do que deixava transparecer, e Asdulfor, com seu olhar penetrante e sábio, tentava captar o que estava além das penas escuras.

    O ensino do idioma westerosi também não lhe dava trégua. Olac, com suas raízes profundas no Norte e uma língua nativa que parecia se revoltar contra o papel, exigia paciência e criatividade. Para Olac, a escrita era uma dança de formas que ele relutava em decifrar. Yara, em contrapartida, devorava os textos com um fervor impressionante, mas suas tentativas de pronunciar as palavras soavam como uma luta árdua e distante. O desconcerto dela com o som do idioma era um quebra-cabeça pedagógico para Asdulfor, que tentava de tudo — desde fonemas fragmentados até repetição cadenciada.

    Mas havia mais do que cansaço e frustração. Durante essas duas semanas, Asdulfor dedicou-se a um ritual mental que lhe era familiar e necessário: wargar suas criaturas, Rakashar e Morghul, por tempo suficiente para vasculhar suas mentes e verificar se existia outro warg infiltrando-se em seu domínio. Essas verificações eram feitas com uma disciplina imprevisível, sem qualquer padrão que pudesse ser antecipado, três vezes por dia, sempre em horários diferentes. Ele sentia a sensação de se desprender de seu corpo envelhecido, um frio etéreo percorrendo sua espinha enquanto se conectava aos sentidos dos animais, rastreando sinais sutis de uma presença que não fosse a sua.

    Cada mergulho na consciência das criaturas era uma mistura de vertigem e vigilância aguçada. No corpo de Rakashar, sentia a pulsação selvagem da floresta, o cheiro do ar carregado de terra e folhas, e a certeza de que, por enquanto, seus pensamentos eram seus. No espaço nebuloso de Morghul, havia uma inquietação, uma sombra na beira da percepção que o fazia hesitar antes de se retirar. Morghul estava, talvez, mais ciente do que ele gostaria de admitir.

    Asdulfor terminava cada verificação exausto, a mente pesada, mas a determinação implacável. Não importava quão profundas fossem as sombras que sondava, ele continuaria atento. Ele sabia que apenas a vigilância constante manteria as mentes dele e de seus aliados protegidas e os segredos que guardava a salvo.

    As noite com Yara:


    Asdulfor sentia o impacto das palavras de Yara como um sussurro ancestral, ecoando em sua mente e alimentando seu desejo de conhecimento. O ambiente saturado pela fragrância herbácea e pelo calor das velas era um templo de segredos, onde cada sombra projetada parecia carregar um fragmento de verdade esquecida. O velho meistre, com seus olhos tão azuis quanto frios, encarava as chamas com a certeza de um estudioso que já tinha desafiado os limites do permitido mais vezes do que podia contar, inclusive subjulgando os sete em Porto Real numa batalha mental.

    A cada gesto de Yara, enquanto manipulava as sombras ao seu redor, Asdulfor observava com um fascínio que ia além da mera curiosidade. Aquilo não era apenas um ritual; era uma janela para um poder que ele ansiava dominar. As menções aos deuses de Asshai, ao Senhor da Luz, e a outros cultos e entidades perdidas pelo mundo ecoavam dentro dele como um chamado. O perigo implícito nas sombras, o preço que demandavam de quem as invocava, parecia não ser suficiente para dissuadi-lo. Asdulfor sempre soube que o conhecimento e o poder vinham com um custo, mas esse era um preço que ele se habituara a pagar sem pestanejar.

    Quando a chama alimentada pelo pó vermelho ergueu-se com uma intensidade quase viva, ele se inclinou, deixando que o calor lhe tocasse o rosto. A silhueta que surgiu por um instante nas profundezas do fogo fez seu coração acelerar, mas o medo não o tocou; em vez disso, um sorriso ligeiro se formou em seus lábios. As sombras que dançavam, formando figuras na parede, eram mais do que simples escuridão; eram potencial, ferramentas esperando serem compreendidas e usadas.

