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    Prelúdio

    Ricardo
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    Mensagem por Ricardo Qua Dez 25, 2024 9:18 pm

    Harlam observa atentamente o homem com a certeza de que os olhos não revelam toda a verdade sobre o ser a sua frente.

    Ainda assim, um homem deveria preferir a morte em combate do que  a encontrar um fim como joguete nas mãos do Inimigo.

    - O que está acontecendo aqui Seymour?

    Harlam agarra, sem desviar os olhos, uma estátua de rocha sólida em formato de um corvo, sob a qual documentos antigos jaziam cuidadosamente compilados sobre a mesa.

    Harlam se aproxima, cauteloso, como um homem que aborda uma fera enlouquecida para o abate.

    - Não jogue com Michael. A opção nunca fornecida é aquela que o ameaça.
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    Mensagem por GM Dom Dez 29, 2024 4:34 pm

    @Ricardo e @Victor




    Enquanto ao ler e escrever, por favor, escutem essa playlist.


    — Ah, Harlan, sempre o vigilante, o intrépido... —

    A voz de Seymour reverberou pela sala como o som de correntes arrastadas em uma catedral vazia, cada palavra impregnada de um pesar quase cínico, uma música fúnebre para o espírito inquieto à sua frente. Ele não se levantou, pois sua postura, mesmo imóvel, parecia dominar o espaço como o epicentro de uma tempestade que ainda não havia desabado.



    — "Os olhos," dizeis, "não revelam toda a verdade." Como podeis vós, com vossa mortal percepção, proclamar conhecer sequer uma sombra da verdade? Oh, mas não vos culpo. Todos somos prisioneiros da ilusão que chamamos visão. —



    Os dedos de Seymour tamborilaram lentamente sobre a mesa, cada batida como o toque de um relógio oculto marcando não o tempo, mas o peso do destino. Sua atenção foi para a estátua de corvo que agora estava nas mãos de Harlan. Seus olhos cinzentos e fundos cintilaram, não com medo, mas com algo mais enigmático, algo próximo à curiosidade.



    — Agarrar um corvo em busca de respostas, Harlan? Sabeis o que dizem sobre estas aves? São mensageiros, sim, mas não do céu. Suas asas negras carregam segredos arrancados do abismo, e seu voo nunca é sem propósito. Mas vós... achais que esta pedra inerte vos dará o poder de me deter? —



    A última palavra escorreu como veneno de sua língua, mas seu rosto permaneceu sereno, a máscara de um homem acostumado a jogar em tabuleiros cujas peças eram feitas de carne e alma. Seymour inclinou-se para frente, os dedos entrelaçados em um gesto que parecia tanto contemplação quanto desafio.



    — Não jogarei com Michael, dissestes. Mas, Harlan, estais certo de que ele não já joga consigo mesmo? Oh, como é doce a ilusão da escolha, quando o verdadeiro tabuleiro é invisível aos vossos olhos mortais. E quanto à ameaça... —



    Ele ergueu a mão, apontando para a estátua como um maestro que indica o próximo movimento de sua orquestra macabra. Sua voz agora era quase um sussurro, mas ainda assim cortava o ar como uma lâmina:



    — ...não vos enganeis, meu caro. A ameaça nunca foi o que está diante de vós, mas o que carregais em vosso coração. A dúvida, o medo, a fúria contida. Esses são os verdadeiros adversários, e eles vos têm em xeque antes mesmo que façais vossa primeira jogada. Agora, deixai-me perguntar: preferis enfrentar o monstro externo ou aquele que rasteja em vossa alma? Pois, acredite, Harlan, um deles vencerá esta noite. E garanto-vos, não serei eu o derrotado. —



    A Revelação do Lictor



    Prelúdio - Página 2 Dalle_44


    A sala parecia conter a respiração do universo, esticando o momento como uma corda prestes a romper. Seymour, aquele que até então encarnava a autoridade terrena, começou a transformar-se diante dos olhos arregalados de Harlan e Michael. Sua carne tremulava como uma vela ao vento, derretendo em cascatas negras que pareciam óleo fervente. O ar tornou-se pesado, carregado de uma presença que esmagava a razão.



    — Homens? — sussurrou Seymour, sua voz reverberando como mil ecos de um abismo sem fundo. — Não, sou algo além disso. Sou aquele que sussurra às sombras, que governa o medo. Sou o Lictor, a lâmina e a punição! —



    Seu corpo expandiu-se, retorcendo-se em formas angulares, como uma escultura de espelhos quebrados. As mãos transformaram-se em garras alongadas, brilhantes como obsidiana. De suas costas, asas irromperam, feitas de um material que parecia luz e escuridão entrelaçadas. E onde antes havia olhos, agora apenas vazios fulgurantes, janelas para algo que não deveria ser visto.



