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    Mensagem por GM Sex Jul 19, 2024 5:03 pm



    Introdução




    Era meia-noite do dia 22 de dezembro de 1892, o primeiro inverno do Diretor Seymour desde que começou em Sandburn. Reuniram-se na sala mais profunda da prisão, abaixo do corredor da morte e das solitárias. Nenhum grito poderia ser ouvido por meio das pedras. A porta de ferro que levava à escadaria estava fechada e trancada. Seymour tirou seu casaco, arregaçou suas mangas e fez um corte em seu braço esquerdo. Deixou seu sangue respingar no chão e cair sobre os símbolos desenhados por ele mesmo com giz e fuligem. Seus companheiros estavam quietos, ansiosos, de costas para a parede. Seymour pisou com cuidado dentro do círculo de proteção, cercado por nomes sagrados, e pegou o livro preto no qual tinha anotado o ritual. “Tomem seus lugares. Começaremos agora”, disse, abrindo o livro. Os assistentes andaram relutantemente até o meio do quarto e se posicionaram em volta do triângulo manchado de sangue em frente ao círculo de proteção. “Ol binu od zodakame, Ilasa gabe Taoroth...” O cântico de Seymour preencheu o pequeno quarto. As velas nas beiradas do círculo se apagaram. Ele largou o livro no chão e, aumentando o tom de voz, começou a recitar da própria memória longos versos para a escuridão.


    Prelúdio Mestr177
    “...zodiredo Adni das Iarinuji elasa..."



    Prelúdio Dalle_16

    Prelúdio Nexo10


    ∴ ∴ ∴ "4 6 3 8 A B K 2 4 A L G M O R 3 Y X 24 89 R P S T O V A L" ∴ ∴ ∴



    Prelúdio Mestr178



    Por fim, ele se calou. Logo em seguida, um som seco e um grito agudo foram ouvidos. O círculo de velas se acendeu novamente e, em sua luz, os participantes contemplavam uma criatura agachada dentro do triângulo no chão. Parecia um animal, mas, ao se levantar, repararam tratar-se de uma idosa vestida com panos maltrapilhos. Por um momento, hesitaram.


    Prelúdio Mestr179


    “Peguem ela!” A voz do Diretor os tirou da inércia. Os guardas arremessaram suas correntes, especialmente preparadas, para cima da mulher. A velha berrou e lutou, mas tudo em vão. Ela foi jogada ao chão. As correntes pareciam vivas, misturavam-se com o piso pedregoso e devoravam sua carne. Só pararam de se mexer quando formaram uma rede negra, prendendo a mulher ao chão com seu próprio peso. Alguma coisa caiu de suas roupas esfarrapadas: um baralho de cartas.


    Prelúdio Kult-t10


    Seymour rapidamente deixou o círculo de proteção e o pegou. Cuidadosamente, embrulhou o baralho num pano de seda tirado de um dos bolsos de seu casaco.
    “Não a deixem sair daqui,” disse, antes de abrir a porta e sair da sala.



    ***

    As imagens são genéricas, não retratam exatamente o que aconteceu ou está acontecendo, a não ser que eu diga o contrário elas são apenas ferramentas de roleplay, narração e para facilitar a visualização imaginária da cena.


    Para criar uma atmosfera sombria e envolvente, durante seu processo de escrita, do seu
    roleplay, neste RPG, jogado como PBF, recomendo as seguintes trilhas sonoras e músicas:

    1. *Trilha sonora de filmes:*
    - Trilha sonora de "Drácula" (1992) por Wojciech Kilar


    - Trilha sonora de "A Bruxa" (2015) por Mark Korven


    - Trilha sonora de "O Labirinto do Fauno" (2006) por Javier Navarrete


    2. *Música clássica e ambiente:*
    - "Requiem" por Wolfgang Amadeus Mozart


    - "Moonlight Sonata" por Ludwig van Beethoven


    - Álbuns de Lustmord, um artista de música ambiente sombria.


    Essas trilhas e músicas ajudarão a criar uma sensação de mistério, tensão e imersão, perfeita para a cena e o tom para Kult.

    Mais tarde, postarei links, para algumas disponíveis no YouTube.



    Orientação para a Ronda Noturna




    Após o ritual sombrio, a escuridão da noite envolveu a prisão de Sandburn com um manto pesado e opressivo. O som das correntes ecoava pelas paredes de pedra enquanto os guardas retornavam às suas funções habituais. O Sr. Genivere Campbell Gnuj, um homem de postura rígida e expressão severa, reuniu os guardas recém-chegados no pátio central, onde a luz das tochas lançava sombras dançantes nas paredes.


    Prelúdio Dalle_13


    “Ouçam bem,” começou Gnuj, sua voz cortando o silêncio da noite. “A ronda noturna em Sandburn não é para os fracos. Vocês estão aqui para garantir que a ordem seja mantida, não importa o custo.” Os guardas, alguns nervosos, outros determinados, alinharam-se em frente a ele, prontos para ouvir as instruções. “Primeiro, dividam-se em duplas,” ordenou Gnuj. “Cada dupla será responsável por um setor específico da prisão. Lembrem-se, a comunicação entre vocês é vital. Se notarem algo fora do comum, utilizem os sinais de emergência.” Ele entregou a cada dupla uma pequena lanterna a óleo, explicando que a luz deveria ser mantida baixa para não alertar os prisioneiros.