    Quando Yara terminou o ritual, apagando a chama e lançando o aposento em escuridão, Asdulfor sentiu um arrepio, não de apreensão, mas de excitação. As sombras que se moviam ao comando dela, como uma extensão de sua vontade, pareciam responder a algo muito mais profundo, uma força que ele desejava entender. O sussurro dela sobre os sacrifícios necessários e as traições possíveis das sombras soava quase como uma promessa para o meistre. A ideia de que as sombras poderiam ter vontade própria o intrigava, mas não o intimidava.

    Ao ver a sombra deslizar pela parede até a mesa, roçando sua mão com um toque frio e quase sólido, Asdulfor não recuou. Pelo contrário, seu olhar fixo e calculado buscava decifrar cada nuance do fenômeno, com a certeza de que aprenderia não apenas a chamar as sombras, mas a usá-las com uma maestria que superaria qualquer outro praticante. O desafio era imenso, mas Asdulfor estava longe de ser um homem que temia consequências. Se as sombras exigissem sacrifícios, ele os faria. Se tivessem vontades próprias, ele aprenderia a manipulá-las. Afinal, o poder, para ele, não era uma opção; era um destino.

    O Sonho de Asdulfor 


    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Asdulf23
    Asdulfor Fenlinight, 14 anos


    Asdulfor caminhava pelos corredores silenciosos e sombrios do Castelo dos Sussurros. O eco dos seus passos reverberava nas pedras geladas, e o ar pesado parecia conter os sussurros antigos que se entrelaçavam com as paredes. Cada canto parecia carregar um segredo, como se o castelo fosse uma entidade viva e observadora. Ele se dirigia ao pátio, como sempre fizera quando desejava um pouco de paz, embora soubesse que aquele lugar carregava mais do que tranquilidade — havia algo misterioso ali, algo profundo.

    Ao se aproximar da grande porta de ferro do pátio, as folhas se abriram com um suave estrondo, como se o castelo o chamasse para fora. O ar fresco da noite tocou sua pele, e ele atravessou o espaço sombrio, onde as sombras se moviam e dançavam ao ritmo de uma melodia inaudível. No centro do pátio, a Árvore Coração permanecia, altiva e imponente. Suas raízes entrelaçavam-se nas profundezas da terra, e os galhos robustos, que tocavam as estrelas, pareciam uma extensão do próprio céu noturno. O tronco da árvore, com sua casca suave e luminosa, exalava uma energia incomum, como se fosse o coração pulsante de toda a natureza.

    Ele sabia que a Árvore Coração era especial. Sempre sentira uma conexão com ela, como se a árvore o chamasse, como se fosse parte dele e ele dela. Algo no tronco, nas folhas, nas raízes que se estendiam por todo o pátio fazia com que Asdulfor se sentisse em casa, em sintonia com o mundo ao seu redor.

    Naquele momento, ele percebeu algo estranho à sua frente. Surgindo das sombras, uma figura felina apareceu. Mas não era um gato comum. Seus olhos brilhavam como lâminas de cristal, e sua pelagem parecia feita das próprias sombras, fluida e mutável. Um gato das sombras, com uma presença poderosa e enigmática. O gato olhou para ele com uma calma profunda, como se estivesse esperando por algo, como se o reconhecesse, e sua aura era ao mesmo tempo ameaçadora e fascinante.

    Asdulfor, sem hesitar, se aproximou. Ele sentiu uma conexão imediata com o felino, como se o gato fosse uma extensão de sua própria alma. Estendeu a mão, e, quando os dedos quase tocaram a pelagem do animal, algo indescritível aconteceu. O gato não recuou. Pelo contrário, aproximou-se, e seus olhos, agora intensamente brilhantes, penetraram profundamente nos de Asdulfor, como se o desafiassem a mergulhar em um mundo oculto, a atravessar o véu entre as realidades.

    Foi nesse momento que ele sentiu a árvore — a Árvore Coração — em sintonia com ele. Ela parecia respirar junto a ele, e uma energia profunda começou a se espalhar por seu corpo. Era como se o gato fosse o emissário da árvore, uma criatura criada pela própria essência da Árvore Coração, conduzindo-o a um conhecimento primitivo e antigo.

