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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Elminster Aumar
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    Mensagem por Elminster Aumar Qua Dez 18, 2024 5:14 pm

    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor


    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Garraf10

    Na imensidão do deserto Calim, sob as sombras das dunas que escondem segredos antigos, uma lenda ressurge: a Garrafa Azul de Tenaarlaktor, um artefato lendário que aprisiona espíritos de inimaginável poder.

    Quando um grupo improvável de mercenários, ladrões e idealistas cruza seus caminhos em busca da verdade por trás da relíquia, eles se veem enredados em uma teia de traições, alianças instáveis e forças ancestrais. Das ruas fervilhantes de Calimporto às profundezas perigosas de Muzad, a cidade subterrânea, cada passo os leva mais perto de um confronto que pode decidir o destino de Calimshan.

    Com poderes sombrios conspirando para reivindicar a garrafa e seus segredos, os heróis devem enfrentar inimigos de carne e osso, bem como entidades que desafiam a própria natureza. Mas será que resistirão às tentações do artefato... ou sucumbirão ao seu poder?

    "A Garrafa Azul de Tenaarlaktor" é uma história de ambição, mistério e magia, onde o deserto guarda não apenas tesouros esquecidos, mas também os perigos de despertar aquilo que deveria permanecer adormecido.

    Breve Explicação:
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    Mensagem por Elminster Aumar Qua Dez 18, 2024 5:38 pm

    Prólogo

    Rhogar bloqueou o ataque de um dos recrutas com facilidade, o som da madeira se chocando reverberando pelo pátio da guilda. Suas escamas de bronze brilhavam sob o sol de Calimporto enquanto ele dava uma instrução:

    - Mais rápido, ou uma jhasina¹ com um cajado te derrubaria.

    Antes que o draconato pudesse seguir com o treinamento, o som de passos estranhos chamou sua atenção. Rhogar ergueu o olhar, seu instinto de guerreiro ativado. Dois homens se aproximavam pela estrada de pedra batida que levava à sede da guilda. O primeiro era um humano em trajes de seda ricamente bordados, de pele escura. Alguns de seus dentes eram tão reluzentes quanto os anéis que adornavam seus dedos. Logo atrás, a imponente figura de um orc, movendo-se com um peso quase calculado. Seu rosto era parcialmente deformado, e ele tinha uma estrutura metálica que ajudava a segurar no lugar a sua mandíbula quebrada. O orc era grande, mas não tão grande quanto Rhogar.

    Deixando a espada de madeira de lado, ele sinalizou para os homens pararem. Rhogar não reconhecia os visitantes, e isso o deixava imediatamente em alerta. Quando os dois chegaram, o humano abriu os braços como se encontrasse um velho amigo.

    - Ah, Rhogar, o guerreiro imponente dos Lâminas do Deserto! Malik Zarif traz boas notícias... ou, quem sabe, uma oportunidade de ouro. - Ele estendeu os braços teatralmente, como se oferecesse o mundo.

    Rhogar cruzou os braços, as escamas se dobrando. Ele inclinou levemente a cabeça, a cauda se movendo devagar, como se medisse os intrusos. A voz grave do draconato soou firme:

    - Não sei quem você é, mas falar de ouro com um mercenário sem apresentar suas intenções costuma terminar mal. Continue, Malik Zarif.

    O mercador abriu um sorriso ainda mais largo, passando os dedos pelos anéis em suas mãos, como se cada gesto fosse ensaiado.

    - Ah, Malik Zarif aprecia sua prudência, Rhogar! Em tempos como este, a cautela é uma virtude. - Ele deu um passo à frente, ignorando os olhares desconfiados dos recrutas ao redor. - Malik Zarif é um mercador... mas também um homem de visão. Vim até você porque ouvi histórias de sua força, de sua honra. Dizem que os Lâminas do Deserto nunca quebram um acordo, mesmo quando a areia sopra contra eles.

    - Continue - resmungou Rhogar uma vez mais, estreitando os olhos e mantendo a postura firme. A presença do orc o incomodava.

    Malik Zarif levantou um dedo, como se estivesse prestes a compartilhar um segredo raro.

    - Há uma disputa acontecendo esta noite, no subsolo da taverna Aposta de Cobre. Um desafio que requer habilidade, força... e coragem. O prêmio? Uma relíquia antiga: a Garrafa Azul de Tenaarlaktor.

    Ao mencionar o nome, Malik Zarif olhou diretamente nos olhos de Rhogar, buscando uma reação. Mas o draconato permaneceu impassível.

    - Malik Zarif precisa de alguém para representá-lo neste desafio - continuou o mercador, dessa vez sem o incentivo do draconato. - E Malik Zarif acredita que você, Rhogar, é o homem para isso. O pagamento será generoso, claro, e o risco... bem, o risco faz parte do seu trabalho, não é mesmo?

    Rhogar bufou, a ponta de sua cauda golpeando levemente o chão.

    - Por que não você? Ou o seu amigo aí? - Ele indicou o orc com um movimento da cabeça.

    O orc ergueu levemente o olhar, mas permaneceu em silêncio, imponente como uma estátua de pedra. Foi Malik Zarif quem respondeu, rindo suavemente:

    - Malik Zarif é um homem de negócios, não de confrontos. Quanto a Gromak, bem... ele é apenas o meu guarda-costas. Você é a pessoa certa para essa tarefa, Rhogar. Então, o que me diz?

    Por um instante, Rhogar desviou o olhar para o horizonte, onde o sol continuava a castigar. Garuk saberia o que fazer agora, pensou o draconato. O Velho Lobo sempre tinha um instinto aguçado para lidar com homens como Malik Zarif. Mas Garuk não estava ali; havia partido dias atrás, em busca de contratos que poderiam salvar os Lâminas do Deserto do colapso. E agora, cabia a ele decidir.

    Rhogar voltou sua atenção para Malik, os olhos avermelhados avaliando o mercador e seu guarda-costas como quem mede o peso de uma balança. Ele decidiu começar pelo básico: ouro.

    - Se quer que os Lâminas do Deserto representem você, vai ter que pagar bem. E quero metade do pagamento adiantado - disse Rhogar, sua voz firme como pedra.

    O sorriso de Malik Zarif hesitou por um momento antes de retornar com ainda mais exuberância.

    - Ah, Malik Zarif não esperava menos de um guerreiro tão perspicaz! Qual é o seu preço?

    - Mil peças de ouro - respondeu Rhogar, sem hesitar, achando ter feito uma pedida alta.

    - O ouro não será problema, meu caro. Malik Zarif pode providenciar... digamos, um quarto do pagamento agora e o restante após a vitória. Afinal, negócios requerem confiança mútua, não é mesmo?

    Rhogar ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços novamente. Ele estava surpreso pelo mercador ter prontamente aceitado o valor.

    - Metade - reafirmou o draconato sobre o pagamento adiantado, querendo fazer jogo duro. - E eu ainda preciso saber o que essa garrafa faz. Por que um mercador como você está tão interessado nela?

    Malik Zarif deu uma risada curta, olhando para Gromak como se compartilhasse uma piada silenciosa. O orc permaneceu inexpressivo, como durante toda a conversa. O mercador então voltou sua atenção para Rhogar, gesticulando dramaticamente enquanto falava:

    - Ah, a Garrafa Azul de Tenaarlaktor... um objeto de grande valor histórico! Antigo, único, uma relíquia que Malik Zarif simplesmente não pode deixar cair em mãos erradas. Sua magia... hmm... - Ele parou por um momento, tocando o queixo como se ponderasse. - Bem, não cabe a Malik Zarif explicar os mistérios que ela guarda. Mas Malik Zarif sabe reconhecer algo precioso quando vê.

    Rhogar bufou, um sopro quente escapando de suas narinas. Ele não confiava em homens que evitavam respostas diretas, mas ouro era ouro, e a guilda estava faminta por trabalho.

    - Você não é bom em me convencer, Malik Zarif. Metade adiantada, ou não haverá nenhum negócio.

    O mercador hesitou novamente, os olhos calculando rapidamente a situação. Então, com um suspiro exagerado, levantou as mãos.

    - Muito bem, muito bem! Malik Zarif cederá, mas apenas porque acredita no potencial deste acordo. Malik Zarif fará os preparativos para que você receba seu adiantamento antes do pôr do sol.

    Rhogar assentiu lentamente, ainda não convencido, mas disposto a seguir com a proposta.

    - E o desafio? O que exatamente eu terei que enfrentar na taverna?

    Malik Zarif ergueu os braços em um gesto defensivo, o sorriso retornando, mas com um tom de leve desconforto.

    - Ah, Malik Zarif gostaria de oferecer mais detalhes, mas os organizadores da disputa, hmm... como posso dizer... são mestres em guardar segredos. O que Malik Zarif sabe é que será emocionante, digno de um guerreiro como você!

    Rhogar inclinou a cabeça, descrente.

    - Você não sabe contra o que eu estarei lutando?

    O mercador balançou a cabeça, rindo suavemente, como se a incerteza fosse um detalhe menor.

    - As apostas são administradas pelos halflings da taverna Aposta de Cobre. Dizem que eles capturam criaturas das dunas e fazem delas... um entretenimento. Malik Zarif ouviu rumores de que a estrela desta noite é um monstro do deserto, mas o tipo exato, ah, isso só será revelado no momento do confronto. Não é nada do que um grande guerreiro como você não seja capaz de enfrentar.

    Rhogar deixou escapar um rosnado baixo, sua cauda golpeando levemente o chão em irritação contida. Lutar contra o desconhecido era um risco maior do que ele gostaria de assumir, mas os cofres vazios da guilda ecoavam em sua mente. Ele precisava desse contrato, mesmo que significasse enfrentar algo mais perigoso do que estava preparado.

    - Veja, Rhogar - continuou Malik diante da hesitação do draconato - o ouro será seu, e a glória será sua. Malik Zarif apenas deseja a garrafa em troca.

    Rhogar ficou em silêncio por um momento, ponderando. Finalmente, ele assentiu com um gesto brusco.

    - Metade do pagamento antes do pôr do sol. E que esses halflings tragam algo digno do meu tempo, ou essa relíquia que você quer tanto vai permanecer exatamente onde está.

    - Malik Zarif sabia que você era o homem certo! - exclamou o mercador, dando um leve tapinha nas costas de Gromak, que permaneceu imóvel. - Malik Zarif irá providenciar tudo antes da noite cair. Não se preocupe, meu caro Rhogar, será uma noite memorável.

    Enquanto o mercador e seu guarda-costas se afastavam, Rhogar suspirou profundamente, sentindo o peso da decisão. Ele lançou um olhar para os recrutas, que observavam a interação com curiosidade nervosa.

    - Chega de treino por hoje - disse, sua voz carregada. Depois, mirando em Lodehack, o único recruta que tinha dado um passo à frente, disse com firmeza - Você não está pronto nem para uma briga de taverna, quanto mais para o que eu vou enfrentar esta noite.





    ¹jhasina: significa uma concubina
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    Mensagem por Elminster Aumar Qua Dez 18, 2024 8:26 pm

    Capítulo 1


    O sol estava baixo no horizonte, tingindo o céu com tons de laranja e vermelho enquanto o calor do dia começava a ceder. Na sede dos Lâminas do Deserto, Rhogar esperava em silêncio no pátio, seu grande martelo repousando ao lado. Ele havia gasto as últimas horas revisando mentalmente a decisão de aceitar o contrato de Malik Zarif. Não que houvesse muita escolha; a guilda precisava de ouro como as dunas precisavam do vento.

    Os passos firmes e ritmados de Gromak anunciaram a chegada de Malik Zarif antes mesmo que o mercador entrasse em cena. Quando os dois finalmente apareceram na trilha, Malik parecia tão exuberante quanto antes, com suas vestes reluzentes e os gestos exagerados. O orc ao seu lado era o mesmo colosso silencioso e intimidante.

    - Ah, Rhogar! - exclamou Malik, abrindo os braços como se saudasse um amigo de longa data. - Malik Zarif nunca duvidou que você estaria pronto! E, como prometido, trouxe o pagamento adiantado.

    Ele fez um sinal para Gromak, que abriu um saco de couro pesado e o entregou a Rhogar. O som familiar de moedas de ouro tilintando dentro foi suficiente para arrancar um leve suspiro de alívio do draconato. Rhogar abriu o saco, examinando brevemente o conteúdo antes de dar um breve aceno de aprovação.

    - Metade, como combinado. Isso garante que você não fugirá enquanto eu enfrento o monstro dos halflings.

    - Ah, Malik Zarif jamais faria isso! - respondeu o mercador com uma risada nervosa. - Contudo, há um detalhe que Malik Zarif precisa esclarecer antes de partirmos...

    Rhogar levantou o olhar:

    - O que é agora?

    Malik Zarif coçou o cavanhaque finamente aparado, desviando o olhar por um instante.

    - Bem, Malik Zarif acredita que sua presença na Aposta de Cobre seria... inconveniente. É um local de certa... reputação. Não apropriado para um homem de negócios como eu.

    Rhogar bufou, irritado.

    - Você está me dizendo que não vai? Que vai me mandar enfrentar essa coisa sozinho enquanto espera escondido em algum lugar?

    - Não escondido, Rhogar, nunca escondido! - Malik Zarif ergueu as mãos rapidamente, o sorriso não abandonando seu rosto. - Malik Zarif estará nas proximidades, monitorando tudo com atenção. Mas confie em mim, meu caro: é melhor assim. Minha presença só complicaria as coisas. Além disso, Gromak estará comigo, e caso algo dê errado, estaremos prontos para agir.

    - Agir para sua própria segurança, Malik - retrucou o draconato. Ele estava desconfiado de tudo aquilo, mas que opção tinha? - Certo. Você fica e espera. Mas se eu voltar com ou sem a garrafa e você desaparecer, eu vou encontrar você. E garanto que será pior do que qualquer coisa que esteja me esperando naquela taverna.

    Malik Zarif engoliu em seco, mas rapidamente recuperou o sorriso confiante.

    - Malik Zarif jamais sonharia em trair a confiança de alguém como você, meu caro - disse, se curvando.

    Rhogar pegou seu martelo e começou a caminhar, não sem antes chamar por Lodehack, um dos jovens mais prodigiosos da guilda. Era bom levar alguma testemunha, caso o pior acontecesse. Malik Zarif e Gromak ficaram para trás, observando enquanto o draconato se dirigia para a taverna Aposta de Cobre.

    A sede dos Lâminas do Deserto não ficava longe da Aposta de Cobre, mas a curta caminhada foi suficiente para Lodehack quebrar o silêncio.

    - Então... o que acha que vai ser? - perguntou o jovem guerreiro, segurando com firmeza a espada em sua cintura e parecendo mais animado do que deveria.

    Rhogar respondeu sem olhar para ele:

    - Algo grande o bastante para fazer aqueles halflings ganharem dinheiro com as apostas. Não baixe a guarda, Lodehack. Esse lugar não é conhecido por sua honestidade.

    - E que lugar em Calimporto é?

    O jovem tinha o seu ponto. Quando finalmente chegaram à taverna, a entrada da Aposta de Cobre parecia modesta, quase escondida entre armazéns e estaleiros. Uma pequena placa de madeira, pendurada por correntes enferrujadas, balançava com o vento, ostentando o nome do estabelecimento em letras douradas desgastadas. Apesar da aparência discreta, o som de risadas e música lá dentro revelava que o lugar estava cheio.

    Rhogar abriu a porta, abaixando a cabeça para passar pelo batente apertado. O interior estava iluminado por lamparinas a óleo, projetando sombras dançantes nas paredes de madeira. A clientela era composta quase exclusivamente por halflings, suas vozes agudas e animadas criando uma cacofonia no pequeno espaço. Assim que o draconato entrou, o barulho diminuiu por um momento, à medida que os frequentadores o encaravam com olhares surpresos – e curiosos.

    Um halfling próximo ao balcão foi o primeiro a quebrar o silêncio.

    - Ei, pessoal! Será que ele vai caber lá no subsolo? - disse, arrancando risadas da multidão.

    Outro, apoiado em uma mesa próxima, complementou:

    - Ouvi dizer que os draconatos têm caudas porque foram feitos pra varrer o chão!

    Rhogar ignorou os comentários, seus olhos vermelhos vasculhando o ambiente até que encontrou quem estava procurando: Dwahvel Tigre-de-Seda. A proprietária da Aposta de Cobre estava atrás do balcão, ocupada com uma bandeja cheia de canecos. Seu cabelo castanho estava preso em tranças ornamentadas com pequenos anéis de cobre, e sua roupa simples, porém bem cuidada, dava um ar de autoridade no meio da balbúrdia.

    Quando seus olhos encontraram os de Rhogar, ela colocou a bandeja de lado e abriu um sorriso educado.

    - Bem-vindo à Aposta de Cobre. Ouvi falar que um draconato viria esta noite. Acho que só pode ser você.

    - Rhogar, dos Lâminas do Deserto. Estou aqui para o desafio - disse ele, direto, enquanto Lodehack permanecia em silêncio atrás dele, visivelmente desconfortável com as piadas e os olhares curiosos dos halflings.

    Dwahvel deu a volta no balcão, enxugando as mãos em um pano.

    - Você parece capaz. Espero que seja, de fato. Esse tipo de evento atrai olhares... e expectativas. Me acompanhe, por favor.

    Enquanto ela caminhava na frente, liderando Rhogar e Lodehack para uma porta discreta nos fundos da taverna, outro halfling soltou uma última piada.

    - Aposto que o grande lagarto vai descer e virar tapete pra arena!

    Dwahvel virou-se brevemente, lançando um olhar afiado.

    - Chega. Ninguém insulta meus clientes enquanto estão sob meu teto. Se querem apostar, usem suas moedas, não suas bocas.

    Isso calou a sala por alguns instantes, e o trio passou pela porta sem mais interrupções.

    A escada que levava ao subsolo era estreita e mal iluminada, mas o som crescente de vozes e aplausos vindos de baixo indicava que estavam perto. Ao final da descida, Rhogar se deparou com a arena improvisada. A sala era ampla, com fileiras de bancos elevadas ao redor de um fosso central, onde luzes de lamparinas criavam um ambiente dramático. Halflings enchiam os bancos, gritando e gesticulando enquanto moedas passavam de uma mão para outra.

    Dwahvel virou-se para Rhogar, apontando para um canto onde ele poderia esperar até ser chamado.

    - Fique ali. O mestre de cerimônias vai anunciar sua entrada. Seja o que for que eles tenham para você, draconato, espero que esteja preparado.

    Rhogar assentiu e caminhou para o canto indicado, ajustando o martelo no ombro enquanto observava a arena. A antecipação crescia, mas o rosto do draconato permanecia impassível, uma rocha no meio da tempestade de excitação dos halflings.

    Lodehack, ainda nervoso com o ambiente caótico, foi guiado por Dwahvel até os bancos superiores, onde halflings se amontoavam para assistir à luta. O jovem guerreiro hesitou, mas finalmente tomou um assento entre dois espectadores particularmente animados, que já discutiam sobre as apostas.

    Enquanto isso, Rhogar permaneceu em pé no canto da arena, seus olhos fixando-se no prêmio que o trouxera até ali. A Garrafa Azul de Tenaarlaktor. Ela estava em um pedestal de pedra elevado, estrategicamente posicionado para que todos na arena pudessem admirá-la. A garrafa era de um azul profundo, quase hipnótico, e refletia a luz das lamparinas em padrões ondulantes que lembravam o mar. Era adornada por intricados detalhes em platina, com a base moldada em espirais que pareciam garras entrelaçadas.

    Por um instante, Rhogar permitiu-se contemplar a beleza do objeto. Ele não fazia ideia do que aquela garrafa era capaz de fazer, mas algo nela o deixava inquieto. Não era apenas uma peça de decoração; aquilo parecia carregar um propósito maior, talvez até um segredo perigoso.

    Um som agudo de um sino interrompeu seus pensamentos. Um halfling magro e enérgico, vestido em trajes exagerados de mestre de cerimônias, subiu em um pequeno palco improvisado no centro dos bancos superiores. Ele segurava um cajado decorado com pedras coloridas e falava com entusiasmo suficiente para rivalizar com a multidão.

    - Senhoras e senhores! Sejam bem-vindos à Grande Arena da Aposta de Cobre! Esta noite, temos algo verdadeiramente especial para vocês. Uma luta que será cantada nas tavernas por dias!

    A multidão explodiu em gritos e aplausos. O halfling ergueu as mãos, pedindo silêncio enquanto continuava:

    - De um lado, um guerreiro de tamanho e força lendários! Um verdadeiro dragão... ou quase isso! Rhogar, o martelo dos Lâminas do Deserto!

    Alguns aplausos ressoaram, misturados a risos e piadas murmuradas entre os halflings. Rhogar permaneceu imóvel, seus olhos fixos na arena, ignorando os murmúrios.

    - E do outro lado... - O halfling fez uma pausa dramática, olhando para as portas duplas de ferro no outro extremo da arena. - Um terror das areias! Uma fera que desafia o próprio deserto! Um troll das dunas!

    As portas de ferro rangeram, abrindo-se lentamente. Um rugido profundo e gutural ecoou pela sala, e a plateia explodiu em excitação. O chão da arena tremeu enquanto a criatura saía das sombras, sua silhueta enorme iluminada pelas lamparinas.

    O troll das dunas era um monstro aterrorizante. Sua pele era áspera e ressecada, com tons amarelados e rachaduras que lembravam o solo do deserto. Espinhos longos e irregulares projetavam-se de suas costas, e seus olhos brilhavam com uma luz avermelhada, quase febril. Suas garras eram enormes e afiadas, e ele arrastava uma pesada corrente presa a um bracelete de ferro em seu pulso esquerdo, um vestígio do cativeiro.