    Prelúdio Mestre40

    Pátio Central Norte

    Prelúdio Mestre39

    Pátio Central Leste

    Prelúdio Mestre38

    Pátio Central Oeste



    “Vamos começar pela ala oeste,” disse Gnuj, enquanto caminhava à frente do grupo. “Aqui estão os prisioneiros mais perigosos, muitos deles perturbados. Mantenham-se atentos e não deixem suas guardas baixas.” Ao passarem pelas celas, os guardas puderam ouvir os murmúrios e gemidos dos prisioneiros, sons que misturavam sofrimento e loucura. Gnuj parou em frente a uma cela particularmente escura e apontou para dentro.


    Prelúdio Dalle_14


    “Essa é a cela de Mortimer Grey,” disse ele em um tom baixo. “Ele é conhecido por seus ataques de fúria. Nunca se aproximem da cela sem reforços. Entendido?” Os guardas assentiram, absorvendo cada detalhe das instruções. “Agora, sigam-me para o corredor da morte,” continuou Gnuj. “Este é o lugar onde a maioria dos problemas começa. As almas aqui estão desesperadas e muitas vezes perigosas. Certifiquem-se de que todas as portas estejam trancadas e que não haja nenhum sinal de tentativa de fuga.” Ao chegarem ao corredor da morte, Gnuj apontou para uma escadaria que descia ainda mais fundo na prisão. “Lá embaixo estão as solitárias,” explicou. “Os prisioneiros aqui são isolados para evitar qualquer tipo de comunicação. A inspeção aqui deve ser rápida, mas completa. Verifiquem cada cela, mas não se demorem.” Os guardas deveriam seguir essas instruções meticulosamente, mesmo sentindo o peso da responsabilidade em cada passo.


    Prelúdio Dalle_15


    “Por fim, a ala norte,” disse Gnuj, guiando-os de volta pelos corredores. “Esta área abriga prisioneiros que podem parecer menos ameaçadores, mas não se enganem. A aparência muitas vezes engana. Ao final da ronda, o Sr. Gnuj reuniu novamente os guardas no pátio central. “Lembrem-se,” disse ele, olhando firmemente para cada um deles, “vocês são a linha que separa a ordem do caos. Mantenham-se vigilantes. Boa sorte.” Com isso, os guardas se dispersaram, cada dupla seguindo para seu setor designado, enquanto a noite em Sandburn continuava a se desenrolar sob a vigilância incansável dos homens que juraram manter a ordem a qualquer custo.


    Mapas:
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    Prelúdio Mapa_110

    Prelúdio Mapa_111



    @Maitê @Misterioso @Entreria

    Já podem postar. Se houverem mudanças, serão apenas cosméticas




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    Mensagem por GM Qui Jul 25, 2024 6:04 pm

    @Victor

    Enfim, vamos começar... Eu tomei algumas liberdades e fiz pequenos roleplays para seu PdJ, se discordar é só dizer o que queres mudar, que será feito.



    A luz vacilante das lanternas a óleo derramava sombras inquietas ao longo dos corredores úmidos de Sandburn, moldando figuras que pareciam emergir e desaparecer como espectros errantes. O som das botas de couro contra o chão de pedra ecoava, criando uma sinfonia fúnebre que se entrelaçava aos lamentos dos prisioneiros, abafados pelas muralhas opressivas. Michael Brown caminhava, seu semblante austero refletindo o peso de um homem acostumado à disciplina e à ordem. O bigode espesso que adornava seu rosto parecia tão rígido quanto sua postura. Ele era um bastião de autoridade, mas os olhos, ainda que atentos, carregavam uma sombra — um fragmento de humanidade escondido sob a armadura do dever.