    De repente, uma onda de sensações invadiu sua mente. Ele sentiu a vida pulsando ao seu redor — não apenas a vida humana, mas a vida das sombras, da terra, dos ventos. Ele sentiu a conexão com o gato, com as raízes da Árvore Coração, com o coração pulsante do castelo, com tudo. A sensação de pertencimento foi avassaladora. O gato o guiou, conduziu sua mente através de passagens ocultas, através das raízes profundas da terra e para o vasto reino das sombras. Era como se ele pudesse ver o mundo de uma forma completamente nova, com cada sombra, cada movimento, cada som carregado de significados e verdades ocultas.

    Mas então, uma presença o interrompeu. Seu pai, Uster Fenlinight, apareceu, surgindo das sombras com um olhar firme e grave. Ele estava imóvel, os olhos dourados fixos em Asdulfor, como se o estivesse avaliando. A sensação de conexão com o gato e a árvore se desfez momentaneamente, e Asdulfor sentiu um peso na alma.

    "Ainda não é o momento, meu filho," a voz de Uster ressoou em sua mente, clara e profunda. "A Árvore Coração é mais do que uma conexão com os animais ou as sombras. Ela é um elo com algo muito mais antigo, mais perigoso. O controle virá, mas precisa ser conquistado."

    A imagem de seu irmão, Jasper, surgiu ao lado de seu pai, também em forma de lobo, uma figura imponente e cheia de força. Jasper olhou para ele com uma expressão que misturava compreensão e cautela, como se quisesse adverti-lo sobre o poder com o qual estava lidando.


    Asdulfor tentou resistir ao fim do sonho, tentar manter a visão do gato das sombras, da árvore, da conexão profunda que sentira. Mas as sombras se dissiparam e a imagem do pátio começou a se desfazer. Ele se viu novamente no castelo, no pátio vazio, sem o gato, sem a Árvore Coração, sem a sensação de pertencimento.

    Quando acordou, o silêncio o envolveu. Mas dentro de si, algo ainda pulsava — a sensação de ter tocado algo primordial. Ele sabia que a Árvore Coração, o gato das sombras e o poder de controlar ambos eram parte de algo muito maior, algo que ele ainda não compreendia totalmente. Mas, no fundo, sentia que esse caminho, com todas as suas complexidades e perigos, estava apenas começando a ser revelado. E, apesar do medo, sabia que não poderia fugir de sua própria natureza, do que estava destinado a ser.

    Então ele acordou novamente, mas dessa vez no presente com uma sensação de nostalgia e felicidade, pronto para mais um novo dia.
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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Empty Re: O Jogo dos Tronos - Asdulfor

    Mensagem por Alexyus Qui Nov 28, 2024 8:12 pm

    A Chegada de Lenny


    A noite estava fresca, e a sala de Asdulfor era iluminada apenas por algumas velas cuidadosamente dispostas, projetando sombras oscilantes nas paredes. O som de passos leves no corredor anunciou a chegada de Lenny. Quando a porta se abriu, revelou-se um homem baixo, com roupas surradas, barba desgrenhada e um odor característico de suor e poeira de rua. Ele carregava um saco de pano pendurado no ombro, e seus olhos miúdos varreram o ambiente rapidamente antes de pousarem em Asdulfor.
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    — Meistre Asdulfor, sou Lenny, — começou ele, inclinando a cabeça em uma espécie de cumprimento informal. Sua voz era rouca, como se anos de murmúrios em becos tivessem desgastado suas cordas vocais. — Lorde Beron me enviou. Disse que o senhor precisa de ouvidos atentos onde a luz não alcança.

    Lenny deu um passo à frente, movendo-se com a confiança de alguém que conhece o próprio valor.
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    — Passei a vida onde ninguém olha duas vezes, — continuou ele, ajustando o saco no ombro. — Bêbados, trabalhadores, nobres… todos falam quando acham que não estão sendo ouvidos. E eu escuto. Se o senhor quiser saber o que se sussurra nas tavernas ou o que se cochicha em becos escuros, eu sou o homem certo.

    Ele fez uma pausa, esperando alguma reação de Asdulfor, mas continuou, como se quisesse provar sua utilidade imediatamente.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Oig414
    — Esta manhã mesmo, ouvi falar de uma movimentação estranha no porto. Navios descarregando mais rápido do que o normal, com homens que não se misturam com os locais. Gente de Essos, talvez. Achei que fosse algo que o senhor gostaria de saber.