    Rhogar apertou o cabo de seu martelo, avaliando a criatura com olhos experientes. O troll tinha força bruta e tamanho, mas parecia desgastado – talvez pelo cativeiro ou pela viagem até ali. Isso não significava que seria uma luta fácil; ele sabia que trolls do deserto eram ferozes e regeneravam rapidamente.

    O halfling mestre de cerimônias ergueu o cajado, anunciando o início da luta com entusiasmo:

    - Apostem seus últimos cobres e segurem seus chapéus! Porque a luta vai começar agora!

    O troll rugiu novamente, inclinando-se para a frente em uma postura agressiva, enquanto Rhogar ajustava sua postura, segurando o martelo com ambas as mãos. A arena mergulhou em tensão.

    O troll então avançou com uma rapidez surpreendente para seu tamanho, cada passo sacudindo o chão da arena. Rhogar firmou os pés, segurando o martelo com força enquanto calculava o movimento da criatura. Quando as garras do monstro desceram em um golpe brutal, o draconato rolou para o lado, escapando por um triz.

    A plateia explodiu em gritos e risadas, muitos apostando que o “lagarto gigante” não duraria mais de um minuto.

    - Rhogar, cuidado! - gritou Lodehack dos bancos, sua voz perdida em meio à confusão.

    O draconato se levantou rapidamente, girando o martelo em um arco poderoso que acertou o ombro do troll. Um estrondo ecoou pelo recinto quando o impacto fez a criatura cambalear, mas não o derrubou. O troll rugiu de dor, sangue espesso e amarelado escorrendo da ferida, mas a plateia já sabia o que viria em seguida: a regeneração.

    O ferimento no ombro do troll começou a se fechar, a carne rachada se unindo novamente em questão de segundos. O troll aproveitou o momento e atacou com um chute poderoso, acertando o draconato com as garras de seu pé e lançando-o contra a parede da arena. A plateia gritou em euforia, moedas trocando de mãos rapidamente. Rhogar sentiu o impacto percorrer suas escamas, mas não havia tempo para hesitar. Ele se ergueu, cuspindo um pouco de sangue, e encarou o monstro que vinha em sua direção novamente.

    Com um grunhido feroz, Rhogar deu um salto para o lado, desviando de outro golpe e, em seguida, desferiu uma sequência de dois ataques com o martelo. O som de ossos quebrando e o rugido de dor do troll reverberaram pela arena, mas isso não foi suficiente para detê-lo. A criatura tentou agarrar Rhogar com ambas as mãos, mas o draconato usou sua cauda para impulsionar um salto para trás, mantendo distância.

    Foi então que ele viu uma abertura. O troll, cansado de tanto atacar sem sucesso, expôs o pescoço enquanto rugia de frustração. Rhogar não hesitou. Ele girou o martelo em um movimento amplo, concentrando toda a sua força em um único golpe. O martelo acertou com precisão a lateral da cabeça do troll, esmagando o crânio com um impacto devastador.

    A plateia ficou em silêncio por um momento, chocada com a brutalidade do golpe. O troll caiu de joelhos, o corpo enorme desabando no chão da arena com um baque ensurdecedor. Sangue e pedaços de ossos espalharam-se pelo chão, e a respiração da criatura tornou-se irregular.

    Rhogar recuou, ofegante, mas manteve os olhos fixos no monstro. Ele sabia que trolls eram traiçoeiros. E estava certo. Poucos segundos depois, o corpo começou a se mexer, e o ferimento esmagado na cabeça dava sinais de regeneração.

    - Não tão rápido - rosnou Rhogar.

    Com um rugido de batalha, ele avançou novamente, desferindo uma série de golpes com seu martelo. O som de carne sendo esmagada e ossos sendo partidos encheu a arena enquanto a plateia começava a gritar de excitação. Rhogar não parou até que a cabeça do troll estivesse completamente desfigurada, um amontoado de carne irreconhecível.

    Ele deu um passo para trás, respirando pesadamente. O monstro não estava morto – trolls raramente morrem de forma permanente sem a aplicação de fogo ou ácido –, mas ele sabia que havia causado dano suficiente para desacelerar a regeneração por um bom tempo.

    Rhogar ergueu o martelo, o sangue do troll escorrendo pela arma, e encarou a plateia com uma expressão feroz. Um grito de celebração ecoou dos halflings enquanto moedas continuavam a mudar de mãos, e o mestre de cerimônias já começava a berrar algo sobre “a vitória do dragão”.

    Lodehack, visivelmente aliviado, desceu dos bancos e correu até Rhogar.

    - Você conseguiu! - exclamou, mas o draconato apenas grunhiu em resposta, os olhos ainda fixos no corpo caído do troll.

    - Vamos pegar a garrafa e sair daqui antes que ele se levante de novo - disse Rhogar, apontando com a cabeça para o pedestal onde a Garrafa Azul de Tenaarlaktor continuava reluzindo sob as luzes da arena.

    Sem oposição, com todos os halflings ainda abalados pela brutalidade, Rhogar segurou a tal Garrafa Azul de Tenaarlaktor firmemente em suas mãos e saiu da taverna Aposta de Cobre, seguido de perto por Lodehack. O jovem guerreiro parecia exausto, mas não tanto quanto o draconato, cuja respiração pesada era um lembrete da intensidade do combate.

    O céu já estava escuro, e as ruas da ala das docas eram iluminadas apenas por lamparinas de óleo e a luz pálida da lua. Malik Zarif os aguardava em uma viela próxima, sob a sombra de um galpão. Ele parecia alheio ao desconforto do ambiente, observando Rhogar com aquele mesmo sorriso reluzente. Gromak, como sempre, estava ao lado dele, silencioso como uma estátua.

    - Ah, meu grande amigo Rhogar! - exclamou Malik Zarif, abrindo os braços ao vê-lo se aproximar. - Malik Zarif sabia que você não decepcionaria! E vejo que trouxe a relíquia.

    Rhogar não respondeu imediatamente. Ele parou em frente a Malik, erguendo a garrafa para que o mercador pudesse vê-la. A luz da lamparina refletiu na superfície azulada, destacando os detalhes intrincados em platina. Malik Zarif quase parecia hipnotizado, seus olhos brilhando de excitação.

    - Aqui está - disse Rhogar, sua voz grave cortando o silêncio. - Agora, o restante do ouro.

    Malik Zarif piscou, como se despertasse de um transe, e riu suavemente.

    - Ah, claro, claro! Malik Zarif sempre cumpre sua parte no acordo.

    Ele fez um sinal para Gromak, que imediatamente entregou outro saco de couro a Rhogar. O draconato verificou o conteúdo com um olhar rápido antes de guardar o pagamento. Enquanto fazia isso, Malik Zarif estendeu as mãos para pegar a garrafa. Rhogar hesitou por um breve instante, mas acabou entregando-a.

    Malik segurou a Garrafa Azul com reverência, como se tivesse acabado de receber um artefato sagrado. Ele a girou cuidadosamente, admirando cada detalhe, antes de colocá-la em um estojo de couro reforçado que Gromak carregava.

    - Uma noite memorável, não acha? - disse Malik Zarif, seu sorriso largo voltando. - Malik Zarif sente que está em dívida com você, Rhogar. Talvez no futuro tenhamos mais negócios.

    Rhogar cruzou os braços, observando enquanto o mercador e seu guarda-costas começavam a se afastar pela viela.

    - Espero que saiba o que está fazendo com isso, Malik Zarif - disse ele, sua voz carregada de uma seriedade que fez Malik parar por um momento.

    - Oh, Malik Zarif sempre sabe o que está fazendo, meu caro. Não se preocupe com isso. - Ele deu um aceno de cabeça e desapareceu na escuridão, com Gromak logo atrás.

    Enquanto Rhogar observava a dupla se distanciar, um sentimento incômodo crescia dentro dele. Ele olhou para Lodehack, que parecia aliviado por tudo ter acabado, e depois para a rua vazia à frente. Ele havia cumprido seu contrato, recebido seu pagamento, mas algo sobre aquela garrafa não parecia certo.

    “Fiz o que era necessário pela guilda”, pensou Rhogar, tentando convencer a si mesmo. Mas o peso daquela decisão permanecia, como uma pedra no fundo de seu estômago.

    Finalmente, ele virou-se para Lodehack.

    - Vamos. É hora de voltar.

    Os dois caminharam em silêncio pelas ruas adormecidas de Calimporto, enquanto a lua brilhava acima, tão misteriosa quanto a Garrafa Azul que agora estava nas mãos de Malik Zarif.
    Elminster Aumar
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Qua Dez 18, 2024 9:03 pm

    Capítulo 2


    O cheiro pungente do esgoto era uma agressão constante, uma mistura de podridão e umidade que parecia agarrar-se às roupas e à pele. A luz das lamparinas que Barragan e Gull-rash carregavam lançava sombras longas e distorcidas pelas paredes úmidas do antigo sistema de esgotos de Calimporto. As passagens eram largas o suficiente para dois homens caminharem lado a lado, mas Gull-rash fazia questão de manter uma distância ligeiramente maior do que o necessário.

    - Eu ainda não entendo por que temos que nos sujeitar a isso - resmungou Gull-rash, chutando uma pedra que caiu na água suja. - Você, Barragan, é um homem importante. Deveria estar jantando com pashas, bebendo vinho das terras de Tethyr, não... - ele gesticulou ao redor, franzindo o nariz. - ...caminhando entre ratos e fezes.

    Barragan sorriu de canto, ajustando o capuz que cobria parcialmente seus cabelos escuros bem cuidados. Sua postura era tranquila, como se estivesse passeando por um jardim, e não por um labirinto subterrâneo de pestilência.

    - Ah, Gull-rash, meu fiel amigo. Se há uma coisa que aprendi, é que o poder não se limita aos salões dourados dos sultões. Às vezes, os verdadeiros mestres da cidade estão nas sombras, longe da luz do dia.

    - Sim, sim, mas por que nós? - insistiu Gull-rash, gesticulando com impaciência. - Não podia mandar um dos seus “associados”?

    Barragan parou por um momento, voltando-se para Gull-rash com um sorriso genuíno.

    - Porque Voraya não manda convites a qualquer um, meu amigo. E recusar um convite dela... bem, digamos que não seria prudente.

    Gull-rash suspirou profundamente, mas continuou andando ao lado de Barragan. Ele sabia que seu mestre sempre tinha uma explicação convincente, mas isso não tornava a tarefa mais agradável.

    - E quem garante que isso não é uma armadilha? - murmurou ele, olhando para as sombras que pareciam se mover ao longo das paredes.

    - Confiança mútua - respondeu Barragan com uma leveza desconcertante. - Voraya e eu temos um entendimento. Ela governa seu domínio em Muzad, e eu mantenho os laços com aqueles que preferem os salões iluminados de Calimporto. Uma relação... simbiótica.

    - Uma relação simbiótica que nos faz andar na lama. Ótimo.

    Barragan apenas riu, uma risada baixa e melodiosa que ecoou pelas passagens vazias. Ele estendeu a mão, indicando que estavam se aproximando de seu destino. À frente, a passagem se alargava, e os sons de gotejamento e roedores deram lugar a um silêncio denso e reverente.

    O reduto de Voraya estava escondido em um antigo templo abandonado, suas paredes cobertas de inscrições desgastadas pela passagem do tempo. Um par de colunas quebradas guardava a entrada, e tochas mágicas iluminavam o espaço com uma luz suave e tremeluzente. O ar ali parecia diferente, carregado com um aroma exótico que contrastava com a podridão dos esgotos.

    Quando Barragan e Gull-rash entraram no templo, uma voz melódica e sibilante ecoou pelo ambiente.

    - Barragan, meu querido. Sempre tão pontual.

    Voraya surgiu das sombras, deslizando graciosamente sobre sua cauda escamada. Seu corpo superior era de uma beleza hipnotizante, com uma pele branca e olhos que brilhavam como pedras preciosas. Os longos cabelos amarronzados caíam sobre seus ombros nus, e sua voz carregava uma mistura de doçura e perigo.

    Barragan inclinou-se levemente, sua expressão cortês.

    - Voraya, você sabe que não recusaria um convite seu. Seu chamado é sempre... intrigante.

    A lâmia nobre riu suavemente, aproximando-se o suficiente para que seus olhos encontrassem os de Barragan.

    - E você sabe como aprecio sua companhia, meu Barragan. - ela o cumprimentou com um beijo na boca. - Venha, temos assuntos importantes a discutir.

    Enquanto ela se virava com as curvas de seus seios desnudos à mostra, guiando-os para o interior do templo, Barragan lançou um olhar para Gull-rash, que parecia desconfortável ao extremo. Ele sorriu levemente e murmurou para seu escudeiro:

    - Viu? Já valeu a pena.

    Gull-rash apenas revirou os olhos, seguindo o mestre para o coração do reduto de Voraya. Voraya deslizou à frente, suas escamas reluzindo suavemente à luz das tochas enquanto os conduzia para o interior do templo. O lugar era vasto e ornamentado, apesar de suas paredes rachadas e decorações corroídas pelo tempo. Em cada canto, símbolos antigos e desgastados de divindades esquecidas pareciam vigiar os intrusos em silêncio.

    À medida que avançavam, figuras começaram a emergir das sombras – homens-ratos em formas híbridas, com corpos curvados e olhos brilhando de um vermelho inquietante. Vestiam trapos ou armaduras improvisadas, e alguns seguravam lanças enferrujadas. Gull-rash hesitou, instintivamente movendo a mão para a empunhadura de sua arma, mas uma risada suave de Voraya cortou o ar.

    - Não se preocupe - disse ela, olhando por sobre o ombro com um sorriso venenoso. - Eles não farão mal algum. Enquanto estiver comigo, é claro.

    - Reconfortante - resmungou Gull-rash, mantendo-se próximo a Barragan.

    Entre os homens-ratos, uma figura destacava-se. Era maior que os outros, seu porte mais ereto e musculoso. Ele vestia uma armadura de aço enegrecido que parecia sob medida, e sua postura exalava autoridade. Seus olhos, profundamente inteligentes, fixaram-se em Barragan e Gull-rash.

    - Este é Laakas - disse Voraya, fazendo um gesto em direção ao híbrido. - Um dos meus mais... valiosos aliados. No nível superior, ele patrulha as ruas de Calimporto como um homem da guarda exemplar. Aqui em Muzad, no entanto, ele pode ser quem realmente é.

    Laakas inclinou a cabeça levemente, mas não sorriu. Sua voz, quando falou, era grave e cheia de desprezo mal disfarçado.

    - É sempre uma honra servir a Voraya, não importa o lado da cidade - disse, demonstrando sua lealdade.

    Barragan respondeu com um sorriso polido, ignorando o tom de Laakas como um jogador experiente que conhece bem as peças do tabuleiro.

    - Um aliado dedicado é sempre uma joia rara.

    Voraya riu baixinho, satisfeita, e continuou a guiá-los por corredores cada vez mais estreitos até que chegaram a uma câmara adornada com tapeçarias rasgadas e estátuas de cobras. Laakas os acompanhou, como quem estivesse garantindo a segurança da lâmia nobre.

    Voraya, deslizando para o centro da sala, começou a dizer:

    - Meu Barragan, há tantas coisas que quero conversar com você que não sei nem por onde começar.

    Barragan sorriu, inclinado ligeiramente a cabeça em um gesto cortês, enquanto caminhava mais para dentro da câmara. Com um gesto fluido, ele afastou o capuz, revelando os cabelos escuros perfeitamente alinhados, e cruzou os braços de maneira descontraída.

    - Por que não vamos direto ao ponto, minha querida Voraya? - sugeriu, sua voz tão suave quanto seda. - Deixemos as trivialidades para depois. Afinal, temos toda a noite pela frente...

    Voraya inclinou a cabeça, os olhos brilhando com uma mistura de interesse e divertimento.

    - Ah, Barragan, é por isso que gosto de você. - Virando-se para Laakas, disse: - Por favor, acompanhe nosso convidado Gull-rash até a sala ao lado.

    Laakas fez um leve aceno de cabeça, mas não escondeu um sorriso predatório ao se aproximar de Gull-rash.

    - Vamos, "convidado".

    - Não toque em mim - respondeu Gull-rash ao ver que a desprezível criatura iria conduzi-lo, mesmo que amigavelmente, para fora. Ele franziu o cenho, claramente desconfortável, e deu uma última olhadela para Barragan para certificar de que iria ficar tudo bem com o seu mestre. Por fim, complementou, afugentando a mão condutória de Laakas. - Eu sei o caminho de volta.

    Quando a porta se fechou atrás deles, o silêncio preencheu o espaço, tornando o ambiente ainda mais íntimo. Agora a sós, Barragan aproximou-se de Voraya e tomou-lhe a mão:

    - Me diga, minha querida. Por que me chamou até aqui? Há algo que a aflige?

    Voraya sorriu enquanto entrelaçava os dedos nos de Barragan. Sua pele tinha um toque frio, como mármore sob a luz das tochas.

    - Como sempre, Barragan, parece que você lê os meus pensamentos. Eu o chamei aqui porque de fato há algo que tem me intrigado. Algo que poderia ser de interesse mútuo.

    Barragan inclinou-se ligeiramente para ela, os olhos atentos e curiosos.

    - Diga, minha querida. Como eu posso ajudá-la?

    Os olhos de Voraya brilharam, e sua voz tornou-se quase um sussurro, carregada de mistério.

    - Meus homens, sempre atentos ao movimento nas ruas de Calimporto, relataram algo peculiar. Um conhecido seu, Rhogar dos Lâminas do Deserto, foi visto carregando um item... muito interessante pelas docas esta noite.

    Barragan ergueu uma sobrancelha, seu sorriso ligeiramente desarmado pela menção do draconato.

    - Rhogar? O que ele poderia estar carregando que atrairia sua atenção, Voraya?

    A lâmia inclinou a cabeça, o brilho em seus olhos intensificando-se enquanto falava.

    - Uma garrafa. Não uma garrafa qualquer, mas algo que poderia ser... lendário. A Garrafa Azul de Tenaarlaktor.

    O nome soou como um trovão suave na câmara, ecoando na mente de Barragan. Ele não era estranho a lendas, especialmente aquelas associadas a itens poderosos, mas a Garrafa Azul era algo que ele conhecia apenas de rumores vagos e histórias de mercadores trapaceiros.

    - A Garrafa Azul de Tenaarlaktor... uma lenda, se minha memória não me engana. - Ele estreitou os olhos, sua mente girando com perguntas. - Há séculos, qualquer coisa parecida com ela foi descartada como falsificação.

    Voraya riu suavemente, deslizando em círculos lentos ao redor de Barragan, suas escamas sibilando contra o chão de pedra.

    - Sim, muitas falsificações foram feitas, vendidas aos crédulos. Mas dizem que a verdadeira foi criada antes mesmo que o tempo fosse medido pelo homem.

    Ela parou e ergueu a mão, gesticulando enquanto contava a história:

    - Foi forjada pelos próprios dragões para conter um inimigo poderoso. Tenaarlaktor, a Anciã Azul, sacrificou-se para selar Hadar, o djinn. Os dois eram grandes inimigos de um tempo há muito esquecido... Dragões e gênios nunca se deram bem nesta terra. De toda a forma, a platinada Garrafa Azul de Tenaarlaktor tornou-se uma lenda que ecoou através dos tempos, especialmente nos Impérios do Mar Brilhante, pois supõe-se que há dois espíritos extremamente poderosos contidos nela.

    Barragan cruzou os braços, absorvendo as informações enquanto seus pensamentos se moviam rapidamente.

    - Você acredita que o item que Rhogar carregava é a verdadeira Garrafa Azul?

    Voraya sorriu enigmaticamente, seus olhos fixando-se nos de Barragan.

    - É exatamente o que eu quero que descubra, meu amor. Por que ele estava com ela? E, mais importante, ela é autêntica?

    Barragan assentiu levemente, compreendendo a implicação. Se a Garrafa Azul fosse verdadeira, e se Rhogar de fato a tivesse em mãos, isso colocaria a peça no centro de um jogo perigoso – um jogo em que Barragan não podia se dar ao luxo de ficar de fora.

    - Vou abordar Rhogar e ver o que descubro - disse ele, sua voz firme. - Mas isso pode levar tempo.

    Voraya aproximou-se dele, sua metade serpente deslizando em torno de suas pernas enquanto o encarava com um sorriso que prometia muito mais do que respostas.

    - Tempo é algo que podemos manipular, Barragan. Você, de todos, sabe disso.

    Ela inclinou-se, os lábios a centímetros dos dele, enquanto sua cauda de cobra começava a se enrolar em torno de seu torso, prendendo-o com uma força suave, mas inescapável.

    - Mas por agora, vamos esquecer negócios. A noite ainda é jovem, e você sabe como aprecio sua companhia.

    Com um sorriso sedutor, Voraya puxou Barragan para mais perto, a luz das tochas tremeluzindo nas paredes enquanto a noite mergulhava em prazeres secretos nas profundezas de Muzad.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Qua Dez 18, 2024 9:29 pm

    Capítulo 3


    Van Gogh caminhava lentamente pelas ruas da ala das docas, sua carapaça refletindo a luz dourada das lamparinas que iluminavam o caminho. Portinari, o jacaré-gavial, seguia ao seu lado, a cauda longa arrastando-se pelo chão de pedra com um ritmo constante. Para muitos, a visão do druida tortle e seu peculiar companheiro poderia ser um motivo de desconforto, mas em Calimporto, uma cidade de extremos e diversidades, eram apenas mais dois rostos únicos entre a multidão.