    Prelúdio Dalle_31

    Ao dobrar um corredor estreito, Michael vislumbrou a figura de Harlan O’Connor. Encostado à parede de pedra fria, Harlan parecia imerso em um silêncio contemplativo, as linhas de seu rosto endurecidas pela vigilância constante. A lanterna em sua mão projetava uma luz tênue que parecia lutar contra as trevas que preenchiam o ambiente. O encontro de suas sombras criou uma convergência de destinos, uma tensão não dita que pairava no ar como uma melodia sem som. “Boa noite, Harlan,” disse Michael, sua voz grave e marcada pela formalidade que a profissão lhe exigia. Não havia entusiasmo, apenas o pragmatismo de homens que conhecem a função que desempenham em um mundo indiferente. Harlan levantou o olhar lentamente, avaliando o colega. Sua expressão não se alterou, mas havia um brilho em seus olhos, um lampejo que sugeria tanto cansaço quanto camaradagem. “Michael,” respondeu ele, com um aceno quase imperceptível de sua cabeça. “A ronda está tranquila, presumo?” Michael hesitou por um momento, como se medisse o peso de suas palavras antes de pronunciá-las. “Por enquanto, sim. Mas nesta prisão, a tranquilidade é tão estável quanto a chama de uma vela ao vento. Pensei que talvez pudéssemos unir esforços. Dois pares de olhos são mais eficazes do que um, especialmente em noites como esta.” Harlan inclinou a cabeça, ponderando. Sua natureza prática considerava a sugestão com seriedade. “Faz sentido,” respondeu ele, com a simplicidade que lhe era característica. “Sempre há mais sombras do que luz por aqui. Acompanhe-me, então.” Caminharam lado a lado, suas silhuetas projetadas nas paredes, como vultos de uma tragédia ainda não escrita. Michael, com seu senso de ordem inabalável, sentia-se ligeiramente desconfortável com a despreocupação calculada de Harlan. Este, por sua vez, observava Michael com um misto de respeito e curiosidade, intrigado pela intensidade silenciosa de seu colega. Enquanto avançavam pelos corredores da ala oeste, o diálogo entre os dois começou a fluir, ainda que de forma fragmentada, como peças de um quebra-cabeça sendo colocadas lentamente em seu lugar. Michael compartilhava histórias de sua carreira, cada uma carregada de lições de disciplina e sacrifício. Harlan, embora mais reservado, soltava comentários ocasionais, revelando um humor seco e uma perspectiva pragmática que contrastava com a rigidez de Michael. “Este lugar,” disse Harlan, após um longo momento de silêncio, “não é apenas uma prisão para os homens que aqui estão confinados. É um cemitério para a esperança, um palco onde a escuridão desempenha o papel principal.” Michael assentiu, sua expressão endurecendo. “E nós somos os guardiões dessas trevas,” respondeu ele, sua voz carregada de gravidade. “Mas não devemos nos esquecer de que a disciplina, por mais severa que seja, é a única luz que temos para oferecer.” Enquanto a conversa prosseguia, um entendimento mútuo começou a se formar. Não era amizade, mas algo mais sólido — um respeito compartilhado pelas dificuldades da profissão, uma aceitação tácita de que ambos eram engrenagens na mesma máquina inexorável. Naquele momento, sob a luz tremeluzente das lanternas e o som distante dos gritos dos prisioneiros, Michael e Harlan tornaram-se mais do que colegas. Tornaram-se aliados, unidos pelo fardo que carregavam e pela escuridão que os rodeava, prontos para enfrentar as sombras que habitavam Sandburn.


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    Mensagem por Victor Ter Nov 26, 2024 12:59 pm

    O vento gélido e aquele silencio, onde podia se escutar o som do vento, ao balançar as folhas das arvores.
    Michael sabendo do peso que reservava a ronda noturna, olhou para Harlan e disse:
    _Vamos tirar o pior dos pesos de nossos ombros, primeiro,
    Ele apontou o caminho para ala oeste, como Gnuj tinha dito antes, era o pior dos lugares para se estar, mas também o ultimo a ser visitado.
    _Creio que nem eu, e nem vocês gostaríamos de ir lá no meio da madrugada...
    Harlan olhou para Michael ponderando o peso daquelas palavras, mas ele assentiu, e com uma certa resignação o seguiu.
    Como a orientação dada, baixaram as luzes para não acorda os prisioneiros, as trevas daquele lugar eram opressoras. O gotejar de pingos de aguas, as sombras geradas pelo ratos que ocasionalmente passavam.
    Aquele lugar era como se tivesse saído de um pesadelo, onde a qualquer momento, algo terrível sairia de surpresa das sombras para ataca-los.
    Ele levantou a lanterna e começou a ronda e a observar o local e averiguar se tudo estava em ordem antes de seguir para a solitária...
    Percepção:
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    Mensagem por GM Ter Nov 26, 2024 10:09 pm

