Ato X: A Cabala de Dois Magos

A tensão no ar era palpável, como se o próprio ambiente conspirasse contra eles. O corpo do velho ainda jazia no chão, e enquanto os dois tentavam desesperadamente encontrar uma saída, um som de passos lentos e deliberados ecoou pelo espaço encharcado e opressivo.

Das sombras, um homem surgiu, envolto em um manto pesado e desbotado, com um olhar afiado que parecia enxergar através deles. Ele trazia consigo um ar de certeza e autoridade, como se a própria entropia do lugar estivesse sob seu controle. Parando a alguns metros deles, inclinou a cabeça ligeiramente, um sorriso calculado em seus lábios.


— Eu sabia... — Ele começou, a voz carregada de ironia e uma confiança desconcertante. — Sabia que vocês eram uma cabala. Não se encaixam aqui, nem com o cenário, nem com a história que tentam encenar.

O homem ergueu uma das mãos, apontando primeiro para Akon e depois para seu companheiro.

— Deixe-me adivinhar... Você perdeu a Verbenna e você perdeu o Adepto da Virtualidade? Mas ainda não sei quem deixou para trás o Orador dos Sonhos — Ele deu um passo à frente, os olhos brilhando com um misto de fascínio e desprezo. — Vocês acham que conseguem enganar todos? Que podem se passar por caçadores como os irmãos Dean 'Arctus' e Samuel 'Haight'? Lamento, mas sua performance está bem abaixo do padrão.

Ele riu baixinho, um som que soava mais como uma ameaça do que como um sinal de humor genuíno.

— E o que temos aqui? — Ele inclinou a cabeça para o corpo caído no chão. — O Winchester original que nos encarceirou aqui? Ou apenas mais uma peça no seu jogo falho?

Akon apertou o taco em suas mãos, o fluxo de energia instável tornando-se quase impossível de controlar. A aura do estranho parecia distorcer ainda mais o já caótico ambiente, e cada palavra que saía de sua boca era como um golpe contra a pouca confiança que restava na cabala.

—Não se preocupem, não sou o inimigo de vocês... Sou mais um assassinado pelas armas da família dele e um antigo caçador de fantasmas dos anos 80, ou pelo menos eu fingia ser. É, estou morto e tudo que esses sujeitos souberam fazer foi salgar e queimar nossos ossos como se isso fizesse que fossemos esquecidos... Bem, eu não acreditava exatamente em paranormal, eu...usei equipamentos caros e até radioativos, gases toxicos e consegui um bom lucro... Ganhei até um programa na televisão na década de 90... Isso obviamente irritou alguém, alguém que tinha uma Winchester, é claro que tinha uma Winchester... Eu sei lá quem, mas o desgraçado tinha de ter matado com uma maldita Winchester! Sabe... A família deles tenta criar quartos para prender quem morre por uma droga de arma dessas em várias casas do país... Ah, bem...Vocês certamente não querem saber sobre mim, querem saber sobre vocês! Óbvio...é assim que magos funcionam, não é? Acham que o Universo se curva à sua vontade... Bando de egocentricos. Devem estar querendo saber como eu sabia da Cabala de vocês, não é? É simples, o Nick vive mexendo com a gente e aqui é a Garrafa Azul onde ele rouba aprisiona espíritos de fantasmas como eu... O Nick, escorpião, contou que ia atrás de vocês pra dona Zoe, ela falou pra o seu Carlos que contou pra Francesca do 71... Enfim...acho que pegaram a ideia...

Ele pausa e dá de ombros pouco antes de continuar a tagarelice.

Ele disse que era um plano para conseguir o grupo que Arctus, o Dean, estava preparando para reorganizar a Aliança Mística...Não devem ter ouvido falar, né? A Aliança Mística é uma reunião de um circo de aberrações pior que a Casa Ex-MiscellaneaO erro do Escorpião é achar que pode brincar com fantasmas , hehe...E que não estamos atentos...Bem, saibam que aquele cretino também sabia onde ficava a chave que vocês pegaram...mas ele não tem como entrar aqui já que vocês entraram, ele vai ter de esperar vocês sairem.


O fantasma se diverte comentando e expondo o quanto sabe sobre Tradições dos magos e até casas menores dentro da Ordem de Hermes, mas ele parecia meio confuso sobre quem é quem dentro do grupo, ele falava se nutrindo de boatos e especulações e era sensível que a presença de pessoas vivas Akon sentia que ao conversar reações dos magos pareciam alimentar sua mente e King notava que a Quintessência dele se renovava com eles ali... Era como se o fantasma precisasse de emoções para viver como um vivo precisa de comida e água.