    Ele havia recebido o convite de Zayn com certa curiosidade. O genasi-do-ar era um pupilo peculiar em seus tempos de aprendizado – inquieto, astuto e sempre inclinado a desafiar as convenções. Era também, como Van Gogh bem sabia, um coração livre, muito além das expectativas de sua família. Agora, Zayn comandava um bordel, um empreendimento que Van Gogh, com sua mente aberta e curiosidade sem fim, via como algo fascinante, ainda que fora de sua própria experiência.

    - Ah, Portinari - começou Van Gogh, com sua voz grave e arrastada enquanto acariciava suavemente o topo da cabeça do jacaré. - Você sabia que, certa vez, Zayn me perguntou por que as árvores de Chult crescem tão altas? “Para alcançar o céu,” eu disse a ele. Mas é claro que ele, sendo quem é, quis saber se o céu algum dia desceria para encontrá-las.

    O gavial respondeu apenas com um movimento preguiçoso de sua cauda, mas isso foi o suficiente para Van Gogh continuar, como sempre, a falar para si mesmo e para quem estivesse disposto a ouvir.

    O Veleiros Libertinos logo surgiu à vista. O bordel destacava-se entre as construções da ala das docas, com sua estrutura inusitada que imitava a forma de um navio ancorado. As luzes das lamparinas penduradas em cordas balançavam ao vento, criando uma atmosfera convidativa, quase mágica. O som de risos, música e conversas despreocupadas escapava pelas portas e janelas, envolto em um aroma de especiarias e incenso.

    Van Gogh parou em frente à entrada, seus olhos fixando-se nos detalhes intricados da madeira talhada para parecer um casco.

    - Fascinante. Absolutamente fascinante. Não é incrível como até mesmo no deserto a natureza encontra uma maneira de ser imitada? Veja, Portinari, como essas pranchas de madeira imitam as ondas que nunca tocaram.

    Antes que ele pudesse continuar sua reflexão, uma figura ágil e graciosa apareceu à porta. Zahara, com sua pelagem branca manchada de preto, inclinou a cabeça levemente, os olhos cor de mel brilhando com reconhecimento e divertimento.

    - Van Gogh! - disse ela, com um sorriso alegre. Ela era uma mulher-felina, cuja raça se chamava tabaxi. - Achei que você demoraria um pouco mais para chegar. Está com o mesmo passo lento de sempre.

    Ela, assim como Van Gogh, também viera de Chult. Inclusive foi ele quem a guiou através do outro lado do Mar Brilhante para que ela pudesse ter uma nova oportunidade de vida... uma mais civilizada. O tortle ergueu uma sobrancelha, seu sorriso gentil alargando-se enquanto ele estendia uma mão em saudação.

    - Ah, minha querida Zahara. Sempre tão perspicaz. Mas a paciência é uma virtude que as árvores ensinam tão bem. Sabe, elas nunca se apressam, e no entanto alcançam alturas impressionantes...

    Zahara riu, cortando gentilmente a divagação do tortle.

    - Venha, o "capitão" está esperando por você.

    Ela o conduziu para dentro, seus movimentos elegantes atraindo olhares por onde passavam. No salão principal, Van Gogh observou o ambiente animado, com prostitutas dançando e conversando, músicos tocando melodias cativantes, e clientes rindo e bebendo. Sentada em uma almofada próxima ao palco principal, uma figura pequena e escamosa capturou imediatamente sua atenção.

    - Mestre Van Gogh - chamou Nikalath Enderas, o pseudo-dragão, erguendo uma taça de vinho enquanto agitava as asas levemente. - É um prazer vê-lo por aqui novamente. Zayn falou que você viria, mas confesso que não achei que deixaria a floresta de Chult tão cedo.

    O druida sorriu largamente, abrindo os braços enquanto avançava lentamente até o pseudo-dragão.

    - Ah, Nikalath, meu velho amigo! Que alegria vê-lo novamente. Chult me ensinou muito, mas o mundo não é feito apenas de raízes e copas. É sempre bom voltar a Calimporto... especialmente para reencontrar aqueles que marcaram o meu caminho.

    O pseudo-dragão inclinou-se levemente, parecendo satisfeito com a resposta, enquanto Zahara acenava para um dos atendentes trazer algo para o convidado especial.

    Van Gogh permaneceu por alguns instantes no salão principal, absorvendo cada detalhe do ambiente. Para ele, o Veleiros Libertinos era um microcosmo único de Calimporto, um lugar onde a música, a dança e o riso mascaravam as camadas mais profundas de histórias e segredos. Haviam muitas humanas prostitutas, mas ele também percebeu uma halfling, uma meia-elfa e até uma tiefling, além da própria Zahara.

    - Ainda com essa mania de observar tudo, mestre? - disse Nikalath, pousando a taça vazia em uma pequena mesa ao lado. - Zayn está nos aposentos do andar superior. Não quer deixá-lo esperando, não é?

    - Claro, claro! - respondeu Van Gogh, erguendo as mãos em um gesto pacificador. - Mas você sabe, Nikalath, a observação é uma janela para a compreensão. Cada expressão, cada movimento, conta uma história...

    - Sim, e você adora contar todas elas - retrucou o pseudo-dragão com um sorriso irônico, batendo as asas antes de acomodar-se novamente nas almofadas. - Vá logo.

    Zahara riu suavemente enquanto guiava Van Gogh para uma escada em espiral que levava aos aposentos privados no andar superior. Portinari, com seu habitual ritmo lento, permaneceu no térreo, aninhando-se ao lado de uma lareira.

    O andar superior era mais tranquilo, um contraste bem-vindo ao barulho e à energia do salão. Zahara parou em frente a uma porta ornamentada, batendo levemente antes de empurrá-la com delicadeza.

    Zayn estava ali, recostado em uma cadeira luxuosa, vestido com um traje de tecido fino e adornos discretos que realçavam sua herança genasi. Ao lado dele, Rahja, a drow, estava sentada em um divã, com as pernas cruzadas e uma taça de vinho na mão. O ambiente era confortável, com almofadas espalhadas e uma mesa baixa entre eles.

    - Mestre Van Gogh
    - disse Zayn, abrindo um sorriso que parecia carregar um pouco da nostalgia de tempos passados. - Você finalmente chegou. Achei que talvez tivesse se perdido em alguma reflexão filosófica pelo caminho.

    Van Gogh entrou com passos lentos, o sorriso em seu rosto refletindo uma mistura de afeto e orgulho.

    - Ah, Zayn, meu jovem pupilo. Sempre com essa língua afiada. Parece que o tempo não mudou algumas coisas.

    - Algumas coisas, talvez - respondeu Zayn, rindo suavemente. - Mas outras mudaram bastante.

    - Isso é verdade - disse Van Gogh, aproximando-se para cumprimentá-lo. - Tornou-se um homem formidável, um líder... mas, para mim, você será sempre o Zayn curioso e inquieto que queria saber se o céu algum dia desceria para tocar as árvores de Chult.

    Rahja observava a cena com um sorriso enigmático, parecendo avaliar o tortle com interesse. Ela tomou um gole de vinho antes de intervir.

    -Parece que você o conhece há muito tempo.

    - Desde que ele era um menino - disse Van Gogh, com uma risada gutural. - Não era fácil ensiná-lo, mas eu sempre admirei sua fome por conhecimento.

    - Fome demais, às vezes - comentou Zayn, erguendo uma sobrancelha. - Mas ainda assim, consegui aprender uma ou duas coisas com você.

    Os três riram, e por alguns minutos, as conversas giraram em torno de trivialidades – memórias de Chult, histórias do bordel, e até mesmo anedotas sobre as aventuras de Portinari. No entanto, havia uma tensão sutil no ar, algo que Van Gogh percebeu com sua sabedoria acumulada. Finalmente, ele quebrou o fluxo da conversa, inclinando-se ligeiramente para Zayn.

    - Mas você não me chamou aqui apenas para relembrar o passado, não é? O que está acontecendo, meu jovem?

    Zayn trocou um olhar com Rahja antes de endireitar-se na cadeira. O sorriso brincalhão em seu rosto deu lugar a uma expressão mais séria.

    - Não, mestre. Há algo que quero discutir com você. Algo... importante.

    Zayn levantou-se de sua cadeira, cruzando o ambiente com passos fluidos enquanto falava, como se as palavras carregassem uma energia que ele precisava liberar. Sua voz, sempre carismática, agora tinha um tom mais sério, quase reverente.

    - Mestre Van Gogh, você já ouviu falar da Garrafa Azul de Tenaarlaktor? - perguntou, parando para olhar diretamente para o tortle.

    Van Gogh inclinou a cabeça levemente, o brilho em seus olhos indicando que o nome não era estranho para ele.

    - Ah, sim... uma lenda antiga, se minha memória não falha. A história de uma dragonesa que se sacrificou para aprisionar um gênio poderoso. É algo que ecoa pelas eras, mas nunca se soube ao certo se era apenas mito ou se havia alguma verdade nisso.

    Zayn assentiu, começando a andar novamente.

    - Bem, parece que a lenda pode ser mais real do que pensávamos. Estou ouvindo rumores, aqui e ali, de que a verdadeira Garrafa Azul foi encontrada... e está aqui, em Calimporto.

    Rahja, que até então ouvia em silêncio, apoiou o cotovelo no braço do divã e se aprumou.

    - Em Calimporto, até as lendas mais absurdas têm uma raiz na verdade. Ou, pelo menos, verdade o suficiente para fazer alguém sangrar. Isso é perigoso. - a drow não conseguiu esconder o esboço de um sorriso ao dizer as últimas palavras.

    - Mais perigoso do que possamos imaginar - continuou Zayn, voltando-se para Van Gogh. - Algumas noites atrás, Leona, uma de nossas meninas mais populares, ouviu algo enquanto atendia um cliente. Um mercador furioso, despejando sua raiva enquanto bebia.

    Zayn fez uma pausa dramática, seus olhos brilhando com intensidade.

    - Ele contou que liderou uma expedição ao deserto. Depois de dias vasculhando ruínas antigas, sua caravana encontrou algo que ele acreditava ser a verdadeira Garrafa Azul de Tenaarlaktor. Mas antes que pudesse celebrá-lo como um tesouro dele, foram atacados por mercenários.

    Van Gogh coçou o queixo pensativamente, as dobras em sua pele acentuando-se.

    - Mercenários? Não é incomum que a cobiça siga os passos de quem desenterra segredos do passado. Mas ele mencionou o motivo do ataque?

    Zayn respirou fundo, sua expressão tornando-se ainda mais séria.

    - Ele afirmou que os mercenários roubaram a garrafa dele. E de acordo com o mercador, quem roubou a garrafa pretende libertar os dois espíritos contidos nela.

    Van Gogh recostou-se em sua carapaça, os olhos arregalados com a menção de dois espíritos.

    - Dois espíritos... você está falando de Tenaarlaktor e Hadar, o djinn?

    - Exatamente - respondeu Zayn, com um aceno lento. - Se o mercador estiver dizendo a verdade, libertar esses dois seria como abrir uma ferida na própria realidade. Ele acredita que isso poderia destruir Calimporto, talvez até muito mais.

    Rahja deixou a taça de lado e cruzou os braços, em sua voz não dava para discernir se era uma preocupação ou um divertimento.

    - Libertar um gênio preso é pedir para ser consumido por ele – disse enigmaticamente.

    Zayn suspirou, voltando a sentar-se e encarando Van Gogh.

    - Isso é o que eu quero entender, mestre. Sangue de gênios corre em mim. Não consigo ignorar essa história, não depois do que ouvi. Mas há muita coisa que não sei. A sabedoria de alguém como você pode ser essencial para entender o que estamos enfrentando.

    Van Gogh inclinou-se para frente, suas mãos grandes repousando sobre os joelhos enquanto sua voz soava grave e ponderada.

    - Zayn, se há verdade nessas palavras, então você está certo em me chamar. A história de Tenaarlaktor não é apenas sobre sacrifício, mas sobre equilíbrio. A Garrafa Azul não foi feita apenas para prender Hadar, mas para manter as forças dela e do gênio em uma trégua eterna. Libertá-los seria como romper o céu e deixar as tempestades caírem sem fim.

    O silêncio que seguiu foi pesado, cheio de implicações. Rahja trocou um olhar significativo com Zayn, e este assentiu lentamente antes de falar novamente.

    - Então você vai me ajudar?

    Van Gogh ergueu-se com esforço, seu tamanho parecendo ainda mais impressionante sob a luz difusa.

    - Meu jovem Zayn, você sempre teve o dom de atrair problemas... e também a capacidade de enfrentá-los. É claro que ajudarei. Se o destino da cidade está em jogo, não podemos simplesmente cruzar os braços.

    Zayn sorriu, sua confiança renovada.

    - Então começamos amanhã. Mas por agora, descanse, pois eu sei que a viagem foi longa. Algo me diz que teremos muitas perguntas para responder, mestre.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Qui Dez 19, 2024 10:36 am

    Capítulo 4

    O sol nascente banhava Calimporto em uma luz dourada, mas a sede dos Lâminas do Deserto permanecia envolta em sombras de incerteza. Rhogar estava no pátio, verificando o estado de suas armas e armaduras, algo que sempre fazia quando queria organizar seus pensamentos. Apesar da vitória da noite anterior e do pagamento recebido de Malik Zarif, o incômodo sobre a Garrafa Azul de Tenaarlaktor ainda pairava em sua mente como uma tempestade distante.

    Ele foi interrompido pelo som de passos familiares. Ergueu os olhos e viu a figura de Garuk, o Velho Lobo, entrando pelo portão principal. O ex-líder da guilda parecia cansado, as marcas da idade ainda mais evidentes no rosto enrugado e no cabelo grisalho caindo pelos ombros.

    - Rhogar - cumprimentou Garuk, com sua voz rouca, mas firme. - Voltei.

    O draconato levantou-se, seu sorriso contido refletindo um misto de alívio e preocupação.

    - Garuk. Achei que só voltaria no fim da dezena².

    O velho guerreiro suspirou e apoiou uma mão na espada embainhada em sua cintura.

    - Pensei que pudesse trazer boas notícias, mas parece que o deserto não é gentil com aqueles que já passaram do auge. Não consegui nada que valha a pena para a guilda. Alguns contratos pequenos aqui e ali, mas nada que nos tire desse buraco.

    Rhogar cruzou os braços, balançando a cabeça lentamente.

    - Você fez o que pôde, Velho Lobo. Não se cobre tanto.

    - E quanto a você? - perguntou Garuk, estreitando o olhar do único olho pelo qual ele ainda enxergava. - Alguma novidade enquanto estive fora?

    Rhogar hesitou por um momento antes de responder, sua voz grave.

    - Consegui um contrato. Um mercador chamado Malik Zarif me contratou para um trabalho na Aposta de Cobre. Paguei os recrutas com o ouro que recebi... mas o item que entreguei a ele não me deixa em paz.

    Garuk inclinou a cabeça, intrigado.

    - Que item?

    Rhogar aproximou-se e sentou-se em uma das caixas de madeira empilhadas no pátio, como se organizar seus pensamentos exigisse esforço físico.

    - Uma garrafa. Grande, azul, emoldurada por platina. Malik chamou-a de um prêmio raro, mas não disse muito sobre o que ela era ou fazia. Algo naquela coisa parecia... errado.

    O Velho Lobo ficou em silêncio, pensativo, antes de responder.

    - Mercadores gananciosos sempre caçam tesouros que não entendem. Você entregou o item e recebeu o pagamento, Rhogar. O trabalho está feito.

    - Talvez - admitiu o draconato. - Mas há algo naquela garrafa que eu não consigo ignorar.

    Após isto, os dois passaram o resto da manhã conversando. Por volta do início da tarde, ambos ouviram passos se aproximando do portão. Dois homens surgiram na entrada da sede: um humano elegante e confiante, vestido em trajes impecáveis, e outro de expressão ranzinza e postura atenta. Eram Barragan e Gull-rash, conhecidos dos Lâminas do Deserto.

    Rhogar levantou-se de imediato para recepcionar os recém-chegados. Garuk, com o peso da idade, permaneceu sentado.

    - Bom dia, senhores - disse Barragan, inclinando-se levemente em uma saudação cortês. - É um prazer revê-los. Espero não estar interrompendo algo importante.

    Rhogar apertou a mão de Barragan firmemente, o aperto caloroso refletindo o respeito mútuo que os dois homens compartilhavam.

    - Barragan - cumprimentou o draconato com um sorriso ligeiramente inclinado. - Há quanto tempo. O que o traz até a sede dos Lâminas do Deserto?

    - Curiosidade, meu amigo - respondeu Barragan, afável como sempre. - Soube que você esteve envolvido em um evento interessante ontem à noite, algo relacionado a um item... peculiar.

    Rhogar cruzou os braços, estreitando os olhos levemente desconfiado.

    - E como você soube disso?

    Gull-rash, que permanecia em silêncio até então, deu uma risadinha seca.

    - Ele sabe de tudo. É o trabalho dele.

    Barragan ignorou o comentário de seu escudeiro e continuou, o tom de sua voz equilibrado entre leveza e seriedade.

    - Digamos que certas histórias correm rápido por Calimporto, especialmente quando envolvem algo tão... intrigante quanto uma garrafa azul adornada por platina.

    Rhogar lançou um olhar para Garuk, que permanecia sentado, mas claramente atento à conversa. O draconato ponderou por um momento antes de responder.

    - Sim, Malik Zarif me contratou para conseguir essa garrafa. Era apenas mais um trabalho, ou pelo menos parecia ser. Mas agora, parece que essa coisa atrai mais atenção do que deveria.

    - Certos itens têm uma maneira peculiar de chamar atenção, mesmo quando não deveriam - comentou Barragan, com um sorriso que parecia conhecer mais do que dizia.

    Garuk, que até então observava em silêncio, interveio com sua voz rouca.

    - Se esse item está chamando tanta atenção, talvez você devesse investigar o porquê, Rhogar.

    Barragan assentiu, como se esperasse exatamente essa sugestão.

    - Concordo com o Velho Lobo. E, para ser honesto, acho que poderíamos nos beneficiar de outro ponto de vista. Há um homem que eu conheço, alguém que poderia nos ajudar a reunir informações sobre essa garrafa e o que ela realmente significa.

    Rhogar inclinou a cabeça, curioso.

    - Quem?

    Barragan abriu um sorriso enigmático.

    - Zayn Ali Altair. Você deve se lembrar dele, o genasi. Proprietário do bordel Veleiros Libertinos. Ele tem um talento especial para... descobrir o que ninguém mais sabe.

    No mesmo instante, enquanto Barragan ponderava se deveria contatar Zayn, uma sensação familiar passou por sua mente. Mensagem. Ele reconheceu a assinatura mágica do remetente imediatamente.

    - Barragan, é Zayn. Preciso falar com você. Tenho algo importante relacionado a uma certa garrafa lendária. Venha ao bordel.

    O sorriso de Barragan alargou-se, e ele ergueu um dedo para interromper a conversa enquanto respondia mentalmente à mensagem.

    - Engraçado, Zayn. Eu estava prestes a sugerir exatamente o mesmo. Parece que você leu minha mente.

    Houve um breve silêncio antes de Zayn responder, sua voz mental carregada de sarcasmo.

    - Se eu tivesse esse poder, Barragan, você já estaria no caminho. Estou à sua espera.

    Barragan riu para si mesmo, um som baixo e contido, que chamou a atenção de Rhogar.

    - Alguma coisa engraçada? - perguntou o draconato.

    Barragan acenou, quase encantado com a coincidência.

    - Digamos apenas que o destino tem um senso de humor peculiar. Zayn acabou de me contatar. Ele quer nos ver... e o assunto é exatamente o mesmo.

    Gull-rash resmungou, cruzando os braços.

    - Então vamos? Ou ficaremos aqui ouvindo você trocar mensagens mágicas o dia inteiro?

    - Um momento, Gull-rash - disse Barragan, voltando-se para Rhogar. - O que me diz? Você vem?

    Rhogar ponderou por um instante antes de dar um passo à frente, sua expressão resoluta.

    - Se essa história é tão importante quanto parece, então eu vou. Mas aviso: se isso for mais complicado do que você está dizendo, você terá que me explicar tudo nos mínimos detalhes.

    Garuk levantou-se com um esforço visível, seu rosto severo.

    - Vá, Rhogar. Eu cuido das coisas por aqui. Se essa garrafa for um problema, é melhor lidar com ele antes que a guilda seja envolvida ainda mais.

    Rhogar assentiu para o velho guerreiro e então virou-se para Barragan.

    - Vamos. Espero que Zayn seja tão útil quanto você diz.

    Barragan apenas sorriu, gesticulando para que o draconato e seu escudeiro o acompanhassem. Gull-rash, ainda ranzinza, resmungava algo inaudível enquanto o grupo saía pelo portão da sede, deixando o sol da tarde iluminar seus passos em direção ao bordel.

    O Veleiros Libertinos estava tão vibrante como sempre, com música e risos ecoando pelo salão principal. Luzes suaves iluminavam o ambiente, enquanto o aroma de especiarias e incenso preenchia o ar. Apesar da atmosfera descontraída, havia uma tensão subjacente na mente de Barragan enquanto conduzia Rhogar e Gull-rash pelos fundos do bordel.

    Zayn os aguardava em uma sala privada ao final de um corredor, decorada com almofadas espalhadas, mesas baixas e tapeçarias de cores vivas. O genasi-do-ar estava em pé, recostado em um arco de madeira entalhada, com um sorriso que misturava charme e astúcia. Ao seu lado, Van Gogh estava sentado em uma almofada, sua carapaça grande e imponente fazendo-o parecer quase deslocado naquele ambiente luxuoso.