    @Victor







    O ar parecia mais denso à medida que os passos de Harlan e Michael ecoavam nos corredores do oeste. As lanternas a óleo tremulavam, projetando sombras inquietas nas paredes de pedra ásperas, como se a própria prisão quisesse encobrir segredos obscuros. Cada gota de água que caía no chão parecia pontuar a inquietação crescente, criando um ritmo sombrio que só os que habitam as trevas poderiam apreciar. Harlan O’Connor caminhava à frente, sua lanterna baixa, permitindo apenas o mínimo de luz necessário para não despertar os prisioneiros. Sua postura era firme, mas cada movimento sugeria uma vigilância experimentada, o tipo de precaução que apenas anos de serviço e encontros com o inesperado poderiam moldar. Ele sabia que, na ala oeste, a disciplina dos vivos nem sempre era suficiente para conter o sussurro das sombras. Ao dobrar um corredor estreito, Harlan ergueu ligeiramente a lanterna, revelando as celas alinhadas como fileiras de dentes quebrados. Parou por um momento, inclinando a cabeça como se escutasse algo além do alcance de Michael. “Há algo... diferente esta noite,” murmurou, sua voz grave ecoando suavemente. “Não confie na calmaria, rapaz. É um engano que ela espera que cometamos.” Michael Brown, com a lanterna em mãos, sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ouvir as palavras de Harlan. Ele sabia que o veterano não era dado a superstições ou exageros. O silêncio opressor parecia pressioná-lo por todos os lados, como se o próprio ar fosse um cúmplice dos segredos de Sandburn.[OFF - Pensamento Sugerido: Michael] - "Este lugar é como um poço sem fundo; o que não vemos parece sempre mais presente do que aquilo que está à frente dos nossos olhos. Será que as sombras se movem... ou é apenas o cansaço brincando comigo?" Harlan fez um gesto discreto para que Michael assumisse a dianteira. “Veja por si mesmo. Talvez seus olhos vejam o que os meus não enxergam,” disse ele, recuando um passo, mas mantendo-se próximo, como uma sombra que nunca abandona. Michael levantou a lanterna, iluminando um trecho mais à frente. A luz revelou algo inesperado: uma cela cuja porta estava entreaberta. Dentro, marcas profundas no chão de pedra sugeriam que algo pesado fora arrastado, deixando um rastro irregular. As marcas desapareciam nas profundezas da cela, onde a luz da lanterna não alcançava. O frio que emanava do interior era quase palpável. “Gnuj não mencionou nenhuma cela aberta aqui,” disse Harlan, a tensão em sua voz mais evidente agora. Ele colocou uma mão no ombro de Michael, um gesto tanto de camaradagem quanto de aviso. “A decisão é sua, Brown. Investigar ou relatar? Mas lembre-se: neste lugar, há perguntas que jamais devem ser feitas.”




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    Prelúdio Mestr182

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    O que fará Michael?

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    Mensagem por Victor Qui Nov 28, 2024 3:50 pm

    Michael Brown não era um homem dado a ilusões de heroísmo. Veterano de guerra, ele havia aprendido que as medalhas não passavam de pedaços de metal frio, e que o peso real era carregado pelas famílias que os soldados deixavam para trás. "Glória" era só uma palavra que oficiais mais altos usavam para justificar o sangue derramado. Disciplina, por outro lado, essa sim salvava vidas. Era a disciplina que o trouxera até aqui, sobrevivendo em trincheiras, emboscadas e longas noites onde o medo rastejava mais rápido que qualquer inimigo.
    Agora, parado naquele corredor gélido, com a luz tremulante da lanterna nas mãos e o cheiro de mofo e algo mais, algo doce e pútrido, como carne velha, preenchendo suas narinas, Michael sentia o mesmo aperto no estômago que sentira em tantos campos de batalha. A mesma tensão no ar, como se o mundo inteiro estivesse prendendo a respiração, esperando o próximo movimento.
    Ele olhou para a cela. A porta entreaberta parecia um sorriso torto, um convite perverso para algo que nenhum dos dois realmente queria encarar. Lá dentro, as marcas no chão de pedra eram um quebra-cabeça que seu cérebro se recusava a montar completamente. Ele sabia que, se o fizesse, o padrão se tornaria claro demais, horrível demais.
    Harlan estava ao seu lado, imóvel. O outro homem segurava a lanterna de forma quase desleixada, mas Michael podia ver a tensão nos ombros dele, o leve tremor na mão livre. Eles estavam no mesmo nível hierárquico, sim, mas era Michael quem carregava o peso da experiência e da memória. Ele sabia o que o medo fazia com homens como Harlan. Era um medo que podia ser dobrado e guardado no fundo do peito, mas que nunca desaparecia completamente.
    Michael respirou fundo, tentando abafar o pulsar em suas têmporas. Ele já sabia o que precisava fazer, e isso o enchia de um alívio quase culposo. Virou-se para Harlan, a expressão no rosto tão rígida quanto o tom da voz.

    _ Vamos voltar e relatar. Trancamos o bloco e deixamos a decisão para Gnuj. - As palavras saíram de sua boca como um comando militar. Precisas, inabaláveis.
    Harlan hesitou por um segundo, mas então assentiu, o movimento tão automático quanto o clique de um gatilho. Havia algo mecânico no gesto, como se ele estivesse aliviado por não ter que pensar, por não ter que decidir. Michael reconhecia isso; era a mesma reação que vira em soldados jovens quando recebiam ordens diretas, uma maneira de afastar a responsabilidade e o pavor do desconhecido.
    Enquanto se preparavam para se retirar, Michael sentiu aquilo. Não era uma sensação, mas um sentimento, profundo e ancestral. Uma memória visceral do campo de batalha, quando o ar parecia denso o suficiente para cortar com uma faca e cada som, mesmo o mais ínfimo, carregava a promessa de morte iminente.
    O sentimento não era de medo, exatamente. Era mais como uma certeza gelada, um aviso silencioso do universo de que algo estava errado. Muito errado. Michael virou a cabeça ligeiramente, como se esperasse ver o olhar de alguém, ou algo, os observando das sombras. Não havia nada, apenas a escuridão, profunda e pulsante como um poço sem fundo.
    Por um momento, considerou sua decisão. Voltar, relatar, deixar o fardo para outro. Era a escolha lógica, segura. Mas algo o incomodava, algo que ele não conseguia nomear. Era como se o corredor ao redor estivesse vivo, como se a prisão tivesse se tornado mais do que pedra e ferro.
    Michael apertou o cabo da lanterna, a palma da mão suando levemente. Ele sabia o que Harlan não sabia. Sabia que, às vezes, o perigo não estava apenas no que você via, mas no que você escolhia ignorar.
    Ainda assim, ele se moveu, porque a disciplina era tudo o que tinha.