    O Destino Selado



    Harlan tentou reagir, agarrando a estátua em formato de corvo, mas seu movimento foi inútil. Seymour, ou o que ele havia se tornado, deslizou pelo espaço como fumaça, rápido demais para ser seguido pelos olhos humanos. Com um golpe singular, ele ergueu Harlan pelo pescoço, seus dedos rasgando carne e esperança em um só movimento.



    Michael, movido pelo instinto de sobrevivência, avançou com um grito primal, mas foi recebido por uma das asas do Lictor, que o arremessou contra a parede com um impacto que fez o mundo parecer tremer. O sangue escorria como rios escarlates, e o som de ossos quebrados ecoou pela sala como uma melodia de ruína.



    — Fracos... Mortais... Sempre acreditando que podem desafiar o inevitável. —



    Com um movimento final, Seymour desferiu o golpe que mergulhou os dois guardas na escuridão eterna. A sala desabou em silêncio, engolida por sombras que pareciam sussurrar segredos proibidos.



    O Retorno ao Véu



    De repente, Harlan e Michael despertaram em suas camas no dormitório da prisão. O teto familiar pairava acima, mas o ar ainda estava denso, como se carregasse o peso do sonho — ou seria realidade? Ambos trocaram olhares, os corpos ainda tremendo com o eco de uma agonia inexplicável.



    As paredes pareciam mais escuras, os cantos mais profundos, e um som distante, como correntes arrastadas, ecoava pelos corredores. Nenhuma palavra foi dita, mas ambos sabiam que o que haviam enfrentado não era um mero devaneio. O riso baixo, rouco e distorcido de Seymour ainda parecia ressoar em suas mentes, lembrando-os de que a verdade, uma vez vista, nunca pode ser desvista.



    Prelúdio - Página 2 Mestr196

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    Mensagem por Ricardo Qua Jan 08, 2025 10:20 am

    Harlan abre os olhos lentamente temendo o que seria revelado. Investigando o ambiente ao seu redor ele percebe o dormitório da prisão e o examina cuidadosamente com o olhar. Silêncio, apenas silêncio.

    Sua mente estava em conflito. Pesadelo ou real, sanidade ou loucura. Teria Michael testemunhado os mesmos eventos ou o tomaria como louco.

    Ele decide se levantar e ir até Michael para despertá-lo.

    - Michael, você está bem?

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    Mensagem por Victor Sáb Jan 11, 2025 6:38 pm


     
       
         
         
       
     

           Michael
         

           

              

    Eu acordei com a voz de Harlan. Não foi um sussurro tranquilo ou algo que pudesse ser confundido com um sonho. Foi seco, preocupado, como se ele quisesse me arrancar de algum pesadelo que ainda me prendia pelos tornozelos.
    Por um instante, pensei que fosse exatamente isso. Um sonho. Um delírio. Mas então vi os olhos dele. Aflitos. Olhando para mim como se eu pudesse desmoronar a qualquer momento. Como se ele quisesse que eu dissesse:
    "Sim, Harlan. Está tudo bem. Era só um pesadelo."
    Mas não era. Eu sabia. E ele também.
    Assenti devagar, sentindo os músculos do pescoço rígidos, como se cada movimento exigisse um esforço descomunal.


    _Então quer dizer que voltamos... - Minha voz saiu rouca, arranhando a garganta. Parecia que eu não falava há anos. Ou talvez fossem só horas. Quem sabe? O tempo não fazia sentido ali.

    Respirei fundo, puxando o ar denso daquele lugar. Não havia cheiro de morte, não ainda, mas havia algo mais sutil. Umidade. Pedra fria. E algo metálico, quase como sangue oxidado. Levantei os olhos e examinei o ambiente com a calma de quem já viu horrores demais para se apressar.
    Aquele teto sombrio, as paredes que pareciam sugá-lo, como se fossem feitas de sombras condensadas. Não era muito diferente das celas onde trancavam os prisioneiros. Sem janelas, sem esperança. Mas diferente o bastante para eu saber que aquele lugar não era para nós.
    Eu já tinha sobrevivido a coisas piores. Já vi homens sendo dilacerados, já senti o cheiro de carne queimada misturado ao barulho surdo de bombas explodindo ao longe. A guerra ensina muita coisa, mas principalmente a não morrer fácil. Não seria agora que eu ia me render a algo... algo que nem sequer posso descrever.
    Antes que Harlan pudesse responder a pergunta que eu mesmo já sabia não ter resposta, me levantei. A cama rangeu sob meu peso, o som se espalhando pelo cômodo vazio.