    - Bem-vindos ao meu humilde estabelecimento - disse Zayn, com um gesto teatral. - Espero que a caminhada até aqui tenha sido agradável.

    Barragan entrou com seu habitual sorriso cortês, acenando com a cabeça.

    - Sempre um prazer, Zayn. Deixe-me apresentar Rhogar, dos Lâminas do Deserto, e meu fiel escudeiro, Gull-rash.

    Zayn inclinou-se levemente em um cumprimento para Rhogar, seus olhos brilhando com curiosidade.

    - Já ouvi falar de você, é claro. É um prazer conhecê-lo, agora de forma mais próxima.

    Rhogar assentiu, cruzando os braços enquanto avaliava o genasi com olhos experientes.

    - Espero que você tenha algo concreto sobre essa história da garrafa. Estou cansado de jogos.

    - É claro, já iremos ao ponto - disse Zayn, voltando-se a se sentar ao lado de Van Gogh. - Mas antes, permita-me apresentar outro amigo. Este é Van Gogh, um homem de grande sabedoria e perspectiva. Foi o meu tutor anos atrás. Ele também está intrigado com a história dessa garrafa e disposto a nos ajudar.

    Van Gogh ergueu a cabeça lentamente, seu sorriso gentil contrastando com a intensidade de sua presença.

    - Barragan, Rhogar, Gull-rash. É um prazer conhecer aqueles que, de certa forma, compartilham o mesmo caminho. Espero que possamos iluminar as sombras desta história juntos.

    - Claro, claro - murmurou Gull-rash, enquanto se acomodava em uma cadeira próxima. - Vamos iluminar as sombras com tochas, certo?

    Zayn riu suavemente antes de adotar um tom mais sério.

    - Bem, sem muitas delongas. Uma de minhas meninas, Leona, ouviu algo que chamou minha atenção. Deixem-me chamá-la para compartilhar o que sabe.

    Ele fez um gesto para um dos atendentes, que saiu rapidamente. Pouco tempo depois, Leona entrou na sala. Ela era uma mulher de pele bronzeada, olhos verdes brilhantes e cabelos longos e cacheados que caíam como cascatas pelos ombros. Sua postura era confiante, mas ao mesmo tempo delicada, como alguém que sabia equilibrar força e graça.

    - Estes são os cavalheiros de quem falei - disse Zayn, indicando os presentes. - Por favor, Leona, conte a eles o que ouviu.

    Leona sentou-se elegantemente, cruzando as pernas antes de começar a falar.

    - Há algumas noites, um mercador veio ao bordel. Ele estava bêbado e irritado, reclamando sobre como sua expedição ao deserto foi arruinada. Disse que encontrou algo extraordinário, uma garrafa que ele acreditava ser lendária. Mas antes que pudesse aproveitar sua descoberta, foi atacado por mercenários.

    Os olhos de Rhogar se estreitaram, e Barragan inclinou-se ligeiramente para frente.

    - Como era esse mercador, minha querida? - perguntou Barragan.

    - Pouco agradável - respondeu Leona, por um momento esquecendo-se de seu profissionalismo. - Pele morena, cabelos longos, alguns dentes de ouro... e tinha um bafo nada fácil de surportar.

    - Malik Zarif - afirmou Rhogar, sua voz grave ecoando na sala. - Foi ele quem me contratou para pegar a garrafa na Aposta de Cobre.

    Van Gogh inclinou-se levemente, as grandes mãos repousando sobre os joelhos enquanto seu semblante refletia concentração. Ele moveu a cabeça lentamente, como se ordenasse os pensamentos antes de falar.

    - Deixe-me ver se entendi corretamente... - começou ele, sua voz grave e pausada preenchendo a sala. - Esse tal de Malik Zarif encontrou a garrafa no deserto, depois a perdeu para mercenários que atacaram sua caravana, e agora... de alguma forma, ele conseguiu recuperá-la novamente na Aposta de Cobre?

    Zayn cruzou os braços, assentindo.

    - Parece ser o caso. Ou pelo menos é o que a história sugere.

    - No entanto, - interveio Barragan, levantando um dedo com um sorriso enigmático -, há algo que precisamos considerar: a garrafa pode ser uma falsificação. Não seria a primeira vez que um objeto lendário é usado para manipular as ambições de outros.

    Rhogar bufou, seu tom cético.

    - É um bom ponto. Por que premiar algo tão raro e poderoso numa disputa nos fundos de uma taverna? Parece mais uma maneira de chamar atenção do que proteger algo de valor.

    Barragan acenou, inclinando-se ligeiramente em direção ao grupo.

    - Concordo. A dúvida deve nos guiar tanto quanto a curiosidade. Mas seja ela verdadeira ou não, essa garrafa parece estar no centro de eventos que não podemos ignorar.

    Van Gogh esfregou o queixo, pensativo, enquanto Portinari, que havia se acomodado perto de uma das tapeçarias, emitia um som gutural baixo, como se estivesse ponderando junto.

    - Verdadeira ou falsa, ela carrega o peso de uma lenda. E lendas têm o poder de moldar o destino das pessoas, para o bem ou para o mal.

    - Então precisamos encontrá-lo
    - disse Rhogar, firme. - Descobrir onde Malik Zarif está e obter respostas.

    Barragan sorriu, um brilho confiante em seus olhos.

    - Exatamente. Gull-rash é um excelente rastreador. Se Malik Zarif está em Calimporto, não demoraremos para localizá-lo.

    Gull-rash resmungou baixinho, mas não contestou. Ele sabia que era o melhor em seu ofício e como um cão obediente, imediatamente se retirou do bordel para fazer o seu trabalho.

    Zayn levantou-se de sua cadeira, movendo-se para a janela com um gesto elegante.

    - Amanhã, então, se tudo der certo, acharemos Malik Zarif e teremos uma boa conversa com ele - disse, pondo fim àquela reunião.

    O grupo começou a se dispersar, cada um perdido em seus próprios pensamentos sobre a estranha sequência de eventos. Barragan, no entanto, permaneceu no bordel, procurando por uma companhia.

    - Rahja - disse ele, por fim, localizando a drow. - que tal você me fazer companhia esta noite?

    A drow ergueu uma sobrancelha, um sorriso lento e afiado curvando seus lábios.

    - É claro, mas aviso que se for apenas para falar sobre garrafas mágicas, eu vou cobrar extra.

    Barragan deu uma risada baixa, estendendo o braço para ela.

    - Eu não esperava menos de você.

    Rahja levantou-se do divã com a graça de uma pantera, aceitando o braço dele. Juntos, eles deixaram a sala, desaparecendo nos corredores do Veleiros Libertinos.

    O palco estava montado. No dia seguinte, o grupo começaria sua busca por Malik Zarif e a verdade sobre a Garrafa Azul de Tenaarlaktor.




    ²dezena: no cenário de FR, ao invés de semanas, temos as dezenas (períodos de dez dias).
    Elminster Aumar
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Sex Dez 20, 2024 9:46 am

    Capítulo 5


    No dia seguinte, Gull-rash liderava Rhogar, Barragan e Van Gogh pelas ruas sinuosas de Calimporto. A mansão de Malik Zarif ficava em um bairro próspero da cidade, onde as casas eram adornadas com jardins exuberantes e fontes ornamentais. A habilidade de rastreamento de Gull-rash provou ser inestimável.

    - Lá está - disse Gull-rash, apontando com a cabeça para uma imponente mansão de paredes brancas e telhado de azulejos verdes. Árvores altas e palmeiras adornavam o pátio externo, e uma grade de ferro forjado protegia a propriedade.

    Dois homens estavam de pé junto ao portão principal. Ambos vestiam armaduras leves de couro reforçado e carregavam espadas curtas em suas cinturas. Suas feições eram marcantes: rostos largos, olhos ligeiramente puxados e expressões endurecidas pela experiência. Eram tuigans, claramente de terras distantes.

    - Tuigans - comentou Van Gogh, sua voz grave e contemplativa. - Vejo neles os ventos das estepes. Um povo forte e resiliente, forjado pelo vasto vazio das Terras da Horda.

    - São só guardas, mestre tortle - resmungou Gull-rash. - Vamos nos concentrar no trabalho.

    Rhogar assentiu, caminhando na frente enquanto o grupo se aproximava do portão. Os dois guardas endireitaram-se, as mãos repousando em suas armas enquanto observavam os visitantes com desconfiança.

    - Quem são vocês? - perguntou um deles, sua voz áspera, mas carregada de um sotaque peculiar.

    Barragan deu um passo à frente, sua postura descontraída e amigável, mas seus olhos atentos como sempre.

    - Saudações. Meu nome é Barragan, e esses são meus companheiros, Rhogar e Van Gogh. Viemos em paz, apenas para falar com o mercador Malik Zarif.

    O segundo guarda estreitou os olhos, inclinando-se levemente para frente.

    - O mestre Malik não está recebendo visitas hoje. Voltem outro dia.

    Rhogar cruzou os braços, a sombra de sua presença imponente projetando-se sobre os dois homens.

    - Não estamos aqui para causar problemas. Apenas queremos esclarecer alguns assuntos.

    Van Gogh, percebendo a tensão crescente, interveio com sua voz calmante.

    - Vocês são homens de longe, não são? Vejo isso em suas posturas, na maneira como observam o mundo. Devem ter vindo de muito longe para proteger esta casa.


    Os dois guardas trocaram olhares cautelosos, e o primeiro respondeu:

    - Somos das Terras da Horda, do outro lado do mundo. Chegamos aqui como escravos e conseguimos nossa liberdade. Malik nos deu um propósito, e agora protegemos esta casa.

    - Então sabem o valor da lealdade - disse Barragan, com um sorriso gentil. - E sabem também que a confiança é algo precioso. Não estamos aqui para prejudicar Malik. Queremos apenas compreender algo que o envolve.

    Os guardas hesitaram, claramente divididos entre suas obrigações e a empatia pelos visitantes. Van Gogh inclinou-se levemente, suas palavras soando como um murmúrio de sabedoria antiga.

    - Às vezes, aqueles que viajam distâncias tão longas carregam mais do que obrigações. Carregam histórias, memórias e a chance de fazer escolhas que moldam destinos.

    O segundo guarda, visivelmente mais experiente, reafirmou sua posição.

    - Não podemos deixá-los entrar.

    Barragan observou atentamente os dois guardas tuigans, seu olhar penetrante procurando sinais de insatisfação ou cansaço. Ele cruzou os braços, assumindo uma postura casual, mas sua voz era carregada de intenção.

    - Diga-me, amigos, trabalhar para Malik Zarif é tão vantajoso quanto parece? Vocês têm toda essa distância entre suas terras e Calimporto, mas ele realmente valoriza o esforço que vocês fazem para proteger esta mansão?

    Os dois guardas trocaram um olhar hesitante. O mais jovem, que parecia mais falante, respondeu com um leve encolher de ombros.

    - Ele paga. Não muito, mas o suficiente para sobreviver. E pelo menos não estamos nas ruas.

    O mais velho estreitou os olhos para o companheiro, mas suspirou logo em seguida.

    - Não é uma vida fácil, mas é melhor do que escravidão. Mesmo assim, as promessas de nosso mestre muitas vezes soam mais doces do que são na realidade. É o normal nessa cidade.

    Barragan inclinou-se um pouco para frente, falando com um tom conspiratório.

    - Todos nós precisamos de uma pausa de vez em quando. Não seria melhor conversarmos em um ambiente mais relaxante? Que tal uma taverna?

    Os guardas olharam para ele com suspeita. O mais jovem perguntou:

    - Você quer que deixemos nosso posto e nos encontremos com vocês? Por quê?

    Van Gogh, percebendo a hesitação, falou com sua voz grave, mas reconfortante.

    - Porque vocês carregam o peso de uma terra distante e merecem um momento para lembrá-la. Eu mesmo preparei algo especial, um gosto das Terras da Horda, para honrar suas origens.

    O guarda mais velho franziu a testa, claramente interessado, mas ainda cauteloso.

    - O que você sabe sobre nossas terras?

    Van Gogh sorriu lentamente, como alguém que tinha muitas histórias para contar.

    - Mais do que você imagina. Conheço os ventos secos das estepes e os banquetes feitos de carne seca e leite fermentado. A honra e o sacrifício que moldam seu povo são conhecidos, e quero que saibam que respeitamos isso.

    Barragan interveio, oferecendo um sorriso amigável.

    - Pensem nisso como uma forma de conversar sem as formalidades deste portão. Na taverna Aposta de Cobre, à noite. Nós pagamos a comida e a bebida.

    Os dois guardas hesitaram novamente, mas o pensamento de uma refeição reconfortante e uma pausa nos deveres pesados parecia tentador. O mais jovem olhou para o mais velho, que finalmente deu um aceno de cabeça.

    - Muito bem. Encontramo-nos lá depois do expediente. Mas não esperem muito de nós.

    Barragan inclinou-se levemente em um gesto de agradecimento.

    - Não esperamos nada além de uma boa conversa.




    Após o encontro, o grupo retornou ao bordel para colocar Zayn à par das novidades. Van Gogh assumiu a liderança na cozinha, suas mãos calejadas trabalhando com destreza ao reunir os ingredientes necessários para uma refeição que honrasse a dieta tradicional dos tuigans.

    Ele preparou carne seca de qualidade, fervida levemente em água salgada com cebolas selvagens para amaciar e realçar o sabor. Uma tigela de leite coalhado foi misturada e deixada à parte, enquanto ele adicionava especiarias locais de Calimporto para dar um toque especial ao prato. Por fim, ele conseguiu kumiss, uma bebida alcoólica feita de leite de égua fermentado, comprada de um mercador especializado em iguarias exóticas.

    Enquanto trabalhava, Van Gogh explicou pacientemente cada etapa do preparo a Portinari, que o observava com uma expressão vazia.

    - A comida tem um poder que vai além do corpo, Portinari - explicou Van Gogh, como se o jacaré-gavial estivesse realmente interessado. - Ela aquece a alma e constrói pontes.




    A taverna Aposta de Cobre estava animada, como sempre, com o som de risadas e apostas ecoando no ar. Os halflings olharam com suspeitas para o grupo, pois a taverna não costumava receber tantos seres altos de uma vez. Muitos da clientela reconheceram o draconato, mas dessa vez, não fizeram nenhum tipo de piada com ele. O grupo havia reservado uma mesa em um canto mais discreto, onde o aroma da comida de Van Gogh se misturava ao ambiente já familiar do lugar.

    Os dois guardas chegaram pouco tempo depois, ainda em suas armaduras leves, mas com expressões visivelmente mais relaxadas. O mais jovem parecia ansioso pela promessa de uma refeição, enquanto o mais velho mantinha sua postura reservada.

    Van Gogh levantou-se para recebê-los, gesticulando para que se sentassem.

    - Sejam bem-vindos. Espero que este gosto de casa traga algum conforto.

    Os guardas sentaram-se, e os pratos preparados pelo druida foram servidos. O mais velho experimentou primeiro, mastigando lentamente antes de dar um breve aceno de aprovação.

    - É... familiar. E bem-feito.

    O mais jovem deu uma risada, já devorando o prato com entusiasmo.

    - Faz muito tempo que não comemos algo assim. Vocês não são como os outros que encontramos por aqui.

    - Porque não somos como os outros - respondeu Barragan, com um sorriso. - Agora, vamos falar sobre Malik Zarif. O que vocês podem nos dizer dele?

    Os guardas trocaram olhares, o mais velho tomando a palavra.

    - Ele é um mercador astuto. Ficou rico comprando e vendendo coisas que ninguém mais ousava... ou que ninguém deveria.

    - Escravos? - perguntou Rhogar, com uma expressão dura. Ele próprio já foi um escravo no passado.

    O guarda mais jovem assentiu lentamente.

    - Sim. Mas não qualquer escravo. Ele sempre buscou raças raras, exóticas. Elfos de terras distantes, tabaxis... já ouvi até mesmo rumores sobre gênios aprisionados, mas acho que ele nos disse isso para nos intimidar.

    Van Gogh se aprumou na cadeira, sua voz grave.

    - E esses escravos? Ele ainda mantém isso?

    O guarda mais velho balançou a cabeça.

    - Não mais. Recentemente, um grupo de elfos que ele mantinha cativos conseguiu escapar. Causaram muitos problemas para ele no processo, inclusive destruindo parte de suas caravanas. Isso prejudicou os negócios.

    Barragan esfregou o queixo, ponderando as informações.

    - Então ele está mais vulnerável agora do que nunca - pensou em voz alta, se questionando se foi por esse motivo que ele começou a se interessar por artefatos perigosos.

    - Talvez - respondeu o mais velho. - Mas ele ainda tem seus recursos e guarda tudo o que é mais valioso na mansão.

    Rhogar aproveitou a deixa, sua voz como um trovão controlado.

    - E quanto às defesas? Alguma proteção mágica?

    O guarda mais jovem soltou uma risada curta.

    - Proteção mágica? Malik Zarif não confia em magos. Ele diz que a única proteção de que precisa é o aço.

    Barragan sorriu ligeiramente, mas sem demonstrar suas intenções.

    - Isso é bom de saber. E sobre um item que ele possa ter adquirido recentemente... uma garrafa azul, talvez?

    Os guardas balançaram a cabeça, visivelmente confusos.

    - Não sabemos de nada assim - disse o mais velho.

    A conversa continuou com perguntas e respostas cuidadosamente calibradas por Barragan, que extraiu o máximo de informações sem levantar suspeitas. Após algum tempo, ele inclinou-se para trás e fez um gesto para chamar Dwahvel Tigre-de-Seda, a proprietária halfling da taverna.

    Barragan aproximou-se discretamente de Dwahvel enquanto os guardas conversavam casualmente com Van Gogh e Rhogar. A halfling, com seus olhos brilhantes e expressão travessa, percebeu imediatamente que algo estava por vir.

    - Barragan, sempre é interessante vê-lo em minha humilde casa. O que posso fazer por você? - perguntou ela, cruzando os braços enquanto inclinava a cabeça.

    - Preciso de uma distração - respondeu ele, com um sorriso conspiratório. - Algo que ocupe aqueles dois guardas por algum tempo.

    Dwahvel estreitou os olhos, analisando a situação antes de dar um sorriso lento.

    - Tenho algo perfeito para isso. Duas de minhas meninas podem manter esses guerreiros entretidos. Mas, como sempre, isso vai lhe custar.

    - Com certeza - respondeu Barragan, retirando um punhado de moedas de ouro e colocando-as na mão dela.

    Dwahvel acenou, sinalizando para duas halflings de aparência encantadora, que rapidamente entenderam a tarefa. Com sorrisos cativantes, elas aproximaram-se da mesa dos guardas, trazendo consigo um ar de charme e diversão.

    Enquanto os guardas eram distraídos pelas halflings, Barragan levantou-se discretamente e sinalizou para Rhogar e Van Gogh.

    - Fiquem de olho neles. Vou dar uma olhada na mansão de Malik Zarif.

    - Sozinho? - perguntou Rhogar. Ele odiava a ideia de ficar parado enquanto outros faziam o trabalho duro.

    - Confie em mim - respondeu Barragan, com um sorriso. - É o meu campo de especialidade.

    Van Gogh assentiu lentamente, mas sua voz tinha um tom de aviso.

    - Seja cuidadoso, Barragan. Algumas portas, quando abertas, nunca podem ser fechadas novamente.

    - Sempre sou - respondeu ele, antes de desaparecer na noite, movendo-se com a destreza e a precisão de um homem acostumado a caminhar nas sombras.

    Enquanto Barragan fazia seu caminho para a mansão de Malik Zarif, Rhogar e Van Gogh mantinham-se atentos aos guardas, prontos para intervir caso algo saísse do controle.




    Barragan aproximou-se da mansão de Malik Zarif sob o manto da noite, suas roupas escuras misturando-se perfeitamente às sombras. Ele murmurou palavras de poder, ativando uma magia de Invisibilidade que o tornou imperceptível aos olhos mortais. Em seguida, outro encantamento, Patas de Aranha, permitiu que ele escalasse as paredes da mansão com facilidade, como um predador silencioso.

    Com movimentos cuidadosos, ele subiu pelas paredes externas, evitando janelas iluminadas e pontos onde os guardas podiam estar atentos. Ele observou os padrões da ronda: dois guardas patrulhavam o perímetro do jardim, enquanto outros dois ficavam postados nas entradas principais.

    Ao alcançar o telhado, Barragan entrou pela janela de um dos aposentos do andar superior. O quarto estava vazio, mas ele vasculhou rapidamente, procurando pela Garrafa Azul de Tenaarlaktor ou qualquer outra pista que pudesse revelar os segredos de Malik Zarif. Não encontrou nada de significativo.

    Ele continuou explorando a casa, movendo-se de cômodo em cômodo. A decoração opulenta revelava o gosto de Malik por luxo: tapeçarias exóticas, móveis finamente entalhados, e objetos de ouro e prata espalhados pelos ambientes. No entanto, não havia sinal da garrafa.

    Ao chegar ao corredor que levava ao quarto principal, Barragan notou que a porta estava fechada e trancada. Ele aproximou-se com cautela, pressionando o ouvido contra a madeira. Não ouviu nada além do som abafado do vento lá fora.

    - Interessante... - murmurou para si mesmo. - Deve ser o quarto de Malik Zarif.

    Mesmo tentado a investigar mais, Barragan sabia que forçar a porta poderia comprometer sua missão. Ele recuou, saindo pela mesma janela por onde entrou, e escalou novamente até o telhado. Antes de partir, deu mais uma olhada para os guardas no pátio. Agora tinha um mapa mental claro de suas rondas e números.