    _Vamos, Harlan. - Sua voz estava firme, mas algo no fundo dela tremia, como o som de uma corda prestes a se partir.
    E enquanto eles se afastavam da cela, Michael não pôde evitar olhar por cima do ombro uma última vez. Por um instante, ele achou ter visto algo se mexer na escuridão além da porta. Um movimento lento, quase imperceptível.
    Mas quando piscou, a cela estava vazia.
    Ou talvez nunca tivesse estado.

    Intuição:
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    Mensagem por GM Qui Nov 28, 2024 6:23 pm

    @Victor

    O vento, qual fantasma das colinas escarpadas, sussurrava por entre os corredores da prisão de Sandburn, erguendo-se como um presságio. Michael Brown, ainda com a lanterna tremulando em sua mão calejada, sentia o peso das decisões não tomadas pairar sobre seus ombros. O teste de sua intuição, aquele fragmento de percepção humana afiada pela disciplina e pelo instinto, revelara-lhe algo insólito: a cela aparentemente vazia parecia vibrar com uma presença além da compreensão. A luz trêmula da lanterna, quase insuficiente, revelava padrões indistintos nas paredes de pedra úmida. Talvez fossem marcas feitas por prisioneiros em dias antigos ou, mais provavelmente, cicatrizes deixadas por algo que não pertencia a este mundo. Michael, guiado por uma coragem quase teimosa, sentiu o dever emergir de dentro como um fogo antigo. O som de passos vacilantes atrás de si trouxe-lhe à mente Harlan, um reflexo de si mesmo anos atrás – jovem, inexperiente, mas faminto por ordem e justiça. “Escuta bem, Harlan,” começou Michael, sua voz firme, mas carregada de um pesar que ele mal conseguia esconder. “Há coisas aqui que não se revelam aos olhos desatentos. Algo além da nossa compreensão rasteja por este lugar.” Harlan hesitou, seu rosto revelando o conflito entre a lealdade e o medo. “Michael, nós... deveríamos relatar isso. O diretor...” Michael interrompeu, sua lanterna agora apontada para o chão da cela. Ali, onde antes parecia vazio, uma sombra começava a se formar – um abismo que puxava a luz, devorando-a. Ele sabia que não era algo mundano. Os ensinamentos da guerra retornaram, e, mais uma vez, a escuridão tornava-se um inimigo palpável. “Se falharmos aqui, quem virá depois de nós?” disse ele, seus olhos fixos na cela. “Não... não é o diretor quem vai salvar isso, Harlan. É o dever. É o juramento que fizemos.” E foi então que o chão começou a ranger. Uma fissura abriu-se lenta, como uma ferida no corpo do mundo. De dentro, o ar mudou – carregado de um odor sulfuroso e notas de ferro fresco. Algo se movia lá embaixo. Michael apertou os dedos ao redor da lanterna, a única arma que sentia possuir naquele momento. “O que você sugere, Michael?” perguntou Harlan, agora de costas para a cela, seus olhos cheios de dúvida e terror. “Não sugiro nada,” respondeu Michael, em tom grave. “Nós fazemos. Ou morremos tentando.” Enquanto ele dava um passo hesitante para frente, o som de correntes ecoou das profundezas da cela, como o riso de um algoz esperando sua próxima vítima. Michael sabia que a jornada naquela noite estava apenas começando.



    Prelúdio Mestr185

    Prelúdio Mestr186


    (OFF - Algumas considerações: Você também escreve muito bem. Parabéns!!! Ótimo texto. Anote na sua ficha um HeroPoint - HP, que lhe dá um sucesso automático e instantâneo, se declarado antes de realizar a rolagem dos dados. Baseado no PDF de regras de KULT: Divindade Perdida, em situações envolvendo terror psicológico e eventos sobrenaturais como o descrito (aparição da mão escalpelada e a figura de Pinhead), um teste relevante seria o Teste de Força de Vontade. Este teste avalia a capacidade do personagem de resistir a impulsos, manter o controle e lidar com o impacto psicológico do evento. A dificuldade pode variar dependendo do nível de ameaça percebida ou do impacto na sanidade do personagem.

    Devemos seguir o seguinte raciocínio:

    - Ativador do movimento: O personagem está tentando manter o controle diante de um evento perturbador e sobrenatural.
    - Atributo usado: Força de Vontade, devido à natureza do teste ser focada em autocontrole mental e emocional.
    - Resultados possíveis:
    - 15+: O personagem consegue se manter calmo e agir racionalmente.
    - 10-14: O personagem controla parcialmente o medo, mas isso traz complicações (uma hesitação, ou falha momentânea que atrai consequências).
    - 9 ou menos: O personagem é tomado pelo terror ou perde o controle, resultando em ações instintivas ou desvantajosas.