    _Pretendo ir embora desse inferno. - Minhas palavras saíram firmes, pesadas. - Ainda tenho alguns contatos no exército. Membros do meu pelotão, que agora fazem serviço burocrático. Você vem comigo?

    Fiquei ali, parado, encarando Harlan. Com um olhar frio, impessoal. Não havia espaço para dúvidas. Ou ele vinha ou ficava. E ficar... não era uma opção.
    O silêncio entre nós pesava mais do que qualquer resposta. E, sinceramente, não fazia diferença.
    Eu só precisava saber, sim ou não.
    Eu já tinha me decidido.
    Eu sairia dali.
    Vivo.


    Michael Brown:
     
           

         


    [Off= Como não sei quanto tempo vai levar o prologo @GM decidi fazer uma ficha para o Michael e desculpa a demora]
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    Mensagem por GM Ter Jan 14, 2025 3:47 pm





    Use o mapa para descrever o caminho que vocês fazem, por favor... Começaremos a fuga pelo dormitório, sala 8. Um pequeno descritivo é apresentado. Use-o para nortear sua postagem. Depois que disserem por onde passam, eu colocarei a imagem de cada local.






    No recanto da oitava sala, sob véus de descanso repousa,
    Onde sonhos tecem tramas, na penumbra silente acolhida.
    "Daqui partiremos", sussurra o vento, num sibilo que musa,
    Pelos corredores de pedra, onde a sombra é tecida.

    Segue o eco das passadas, que ao longo do caminho urde,
    Por portais que guardam segredos, em antigos muros confinados.
    Cada um revela um mistério, como o olhar da noite que surge,
    E no labirinto de salas, o destino é em sussurros narrados.

    Prelúdio - Página 2 Mestre42

    Entre arcadas esquecidas, uma fera se oculta, à espreita,
    Na penumbra, seu rosto se desvela, em traços tão fugidios.
    "Quem decifra a charada, à verdade sua alma enfeita,
    E da fera, o nome clama, em antigos e sábios idílios."

    Por este rincão andamos, sob o peso de antiga profecia,
    Cada sala uma página, cada sombra um verso da estória.
    O mapa é nosso guia, nas entrelinhas, a sabedoria,
    E a quem lê com atenção, revela-se a memória.

    Assim, ao próximo passo, atentai ao que é mostrado,
    Uma imagem por vir, onde mais pistas serão tecidas.
    Na jornada do saber, o caminho é entrelaçado,
    Por charadas e mistérios, em nossas vidas decididas.


    >>> A Prisão de Sandburn: Decadência Infernal <<<

    Prelúdio - Página 2 Sandbu15






    I. O Pátio
      Desolado espaço, outrora repleto de pesares,
      Sob a sombra do ulmeiro, ecoam os desesperos.
      Guardas em treino, prisioneiros em desgosto,
      Pedra sob pedra, a hera consome o posto.

    II. Entrada do Hospital
      Portais de dor, onde a tinta descascada confessa,
      Sussurros de álcool e doença, a angústia opressa.
      Guarda vigia, onde outrora o acolhimento frio,
      Direciona agora, no peito, o desdém do vazio.

    III. Sala dos Enfermeiros
      Entre paredes que ainda retêm o passado,
      Oito almas se confundem com o eco lamentado.
      Conversas baixas, entrementes, de dor se vestem,
      Mantêm-se os enfermeiros, na mesma prece, detêm-se.

    IV. Quarto dos Doentes
      Leitos de agonia, onde a morte dança com os vivos,
      Quartos dividem destinos, entre os mais nocivos.
      Da morte, os suspiros; na enfermaria, o fardo,
      Quatro leitos agora, no silêncio amargo.

    V. A Entrada/Recepção da Nova Prisão
      Um vestíbulo fortificado, prontidão em ferro e aço,
      No rosto do recepcionista, a ordem é o embaraço.
      Guardas e trancas controlam a passagem,
      O medo, agora, mora na moderna engrenagem.

    VI. Sala do Guarda
      De vigia a bastião, a evolução do encargo,
      Onde agora a tecnologia rege o novo embargo.
      Telefonia e olhos eletrônicos, guardas encarcerados,
      Na sala, as decisões, por fios, são guiados.

    VII. O Salão Central da Nova Prisão
      Deteriorado antro, o coração da prisão transformado,
      Vazio e branco, os portões de ferro são agora vidro murado.
      A solitária reflexão de um espaço outrora ocupado,
      Ecos de conversas, hoje, por silêncio abafado.