    Seus olhos brilharam, observando atentamente o rosto de Asdulfor, como se cada linha ou expressão pudesse revelar mais do que as palavras.
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    — Se o senhor achar que sou útil, é só me dizer o que procurar.

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    A Chegada de Sienna


    Algumas horas depois, já no início da madrugada, Asdulfor foi interrompido novamente, desta vez por um leve toque na porta. Ele murmurou uma ordem para que entrassem, e a figura que surgiu era um contraste completo com a de Lenny. Sienna era uma mulher de feições marcantes e expressão alerta, com cabelos escuros presos de forma prática e roupas simples, mas limpas, adequadas para alguém que viajava constantemente. Ela carregava uma cesta cheia de tecidos coloridos, fitas e pequenos frascos de perfume que exalavam um aroma sutil e agradável.
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    — Meistre Asdulfor, — ela começou, com uma voz clara e firme, fazendo uma pequena reverência respeitosa. — Sou Sienna. Lorde Beron me enviou para servir à sua causa.

    Ela colocou a cesta em uma mesa próxima e tirou de dentro dela um pequeno pergaminho enrolado, que entregou a Asdulfor.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Oig113
    — Esta é uma lista de mercadorias que vendi nos últimos três dias. E atrás dela, uma lista de nomes e atividades que observei enquanto fazia isso.

    Seus olhos encontraram os de Asdulfor, e um pequeno sorriso se formou em seus lábios.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Oig113
    — Minha aparência ajuda. Sou só mais uma vendedora ambulante aos olhos da maioria, uma mulher que passa despercebida enquanto as pessoas falam livremente sobre assuntos que prefeririam manter ocultos.

    Sienna apontou para um dos itens na cesta, um frasco de vidro que continha um líquido verde claro.
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    — Mesmo enquanto vendo mercadorias, faço mais do que ouvir. Este perfume, por exemplo. Um mercador da Campina comprou dois frascos ontem, mas deixou escapar algo sobre um carregamento de vinho roubado que precisaria ‘redirecionar’ antes que alguém descobrisse. Coisas pequenas, às vezes, mas juntas, elas constroem um quadro maior, não acha?

    Ela cruzou os braços, em uma postura que exalava confiança, mas sem arrogância.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Oig113
    — Diga-me o que procurar, e garanto que ninguém perceberá que estou espionando. Afinal, todos precisam de algo, e é minha especialidade descobrir o que é.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 B24dce4d225f56c5035ff80833402d50

    Com Yara
    — Se o preço é a essência — disse ele, as palavras desenrolando-se como uma profecia —, então minha essência já é metade sombra. Não há como voltar atrás quando a curiosidade se transforma em destino. Se as sombras pedem algo em troca, elas já têm parte de mim.
    Ele a fitou com firmeza, a luz trêmula lançando sombras que dançavam em seu rosto, refletindo a decisão que pesava em sua alma. As sombras não o intimidavam; o vazio da inação, esse sim, o aterrorizava.
    — Guia-me até onde podes, Yara, e deixemos que os deuses, sejam antigos ou novos, testemunhem o que repousa além do teu alcance. Pois eu, Asdulfor, não temo o abraço da escuridão, mas sim a chance perdida de nunca ter ousado enfrentá-la.

    Na penumbra da noite, o ar estava denso, impregnado de uma energia quase palpável. A pequena sala onde Yara e Asdulfor se encontravam parecia isolada do resto do mundo, como se o próprio tempo tivesse desacelerado. O cheiro de ervas queimando no braseiro misturava-se ao calor seco que emanava das chamas, dançando ao comando de Yara.

    Ela havia preparado o ambiente com precisão ritualística. O braseiro no centro lançava sombras oscilantes nas paredes, criando formas que pareciam ganhar vida própria. Ao redor, runas pintadas com cinzas marcavam o chão, como se traçassem os limites entre o mundo conhecido e o desconhecido.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Sente-se, Asdulfor, e olhe para as chamas. 