    Se quiser, pode rolar os dados... >>> Mudanças nesse post, podem e devem ocorrer... <<< )





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    Mensagem por Victor Qui Nov 28, 2024 8:32 pm

    Vontade:

    [OFF: Obrigado, depois de muitas revisões e lendo um pouco de Stephen King e Neil Gaiman, saiu alguma coisa.
    Mas ainda admito que você @GM está em outro nível]
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    Mensagem por GM Qui Nov 28, 2024 8:45 pm

    Victor escreveu:
    Vontade:

    [OFF: Obrigado, depois de muitas revisões e lendo um pouco de Stephen King e Neil Gaiman, saiu alguma coisa.
    Mas ainda admito que você @GM está em outro nível]

    Considerando que um resultado entre 10 e 14 reflete o domínio parcial sobre o espectro do medo, vosso personagem encontra-se em uma encruzilhada singular. Ele não sucumbe plenamente ao terror que o assombra, mas tampouco o controla sem reservas. Este domínio vacilante carrega em si um peso inexorável — uma hesitação furtiva ou um instante de falha que, como o eco de um trovão distante, pode atrair consequências imprevistas. Rogo-vos, pois, que imerjais na psique de vosso alter ego e permitais que o roleplay floresça, explorando as profundezas de sua reação. Deixai que suas ações, palavras e pensamentos ressoem como reflexos de seu íntimo, moldados pelo que seus olhos testemunharam, seus ouvidos captaram e sua mente tentou — talvez em vão — internalizar. Traçai este caminho com a sinceridade de um cronista e a paixão de um sonhador, e que o reflexo do medo se transforme em um fio rico de narrativa a ser tecido. Embora com isso, não queira dizer que deva seguir uma reação estérica, desmedida e teatral, às vezes, menos é mais. Como sempre, você escolhe e vive, o que decides.
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    Mensagem por Victor Qui Nov 28, 2024 8:51 pm

    GM escreveu:
    Victor escreveu:
    Vontade:

    [OFF: Obrigado, depois de muitas revisões e lendo um pouco de Stephen King e Neil Gaiman, saiu alguma coisa.
    Mas ainda admito que você @GM está em outro nível]

    Considerando que um resultado entre 10 e 14 reflete o domínio parcial sobre o espectro do medo, vosso personagem encontra-se em uma encruzilhada singular. Ele não sucumbe plenamente ao terror que o assombra, mas tampouco o controla sem reservas. Este domínio vacilante carrega em si um peso inexorável — uma hesitação furtiva ou um instante de falha que, como o eco de um trovão distante, pode atrair consequências imprevistas. Rogo-vos, pois, que imerjais na psique de vosso alter ego e permitais que o roleplay floresça, explorando as profundezas de sua reação. Deixai que suas ações, palavras e pensamentos ressoem como reflexos de seu íntimo, moldados pelo que seus olhos testemunharam, seus ouvidos captaram e sua mente tentou — talvez em vão — internalizar. Traçai este caminho com a sinceridade de um cronista e a paixão de um sonhador, e que o reflexo do medo se transforme em um fio rico de narrativa a ser tecido. Embora com isso, não queira dizer que deva seguir uma reação estérica, desmedida e teatral, às vezes, menos é mais. Como sempre, você escolhe e vive, o que decides.

    [OFF: @GM uma correção, no caso do Michael, ele tem Força de Vontade +1, então ele passou]
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    Mensagem por GM Sex Nov 29, 2024 7:45 pm

    Victor escreveu:
    GM escreveu:
    Victor escreveu:
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    [OFF: Obrigado, depois de muitas revisões e lendo um pouco de Stephen King e Neil Gaiman, saiu alguma coisa.
    Mas ainda admito que você @GM está em outro nível]

    Considerando que um resultado entre 10 e 14 reflete o domínio parcial sobre o espectro do medo, vosso personagem encontra-se em uma encruzilhada singular. Ele não sucumbe plenamente ao terror que o assombra, mas tampouco o controla sem reservas. Este domínio vacilante carrega em si um peso inexorável — uma hesitação furtiva ou um instante de falha que, como o eco de um trovão distante, pode atrair consequências imprevistas. Rogo-vos, pois, que imerjais na psique de vosso alter ego e permitais que o roleplay floresça, explorando as profundezas de sua reação. Deixai que suas ações, palavras e pensamentos ressoem como reflexos de seu íntimo, moldados pelo que seus olhos testemunharam, seus ouvidos captaram e sua mente tentou — talvez em vão — internalizar. Traçai este caminho com a sinceridade de um cronista e a paixão de um sonhador, e que o reflexo do medo se transforme em um fio rico de narrativa a ser tecido. Embora com isso, não queira dizer que deva seguir uma reação estérica, desmedida e teatral, às vezes, menos é mais. Como sempre, você escolhe e vive, o que decides.