    >>> Vocês começam aqui <<<
    VIII. Quarto dos Guardas/Sala para Fumantes
      O descanso dos vigilantes, em fumaça esquecido,
      Da mesa ao rádio, ninguém repousa,
      Sem conforto jaz, entre móveis e velhas tramas,
      Ruído branco paira, onde o cinza da estática ousa.
    >>> Vocês começam aqui <<<


    IX. Pátio de Exercícios
      Uma torre vigia as ruínas do confinamento ao ar,
      Onde o verde da erva daninha tenta o espaço dominar.
      Exercícios de fadiga, no descuido das ruínas repousam,
      E sob a torre quebrada, sombras de homens repousam.

    X. A Nova Ala Oeste
      Ferro e pedra, a vista das celas tão estreitas,
      Seis leitos dobrados, em manhãs tão perfeitas.
      Agora, portas de aço guardam a solidão designada,
      E em cada cela, um espírito à pedra é acorrentada.

    XI. A Nova Ala Leste
      Espelho da Oeste, na simetria da opressão,
      Idênticas condições, na história a mesma canção.
      De ferro a aço, as janelas pequenas espreitam,
      Nos corredores ecoam os passos que deambulam.

    XII. Refeitórios
      Longas mesas de madeira, onde o jantar é servido,
      Estanho e madeira, no amarelo enfermiço, colorido.
      Agora, a oficina de sonhos, entre teares e pinturas,
      Nas mesmas bancas, a criação luta contra as amarguras.

    XIII. Refeitório/Oficina
      Nas mesas que alimentaram, agora se trabalha,
      Pintura, costura, o sonho em cada malha.
      Do refeitório à oficina, a transformação é testemunhada,
      Em cada ponto e traço, a liberdade imaginada.

    XIV. Cozinha
      Caldeirões e tijolos, onde o fogo central era mestre,
      Cozinheiros e auxiliares, no banquete um gesto.
      No modo antigo, sem electricidade se fia,
      Continuam os cozinheiros, a fome não arrefecia.

    XV. O Lavatório
      Água e ferrugem, nas paredes o lamento,
      Assassinatos lavados, em cada gota o tormento.
      Modernos chuveiros agora, a memória insiste,
      No lavatório, as sombras da dor ainda persistem.

    XVI. O Salão do Velho Cárcere
      Muros de pedra, testemunhas do tempo estagnado,
      Entre as escadas caracóis, o passado não pintado.
      As celas estreitas, os passos ecoam em solidão,
      Mesmo em noventa e dois, a história repete a condição.

    XVII. Corredor da Morte
      Sentenças crescentes, na escuridão seis almas dividem,
      Mais espaço entre muros, onde os condenados residem.
      Portas abertas, camas apodrecem no esquecimento,
      O corredor ecoa, vazio, o último lamento.

    XVIII. As Celas das Mulheres
      Superlotação desfaz a divisão, dezoito almas sem sol,
      Antes mais livres, agora à sombra do arrebol.
      Portas que não guardam, tudo dentro se desfaz,
      O esquecido feminino, na história, é apenas fugaz.

    XIX. O Necrotério
      De antesala da morte a caminho direto ao jazigo,
      Restos mortais, no esqueleto a morte encontrou abrigo.
      Ratos e tempo, abandonados, o esquecimento profundo,
      No silêncio do necrotério, o último suspiro do mundo.

    XX. Oficinas
      Trabalho e suor, as máquinas paradas no tempo,
      Onde outrora a vida pulsava, agora só lamento.
      Bancos e teares quebrados, o tecido da vida rasgado,
      No tempo, cada fio de esperança, desgastado.

    XXI. Entrada para a Velha Ala Oeste
      Um salão pequeno, guardião da fuga, o portão encerra,
      Noventa e dois traz apenas poeira, a memória da terra.
      O piso, o passado acumula, na sombra da entrada se perde,
      Da Velha Ala Oeste, a história, em silêncio, arde.

    XXII. O Salão da Velha Ala Oeste
      Renovada para a modernidade, a umidade ainda preside,
      Cartas e guardas, no passado, a ronda decide.
      Agora só pó e esquecimento, a mesa partida,
      No salão, o tempo joga, a partida é vencida.

    XXIII. A Velha Ala Leste
      Corredores de dor, superlotados de desespero,
      Celas abertas, no interior, o tempo é severo.
      Tudo dentro apodrece, o pó da história semeia,
      Na Velha Ala Leste, a memória ainda gorjeia.

    XXIV. Sala da Guarda
      Vigilância e pausas, nas cartas o destino se entrelaça,
      Agora, guardas de osso, o silêncio os abraça.
      O pó cobre a desolação, na mesa quebrada,
      Na Sala da Guarda, a morte é jogada.