    A voz de Yara era baixa, quase um sussurro, mas carregava uma autoridade inegável.

    Asdulfor obedeceu sem questionar, suas vestes roçando o chão enquanto ele se acomodava diante do braseiro. As chamas tremulavam, refletidas em seus olhos azuis gélidos, que agora pareciam absorver o fogo. Ele inspirou profundamente, permitindo que os aromas do ambiente o envolvessem.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — As chamas são mais do que luz e calor, — continuou Yara, movendo as mãos de forma quase hipnótica sobre o fogo. — Elas são portais, revelações. O queimar da madeira ou do carvão é um sacrifício, e no sacrifício, os deuses falam.

    Ela começou a entoar palavras em uma língua que Asdulfor não reconhecia, mas que parecia vibrar no ar ao seu redor. Conforme as palavras saíam de seus lábios, as chamas pareciam responder, crescendo e diminuindo, mudando de tonalidade entre laranja, azul e um verde espectral.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Fixe o olhar no coração do fogo, — instruiu Yara, suas mãos gesticulando suavemente, como se estivesse moldando as sombras ao redor.

    Asdulfor seguiu suas instruções, e sua visão começou a se desfocar. As chamas tornaram-se menos definidas, transformando-se em um turbilhão de luzes e formas abstratas. Ele sentiu sua mente afundar, como se estivesse sendo puxado para dentro do braseiro.

    Aos poucos, o fogo deixou de ser apenas luz e tornou-se uma vastidão escura. Ele estava agora envolto em uma escuridão abissal, onde o calor do braseiro havia dado lugar a um frio cortante. Não havia chão sob seus pés, nem paredes ao seu redor — apenas um vazio infinito.

    E então, os sussurros começaram.

    Eles vieram de todas as direções e de lugar nenhum ao mesmo tempo, uma cacofonia de vozes antigas que falavam em línguas há muito esquecidas. 

    Palavras indistintas se entrelaçavam com sibilos e gemidos, cada som carregado de um peso que parecia pressionar contra sua alma.

    Uma voz em particular destacou-se, profunda e grave, reverberando dentro de seu próprio ser:

    Asdulfor… Tu que buscas o que não deve ser buscado, o que oferece em troca de sabedoria?

    Ele tentou responder, mas percebeu que sua boca não se movia. Sua mente, no entanto, parecia ecoar com sua resposta:

    — O que for necessário.

    As sombras ao seu redor pareceram se agitar, como se rissem ou comemorassem sua declaração. O sussurro grave continuou, agora mais próximo, quase íntimo:

    Os deuses não são um. Não são muitos. Eles são tudo e nada. Suas dádivas vêm com preços que só se revelam no momento certo. Estás preparado para ser moldado, Asdulfor?

    Subitamente, imagens começaram a emergir da escuridão — rostos de deuses antigos e novos, de homens e mulheres, de monstros e sombras. Ele viu o rosto de R’hllor, o Senhor da Luz, cujas chamas consumiam reinos inteiros, e Nyx, a deusa sombria de Asshai, cujo sorriso era mais terrível que qualquer maldição. Outras figuras surgiram, desconhecidas, mas igualmente poderosas, cada uma murmurando segredos em línguas que faziam sua mente latejar.

    De volta à sala, Yara observava Asdulfor em transe. Seus lábios curvaram-se em um sorriso enigmático enquanto ela mantinha o controle do ritual, murmurando palavras para guiar seu aprendiz através do abismo.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — Você está vendo agora, — ela murmurou para si mesma, quase como uma prece. — As sombras te aceitaram. Mas cuidado, Asdulfor. O que elas oferecem pode consumir mais do que deseja dar.

    Dentro do transe, Asdulfor estava envolto em um redemoinho de sombras e vozes. Ele sabia que havia cruzado um limiar e que, dali em diante, seu caminho seria moldado tanto pela luz quanto pelas trevas. Quando finalmente voltou a si, a sala estava em silêncio, e Yara o observava com um olhar avaliador.
    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Yara_d11
    — O que você viu, Asdulfor? — perguntou ela, a voz tão baixa quanto o crepitar do braseiro quase extinto.