    - Nada ainda... mas isso não acaba aqui. - Ele desapareceu na noite, retornando para a taverna Aposta de Cobre.




    Na taverna Aposta de Cobre, Rhogar e Van Gogh estavam sentados em uma mesa discreta, conversando sobre os próximos passos enquanto observavam os guardas tuigans subirem as escadas com as halflings. A atmosfera estava mais tranquila, mas algo despertou os instintos aguçados de Van Gogh.

    Ele sentiu um olhar fixo vindo de uma sombra perto do balcão. Quando virou-se discretamente, seus olhos encontraram uma pequena criatura alada, com asas de membrana e um corpo incandescente que parecia feito de magma vivo. Era um mephit de fogo, uma criatura extraplanar. Assim que percebeu que fora visto, o mephit soltou um som agudo e alçou voo, saindo pela janela aberta.

    - Espere aqui, Rhogar - disse Van Gogh, levantando-se lentamente.

    Antes que o draconato pudesse responder, o tortle murmurou uma prece à natureza e transformou-se em um grande morcego, suas asas de couro batendo pesadamente enquanto disparava pela mesma janela. As asas de Van Gogh batiam vigorosamente enquanto ele voava pelos céus de Calimporto. O brilho incandescente do mephit de fogo era como uma fagulha viva cortando a noite, enquanto a criatura subia cada vez mais alto, tentando despistar seu perseguidor.

    O mephit, percebendo que o tortle-morcego não desistiria facilmente, virou-se no ar, suas asas flamejantes deixando rastros de calor. Com um movimento rápido, a criatura abriu a boca e disparou uma rajada de fogo que explodiu no espaço vazio onde Van Gogh estava um segundo antes.

    Van Gogh girou no ar, desviando habilmente do ataque. Ele planava em espirais amplas, mantendo-se fora do alcance direto, mas próximo o suficiente para pressionar o inimigo.

    O mephit soltou um grito estridente e lançou outra rajada flamejante, que passou de raspão pelas asas do morcego gigante. O calor era insuportável, mas Van Gogh manteve o foco. Ele mergulhou em direção ao mephit, suas mandíbulas abertas em um ataque feroz, tentando abocanhar a criatura.

    O mephit, ágil, desviou no último instante, batendo as asas para ganhar altitude. Mesmo assim, Van Gogh quase o alcançou, suas presas fechando-se a centímetros da cauda flamejante do oponente. A criatura, então, decidiu mudar de tática. Ela parou no ar abruptamente, desafiando a gravidade com suas asas incandescentes. Com as mãos flamejantes, formou uma esfera de fogo que cresceu rapidamente antes de ser lançada em direção ao tortle-morcego.

    Van Gogh desviou por pouco, mas a explosão da esfera o fez perder altitude, obrigando-o a planar em círculos mais baixos para recuperar estabilidade. Em resposta, ele emitiu um grito agudo e mergulhou em uma investida direta, forçando o mephit a recuar.

    A perseguição continuou em ziguezague, com o mephit tentando escapar pelas torres e pontes de Calimporto. Quando a criatura tentou passar por uma rua estreita, Van Gogh surpreendeu-o com uma manobra acrobática, bloqueando sua saída. Ele tentou novamente abocanhar a criatura, mas o mephit desviou no último momento, golpeando Van Gogh com suas garras flamejantes.

    A dor da queimadura foi intensa, mas Van Gogh não cedeu. Ele investiu mais uma vez, sua mandíbula roçando as asas do mephit, arrancando faíscas que se espalharam pelo céu noturno.

    O mephit, desesperado, disparou em direção a uma das torres mais altas de Calimporto. Seu objetivo era claro: alcançar uma janela arqueada para escapar. Van Gogh, percebendo a intenção, usou todo o impulso restante para alcançar o teto da estrutura antes da criatura.

    Assim que pousou, ele voltou à sua forma original. Com sua altura imponente e carapaça reluzente sob a luz da lua, Van Gogh levantou suas mãos pro céu enquanto o mephit se aproximava.

    - Você não vai fugir! - rugiu Van Gogh, seus olhos brilhando com a fúria da natureza.

    Antes que o mephit pudesse alcançar a janela, Van Gogh invocou seu poder druídico. Uma coluna de chamas irrompeu do céu, engolfando a criatura em um turbilhão de fogo sagrado.

    O grito do mephit ecoou pela cidade enquanto seu corpo incandescente se desfazia em cinzas e faíscas. Em questão de segundos, a criatura desapareceu completamente, dissolvendo-se e retornando ao seu plano de origem.

    Van Gogh permaneceu de pé no teto da torre, respirando pesadamente enquanto o silêncio se restabelecia. Ele olhou para o céu estrelado.

    - Quem enviou você, pequena criatura? - murmurou ele, sentindo que esse ataque era apenas o início de algo muito maior.

    Após um momento de reflexão, o druida começou a descida, retornando à taverna Aposta de Cobre, onde Rhogar o esperava.
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    Mensagem por Elminster Aumar Seg Dez 23, 2024 8:15 am

    Capítulo 6


    A madrugada em Calimporto era estranhamente tranquila, o som distante das ondas do mar ecoando pelas ruas quase vazias. Van Gogh, Barragan e Rhogar reuniram-se novamente no beco ao lado da Aposta de Cobre, longe dos olhares indiscretos. A tensão entre eles era palpável enquanto compartilhavam os últimos acontecimentos. Os dois guardas tuigans haviam subido aos quartos com as halflings, momento perfeito para que o trio seguisse com o seu plano.

    - Então é isso - murmurou Rhogar, ajustando o martelo preso às costas. - Invadimos a casa de Malik Zarif e conseguimos respostas.

    - Respostas... e talvez algo mais - disse Barragan, com um sorriso enigmático.

    Van Gogh inclinou a cabeça, sua expressão ponderada.

    - Vamos agir rápido e eficiente. O tempo e as sombras estão a nosso favor.

    O trio se moveu pelas ruas desertas até alcançar os arredores da mansão. As imponentes paredes brancas brilhavam sob a luz da lua, mas a opulência do lugar não intimidava os invasores. Dois guardas estavam postados na entrada principal, suas silhuetas rígidas contrastando com a calma da noite.

    Barragan aproximou-se silenciosamente, murmurando as palavras arcanas de uma magia. Com um gesto sutil, ele lançou um encantamento de Sono sobre os dois guardas. Um brilho etéreo envolveu os homens, e suas cabeças tombaram para frente, adormecendo antes que pudessem perceber qualquer perigo.

    - Perfeito - sussurrou Barragan, gesticulando para os outros seguirem-no até o portão.

    Com uma breve onda de sua mão, Barragan conjurou um Globo de Invisibilidade, envolvendo os três em uma bolha mágica que tornava suas presenças indetectáveis. Movendo-se como sombras na escuridão, o grupo adentrou a mansão silenciosamente.

    O interior da mansão era ainda mais luxuoso do que Barragan havia descrito. Tapeçarias coloridas decoravam as paredes, e o chão era coberto por tapetes exóticos. Candelabros com velas perfumadas iluminavam os corredores, criando um contraste entre a tranquilidade do lugar e a tensão do trio. Barragan já tinha todos os caminhos mapeados da sua visita anterior.

    Os guardas restantes patrulhavam os corredores, mas, com a proteção da invisibilidade, o grupo conseguia mover-se sem dificuldades. Sempre que encontravam um guarda em um ponto estratégico, Barragan lançava outra magia de Sono, garantindo que ninguém soasse o alarme.

    Após alguns minutos, os três alcançaram o andar superior e pararam diante da porta trancada que Barragan havia encontrado anteriormente.

    - É aqui - murmurou Barragan, ativando um feitiço de Silêncio para garantir que nenhum som escapasse do ambiente.

    Rhogar aproximou-se, a expressão séria enquanto segurava firmemente o cabo de seu martelo. Sob a bolha mágica de invisibilidade e o efeito de silêncio absoluto, o draconato ergueu a arma e golpeou a porta com força.

    O impacto foi avassalador, e a madeira cedeu com um estrondo surdo que eles apenas podiam sentir. A porta desabou, revelando o quarto de Malik Zarif.

    O quarto era uma exibição de luxo e poder. A cama de dossel era coberta por lençóis de seda dourados, e móveis entalhados em madeira rara ocupavam os cantos do aposento. Malik Zarif estava deitado, profundamente adormecido, o peito subindo e descendo lentamente.

    No entanto, no canto oposto do quarto, Gromak, o imponente guarda-costas orc, estava sentado em uma cadeira, claramente acordado. Ao ver a porta sendo destruída, ele começou a se virar lentamente, seus olhos ferozes procurando pelo intruso.

    Antes que pudesse reagir, Barragan levantou a mão e lançou Imobilizar Pessoa. Um campo mágico envolveu o orc, congelando-o no lugar. Gromak lutou contra o feitiço, seus músculos tensionando-se enquanto ele tentava se libertar, mas a magia era poderosa demais.

    Parado e impotente, Gromak não podia fazer nada além de observar, seus olhos brilhando de frustração enquanto o trio adentrava o quarto em completo silêncio.

    O trio aproximou-se da cama de Malik Zarif com cuidado. Sob o manto de invisibilidade, Rhogar moveu-se na frente, sua figura imponente pairando sobre o mercador adormecido. Com um gesto, ele puxou as cobertas, revelando Malik vestido com um pijama luxuoso de seda azul escura, bordado com fios dourados que formavam padrões geométricos e detalhes de palmeiras. Ele também usava um gorro acolchoado da mesma cor, decorado com um pequeno botão dourado no topo, típico dos mercadores que valorizavam conforto e estilo mesmo durante o sono.

    O mercador acordou com um solavanco, os olhos arregalados enquanto tentava se levantar, mas foi rapidamente pressionado de volta contra os travesseiros.

    - Quieto, Malik - sussurrou Barragan, em um tom controlado mas perigoso, enquanto o trio desfazia a invisibilidade e o campo de silêncio.

    Ao perceber quem estava diante dele e reconhecer o draconato, Malik ergueu as mãos trêmulas em sinal de rendição.

    - O que... o que vocês querem? Como ousam invadir a casa de Malik Zarif?

    Barragan ignorou a pergunta inicial, gesticulando para Gromak, que permanecia imóvel no canto, os músculos tensos sob o controle do feitiço.

    - Diga ao seu guarda-costas para não fazer nada, Malik. A magia que o prende está prestes a desaparecer.

    Malik lançou um olhar rápido para Gromak, antes de voltar para Barragan, compreendendo rapidamente que sua vida estava por um fio.

    - Gromak, fique onde está. Não reaja, não importa o que aconteça à Malik Zarif.

    O orc rosnou baixinho, mas assentiu com dificuldade, sua lealdade inquestionável ao mercador. Van Gogh estranhou o suporte de ferro prendendo a mandíbula de Gromak, além de seu comportamento submissivo.

    - Há magias que podem restaurar essa mandíbula quebrada... o que houve com ela?

    - Marcas de uma vida pregressa - comentou o mercador, sem querer entrar em muitos detalhes.

    Barragan abaixou-se um pouco, encarando Malik com um sorriso controlado.

    - Agora que estamos todos cooperando, precisamos de respostas. Onde está a Garrafa Azul de Tenaarlaktor?

    Malik hesitou, mas ao ver o olhar feroz de Rhogar e o silêncio ponderado de Van Gogh, ele apontou com uma mão trêmula para um baú ornamentado no canto do quarto.

    - Está ali. Mas devo avisá-los... não é o que vocês esperam.

    Rhogar, com passos firmes, caminhou até o baú e o abriu. Dentro, repousava uma garrafa grande, de vidro azul reluzente e moldura de platina. Era a mesma garrafa que ele havia entregado ao mercador.

    - Isso é uma falsificação - disse Malik, sem rodeios.

    Barragan virou-se para Malik, sua voz carregada de suspeita.

    - Como você sabe disso?


    Malik suspirou, sua expressão passando de medo para uma mistura de frustração e derrota.

    - Malik Zarif já esteve em posse da verdadeira. Eu a vi com meus próprios olhos.

    Van Gogh inclinou-se levemente, os olhos fixos em Malik enquanto falava calmamente.

    - Explique. Onde e como a encontrou?

    - Foi durante uma expedição organizada pelos Rundeen, a organização mercantil a qual Malik Zarif pertence - começou Malik, ajeitando-se na cama para parecer menos vulnerável. - Estávamos no Deserto Calim, explorando as ruínas de uma antiga cidade soterrada pelas areias. Diziam que a cidade fora um centro de comércio em tempos imemoriais, no antigo Império Calim.

    Os olhos de Malik brilhavam com o peso das lembranças enquanto ele continuava.

    - Encontramos a garrafa enterrada em um local de difícil acesso. Não havia dúvida na mente de Malik Zarif... aquele era o verdadeiro item. A presença dela era... opressora, como se o próprio ar ao redor carregasse um peso invisível. Muito diferente dessa cópia barata que estão vendo.

    - E o que aconteceu? - pressionou Rhogar, sua voz grave cortando o silêncio do quarto.

    Malik engoliu em seco, seu tom mudando para algo mais sombrio.

    - Não tivemos chance de celebrá-la como nossa. Antes de retornarmos para Calimporto, fomos emboscados por um grupo de mercenários. Não eram mercenários comuns... eram genasis-do-fogo. Guerreiros treinados, organizados, com habilidades que tornaram nossos homens inúteis. Eles massacraram a guarda e levaram a garrafa.

    Barragan franziu o cenho.

    - Como escapou?

    - Com sorte - respondeu Malik, sua voz amarga. - Malik Zarif sempre teve sorte, e além disso, também contou com o sacrifício de alguns que me protegeram. Fugi pelas dunas e retornei para Calimporto, onde permaneci em silêncio... até ouvir os boatos de que a garrafa estava sendo usada como prêmio em jogos na Aposta de Cobre.

    Van Gogh fixou Malik com um olhar inquisidor.

    - E você não suspeitava que era falsa?

    Malik deu de ombros, o desespero substituído por um ar pragmático.

    - Boatos se espalham rápido, e eu precisava ter certeza. Mas quando Malik Zarif viu o objeto... soube imediatamente que era uma distração. O dono da verdadeira garrafa, ou quem a controla agora, deve ter espalhado os rumores para desviar a atenção.

    Rhogar aproximou-se da cama, sua figura imponente projetando uma sombra sobre Malik.

    - Quem são esses genasis-do-fogo? Você sabe para onde levaram a garrafa?

    Malik balançou a cabeça.

    - Não sei quem os contratou, nem para onde foram. Tudo o que sei é que a verdadeira Garrafa Azul de Tenaarlaktor ainda está em algum lugar, e que aqueles que a possuem são perigosos.

    O trio trocou olhares silenciosos, cada um ponderando o peso das palavras de Malik. A trilha estava se tornando mais complicada, mas o caminho à frente começava a se formar.

    Van Gogh, que até então permanecia em silêncio, deu um passo à frente, sua expressão grave refletindo as preocupações que pesavam sobre ele.

    - Malik, antes de continuarmos... quero saber algo.

    O mercador ergueu uma sobrancelha, intrigado.

    - O que mais deseja saber? Já contei tudo sobre a garrafa.

    Van Gogh cruzou os braços, o tom de sua voz ainda mais sério.

    - Há algumas horas, fui atacado por um mephit de fogo. Uma criatura extraplanar que claramente estava nos espionando. Era um servo seu?

    Malik arregalou os olhos, genuinamente surpreso.

    - Um mephit de fogo? Não, não era meu. Malik Zarif nunca convocaria algo tão perigoso.

    Barragan estreitou o olhar, avaliando a sinceridade de Malik.

    - Então, se não era seu... você tem alguma ideia de quem poderia estar controlando a criatura?

    Malik balançou a cabeça, antes de parar para pensar.

    - Apostaria um dedo meu que essa criatura pode ter vindo do mesmo lugar que vieram os genasis-de-fogo. Para qual direção a criatura estava voando?

    Van Gogh apontou para o sul, sem hesitar.

    - Para o sul, em direção à ala portuária.

    Malik recostou-se na cama, passando uma mão pelo rosto.

    - Se estava voando nessa direção... pode muito bem ter ido em direção ao palácio do sultão.

    O nome trouxe um silêncio pesado à sala. Rhogar foi o primeiro a quebrá-lo.

    - O que o sultão Batras el Tuladim teria a ver com isso?

    - Essa é a questão, meu amigo - respondeu Barragan, pensativo. - O sultão é uma figura de poder em Calimporto, mas seus interesses e motivações sempre foram... nebulosos.

    Malik ergueu-se levemente, apoiando-se nos travesseiros.

    - O sultão não é tão transparente quanto parece. Eu o conheço bem o suficiente para saber que ele tem mãos em muitos negócios, incluindo alguns que não combinam com sua posição.

    Van Gogh ponderou:

    - Há algo que nos leve a acreditar que ele poderia estar relacionado à garrafa?

    Barragan hesitou antes de falar, sua expressão indicando que ele estava conectando as peças.

    - Talvez. Coincidentemente, eu recebi recentemente um convite para uma festa no palácio do sultão. É daqui a três dias. Uma celebração que, oficialmente, tem como objetivo encontrar uma pretendente para Batras. Ele quer herdeiros. Mas... festas como essa raramente são apenas sobre o que dizem ser.

    - Malik Zarif também recebeu esse convite - disse o mercador, sua voz assumindo um tom cauteloso.

    Barragan inclinou a cabeça, sua mente já traçando planos.

    - E esses convites permitem um acompanhante, correto?

    Malik assentiu.

    - Sim.

    Barragan olhou para Van Gogh e Rhogar, um sorriso astuto surgindo em seu rosto.

    - Então temos uma oportunidade perfeita. Malik, você levará Rhogar como seu guarda-costas, e eu levarei Van Gogh. Assim, estaremos lá para investigar qualquer conexão entre o sultão e a garrafa.

    Malik hesitou por um momento, mas ao ver os olhares decididos do trio, ele concordou com um suspiro.

    - Muito bem. Mas devo avisá-los: se vocês causarem problemas, eu não estarei do lado de vocês. Malik Zarif não é um homem de armas.

    Rhogar deu um passo à frente, sua voz grave ecoando pelo quarto.

    - Não estamos aqui para causar problemas... a menos que você nos dê motivo. Se tentar algo, Malik, eu garanto que a próxima vez que nos encontrarmos não será tão cordial.

    Malik engoliu em seco, mas manteve a compostura.

    - Entendido.

    - E levaremos essa garrafa falsa conosco, só para garantir que ela é falsa mesmo - comentou Barragan, levantando-se e sinalizando para que os outros o seguissem. - Muito bem, então. Temos um plano. Até daqui a três dias, Malik.

    Van Gogh lançou um último olhar para Malik antes de sair, suas palavras ressoando como um aviso.

    - Se o fogo nos espreita, talvez você devesse reconsiderar a proximidade com as chamas, Malik Zarif.

    Com isso, o trio deixou a mansão, as sombras da madrugada ainda cobrindo Calimporto enquanto o próximo passo de sua investigação começava a se formar.
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    Mensagem por Elminster Aumar Seg Dez 23, 2024 8:39 am

    Capítulo 7


    O céu de Calimporto começava a clarear, mas o bordel Veleiros Libertinos ainda estava imerso em sua atmosfera usual de música suave, risos distantes e o aroma inconfundível de especiarias e incenso. Zayn Ali Altair, o genasi-do-ar, estava recostado em um dos sofás no salão privado, com um cálice de vinho azul em uma mão e um sorriso tranquilo no rosto enquanto ouvia o relato do trio.

    Rhogar terminou de falar, sua voz grave ecoando pelo ambiente.

    - Então, é isso. Temos um plano para a festa do sultão daqui a três dias. Malik Zarif e eu vamos entrar como convidados, Barragan e Van Gogh também. Mas precisamos de alguém que possa se passar por pretendente ao casamento.

    Zayn balançou o cálice em círculos, pensativo.

    - Interessante. E vocês acham que o sultão estaria envolvido na questão da garrafa?

    - Não sabemos - respondeu Barragan, com um sorriso enigmático. - Mas um homem que organiza uma festa grandiosa, enquanto criaturas extraplanares voam em sua direção, merece atenção.

    Van Gogh, sempre ponderado, falou com sua voz grave e calma.

    - A presença de uma pretendente nos dá uma vantagem. Alguém para desviar a atenção, ouvir o que precisa ser ouvido...

    - ...e talvez arrancar algumas respostas - completou Rhogar, cruzando os braços. – Sabemos que o sultão Batras não tem herdeiros ainda.

    Zayn sorriu amplamente, inclinando-se para frente.

    - Bem, meus amigos, vieram ao lugar certo. Aqui no Veleiros Libertinos, temos mulheres que não apenas encantam os olhos, mas também sabem como navegar pelos jogos de poder. Deixem-me apresentá-las.

    Com um estalar de dedos, Zayn chamou suas funcionárias para o salão privado. Uma a uma, as mulheres que trabalhavam no bordel entraram, cada uma com uma presença marcante e singular.

    Zayn apresentou cada uma com o orgulho de um mestre de cerimônias:

    - Rahja, a líder de minhas meninas. Vocês já a conheçam bem, imagino... Inteligente, habilidosa e com uma língua afiada. Mas eu imagino que sua fama e sua origem drow não seriam bem recebidas pelo sultão.

    Rahja fez um ar de descrença, como se não acreditasse que aquilo estava acontecendo.

    - Leona, nossa favorita entre os clientes - continuou Zayn, esperando Leona dar um passo à frente - com sua beleza bronzeada e um talento inigualável para extrair informações valiosas. Mas... - ele deu de ombros - ...ser um rosto tão conhecido pode não ser a melhor ideia.

