Sobre guerras e rumores de guerra:
"E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, pestes e terremotos em vários lugares." (Mateus 24:6-7, Almeida Corrigida e Fiel)
1. As Guerras Coloniais
Na vastidão do mundo ainda não dividido, onde o ouro negro da ambição moldava impérios, as potências europeias disputavam continentes como jogadores movendo peças num tabuleiro profano. Sob o sol abrasador da África e os céus opressivos da Ásia, a Era do Imperialismo erguia seus estandartes de conquista.
África do Sul: Lá, no solo rachado e sangrento, britânicos e Bôeres (os descendentes dos colonos holandeses) trocavam olhares que precediam as balas. O prelúdio da Segunda Guerra dos Bôeres já sussurrava em 1892, em pequenos conflitos que eram fagulhas de uma chama iminente.
África Ocidental: Enquanto isso, a França e a Grã-Bretanha travavam um duelo silencioso, mas mortal, pelos territórios de um continente cuja riqueza havia se tornado maldição. Sob o pretexto de civilizar, espalhavam grilhões de ferro e palavras de chumbo.
2. O Declínio da Dinastia Qing e a Intriga Sino-Francesa
Nos corredores decadentes do Palácio Imperial, onde a seda já não escondia as rachaduras das paredes, o fim da Dinastia Qing era um eco crescente. O Conflito Sino-Francês (1884-1885) havia deixado marcas profundas, mas a verdadeira batalha era contra os sussurros ocidentais que corroíam a soberania chinesa. Pressionada por tratados injustos, a China encontrava-se em uma agonia silenciosa que seria prelúdio para a Primeira Guerra Sino-Japonesa em 1894.
3. Revoltas e Movimentos de Independência
Enquanto os impérios tentavam apertar suas garras, as vozes do povo se erguiam, tão frágeis quanto chamas ao vento, mas incessantes.
Império Otomano: Nos Bálcãs, a insurreição sussurrava entre as montanhas, onde o desejo de liberdade se enraizava como árvores antigas. Sérvios, gregos e búlgaros desafiavam o Império Otomano, cujas fundações tremiam sob o peso da história.
Irlanda: Na terra verde e mística, o nacionalismo rugia contra o jugo britânico. Os ideais de independência fermentavam em corações ardentes, prometendo um futuro de sangue e liberdade.
4. Conflitos Internos e Tensionamentos na Europa
Alemanha e França: As feridas da Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) ainda sangravam. França, humilhada, tramava em silêncio; Alemanha, vitoriosa, caminhava com a arrogância de um gigante recém-desperto.
Anarquismo e Revoltas Sociais: Na penumbra das fábricas e nos salões abafados da aristocracia, o anarquismo explodia em atos de violência. Figuras políticas tombavam, vítimas de um ideal que sacrificava ordem pelo caos em busca de justiça.
5. A Conquista do Oeste nos Estados Unidos
Nas planícies vastas e indomáveis do oeste americano, a poeira das caravanas ainda não havia se assentado. Colonos e tribos indígenas se enfrentavam, como correntes opostas em um rio revolto. O sonho do progresso mascarava o horror do extermínio, e o espírito da terra rugia em protesto mudo.
Embora 1892 não tenha testemunhado o estopim de uma guerra global, foi um ano em que as sombras do imperialismo e das rivalidades moldaram o futuro com mãos de ferro e vozes abafadas. A tensão era palpável, e cada conflito, uma melodia dissonante no prelúdio de um século marcado pelo sangue e pela revolução.
Extra: O pai de Josef Mengele, Karl Mengele (1881–1959), estava vivo em 1892. Na época, ele era apenas uma criança de cerca de 11 anos. Mais tarde, Karl tornou-se um industrial bem-sucedido, fundando a empresa Karl Mengele & Söhne, especializada em maquinaria agrícola.
O avô paterno de Josef Mengele, Wolfgang Mengele (1852–1932), também estava vivo em 1892. Wolfgang era um agricultor e artesão que trabalhava para sustentar a família em Günzburg, na Baviera, Alemanha. Ele desempenhou um papel importante na criação de uma base sólida para a ascensão econômica da família Mengele, que mais tarde financiaria a educação e os estudos de Josef.