    Asdulfor ficara imerso no transe hipnótico por três dias, e sentia seu corpo mais fraco que nunca, mas sua mente fervilhava com as possibilidades.
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    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Empty Re: O Jogo dos Tronos - Asdulfor

    Mensagem por Sandinus Sáb Nov 30, 2024 10:59 pm

    O Jogo dos Tronos - Asdulfor - Página 3 Dalle_14
    Meistre Asdulfor


    A Chegada de Lenny


    A chegada de Lenny despertou em Asdulfor uma curiosidade controlada, como o primeiro vislumbre de uma peça rara em um tabuleiro de intrigas. Sentado em sua sala iluminada por velas, o meistre observava o homem que adentrava o recinto. Com roupas surradas, barba desgrenhada e uma postura que oscilava entre a humildade e a confiança, Lenny parecia perfeitamente à vontade em seu disfarce, algo que não passou despercebido ao olhar analítico de Asdulfor.

    Ele o recebeu com a expressão serena de quem sabe medir suas palavras e seus gestos.

    — Lenny. — O nome saiu de seus lábios com precisão, como um martelo atingindo um prego. Com um gesto contido, indicou que o homem se sentasse à sua frente. — Soube de ti por Beron. E confesso, quando ele mencionou tua existência, fiquei curioso. Não porque exagerasse, mas pela maneira como descreveu tuas habilidades. Um talento raro, ele disse. Valioso.

    Asdulfor inclinou-se levemente para frente, os dedos entrelaçados sobre a mesa enquanto a luz das velas projetava sombras dançantes em suas feições.

    — Quando pedi a Olac que te encontrasse, não era para testá-lo nem para julgar tuas intenções. — Sua voz tinha um tom ponderado, mas direto. — Beron acredita que tens ouvidos atentos e uma mente capaz de interpretar o que esses ouvidos captam. Isso, Lenny, é algo que valorizo profundamente.

    Por um momento, o silêncio preencheu o ambiente, apenas quebrado pelo crepitar das velas. Os olhos de Asdulfor fixaram-se nos de Lenny, avaliando-o com cuidado.

    Então, diga-me: o que carregas contigo? E não me refiro apenas ao saco que levas nos ombros. Quero saber o que ouviste, o que sabes, e se há algo que possa ser útil. Estou disposto a escutar. E, se fores o homem que Beron acredita que és, talvez possamos encontrar algo mutuamente proveitoso nesta conversa.

    Embora calmo e direto, o tom de Asdulfor trazia uma certa expectativa. Ele não demonstrava desconfiança, mas sua mente trabalhava rapidamente, considerando as possibilidades e implicações.

    Enquanto ouvia as primeiras palavras de Lenny, Asdulfor deixava transparecer leve surpresa e admiração pela eficácia do disfarce do homem. No entanto, sua mente vagou brevemente para uma preocupação que vinha o assombrando: o navio vindo de Essos, e a possibilidade de que ele trouxesse alguém em busca de Yara. Ainda assim, afastou o pensamento, decidindo focar-se totalmente na conversa.

    A Proposta de Asdulfor


    Após ouvir mais sobre os relatos de Lenny, o velho meistre tomou uma postura mais ativa. Sua expressão tornou-se ainda mais serena, mas seus olhos brilharam com intensidade.

    — Muito bem, Lenny. Tenho algumas frentes que investigo e nas quais necessito de informações. — Sua voz era firme, mas cordial. — Da mesma forma que tens ajudado Beron, acredito que possas ser igualmente útil a mim. E, claro, receberás tuas recompensas por isso.

    Ele fez uma breve pausa, como se buscasse as palavras certas.

    — Mas, para entenderes meus interesses, preciso te dar contexto. Vou ser breve, mas o suficiente para que compreendas o que está em jogo.

    Asdulfor começou a relatar os acontecimentos que assombravam os Fenlinights desde que saíram do norte. Ele descreveu os dois ataques que sofreram, o falso boato espalhado pelos Dannets, e a captura e morte misteriosa do Cavaleiro Raposa. Falou sobre a morte de Neil Rivers e o envenenamento de Addam Dannet, mencionando suas suspeitas de que os Lugus estivessem por trás disso.