    Dessa vez, foi uma meia-elfa a dar um passo à frente,

    - Shanael. Sua timidez tem graça, mas... não acredito que suportaria a pressão de um evento desse nível. Temos também Lira Ahanis, uma mulher de origem tuigan, igual aqueles guardas que vocês encontraram na casa de Malik. Seu olhar penetrante pode desfazer qualquer mentira... mas, sendo muda, poderia ter dificuldades em interagir com o sultão e os outros convidados.

    A próxima a ser apresentada foi uma tiefling, vestida em roupas ajustadas de couros, otimizando a visão de seus belos pares de seios grandes.

    - Jasna, minha dominatrix tiefling favorita - continuou Zayn, sorrindo. - Uma força da natureza, mas, convenhamos, uma tiefling? Na corte do sultão? Não vejo isso terminando bem. Zahara, aproxime-se agora. Ela é nossa tabaxi graciosa, meu mestre Van Gogh sabe do que estou falando. Sedutora e brincalhona, mas o sultão provavelmente não a consideraria uma pretendente séria por não ser humana.

    Só restava mais uma a ser apresentada.

    - Por fim, Aisha, a mais jovem e, talvez, a mais promissora. Uma beleza meiga e inocente, vinda de Mulhorandi. Ela é menos conhecida na cidade e certamente chamaria a atenção de Batras el Tuladim. Sua juventude sugere fertilidade, algo que o sultão deve valorizar em uma pretendente.

    Zayn terminou a apresentação com um sorriso confiante, esperando a decisão do grupo mesmo ciente de que ele não havia dado muita escolha. O trio discutiu brevemente entre si, ponderando os prós e contras de cada candidata. Finalmente, Rhogar assentiu.

    - Aisha de fato parece a escolha mais óbvia. Jovem, humana, e sua origem exótica pode ser um atrativo.

    Barragan sorriu para Zayn.

    - Então está decidido. Aisha será nossa pretendente.

    Van Gogh olhou para a jovem, seus olhos avaliando-a cuidadosamente.

    - Será um papel difícil. Você terá que se portar como uma rainha, enquanto observa e ouve como uma caçadora.

    Aisha, que estava sentada elegantemente ao lado de Zayn, deu um sorriso suave, mas seu olhar era decidido.

    - Se é o que precisa ser feito, farei. Não estou no Veleiros Libertinos para ser subestimada.

    Rhogar esboçou um raro sorriso.

    - Boa resposta.

    Zayn ergueu seu cálice, brindando a nova aliada na missão.




    Sob a luz pálida da lua, Barragan atravessava os esgotos de Calimporto em direção ao reduto de Voraya. O aroma pútrido e o som distante de água gotejando já não o incomodavam; ele estava acostumado à viagem e dessa vez ele poupou Gull-rash de realizar a travessia. Quando chegou às colunas quebradas que marcavam a entrada do templo abandonado, foi saudado por figuras híbridas de homens-ratos que emergiram das sombras, permitindo sua passagem com um aceno respeitoso.

    Voraya estava sentada em seu trono improvisado, feito de pedras antigas e coberto com tecidos suntuosos. Sua cauda escamosa estava enrolada graciosamente ao redor da base do trono, e seus olhos brilhantes fixaram-se em Barragan assim que ele entrou.

    - Meu querido Barragan - disse ela, com um sorriso sinuoso. - Que notícias você traz das ruas de Calimporto?

    Barragan aproximou-se, sua postura relaxada, mas seus olhos vigilantes.

    - Descobri mais sobre a Garrafa Azul...

    Antes dele terminar a frase, Voraya demonstrou uma rara hesitação:

    - Ela estava com o mercador?

    - Sim, mas era falsa. Malik Zarif nos contou que a verdadeira foi levada por genasis-do-fogo após uma emboscada no deserto. E agora o foco mudou para a festa do sultão.

    Os olhos de Voraya brilharam com interesse, retomando sua postura confiante.

    - O sultão Batras el Tuladim, da ala das docas... um homem que acredita estar acima das sombras de Calimporto, mas que está mais perto delas do que imagina.

    - Justamente - respondeu Barragan, com um sorriso. - Ele pode estar envolvido ou ser apenas mais uma peça no tabuleiro. Talvez precisemos de alguma ajuda sua durante a festa.

    Voraya inclinou-se ligeiramente para frente.

    - Não se preocupe, meu querido. Nossos homens-ratos, liderados por Laakas, estarão na festa disfarçados em suas formas humanas, como guardas do sultão. Ninguém sabe que eles respondem a mim.

    Barragan assentiu, absorvendo a informação.

    - Isso pode ser útil, Voraya. Você sempre tem as peças certas nos lugares certos.

    Voraya deslizou para fora do trono, aproximando-se de Barragan com um movimento fluido e intimidante.

    - É preciso ter, sendo a líder dos Mercados Negros dessa cidade... - ela aproximou-se um pouco mais, quase sussurrando aos ouvidos de Barragan. - E agora, temos algo a selar. Um pacto. Para garantir que nossos interesses permaneçam alinhados.

    Ela, então cortou a palma da mão com uma pequena lâmina, e seu sangue escuro brilhou à luz das tochas mágicas. Barragan, sem hesitar, fez o mesmo, estendendo a mão para ela. Ele não sabia dizer se confiava totalmente em Voraya, mas sabia que não tinha escolha. Quando seus sangues se misturaram, uma sensação gélida percorreu seu braço, mas ele não saberia dizer se havia algum efeito mágico ou se foi apenas um arrepio pelo ato.

    - Agora, você é mais do que um aliado - sibilou Voraya. - É uma extensão dos meus planos.

    Barragan sorriu, um brilho perigoso nos olhos.

    - E você, dos meus, Voraya.




    Na sede dos Lâminas do Deserto, o calor do fogo na lareira contrastava com a fria brisa da noite que entrava pelas janelas semiabertas. Rhogar estava sentado ao lado de Garuk, o Velho Lobo, com duas canecas de cerveja na mesa entre eles.

    - Então, você acredita que essa festa pode ser o ponto de virada para nós? - perguntou Garuk, forçando a vista até mesmo com o seu olho ruim.

    Rhogar assentiu lentamente, tomando um gole da bebida antes de responder.

    - Sim. Não é apenas sobre a garrafa ou o sultão. É sobre mostrar que os Lâminas do Deserto ainda têm força.

    Garuk sorriu levemente, um sorriso carregado de ceticismo e orgulho.

    - Você está pensando como um líder, Rhogar. Mas lembre-se, liderar também significa estar preparado para falhas.

    - Sempre estou - respondeu Rhogar, com um sorriso contido. - Por isso, quero que nossos homens fiquem de prontidão nos arredores do palácio. Se algo der errado, eles estarão lá para nos tirar.

    Garuk inclinou-se para frente, batendo levemente a caneca contra a de Rhogar.

    - Vamos preparar os homens. Mas amanhã. Por hora, vamos brindar. Quem sabe, isso pode realmente trazer bons ventos para a guilda.

    Os dois beberam profundamente, o som da madeira estalando na lareira ecoando pela sala.




    Van Gogh estava em um dos quartos do Veleiros Libertinos, com Portinari, seu jacaré-gavial, descansando ao lado. Aisha estava sentada em uma cadeira, olhando para o tortle com curiosidade e uma pitada de nervosismo.

    Van Gogh segurava uma tiara prateada delicadamente trabalhada, com o símbolo da lua de Selûne no centro. Ele a examinava como se carregasse um grande peso.

    - Esta tiara... não é apenas um ornamento. É um símbolo de equilíbrio, de clareza em meio às sombras. Algo que acredito que você precisará durante essa festa.

    Aisha pegou a tiara com cuidado, colocando-a sobre a cabeça. Ela parecia diferente, mais confiante, como se o item carregasse uma força invisível.

    - É linda. Obrigada, mestre Van Gogh.

    - Não sou mestre, apenas um velho tortle tentando fazer a coisa certa - disse Van Gogh, sorrindo levemente. - Mas há algo que você deve saber, Aisha. Não sou íntimo dos costumes de Calimshan, mas aprendi que o poder de uma pessoa não está em como ela se veste ou fala. Está em como ela ouve e observa.

    Aisha assentiu, suas mãos tocando a tiara enquanto absorvia as palavras.

    - E como devo me comportar?

    Van Gogh refletiu por um momento, sua expressão serena.

    - Com cautela e curiosidade. Lembre-se de que essa festa não é apenas sobre encontrar respostas. É sobre sobreviver ao jogo de poder.

    Portinari ergueu a cabeça, soltando um som gutural, como se aprovasse o conselho.

    Van Gogh riu suavemente, apontando para o gavial.

    - Até ele sabe que as maiores batalhas nem sempre são travadas com espadas.

    Aisha sorriu, relaxando um pouco.

    - Prometo que farei o meu melhor.

    Van Gogh assentiu, satisfeito.

    - Tão jovem e tão sábia. Isso é tudo o que podemos pedir.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Seg Dez 23, 2024 11:17 am

    Capítulo 8


    A noite estava pontilhada por estrelas brilhantes, e as luzes que emanavam do palácio do sultão Batras el Tuladim iluminavam os céus de Calimporto como uma constelação terrestre. A carruagem avançava lentamente pelos portões dourados, entrando nos amplos jardins do sultão. Árvores de frutas raras alinhavam os caminhos de pedra, suas copas decoradas com lanternas cintilantes. Fontes majestosas lançavam água no ar, criando um som relaxante que contrastava com a tensão crescente no interior da carruagem.

    Van Gogh observava a paisagem com um misto de admiração e cautela. Barragan, elegante como sempre, ajustava suas vestes, enquanto Rhogar mantinha-se em silêncio, observando os arredores com olhos atentos. Ao lado deles, Aisha estava impecavelmente vestida, a tiara com o símbolo da lua de Selûne brilhando sob a luz das lanternas.

    Malik Zarif estava sentado à frente, visivelmente desconfortável, mas determinado.

    - Lembrem-se - começou ele, olhando para o grupo. - O sultão é um homem perspicaz. Qualquer deslize, e ele perceberá.

    Barragan sorriu, relaxado.

    - Não se preocupe, Malik. Vamos dar nosso melhor... para que você não precise carregar sozinho o peso de suas escolhas passadas.

    A carruagem parou diante da entrada principal, e um grupo de guardas aproximou-se. À frente deles, Karim el Maktum, o líder da guarda, era uma figura impressionante. Ele tinha a pele morena, barba bem cuidada e olhos penetrantes. Suas vestes eram ricas, mas práticas, adequadas para alguém que comandava tanto pela presença quanto pela habilidade.

    Ao seu lado, dois leopardos majestosos avançavam com passos silenciosos, presos por correntes que Karim segurava firmemente. Os felinos moviam-se com graça predatória, seus olhos dourados brilhando enquanto farejavam o ar.

    - Convidados - disse Karim, sua voz grave e autoritária. - Por favor, apresentem seus convites.

    Barragan foi o primeiro a descer, entregando os convites a Karim com um sorriso cordial.

    - Aqui estão. Somos convidados do sultão Batras el Tuladim.

    Karim inspecionou os convites com cuidado, mas seus olhos nunca deixaram o grupo. Ele fez um gesto, e os leopardos avançaram para cheirar os visitantes. Malik deu um passo para trás, claramente desconfortável, mas Barragan permaneceu firme, assim como Rhogar.

    Quando os leopardos chegaram a Van Gogh, o druida abaixou-se levemente, falando em um tom calmo.

    - Não há necessidade de medo, meus amigos.

    Com um murmúrio quase imperceptível, Van Gogh proferiu uma magia druídica, possibilitando falar o idioma dos felinos.

    - Cheiram bem. Fazem o mesmo que outros. Nada estranho. - disse o primeiro leopardo, em uma comunicação primal.

    - Trabalho. Comida depois. - respondeu o segundo, com um tom satisfeito.

    Van Gogh sorriu, tocando levemente o focinho de um deles.

    - Vocês fazem um bom trabalho. Que comida recebem?

    - Carne boa. Melhor que caça.

    Os olhos do tortle brilharam com uma mistura de humor e compreensão.

    - Vocês são bem tratados. Isso é bom.

    Karim observava a interação com desconfiança, incapaz de entender o que estava acontecendo. Quando Van Gogh se levantou, ele estreitou os olhos.

    - O que você disse a eles?

    Van Gogh apenas deu de ombros, com um sorriso sereno.

    - Apenas me apresentei. Felinos gostam de conhecer aqueles que passam por seus domínios.

    Os leopardos recuaram para o lado de Karim, satisfeitos, e o líder da guarda permaneceu em silêncio por um momento, avaliando o enorme martelo de Rhogar.

    - Ele é o meu guarda-costas, senhor Karim - se antecipou Malik Zarif. - E a jovem dama aqui é está aqui para conhecer o sultão, como uma de suas pretendentes. Imagino sua entrada não será barrada, mesmo sem convite.

    Com um gesto brusco, Karim el Maktum abriu passagem.

    - Vocês podem entrar. Não causem problemas ou se arrependerão.

    - Nunca é nossa intenção, bom Karim - respondeu Barragan, com uma leve inclinação de cabeça, enquanto conduzia o grupo para os portões do palácio.

    Atrás deles, os leopardos observaram com olhos atentos, mas agora com uma estranha confiança no tortle que havia conversado com eles.

    O luxuoso saguão do palácio de Batras el Tuladim era um espetáculo de opulência. O teto abobadado era decorado com intrincados mosaicos que refletiam as luzes douradas das lanternas penduradas em correntes de prata. Um tapete vermelho de tecidos raros estendia-se pela extensão do salão, onde nobres, mercadores e figuras influentes de Calimporto se misturavam em conversas animadas.

    - Bem-vindos ao coração de Calimporto - disse Barragan, em um tom baixo, enquanto olhava ao redor. Ele estava mais do que acostumado a momentos como esse.

    Barragan liderava o grupo, seu andar confiante e o sorriso encantador prontos para enfrentar a elite de Calimporto. Ele logo foi saudado por olhares curiosos e acenos de velhos conhecidos. Malik Zarif, ao seu lado, mantinha-se em segundo plano, como um ator coadjuvante numa peça cujo protagonista era claramente Barragan. Rhogar, por outro lado, permanecia em silêncio, com a postura rígida de um guarda-costas atento.

    - Barragan! - chamou uma voz alegre, cortando o burburinho da multidão.

    Barragan virou-se e encontrou o pasha Izaez aproximando-se com um sorriso largo e braços abertos. O pasha era um homem magro, com uma barba bem aparada e vestes luxuosas de seda azul e dourada. Sua presença exalava charme e um ar de camaradagem que poucos conseguiam resistir.

    - Izaez! - respondeu Barragan, abrindo os braços para retribuir o caloroso cumprimento.

    Izaez segurou Barragan pelos ombros e deu-lhe dois beijos amáveis no rosto, como se fossem velhos amigos que não se viam há anos.

    - Você não muda, meu amigo. Sempre tão charmoso e envolvido nas melhores ocasiões!

    Barragan sorriu, inclinando levemente a cabeça.

    - E você, Izaez, parece mais jovial do que nunca. A Liga dos Mestres do Porto continua prosperando sob sua liderança?

    Izaez riu, fazendo um gesto amplo com a mão.

    - Mais do que isso, prosperamos e comandamos. Mas hoje... hoje não falamos de trabalho. Estamos aqui para celebrar. E você sabe como essas festas podem ser. - Ele piscou, um brilho malicioso nos olhos. - Mais tarde, os andares superiores estarão abertos para aqueles que desejarem... diversões mais íntimas. E você, meu querido Barragan, é sempre bem-vindo.

    Barragan manteve o sorriso afável, inclinando-se ligeiramente para frente.

    - Vou considerar sua oferta, Izaez. E talvez meus companheiros também estejam interessados.

    O pasha olhou para os demais com curiosidade. Quando seus olhos pousaram em Rhogar e Van Gogh, ele arqueou uma sobrancelha.

    - Um draconato e um tortle? Fascinante. E a jovem dama? Muito linda. Parece que trouxe um verdadeiro séquito, Barragan.

    - Apenas os melhores - respondeu Barragan, sem perder o tom amigável.

    Enquanto Barragan conversava com o pasha, Van Gogh olhou ao redor, claramente desconfortável com o ambiente repleto de excessos e etiquetas sociais que não combinavam com seu estilo de vida simples. Ele inclinou-se para Aisha, que estava ao seu lado, e falou baixo.

    - Toda essa agitação não é para mim. Que tal darmos uma volta pelos jardins?


    Aisha, percebendo a sinceridade de Van Gogh e também sentindo-se um pouco fora de lugar, assentiu com um sorriso.

    - É uma boa ideia. Vamos.

    Os dois afastaram-se discretamente do grupo e atravessaram um arco de mármore que levava aos jardins do palácio. O contraste entre o interior luxuoso e a tranquilidade do jardim era imediato. A brisa fresca carregava o aroma de flores exóticas, e o som suave de uma fonte próxima oferecia uma melodia calmante.

    Caminhando lentamente, Van Gogh quebrou o silêncio.

    - Este lugar é belo, mas é apenas uma máscara para o que realmente acontece aqui. Não se deixe enganar pelas luzes e perfumes.

    Aisha olhou ao redor, admirando as plantas bem cuidadas, mas refletindo sobre as palavras do tortle.

    - Você acha que o sultão esconde algo?

    Van Gogh parou ao lado de uma árvore alta, sua mão áspera tocando a casca.

    - Não é uma questão de "achar". É a natureza de lugares como este. Poder atrai segredos, e segredos muitas vezes escondem coisas que deveriam ser expostas.

    Aisha manteve o olhar fixo em Van Gogh, absorvendo suas palavras.

    - E nós estamos aqui para isso, não é? Para expor o que está escondido?

    Van Gogh sorriu suavemente, seus olhos cheios de uma sabedoria que parecia antiga como o mundo.

    - Estamos aqui para encontrar respostas. E, às vezes, as respostas não são aquilo que esperamos.




    No interior do palácio, a conversa com Izaez continuava animada, repleta de insinuações e risos, quando outro homem aproximou-se do grupo. Pasha Rasûl, um veterano das águas, exalava a aura de um homem endurecido pelas tempestades e batalhas da vida no mar. Ele era alto e robusto, mas mancava visivelmente, apoiando-se em um cajado de madeira enegrecida pelo tempo. Ao seu lado, estava uma mulher de beleza distinta e postura confiante: Ranya, sua filha e protegida, claramente preparada para os jogos de poder da nobreza.

    - Rasûl! - exclamou Izaez, abrindo os braços em um gesto caloroso. - É bom ver você fora de um navio e entre amigos. Como está a perna?

    Rasûl soltou uma risada curta, mas havia um toque de amargura em sua voz.

    - Ainda presa a mim, o que é melhor do que a alternativa. Mas, depois da maldita Cimitarra de Fogo de Raurivyl, nunca mais foi a mesma.

    Izaez franziu a testa, balançando a cabeça.

    - Aquele pirata amaldiçoado...

    Rasûl deu de ombros, um brilho satisfeito em seus olhos.

    - Hoje recebi uma boa notícia sobre ele. Uma das tripulações de Raurivyl foi encontrada à deriva, completamente petrificada. Não era o próprio capitão, mas um dos barcos secundários. Ainda assim, se algo está caçando os piratas, posso apenas agradecer aos deuses.

    Izaez riu.

    - Finalmente, boas notícias! Uma ameaça a menos para os nossos negócios.

    Enquanto os dois pashas trocavam comentários sobre a sorte dos piratas, Barragan e Rhogar observavam a interação com atenção. Quando Ranya foi apresentada, Rasûl fez questão de declarar com orgulho:

    - Trouxe minha filha, Ranya, como pretendente para o sultão. Batras merece alguém que entenda o valor do trabalho duro e do mar.

    Barragan e Rhogar trocaram um breve olhar. A presença de Ranya como uma possível pretendente colocava Aisha em competição direta. Barragan, mantendo a compostura, apenas sorriu levemente, enquanto Rhogar resmungou algo quase inaudível.

    Após mais alguns minutos de conversa, Izaez e Rasûl se despediram do grupo, caminhando para cumprimentar outros convidados.

    Com a saída dos pashas, Barragan percebeu um movimento discreto ao longe. Laakas, em sua forma humana, estava próximo a uma das colunas ornamentadas, sinalizando para ele. Barragan inclinou levemente a cabeça em reconhecimento e afastou-se do grupo, aproximando-se de seu contato em silêncio.

    - Laakas - cumprimentou Barragan em voz baixa.

    - Barragan - respondeu Laakas, com a formalidade de alguém cumprindo ordens. Ele olhou ao redor antes de continuar. - Voraya instruiu-me a informá-lo que há mais alguém aqui sob nosso comando.

    Laakas gesticulou discretamente para um pequeno nobre halfling de pele morena, elegantemente vestido e envolto em uma aura de charme exagerado.

    - Aquele é Nimor Bico-Leve. Ele também é um dos homens de Voraya. Se precisar de suporte, ele está à disposição.

    Barragan analisou o halfling por um momento, registrando mentalmente a informação.

    - Ótimo. Diga depois a Voraya que ela escolheu bem.

    Laakas assentiu antes de desaparecer novamente na multidão, deixando Barragan com uma nova peça em seu tabuleiro.




    Enquanto Barragan estava ocupado, Rhogar e Malik Zarif ficaram sozinhos, uma situação que o mercador parecia aproveitar. Ele tomou um gole de vinho e inclinou-se ligeiramente para o draconato, seu tom insinuante.

    - Diga-me, Rhogar... o que aconteceria se Malik Zarif decidisse relatar os seus planos ao sultão?