    >>>Já podem postar.<<<


    Victor
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    Mensagem por Victor Hoje à(s) 8:39 am


     
       
         
         
       
     

           Michael
         

           

              

    Eu estava ali, parado, tentando não deixar o desespero tomar conta, mas a verdade era que cada segundo que passava parecia mais longo que o anterior.

    O quarto dos guardas era um espaço funcional, sem nenhuma alma, apenas um eco frio de deveres cumpridos e vidas desperdiçadas. Um lugar abafado e desorganizado, cheirando a suor velho e cigarro barato, com manchas de café no piso desgastado. Havia uma sensação de descaso impregnada no lugar, como se até mesmo a limpeza tivesse desistido de lutar.
    Olhei ao redor, meus olhos varrendo o ambiente com uma precisão quase militar, à procura de algo,  qualquer coisa, que pudesse virar a maré a meu favor.
    Não era uma busca desesperada, não. Era algo metódico, aprendido em noites longas e solitárias na guerra, quando cada sombra podia esconder uma arma ou um inimigo. Se havia algo ali que pudesse ser útil, eu encontraria.


    Percepção:

    O chão de pedra desgastado parecia murmurar sob meus pés, como se soubesse que eu não deveria estar ali. As paredes, com suas marcas de ferrugem e desleixo, estavam impregnadas de segredos sujos e silêncios forçados. Talvez esse lugar tivesse testemunhado coisas piores do que eu poderia imaginar e, honestamente, eu não queria imaginar.
    Harlan estava por perto, mas eu não me virava para ele. A presença dele era um peso estranho nas minhas costas, metade um lembrete de que eu não estava sozinho, metade uma âncora que talvez me puxasse para baixo no momento mais crucial.
    Respirei fundo, enchendo os pulmões com o ar pesado daquele lugar. Era um exercício para manter a normalidade, mas quem eu estava tentando enganar?
    Nada era normal ali.
    E tentando me concentrar. O ar entrou nos meus pulmões como uma lixa, queimando cada canto. Minha mente estava a mil por hora, calculando o que viria a seguir.
    Nada podia parecer fora do lugar. Se alguém suspeitasse, eu seria morto antes de passar pela primeira porta.
    Não havia espaço para calmaria, apenas para a ilusão dela. Ajustei meu uniforme, tentando alinhar as rugas e esconder as falhas que ele acumulava como cicatrizes de batalhas passadas. Uma aparência impecável era uma mentira que eu podia vender. Às vezes, era a única coisa que funcionava.
    Deixei o quarto, passando pela porta que levava ao Salão Central. As paredes pareciam se estreitar enquanto eu caminhava, e a cada passo, meu coração pulsava com uma mistura de adrenalina e cálculo frio.
    Não podia pensar em tudo que podia dar errado. Isso não ajudava. Precisava focar no próximo movimento, no próximo passo, como um jogador de xadrez que sabia que só tinha mais uma jogada antes de ser encurralado.
    Mas cada passo parecia ecoar com o peso de mil sapatos, cada som amplificado pela paranóia. Eu só precisava atravessar o Salão Central da Nova Prisão. Simples, não?
    Simples como atravessar um campo minado enquanto alguém te observa com um rifle.
    Aquilo era o coração do lugar, mas não no sentido de vida ou vitalidade. Era mais como um tumor pulsante, centralizando o peso de toda aquela estrutura opressiva.
    Precisava me focar, meu objetivo era simples: atravessar por ali sem chamar atenção, seguir para a recepção e, com sorte, sentir o gosto da liberdade novamente.
    Claro, sorte não era algo que eu confiava, mas mesmo o homem mais cético precisava fingir que ela existia de vez em quando.
    Os sons do salão começaram a invadir meus ouvidos, vozes graves, risadas ocas, o som abafado de botas contra o piso. Um zumbido constante pairava no ar, um ruído que não podia ser localizado, mas que preenchia cada canto. Era um som de máquinas e almas quebradas, uma sinfonia dissonante que fazia meu estômago revirar.

    "Se der tudo certo", pensei,"Isso vai ser rápido. Uma travessia breve e sem incidentes." Claro, se der tudo certo era uma frase que carregava mais peso do que qualquer outra naquele momento.
    Mas era com isso que eu tinha que trabalhar. A sorte e a determinação eram minhas únicas armas agora. E talvez, apenas talvez, isso fosse o suficiente.
    Contudo uma coisa era certa: não ia deixar esse lugar me engolir vivo.
    Não sem lutar antes.


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