    Por fim, Asdulfor voltou sua atenção para Cornnel, mencionando a proposta de aliança entre ele e os Dayne e indagando se Lenny teria ouvido algo.

    — São muitas peças no tabuleiro, Lenny. E cada uma delas tem peso e impacto. Agora, pergunto-te: entre todas as sombras que frequentas, há algo que já saibas sobre esses nomes, esses eventos? Ou talvez até mesmo sobre as intenções de Sor Cornnel?

    Ele inclinou-se levemente para frente, seus olhos fixos nos de Lenny. O tom, agora, era de expectativa mútua. Havia ali um início de confiança, mas também uma cautela inabalável.

    COM SIENNA

    Asdulfor recebeu Sienna com curiosidade e tranquilidade, analisando-a assim como fez com Lenny.

    — Sienna. — Ele pronunciou o nome como se o testasse, pesando sua sonoridade e significado. O meistre fez um gesto leve, indicando a cadeira à sua frente. — A julgar pela descrição de Beron e agora pela tua presença, percebo que ele não me enviou uma mera comerciante, mas uma peça hábil em um jogo que poucos compreendem.


    Enquanto ela colocava a cesta e lhe entregava o pergaminho, Asdulfor pegou o documento com cuidado. Não leu imediatamente a lista de mercadorias, mas virou diretamente para o verso, como se soubesse onde estaria o que realmente importava. Seus olhos correram rapidamente pelos nomes e atividades descritos ali, uma sobrancelha arqueando sutilmente em reação a um ou dois trechos mais intrigantes.

    — Interessante. — Ele murmurou, pousando o pergaminho na mesa, mas mantendo os dedos sobre ele, como quem ainda refletia sobre o conteúdo.

    Ele ergueu os olhos para ela, analisando sua postura confiante, porém modesta.

    — És realmente uma figura singular, Sienna. Tua descrição como alguém que passa despercebida enquanto observa o que outros prefeririam esconder é, sem dúvida, uma vantagem inestimável. Mas o que mais me agrada é tua habilidade de juntar as peças menores e vislumbrar o quadro maior.


    Ele inclinou-se levemente para frente, o tom de sua voz ganhando um ar mais confidencial.

    — Teu exemplo do mercador da Campina é um retrato perfeito disso. Um carregamento de vinho roubado pode parecer trivial, mas, nas mãos certas, essa informação pode se tornar um alicerce para desestabilizar ou influenciar alianças. É nesse tipo de detalhe que o destino das Casas é decidido.


    Ele respirou fundo, como se ponderasse por um instante antes de continuar.

    — Tua proposta é clara, e tua confiança é bem colocada. Porém, se me permites, quero expor o que espero de ti. E, para isso, preciso que compreendas o contexto.


    Com gestos lentos e medidos, Asdulfor começou a contar os eventos recentes que envolviam os Fenlinights. Ele falou dos dois ataques que sofreram, da disseminação de boatos falsos pelos Dannets, e da captura e morte misteriosa do Cavaleiro Raposa. Descreveu a morte de Neil Rivers, o envenenamento de Addam Dannet e suas suspeitas sobre os Lugus estarem por trás do crime. Por fim, mencionou Cornnel e a proposta de aliança entre ele e os Dayne, destacando o peso de cada detalhe que poderia ser descoberto.

    A Proposta de Asdulfor


    Ele olhou profundamente nos olhos de Sienna, seu tom tornando-se mais direto.

    — Tenho algumas frentes principais que preciso investigar. Cada uma delas é crucial, e tua habilidade de observar e ouvir sem ser notada é exatamente o que necessito. Assim como tens ajudado a Beron, creio que podes fazer o mesmo por mim.


    Uma pausa breve, mas significativa.

    — O que ofereço, em troca, é o reconhecimento de teus esforços, recompensas apropriadas e uma parceria que beneficiará tanto a ti quanto a causa dos Fenlinights.


    Asdulfor recostou-se levemente na cadeira, mas seus olhos continuaram fixos nos dela, com um brilho que denotava tanto expectativa quanto confiança.