    Rhogar estreitou os olhos, seu corpo rígido como uma estátua de bronze.

    - Não teste minha paciência, Malik.

    O mercador sorriu, como se divertisse com a resposta.

    - Ora, não me interprete mal. Não estou dizendo que o faria. Mas pense comigo... se encontrarmos a garrafa verdadeira, você realmente acha que ela ficará comigo? Ou que o seu grupo permitirá isso?

    Rhogar inclinou-se para frente, sua presença física dominando o espaço entre os dois.

    - Você tem algo a ganhar conosco, Malik. Se quiser jogar contra nós, vai descobrir que perderá muito mais do que imagina.

    Malik manteve o sorriso, mas seus olhos traíram um vislumbre de incerteza.

    - Malik Zarif está apenas ponderando a questão, meu amigo. Eu sou, afinal, um mercador. Meu papel é pesar riscos e recompensas.

    Rhogar bufou, recostando-se novamente.

    - Então pese bem, Malik. Ou você descobrirá que mesmo o ouro não pode comprar sua saída de algumas situações.

    A tensão pairou no ar por alguns segundos antes que Barragan retornasse, interrompendo a conversa. Ele lançou um olhar para os dois, percebendo a atmosfera carregada, mas escolheu não comentar.

    - Estão prontos? - perguntou ele, ajustando seu manto. - Parece que o sultão Batras está vindo aí. É bom chamarmos Van Gogh e Aisha de volta, eles não vão querer perder esse momento.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Seg Dez 23, 2024 2:21 pm

    Capítulo 9

    O burburinho no grande salão do palácio diminuiu lentamente até um silêncio expectante, à medida que os nobres e convidados voltavam seus olhares para o mezanino adornado que pairava acima do salão. As luzes dos candelabros dourados iluminavam o lugar, destacando a grandiosidade do momento.

    Batras el Tuladim, o sultão da ala das docas de Calimporto, surgiu no mezanino, sua figura imponente imediatamente dominando o espaço. Ele era um homem grande, tanto em estatura quanto em porte, com uma barba densa e perfeitamente aparada que acentuava sua presença régia. Vestia roupas de seda azul-marinho com detalhes em dourado, e um turbante adornado com uma joia cintilante que parecia refletir a luz como se tivesse vida própria.

    À direita do sultão estava seu vizir e conselheiro, Shaariq ibn Mazur, uma figura magra e mal encarada, com olhos astutos e um sorriso que nunca parecia alcançar os olhos. Shaariq lembrava uma sombra estendida, com seu longo manto alaranjado bordado com runas douradas e um cajado encimado por um cristal rubro. Rumores circulavam entre os presentes sobre os poderes mágicos de Shaariq, e sua aura de mistério era inegável.

    À esquerda de Batras estava Sahar, o guarda-costas pessoal do sultão. Ele era o oposto de Shaariq em aparência e energia: um homem musculoso de pele morena, careca, com um cavanhaque bem aparado. Vestia roupas simples, que não diminuíam a ameaça latente de sua presença. Suas mãos estavam sempre próximas aos lados, prontas para agir a qualquer momento. Malik Zarif inclinou-se para o grupo e murmurou:

    - Sahar é um discípulo do lendário Escorpião Branco, um monge cujas façanhas são narradas em histórias por todo Calimshan.

    Rhogar estreitou os olhos, avaliando Sahar com atenção.

    - Ele parece à altura de seu mestre.

    Shaariq ibn Mazur deu um passo à frente, segurando o cristal de seu cajado com dedos longos e magros. Sua voz, apesar de não ser alta, ecoou pelo salão como se estivesse sendo amplificada por magia.

    - Nobres de Calimporto! Mercadores de prestígio e visitantes ilustres! É com grande honra que apresento a vós o glorioso Batras el Tuladim, sultão da ala das docas e guardião das rotas marítimas de Calimshan!


    O salão ecoou com aplausos e saudações calorosas enquanto Batras erguia uma mão poderosa em um gesto de agradecimento. Sua voz grave e autoritária encheu o salão quando começou seu pronunciamento:

    - Amigos, aliados e hóspedes... Esta noite celebramos o futuro. A estabilidade e a prosperidade de Calimporto são garantidas pelo trabalho conjunto de muitos aqui presentes. Mas, como todos sabem, chega um momento em que um líder deve pensar além de seu tempo, deve olhar para o futuro e plantar as sementes de um legado.

    Houve murmúrios de aprovação entre os convidados. Batras continuou:

    - Por isso, esta noite também é uma ocasião para olhar para as alianças que fortalecerão nossa cidade. Estou ansioso para conhecer aqueles que possam compartilhar deste destino, aqueles que possam ajudar a moldar um novo amanhã.

    Com isso, o sultão fez uma reverência leve antes de se afastar, sinalizando para que Shaariq encerrasse o discurso. O vizir ergueu sua mão magra, e o salão voltou à agitação usual, com música e conversas enchendo o ar novamente.

    Assim que Batras desceu para o salão principal e acomodou-se em um trono ornamentado nos fundos do espaço, a fila de nobres e mercadores com pretendentes formou-se rapidamente. Era visível o entusiasmo e o nervosismo de alguns, enquanto outros ostentavam um ar calculado e confiante.

    Barragan virou-se para os outros, um sorriso astuto surgindo em seu rosto.

    - Acho que devemos esperar. A última impressão costuma ser a mais marcante.

    Rhogar assentiu, cruzando os braços.

    - Faz sentido. Deixamos os outros correrem para serem os primeiros, e então apresentamos Aisha quando o sultão estiver mais disposto a lembrar.

    Van Gogh olhou para Aisha, que estava perto dele, ajustando a tiara de Selûne em sua cabeça.

    - Apenas mantenha a calma e lembre-se do que conversamos. Sua presença fala tanto quanto suas palavras.

    Aisha sorriu timidamente, mas havia determinação em seus olhos. Malik Zarif, porém, parecia menos à vontade.

    - Malik Zarif não aprecia muito a ideia, o sultão pode se cansar antes mesmo de chegar a nossa vez.

    Barragan riu suavemente.

    - Você está colocando muitos empecilhos, Malik. Talvez seja melhor você dar uma volta por aí.

    O mercador, sentindo-se dispensado, fez uma breve reverência e se afastou, mas não sem a supervisão dos olhares de Rhogar.

    O salão do palácio, repleto de conversas animadas e dançarinos se movendo ao ritmo da música, foi então tomado por um súbito silêncio quando uma figura magnífica entrou. A criatura era uma esfinge, enorme e graciosa, com um corpo musculoso coberto por um pelo dourado que brilhava sob as luzes dos candelabros. Suas asas, dobradas contra o corpo, tinham penas que cintilavam como se estivessem adornadas com pó de ouro.

    Seu rosto, de uma beleza quase divina, era feminino, com olhos profundos que pareciam enxergar através de todos os presentes. Ela usava um colar ornamentado com pedras preciosas de tons quentes, e sua postura exalava majestade e mistério.

    - Samara'at! - bradou o sultão Batras, em bom tom. - Minha ilustre convidada. Venha, minha querida, sente-se por perto e fique à vontade.

    Samara'at avançou com passos firmes e elegantes, enquanto os olhares de todos no salão a seguiam. Ao chegar ao trono do sultão, fez uma leve reverência com sua cabeça majestosa antes de se acomodar em um espaço reservado próximo a Batras el Tuladim. Imediatamente, figuras influentes começaram a cercá-la, interessados em falar com uma criatura tão magnética e rara.

    Van Gogh, observando a cena, inclinou a cabeça levemente. Seus olhos estavam fixos na esfinge, sua mente já ponderando o que poderia aprender com alguém de tamanha sabedoria. Mas antes que pudesse pensar em abordá-la, o grupo foi chamado à frente do sultão, pois a fila havia finalmente terminado. O sultão, com sua figura imponente e olhar penetrante, observou-os com interesse. Ele sorriu ao reconhecer Barragan.

    - Barragan, um rosto familiar. Sempre envolvido nos eventos mais intrigantes de nossa cidade.

    - A honra é minha, grande sultão - respondeu Barragan, com uma reverência precisa e respeitosa.

    Os olhos de Batras pousaram então em Aisha, que deu um passo à frente e fez uma reverência graciosa. Sua postura, as joias cuidadosamente selecionadas e a tiara com o símbolo da lua criavam a imagem de uma jovem nobre de Mulhorandi.

    - E quem é esta encantadora jovem? - perguntou Batras, inclinando-se levemente para observar Aisha com mais atenção.

    Barragan respondeu calmamente:

    - Esta é Aisha, uma dama de Mulhorandi, que veio como pretendente em busca de um futuro glorioso ao lado de alguém digno de sua graça.

    Batras sorriu levemente, mas logo sua expressão tornou-se inquisitiva.

    - Aisha, sabe que tenho um harém com mais de quarenta mulheres? Isso lhe parece um problema?

    Houve uma breve pausa, mas Aisha, bem ensaiada, respondeu com um tom polido e confiante:

    - Não, grande sultão. Pois um homem de sua magnitude e poder merece companheiras à altura. É a força dessas mulheres que complementa o seu reinado.

    Batras sorriu, satisfeito com a resposta. Ele então fez outra pergunta, aparentemente casual, mas carregada de intenções:

    - E de que família nobre você descende em Mulhorandi?

    Aisha, com a postura impecável, respondeu suavemente:

    - Minha família é pequena, mas influente no comércio entre as cidades de Mulhorand. Não buscamos fama, apenas honra e boas alianças.

    Batras inclinou a cabeça, impressionado com a elegância da resposta, mas não antes de comentar:

    - Samara'at, minha convidada especial, também é de Mulhorandi. Talvez ela e você tenham coisas para compartilhar uma com a outra.

    Van Gogh viu uma oportunidade e interveio, inclinando-se levemente.

    - A grande Samara'at certamente deve carregar histórias e sabedoria raras de Mulhorand. O sultão poderia nos honrar compartilhando um pouco mais sobre sua convidada tão ilustre?

    Batras olhou para o tortle, intrigado pela sua figura singular.

    - Samara'at é uma viajante. Uma criatura de sabedoria incomparável que aceitou meu convite após nossos caminhos cruzarem. Ela trouxe enigmas que desafiam até as mentes mais afiadas. Talvez você devesse tentar sua sorte com ela.

    Antes de dispensar o grupo, Batras voltou-se para Barragan com um olhar calculado.

    - Quanto a você, Barragan, espero vê-lo na reunião mais tarde.

    Barragan arqueou uma sobrancelha, mas evitou demonstrar surpresa.

    - É claro, grande sultão. Será uma honra.

    Batras acenou, permitindo que o grupo se retirasse e pudesse dirigir-se ao local onde Samara'at estava acomodada. A grande esfinge estava cercada por uma pequena multidão, todos envolvidos em um jogo de adivinhação.

    - Qual é a criatura que caminha com quatro pernas pela manhã, duas ao meio-dia e três à noite?
    - perguntava Samara'at com sua voz melodiosa e retumbante.

    Os nobres riam e murmuravam entre si antes que um deles se adiantasse para responder:

    - Um homem, é claro!

    Samara'at sorriu levemente.

    - Um clássico... e fácil demais. Vamos dificultar um pouco, então.

    Van Gogh, observando atentamente, aproximou-se com respeito.

    - Grande Samara'at, os enigmas que traz são tão vastos quanto as areias do deserto que percorreu. Pode me honrar com um deles?

    A esfinge virou seus olhos profundos para Van Gogh, analisando-o como se pudesse enxergar suas camadas mais íntimas.

    - Você parece ser alguém que já ouviu os sussurros da natureza. Vamos ver se sua mente é tão clara quanto a de um sábio.

    A multidão ao redor de Samara'at foi se dispersando aos poucos, deixando espaço para Van Gogh e o grupo aproximarem-se. A esfinge os observava com um olhar sagaz, como se já os tivesse analisado por completo antes mesmo de falarem. Sua voz, cheia de uma graça austera, ecoou:

    - Sem mim, o ouro não brilha, e o mercador não é rei. A jornada é curta ou longa, e todos me procuram, mas sou o verdadeiro tesouro de cada um. Quem sou eu?

    Van Gogh franziu a testa, pensando profundamente. O enigma era desafiador, e ele refletia sobre as possíveis respostas. Ele trocou um olhar breve com Aisha, que parecia tão intrigada quanto ele. Após um momento de hesitação, a esfinge inclinou-se ligeiramente e disse:

    - Há muito disso onde você nasceu, tortle.

    A pista foi suficiente para iluminar a mente de Van Gogh. Ele levantou o olhar, seus olhos brilhando com entendimento.

    - A resposta é... água.

    Samara'at sorriu, satisfeita.

    - Muito bem. A água é a essência da vida, o verdadeiro tesouro que todos procuram, ainda que poucos saibam valorizar. Agora, como manda a tradição, pode propor-me um enigma em troca.

    Van Gogh pensou por um momento antes de lembrar de um velho enigma que escutou uma vez em Chult.

    - De pele escamada, deslizo sem pernas. Meus olhos brilham, mas não piscam. Eu sou tanto o guardião de segredos quanto um símbolo de traição. Quem sou eu?

    A resposta veio quase instantaneamente, acompanhada de um brilho nos olhos de Samara'at.

    - Uma serpente.

    Van Gogh sorriu levemente.

    - Sua fama é justificada.

    A esfinge inclinou-se levemente em aprovação.

    - Minha vez novamente. Corro sem pernas, canto sem língua, mas minha voz pode mudar a terra. Por onde passo, tudo se curva. O que sou eu?

    Van Gogh respondeu quase no mesmo instante, o tom de sua voz mostrando respeito pela simplicidade do enigma:

    - O vento.

    Samara'at riu suavemente, um som encantador e ressonante.

    - Certamente, o vento também é um amigo próximo seu.

    Barragan, observando a interação com interesse, interveio, com um brilho astuto nos olhos.

    - Grande Samara'at, permita-me participar do jogo.

    - Pois não - respondeu a esfinge, inclinando levemente a cabeça.

    Barragan sorriu, cruzando os braços enquanto formulava sua pergunta:

    - Nasci do fogo, fui moldado pela areia e posso conter o mar em seu interior. Sou um objeto cotidiano, mas também um símbolo de esperança, pois posso ser lançado ao mar com uma mensagem dentro.

    Samara'at respondeu, novamente sem hesitar, mas dessa vez com um tom deveras peculiar em sua voz:

    - Uma garrafa.

    O sorriso de Barragan se alargou, tentando decifrar se a esfinge sabia de algo. A esfinge, então, levantou-se ligeiramente, suas asas se abrindo em um movimento gracioso. Ela falou com um tom mais intenso, desafiador:

    - Agora, me permitam mais um enigma. O último. Ouçam bem:

    "De vidro soprado, a cor do oceano profundo,
    contendo histórias e espíritos de eras passadas.
    Aquele que me possui tem o poder de controlar,
    mas a um preço que poucos ousam pagar.
    Quem sou eu?"


    A pergunta pairou no ar como um trovão silencioso. Van Gogh respondeu sem hesitar, a verdade escapando de seus lábios antes que pudesse ponderar as implicações:

    - A Garrafa Azul de Tenaarlaktor.

    O silêncio que se seguiu foi carregado. Samara'at inclinou-se, seus olhos brilhando com um misto de curiosidade e algo mais difícil de definir.

    - Sim, a Garrafa Azul de Tenaarlaktor - confirmou a esfinge, sua voz grave e cheia de significado. Ela havia dado o xeque-mate.

    Todos ao redor sentiram o peso do momento, e quase imediatamente, o líder da guarda, Karim el Maktum, aproximou-se de Van Gogh, murmurando em seu ouvido.

    - Venha comigo, você acaba de receber um convite para fazer parte da reunião secreta do sultão. E você também - complementou, tocando o ombro de Barragan.
    Elminster Aumar
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Ter Dez 31, 2024 9:29 am

    Capítulo 10

    A presença de Karim el Maktum e seus dois leopardos ao lado de Van Gogh e Barragan chamava pouca atenção no salão principal, mas ambos sabiam que não era um convite comum. Os leopardos, que pareciam mais confortáveis perto do tortle após sua conexão inicial, caminhavam graciosamente ao lado do grupo, seus olhos dourados observando tudo ao redor.

    Enquanto eram conduzidos, Barragan percebeu um movimento discreto ao longe. Nimor Bico-Leve, o halfling espião de Voraya, mantinha-se perto de uma das colunas ornamentadas. Seus olhos encontraram os de Barragan por um instante, e o halfling fez um gesto quase imperceptível com a cabeça. Barragan retribuiu com um leve movimento de mão, nada além de um toque nos dedos, mas o suficiente para confirmar a troca de informações.

    Karim os levou pelos jardins dos fundos do palácio, onde a vista do mar brilhava sob a luz da lua. A brisa carregava o aroma salgado das águas, misturado ao perfume das flores exóticas que adornavam o caminho. Eles pararam diante de uma estátua ornamentada de um antigo sultão, suas feições severas esculpidas em mármore branco.

    Sem dizer uma palavra, Karim apertou um botão oculto na base da estátua, e um leve som mecânico ecoou enquanto uma passagem secreta se abria. A estrutura da passagem era de pedra lisa, com tochas acesas ao longo das paredes, lançando sombras dançantes.

    - Por aqui - disse Karim, sua voz firme, mas sem hostilidade.

    Barragan e Van Gogh desceram os degraus em silêncio, com os leopardos seguindo logo atrás. No final das escadarias, uma sala privativa foi revelada. O ambiente era ricamente decorado, mas carregava uma atmosfera tensa, como se fosse palco de segredos e disputas antigas.

    Entre os presentes estava o pasha Ydarit, um homem carrancudo com um cavanhaque e olhos astutos. Barragan reconheceu-o imediatamente. Ydarit era o líder da Ordem Leal dos Vendedores de Peixe, uma guilda poderosa que controlava grande parte do comércio marítimo de Calimporto. No entanto, Barragan também sabia que Ydarit e seu irmão, Badayin, eram notórios por suas disputas internas. Havia rumores de que Ydarit já havia tentado matar o seu irmão em busca do poder total da guilda, que foi herdada de seu pai. Os outros

    Ydarit lançou um olhar avaliativo para os recém-chegados, mas não disse nada. Van Gogh e Barragan foram conduzidos a assentos acolchoados, enquanto Karim se retirava, fechando a porta atrás de si.

    Van Gogh olhou ao redor, seus olhos atentos às dinâmicas na sala e percebendo que os demais convidados eram figuras de poder social na cidade, enquanto Barragan, com seu habitual sorriso controlado, esperava para entender o propósito da reunião.




    Enquanto Van Gogh e Barragan desapareciam pelo jardim, Rhogar permaneceu no salão, ao lado de Aisha e Malik Zarif. A jovem mantinha a postura serena que havia ensaiado, mas Rhogar percebia a tensão em seus olhos. Antes que ele pudesse dizer algo, uma figura pequena e ágil se aproximou.

    - Grandioso draconato - sussurrou o halfling, em um tom quase teatral. - Poderia abaixar-se um pouco? Eu tenho algo que talvez interesse a você.

    Rhogar inclinou-se, seus olhos dourados fixando-se no halfling.

    - Fale rápido.

    O halfling fez um gesto discreto com a cabeça, indicando um canto mal iluminado do salão.

    - Eu sou Nimor Bico-Leve, estamos do mesmo lado aqui - começou o halfling, ainda em voz baixa. - Está vendo aquele ali, nas sombras?

    Rhogar seguiu o olhar do halfling e viu um genasi-de-fogo. Ele estava mal vestido, sua postura relaxada, mas havia algo incomum nele: o genasi não tinha um dos braços. Rhogar se perguntou como ele até então não havia notado a sua presença durante a festa.

    - Quem é ele? - perguntou Rhogar, sua voz grave e baixa.

    - Não sei o nome, mas sei o que ele é - respondeu Nimor. - Um dos homens que atacaram a caravana de Malik Zarif no deserto. Ele deve ter perdido o braço na batalha, mas sobreviveu. Hoje é um escravo do sultão. Talvez você devesse... conversar com ele.

    Rhogar endireitou-se, lançando um olhar para Malik.

    - Cuide de Aisha enquanto eu resolvo isso.

    Malik pareceu hesitar, mas antes que pudesse protestar, Rhogar já estava a caminho. O draconato avançou com passos pesados, seus olhos fixos no genasi-de-fogo. A presença de Rhogar era impossível de ignorar, e o genasi percebeu sua aproximação, erguendo a cabeça lentamente enquanto Rhogar parava diante dele.

    - Você e eu precisamos ter uma conversa - disse Rhogar, cruzando os braços sobre o peito, sua voz grave carregada de autoridade.

    O genasi estreitou os olhos, avaliando o draconato.

    - E quem é você para achar que tem algo a me dizer?

    Rhogar deu um passo à frente, sua postura intimidante bloqueando qualquer possível rota de fuga do genasi.

    - Alguém que sabe o que você fez no deserto. E alguém que não tem paciência para jogos.

    O genasi soltou uma risada curta, mas havia algo de nervoso em sua postura.

    O genasi-de-fogo inclinou-se levemente contra a parede, os olhos de chamas crepitantes avaliando Rhogar com cautela. Apesar de sua tentativa de exibir indiferença, a tensão em sua postura traía sua frustração.

    - Você disse que sabe o que fiz no deserto - começou o genasi, sua voz baixa e cheia de desdém. - Mas já fiz várias coisas, muitas delas das quais me arrependo. O que isso tem a ver com você?

    Rhogar ao mesmo tempo que não queria chamar demasiada atenção, também queria deixar claro para o genasi que mentir não seria uma opção.