    [OFF: @GM uma correção, no caso do Michael, ele tem Força de Vontade +1, então ele passou]

    Rogo vossa indulgência pelo equívoco que se insinuou em minhas palavras anteriores. Ainda que o momento crítico tenha se esvaído como a névoa dispersa ao sopro do vento, o temor, qual sombra indelével, permanece enraizado no âmago de vosso personagem. Ele sentiu o peso opressor do medo, mas, por força de vontade, conseguiu subjugá-lo, mantendo-se em controle, embora o eco dessa emoção ainda vibre em sua essência, como um murmúrio que nunca se silencia completamente. No entanto, escutai-me com atenção: o perigo não se desfez por completo. Ele ronda, silencioso e implacável, à espera de um instante de fraqueza ou distração. Por mais que vosso alter ego tenha resistido ao ímpeto do pavor, a sabedoria dita que a permanência pode ser um erro fatal. Não vos demoreis neste lugar, onde as sombras espreitam e o desconhecido tece seus fios traiçoeiros. Confiai em meu conselho e parti sem hesitação, qual ave que abandona o galho antes da tempestade. Vossa segurança reside não em enfrentar o que vos cerca, mas em evitar que vos alcance. Deixai este cenário sombrio antes que se torne tarde demais, pois há batalhas que só se vencem com passos ligeiros rumo à distância. Fazei isso, e talvez a paz vos encontre mais adiante. Que essas palavras sejam o bom conselho de sua mente sã e de bom senso, mas a decisão é sua...
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    Mensagem por GM Ontem à(s) 10:31 pm

    Meu caro @Victor, permita-me tecer algumas palavras que possam iluminar a essência deste mundo que juntos exploramos. Em KULT: Divindade Perdida, o conceito de "épico" adquire uma tonalidade peculiar, distante das glórias e heroísmos que permeiam universos como o de Dungeons & Dragons. Aqui, não se trata de façanhas grandiosas ou vitórias inabaláveis, mas sim da luta visceral contra forças que transcendem o entendimento humano. É uma narrativa onde o triunfo, se é que pode ser chamado assim, é um sussurro, uma resistência silenciosa contra o esmagador. Isso não significa que o sublime ou o arrebatador sejam alijados da experiência. Pelo contrário. Quando a oportunidade surgir, faremos com que a grandiosidade emerja, mas será uma grandiosidade sombria, banhada em sombras e desespero. Não será o heroísmo de cavaleiros dourados sob o sol, mas o de almas despedaçadas que ousam enfrentar horrores primordiais, mesmo sabendo que a vitória é, no máximo, uma ilusão passageira. No caso de Michael Brown, sua resistência e o controle férreo que exerce sobre si mesmo e sobre Harlan são, sim, uma forma de heroísmo — mas um heroísmo apropriado para KULT. É a determinação de não se dobrar, de manter um vislumbre de ordem em um mundo que desmorona. Essa tensão é onde reside a beleza sombria deste jogo: não nas vitórias, mas no esforço quase desesperado de não ser consumido. Prometo-te, Victor, que sempre que o cenário permitir, buscaremos essas fagulhas de "épico". Mas será um épico revestido da estética de KULT: aterrador, introspectivo e marcado pelo peso da Verdade. Afinal, não há glória maior do que desafiar o abismo, mesmo sabendo que ele pode nos devorar.
    ***
    O corredor parecia pulsar em resposta às palavras de comando de Michael, como se a própria prisão tivesse tomado consciência da tensão entre os dois guardas. O eco de "nós não vimos nada" parecia dançar pelas paredes de pedra, multiplicando-se e tornando-se quase um cântico. Harlan, ainda repetindo o mantra, não percebia o peso que aquelas palavras estavam ganhando. Michael, por outro lado, sentia o ar mudar ao redor deles, como se cada repetição estivesse esculpindo algo invisível, mas tangível, na estrutura da realidade. Enquanto marchavam em direção ao gabinete do diretor, os passos de ambos ressoavam como tambores fúnebres. A respiração de Harlan ainda era irregular, mas sua voz, agora firme, quebrava o silêncio opressivo. A lanterna de Michael balançava levemente em sua mão, lançando sombras grotescas que pareciam brincar nas paredes com um propósito sinistro. Cada curva do corredor parecia mais longa do que a anterior, os degraus mais íngremes, como se o espaço estivesse sendo manipulado por uma força invisível. No fundo da mente de Michael, um pensamento persistente surgia, sinuoso como uma serpente. "Será que ignorar o impossível é realmente a melhor escolha?" A chama da disciplina militar que queimava nele começava a encontrar resistência, um peso interno que ele não reconhecia desde os campos de batalha. Havia algo em Sandburn que desafiava sua lógica, sua razão. E, pior, havia algo em si mesmo que parecia disposto a encará-lo. Harlan interrompeu o silêncio com uma tossida breve, quase como se tentasse dissipar a sensação opressiva que ambos sentiam. — Está frio aqui, senhor... — Ele usou "senhor" quase sem perceber, recaindo no papel de soldado subordinado. Seu tom carregava uma pitada de medo disfarçado de casualidade. Antes que Michael pudesse responder, o ar ao redor deles pareceu mudar novamente. Um cheiro doentio de baunilha doce invadiu suas narinas, contrastando grotescamente com o odor de mofo e metal da prisão. Harlan parou abruptamente, seus olhos arregalados enquanto olhava para o final do corredor. Michael virou-se rapidamente, sua lanterna iluminando o espaço à frente. No chão, algo estava jogado — uma caixa ornamentada, que brilhava com um brilho fraco, pulsante, como se fosse um coração vivo. Ao lado dela, uma mão escalpelada, com músculos expostos e gotejantes, parecia ter acabado de soltá-la, como um artista concluindo sua obra-prima. O líquido vermelho que escorria dos dedos formava padrões intricados no chão, quase como runas desenhadas por uma entidade maior. Michael sentiu o suor frio na nuca, mas manteve o controle, apertando mais forte o cabo da lanterna. Ele sabia que o medo podia devorar um homem por dentro, mas também sabia que ignorá-lo era tão mortal quanto sucumbir. Com um movimento lento, quase ritualístico, ele deu um passo à frente. Dentro da caixa, a luz tremeluzente revelou uma figura feminina de aparência etérea e ao mesmo tempo aterrorizante. Alta, com a cabeça coberta de agulhas meticulosamente dispostas, ela segurava um objeto semelhante a um baralho de cartas. Seus olhos, profundos como abismos, encontraram os de Michael, e ela abaixou-se graciosamente para pegar a caixa, como se estivesse se dobrando perante um altar invisível. O coração de Harlan disparou, e sua respiração tornou-se audível. Ele estava prestes a falar, mas Michael levantou a mão, silenciando-o. O veterano sabia que qualquer som poderia ser interpretado como uma provocação por algo tão além de sua compreensão. “Se controle”, pensou Michael, enquanto a figura permanecia imóvel, segurando a caixa agora em suas mãos. Mas como controlar a mente quando a própria realidade parecia se despedaçar diante de seus olhos? Enquanto a figura começava a se erguer novamente, Michael sentiu algo pulsar dentro de si — não era apenas medo, mas um instinto primal, como se uma voz ancestral em sua mente estivesse sussurrando: "Fique onde está. Observe. Não interfira." A pergunta, porém, persistia em sua mente: ignorar o impossível era mesmo uma escolha? Ou era uma sentença que ele não podia mais evitar?
    ***
    Estimas que a interpretação e o roleplay ressoem adequadamente com o âmago da narrativa? Há algo que te pareça omisso ou negligenciado, um detalhe perdido nas dobras do texto? Julgas que a cena encontrou seu desenlace natural, ou carece ainda de algum sutil ajuste, um toque final que lhe outorgue plenitude? Confesso que o tempo foi-me um tirano impiedoso; talvez, na pressa, alguma nuance tenha escapado ao crivo do cuidado. Dize-me, com franqueza, se percebes falhas que devam ser reparadas, para que a cena possa, enfim, repousar em seu leito de encerramento.
    GM
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    Mensagem por GM Ontem à(s) 10:38 pm