    — Diga-me, Sienna. Estás pronta para adentrar as sombras de Westeros e trazer à luz o que está oculto? Ou será que já tem algo sobre todos esses nomes que mencionei?


    COM YARA


    A sala estava envolta por uma penumbra densa, apenas o braseiro no centro emitia um brilho trêmulo que dançava nas paredes, formando sombras que pareciam ganhar vida própria. Asdulfor estava imerso em um silêncio profundo, os olhos fixos nas chamas, mas sua mente estava longe dali, vagando por um espaço onde as sombras e as vozes do abismo se entrelaçavam. Ele havia cruzado um limite, e agora se via diante de uma verdade maior que qualquer conhecimento até então.

    Yara, com seus olhos atentos, observava o Meistre com precisão. Ela sabia que, após o transe, ele não seria o mesmo. As visões que havia experimentado não eram meras imagens ou ilusões — elas eram um convite, um teste. Ela sabia, no fundo, que ele havia chegado até ali movido pela curiosidade insaciável que o definia. A curiosidade que poderia levá-lo ao ápice do conhecimento, mas também ao precipício da perdição.

    Asdulfor, porém, não estava paralisado pelo medo, como muitos teriam sido. Para ele, as sombras não eram algo a temer; elas eram um mistério a ser desvendado. O que ele buscava não era apenas poder, mas algo mais profundo, mais fundamental. Ele desejava entender o que estava além dos limites conhecidos, o que as sombras ocultavam. Sua curiosidade e seu desejo de descoberta eram mais poderosos do que qualquer temor.

    Após alguns longos segundos em que o silêncio se fez absoluto, Asdulfor finalmente quebrou a quietude. Sua voz, calma e serena, mas carregada de uma força difícil de ignorar, preencheu a sala.
    — O que vi... — ele começou, os olhos ainda fixos nas chamas, mas a mente já distante, imersa nas imagens e sussurros que haviam ecoado em sua mente. — O que vi não foram apenas deuses ou monstros. O que vi foi o caminho diante de mim, um caminho repleto de incertezas, de revelações, mas também de descobertas. Vi aquilo que os deuses e as sombras escondem — e, mais do que isso, vi o que eles exigem em troca.


    Ele se inclinou ligeiramente para frente, como se estivesse prestes a compartilhar um segredo com Yara, e suas palavras surgiram com a clareza de alguém que não teme o desconhecido, mas o abraça com uma convicção absoluta.

    — Eu não temo o que se esconde nas sombras, Yara. O que me assusta, se é que posso usar essa palavra, é a possibilidade de não chegar até elas. O medo da inação, do imobilismo, isso sim é algo que eu não posso suportar. A busca por conhecimento é o que me move, o desejo de entender o que está além do que é visível, de tocar o inatingível. E, neste momento, sei que há mais a ser visto — muito mais.


    Ele sorriu levemente, um sorriso enigmático, refletindo uma confiança serena, como alguém que, apesar de seus questionamentos, já sabe que está pronto para seguir em frente.

    — O que me importa, Yara, não é o que está escondido nas sombras ou o que os deuses exigem. O que me importa é que agora vejo claramente que esse é o meu destino. A verdade, não importa quão obscura ou perigosa seja, é o que busco. E enquanto eu ainda puder descobrir, enquanto minha curiosidade não for saciada, seguirei adiante, sem hesitar.


    Asdulfor se levantou lentamente, seus olhos azuis agora refletindo não apenas o brilho das chamas, mas também a chama do próprio desejo que ardia dentro dele — o desejo de conhecer, de entender, de nunca deixar que a escuridão fosse uma barreira, mas um campo de possibilidades.

    — Então, Yara, que os deuses ou as sombras digam o que desejam. Mas saiba que eu não vou parar até compreender o que está além do que posso ver com meus próprios olhos.


    A sala parecia respirar com ele, como se o próprio ambiente sentisse a intensidade de suas palavras. O fogo continuava a arder, mas Asdulfor, agora mais certo do que nunca, sabia que estava prestes a adentrar um caminho sem volta. Um caminho onde as respostas estariam escondidas nas sombras, e sua curiosidade seria a chave para desvendá-las.
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