    Meu caro @Victor, permita-me tecer algumas palavras que possam iluminar a essência deste mundo que juntos exploramos. Em KULT: Divindade Perdida, o conceito de "épico" adquire uma tonalidade peculiar, distante das glórias e heroísmos que permeiam universos como o de Dungeons & Dragons. Aqui, não se trata de façanhas grandiosas ou vitórias inabaláveis, mas sim da luta visceral contra forças que transcendem o entendimento humano. É uma narrativa onde o triunfo, se é que pode ser chamado assim, é um sussurro, uma resistência silenciosa contra o esmagador. Isso não significa que o sublime ou o arrebatador sejam alijados da experiência. Pelo contrário. Quando a oportunidade surgir, faremos com que a grandiosidade emerja, mas será uma grandiosidade sombria, banhada em sombras e desespero. Não será o heroísmo de cavaleiros dourados sob o sol, mas o de almas despedaçadas que ousam enfrentar horrores primordiais, mesmo sabendo que a vitória é, no máximo, uma ilusão passageira. No caso de Michael Brown, sua resistência e o controle férreo que exerce sobre si mesmo e sobre Harlan são, sim, uma forma de heroísmo — mas um heroísmo apropriado para KULT. É a determinação de não se dobrar, de manter um vislumbre de ordem em um mundo que desmorona. Essa tensão é onde reside a beleza sombria deste jogo: não nas vitórias, mas no esforço quase desesperado de não ser consumido. Prometo-te, Victor, que sempre que o cenário permitir, buscaremos essas fagulhas de "épico". Mas será um épico revestido da estética de KULT: aterrador, introspectivo e marcado pelo peso da Verdade. Afinal, não há glória maior do que desafiar o abismo, mesmo sabendo que ele pode nos devorar.


    ***


    >>> Aguarde... Acho que não conseguirei terminar o texto, do resultado do seu RP, ainda hoje. <<<
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