    - Talvez nada. Mas parece que essa outra vida ainda te assombra. Vou ser direto: você esteve envolvido no roubo da Garrafa Azul de Tenaarlaktor? Dos comerciantes?

    O genasi lançou um olhar furtivo ao redor, certificando-se de que ninguém os ouvia.

    - Eu era um mercenário, assim como você também aparenta ser. Eu trabalhava para o Lorde Khalamyr, um genasi assim como eu... e um homem poderoso. Durante a investida no deserto, eu perdi um dos meus braços. Após isso... as coisas mudaram.

    - Como?
    - questionou Rhogar.

    - Khalamyr é o responsável pelo que sou agora. Quando perdi o braço no ataque à caravana, ele me descartou como um pedaço de carne podre. "Fracos não têm lugar em meu exército", ele disse.

    Rhogar percebeu o ressentimento e a raiva fervendo sob a superfície das palavras do genasi.

    - E agora? - perguntou Rhogar, inclinando-se levemente. - Você acha que Batras é melhor?

    O genasi soltou uma risada amarga.

    - Melhor? Ele me mantém aqui como um animal de estimação. Uma "oferta" para reforçar a aliança entre ele e Khalamyr. Eu sou nada além de um escravo desonrado agora.

    Rhogar assentiu lentamente, vendo a abertura que precisava.

    - Então por que não mudar isso? Você quer vingança contra Khalamyr? Quer se libertar das correntes de Batras? Talvez possamos ajudar um ao outro.

    O genasi o estudou por um momento, sua respiração pesada. Antes que pudesse responder, o som de passos ecoou pelo salão. Um dos guardas do palácio se aproximava, sua armadura reluzindo sob a luz das tochas.

    - Farzan! - chamou o guarda, sua voz carregada de autoridade e irritação. - O que você está fazendo aí? Seu trabalho é ficar de boca fechada e olhos abertos.

    O genasi endireitou-se, mas Rhogar percebeu a tensão em seus ombros. Ele respondeu antes que Farzan pudesse abrir a boca.

    - E o que exatamente te incomoda aqui, guarda? Que um genasi desonrado troque algumas palavras com um estranho?

    O guarda estreitou os olhos para Rhogar, claramente desconfiado.

    - Não é da sua conta, draconato. Ele tem ordens. E você está no limite da sua utilidade como convidado aqui.

    Rhogar sorriu, um sorriso predador que mostrou seus dentes afiados.

    - Então talvez devêssemos discutir ordens...

    Antes que o guarda pudesse reagir, Rhogar atacou com um movimento rápido, pegando-o pelo colarinho e empurrando-o contra a parede. O impacto ecoou pelo corredor, e Farzan, percebendo a oportunidade, roubou para si uma cimitarra do mesmo guarda, agora desorientado.

    Rhogar, com seu martelo pesado preso às costas, lançou um olhar rápido para Farzan.

    - Teremos problemas agora. Está comigo ou não?

    Farzan olhou para os vários guardas que começaram a se aproximar e depois para o draconato, seu rosto endurecendo com determinação.

    - Se isso me tirar das sombras, estou com você.




    O silêncio na sala era sufocante. Van Gogh e Barragan, sentados lado a lado, trocaram olhares discretos enquanto esperavam. A ausência de explicações e a atmosfera carregada tornavam cada segundo uma eternidade. Ydarit, do outro lado da sala, mexia-se impacientemente, enquanto os demais presentes murmuravam entre si, trocando especulações baixas. Estavam todos sentados em círculo.

    Finalmente, as portas se abriram com um ruído metálico. O sultão Batras el Tuladim entrou, acompanhado de seu vizir, Shaariq ibn Mazur, e do guarda-costas Sahar. A presença do trio silenciou a sala imediatamente. Batras caminhava com a confiança de um homem acostumado a ser o centro das atenções, enquanto Shaariq, com seu cajado rubro, tinha um olhar de astúcia maliciosa, como se já tivesse antecipado cada movimento daqueles que estavam na sala.

    Sem cerimônia, Shaariq avançou até o centro da sala, segurando um objeto coberto por um pano ricamente bordado. Com um movimento teatral, ele removeu o tecido, revelando um artefato que parecia pulsar com uma energia quase viva.

    Era a verdadeira Garrafa Azul de Tenaarlaktor. E tanto Barragan quanto Van Gogh sabiam disso.

    O objeto era magnífico e inconfundivelmente único. A superfície da garrafa parecia capturar a luz como ondas em um oceano profundo, em tons de azul e platina. Runas intricadas brilhavam em um padrão hipnotizante, emanando uma aura de poder que fazia todos os presentes segurarem a respiração.

    - Senhores, esta é a Garrafa Azul de Tenaarlaktor - anunciou Shaariq, sua voz carregada de reverência.

    Batras deu um passo à frente, estendendo uma mão para tocar a garrafa, mas parou antes de fazer contato, como se até ele respeitasse o poder contido ali. Ele virou-se para os presentes, sua voz grave preenchendo a sala.

    - Este artefato é mais do que uma lenda. É a chave para um poder que poucos sequer sonham em alcançar. Acredito que muitos dos aqui presentes já tenham ouvido falar dela. A garrafa contém dois espíritos formidáveis, Tenaarlaktor e Hadar, a dragoa e o gênio, e ela oferece não apenas controle sobre essas forças primordiais, mas a possibilidade de moldar o futuro de Calimshan.

    Os murmúrios retornaram, agora mais agitados. Barragan manteve sua expressão neutra, mas seus olhos estavam fixos no sultão, compreendendo o sentido daquela reunião secreta. O sultão estava compartilhando esse segredo agora com os mais próximos dele. Àqueles que de certa forma o ajudarão a alcançar ainda mais poder dentro de hierarquia de Calimshan. Batras era o sultão da ala das docas, mas haviam outros dezesseis sultões apenas em Calimporto, e Barragan conhecia a maioria deles para saber que Batras eram um dos menos favorecidos. Van Gogh, por outro lado, inclinou-se para frente, suas sobrancelhas franzidas em um misto de preocupação e incredulidade. Ele sentia o olhar de Shaariq e Batras recaindo sobre ele, e de fato, o tortle era um estranho naquele ninho de cobras. Ele só estava ali porque havia acertado o enigma de Samara'at.

    Batras continuou:

    - Imaginem o que podemos alcançar juntos. As rotas comerciais de Calimporto protegidas. Os desertos subjugados. As cidades vizinhas dobrando o joelho perante a glória de Calimshan.

    Van Gogh, incapaz de conter-se, levantou-se lentamente, sua voz calma, mas firme.

    - Sultão Batras, perdoe minha intromissão, mas o que sugere é um ato de extrema insensatez.

    Batras parou, girando levemente para encará-lo. Ele não estava acostumado a ser interrompido.

    - Não lembro de ter pedido a sua opinião.

    Van Gogh respirou fundo, mas ele não podia ficar calado diante daquilo tudo. Com palavras carregadas de convicção, ele continuou:

    - Senhor sultão, ouça-me, esta garrafa é mais do que um artefato de poder. Ela é uma prisão. Os espíritos contidos nela não são servos; são inimigos mortais que se sacrificaram para impedir a destruição mútua. Libertá-los ou manipulá-los é brincar com forças que não podem ser controladas.

    Os olhares voltaram-se para Van Gogh. Até Barragan parecia surpreso com a ousadia do tortle. Batras, no entanto, manteve sua postura calma, mas seu olhar tornou-se mais frio.

    - Você acredita que conhece mais sobre este artefato do que eu? - perguntou o sultão, sua voz baixa e perigosa.

    Van Gogh deu um passo à frente, sua expressão serena.

    - Eu acredito que qualquer um que compreenda o equilíbrio da natureza sabe que forças tão antigas e poderosas só trazem destruição.

    Batras ficou em silêncio por um momento antes de dar um sorriso calculado.

    - Venha, tortle. Aproxime-se. Veja a garrafa mais de perto. Talvez, ao admirar seu esplendor, mude de ideia.

    Barragan lançou um olhar de advertência para Van Gogh, mas o tortle já estava avançando lentamente. Ele parou diante da garrafa, sua mão quase tremendo ao sentir a energia que emanava dela.

    O sultão permaneceu ao seu lado, seus movimentos tão tranquilos quanto um predador prestes a atacar.

    - Diga-me agora. Ainda acredita que algo tão belo pode ser perigoso?

    Van Gogh virou-se para encará-lo, sua resposta pronta. Mas antes que pudesse falar, tudo aconteceu em um piscar de olhos.

    Batras sacou uma adaga longa e fina de sua cintura, sua lâmina reluzindo à luz das tochas. Sem hesitar, ele fincou a arma no flanco de Van Gogh, onde o casco não o protegia.

    O tortle grunhiu de dor, cambaleando para trás, enquanto sangue escorria lentamente pela lâmina. Barragan levantou-se de imediato, sua expressão de choque rapidamente substituída por uma calma calculada.

    - O que você... - começou Van Gogh, sua voz falhando enquanto tentava se manter de pé.

    Batras o observou com frieza, sua voz implacável.

    - As palavras têm peso, tortle. E você acaba de aprender que algumas são inconvenientes demais para este salão.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Ter Dez 31, 2024 10:13 am

    Capítulo 11

    O salão do palácio, antes vibrante com música e conversa, mergulhou em gritos e confusão quando as primeiras bombas de fumaça explodiram. Uma densa névoa cinzenta rapidamente cobriu o ambiente, ofuscando a visão e espalhando o pânico. Convidados correram em todas as direções, enquanto guardas tentavam organizar-se em meio à balbúrdia.

    No coração do caos, Nimor Bico-Leve, rindo em meio à confusão que havia causado, desaparecia pelas sombras, seu papel como agente de Voraya concluído com maestria.

    No meio do tumulto, Rhogar e Farzan moviam-se como uma dupla letal. Unidos pela oportunidade de lutar contra o opressor comum, eles avançavam, enfrentando os guardas do palácio que tentavam controlar a situação.

    Farzan, ágil como uma chama viva, dançava entre os oponentes com sua cimitarra brilhando sob a luz vacilante das tochas. Seus ataques eram rápidos e precisos, derrubando guardas com cortes certeiros. Sua técnica, mesmo com apenas um braço, era impressionante.

    Rhogar, por outro lado, era uma força implacável. Seu martelo de guerra esmagava os adversários com golpes devastadores, cada impacto ecoando como trovões no mármore do salão. O draconato mantinha-se firme, suas escamas brilhando em meio à fumaça e à luz.

    - Eles continuam vindo! - gritou Farzan, derrubando mais dois guardas com um movimento giratório de sua cimitarra.

    - Então derrubamos todos! É isso ou morremos aqui! - respondeu Rhogar, sua voz grave e firme, enquanto um guarda tentava atacar pelas costas, apenas para ser arremessado contra uma parede com um golpe de martelo.

    A confusão aumentou ainda mais quando os homens-ratos de Voraya, liderados por Laakas, revelaram-se. Eles abandonaram suas formas humanas e atacaram os guardas do sultão com ferocidade. Garras e presas brilhavam na penumbra, e seus ataques rápidos e coordenados causavam um estrago considerável.

    - Aproveitem o caos! Mostrem quem realmente governa a noite! - rugiu Laakas, enquanto liderava o ataque.

    O caos agora era absoluto. Guardas, homens-ratos e convidados em pânico colidiam em meio à fumaça, enquanto gritos de dor e choque ecoavam pelo salão.

    No meio da batalha, uma voz grave cortou o tumulto:

    - Draconato! Você achou que passaria por isso sem me enfrentar?

    Karim el Maktum, o líder dos guardas, apareceu com suas espadas longas em punho. Ao seu lado, os dois leopardos rugiram antes de serem libertados das correntes. Com um comando curto de Karim, os grandes felinos lançaram-se sobre Rhogar.

    O draconato firmou-se, segurando o cabo de seu martelo com ambas as mãos. O primeiro leopardo avançou com um salto poderoso, mas Rhogar o atingiu no ar com um golpe lateral, derrubando-o instantaneamente. O segundo tentou atacar pela lateral, mas Rhogar girou rapidamente, esmagando-o com outro golpe brutal.

    - São bonitos, mas não páreo para mim - rosnou Rhogar, ofegante, enquanto limpava o suor da testa.

    Karim avançou, suas espadas longas cintilando. Ele atacava com precisão e velocidade, suas lâminas movendo-se como uma dança mortal. Rhogar ergueu seu martelo para bloquear, mas o impacto era cada vez mais difícil de suportar.

    - Você luta bem para um mercenário de segunda - provocou Karim, girando com um ataque duplo que Rhogar conseguiu bloquear por pouco.

    - E você fala demais para um homem prestes a cair - respondeu Rhogar, sua respiração pesada, mas seus olhos brilhando com determinação.

    Os dois lutaram ferozmente, trocando golpes em um duelo equilibrado. Rhogar usava sua força bruta para manter Karim à distância, mas a velocidade e técnica do líder dos guardas estavam começando a desgastá-lo. De repente, a primeira espada de Karim acertou o flanco direito de Rhogar, enquanto a segunda se fincou em sua perna esquerda. O draconato rugiu de fúria e dor.

    Farzan, percebendo o estado crítico de Rhogar, terminou rapidamente com os guardas ao seu redor e correu em direção ao duelo. Ele aproximou-se por trás de Karim e, com um movimento ágil, deslizou pela lateral do guarda, derrubando-o com uma rasteira precisa.

    Karim caiu pesadamente no chão, mas antes que pudesse reagir, Rhogar reuniu suas últimas forças. Erguendo seu martelo com ambas as mãos, ele desferiu um golpe esmagador no peito do líder do líder da guarda.

    Karim el Maktum tentou dizer algo antes de ser acertado, mas não houve tempo para mais palavras. Seus olhos se fecharam com uma morte instantânea, enquanto Rhogar, cambaleando, apoiava-se no cabo de seu martelo. Ele estava à beira do colapso, sangue escorrendo de múltiplos ferimentos e sua armadura amassada em vários pontos.

    - Rhogar! - gritou Farzan, segurando o draconato antes que ele caísse.

    Rhogar deixou-se cair de joelhos, sua respiração rasgando o silêncio temporário ao redor deles. Ele olhou para Farzan, forçando um sorriso fraco.

    - Ainda de pé? Você é mais forte do que parece.

    E então, enquanto o o caos continuava ao redor, Rhogar desmaiou, deixando Farzan segurá-lo, ambos cercados por corpos de guardas derrotados.




    O ataque de Batras el Tuladim ao tortle deixou a sala em uma apreensão palpável. Todos os olhos estavam fixos na cena. Até Sahar, o guarda-costas do sultão, hesitou por um instante, incrédulo com a violência súbita de seu senhor.

    Van Gogh, ferido, manteve-se de pé com dificuldade, mas sua expressão transformou-se. A serenidade habitual deu lugar a uma ira ancestral, o poder druídico pulsando nele como o ritmo de um tambor de guerra. Seus olhos brilhavam com uma intensidade quase sobrenatural enquanto começava a entoar palavras guturais e antigas.

    - O que você pensa que está fazendo, tortle? - rosnou Batras, mas antes que pudesse agir novamente, Barragan deu um passo à frente.

    - Precisamos nos acalmar, sultão. Ninguém quer ver essa sala transformada em um campo de batalha... ainda não.

    Enquanto isso, Van Gogh ignorava tudo ao seu redor, focado em seu ritual. O poder do círculo druídico parecia emanar do próprio chão ao redor dele. Batras, furioso, lançou-se sobre o tortle, acertando um soco poderoso em sua face. O impacto fez Van Gogh cambalear, mas ele não quebrou a concentração.

    - Você não entende com o que está lidando, sultão! - rosnou o druida, ignorando o dano sofrido.

    Com um gesto final, o ritual foi concluído, e uma forma ardente e colossal começou a se formar diante deles. Um elemental de fogo rugiu ao ser invocado, sua presença preenchendo a sala com calor intenso. Ele lançou-se imediatamente contra Batras, forçando o sultão a recuar.

    O caos estava formado.

    Shaariq, então, disse à Sahar:

    - Ele está com o tortle. Acabe com ele.

    Barragan ergueu a mão, e num piscar de olhos, várias cópias de si mesmo surgiram ao redor, movendo-se em perfeita sincronia.

    Sahar avançou. Ele atacou a primeira figura de Barragan com golpes rápidos e precisos, mas ao atingi-la, a cópia desapareceu em um brilho de luz ilusória. Sahar grunhiu em frustração. Ele era um monge altamente treinado e qualificado, mas as cópias ilusórias de Barragan dificultavam muito o seu trabalho.

    Os demais pashas e convidados, atônitos, tentaram fugir, mas a saída estava trancada. Alguns, como Ydarit, pareciam estar avaliando as suas chances de se juntar ao sultão e conseguir a sua graça.

    Barragan, com sua mente funcionando a toda velocidade, fez uma nova magia, dessa praticamente imperceptível aos olhos dos presentes. Sua magia fluía livremente enquanto conjurava um campo de confusão mágica que preenchia a sala. Ele deixou Sahar de fora do alcance da magia, pois ainda acreditava que ele era um potencial aliado.

    - Você é o discípulo do Escorpião Branco, não? - as várias cópias de Barragan disseram ao mesmo tempo. - Uma figura honrada e lendária de Calimshan. Você tem a chance de lutar pelo lado certo, Sahar.

    Diante do campo de confusão mágica, os convidados, antes imóveis e hesitantes, começaram a se olhar com desconfiança crescente. O pasha Ydarit foi o primeiro a atacar um homem ao lado, e em segundos, uma luta frenética tomou conta do espaço. Nobres calishitas, armados ou não, transformaram-se em combatentes desajeitados, golpeando uns aos outros em uma fúria irracional. O próprio Batras, sob o efeito da magia, voltou-se para Sahar, seu guarda-costas mais fiel, ignorando completamente o elemental de fogo que o atacava.

    - Traidor! Quer meu trono! - rugiu o sultão, atacando Sahar com uma força desesperada.

    Sahar, surpreendido, mal conseguiu bloquear o golpe inicial.

    - Chega de truques, manipulador - veio a voz de Shaariq.

    Com um gesto preciso e um olhar frio, ele ergueu seu cajado. Um pulso de energia mágica espalhou-se pela sala, desfazendo as cópias em um instante. Barragan se viu sozinho novamente, mas manteve o sorriso confiante.

    - Sahar, o sultão está ensandecido. Veja como ele lhe atacou.

    O elemental de fogo avançou implacável contra Batras, o calor de sua fúria enchendo a sala. O sultão, já enfraquecido pela magia de confusão caiu pesadamente no chão, inconsciente.

    Shaariq não perdeu tempo. Com um movimento do cajado, ele conjurou um ser de pó, uma entidade insidiosa que flutuava pela sala, espalhando partículas que induziam ao sono. A criatura pairou ao redor de Van Gogh, forçando-o a lutar para manter-se acordado enquanto continuava comandando o elemental.

    Van Gogh lançou um feitiço final, convocando uma matilha de lobos etéreos que surgiu do chão em um uivo uníssono. Os lobos cercaram Shaariq, lançando-se contra ele com presas reluzentes. O vizir recuou, mas não por muito tempo.

    Sahar de alguma forma via sentido nas palavras de Barragan e no que o tortle disse sobre o artefato. Por outro lado, ele era um homem leal ao sultão. Ignorando tanto Barragan quanto Van Gogh, o monge preferiu atacar os lobos invocados, derrubando-os com movimentos graciosos de seus punhos e ajudando Shaariq, que havia sido derrubado por um dos lobos.

    - Shaariq, temos que parar com esse combate. O sultão caiu e pode estar morto.

    - Cale a boca, seu inútil - retrucou Shaariq, ferido e furioso pelas mordidas que recebeu.

    Nesse momento, o ser de pó finalmente alcançou Van Gogh, suas partículas fazendo o tortle ceder. Ele desabou, adormecido, e as criaturas invocadas desapareceram junto com ele.

    Barragan, observando o perigo que poderia se seguir sem o druida ao seu lado, tentou uma última cartada. Ele lançou um feitiço final contra Shaariq, uma magia de enfraquecer o intelecto. O vizir, outrora astuto, de repente ficou com uma expressão vazia, como se seu cérebro tivesse se transformado em areia. Ele cambaleou até a Garrafa Azul de Tenaarlaktor e começou a observá-la, como uma criança fascinada por um brinquedo brilhante.

    - Tão linda - disse Shaariq, completamente fora de combate agora.

    Sahar, vendo o sultão desacordado e o fogo proporcionado pelo elemental tomando conta da sala, gritou para Barragan:

    - Levem o artefato se quiserem, mas saiam daqui antes que os guardas cheguem. Eu tirarei o sultão daqui.

    Barragan apressou-se em acordar Van Gogh. Com esforço, ele puxou o druida para cima e, enquanto o tortle recuperava os sentidos, Barragan pegou a Garrafa Azul. Juntos, saíram apressadamente da sala, deixando para trás o caos que criaram.

    Os gritos dos nobres e o som do fogo crepitando os seguiram enquanto davam um jeito de sair da sala trancada.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Ter Dez 31, 2024 11:43 am

    Capítulo 12

    O som de caos e gritos ainda ecoava pelos corredores do palácio enquanto Farzan ajoelhava-se ao lado de Rhogar. O draconato estava inconsciente, seu corpo ferido e coberto de cortes profundos. Sem tempo para hesitação, Farzan pegou uma poção de cura presa à cintura de Rhogar.

    - Não é hora de morrer - murmurou Farzan enquanto despejava o líquido cintilante na boca do guerreiro.

    Rhogar tossiu e abriu os olhos lentamente, um grunhido escapando de seus lábios enquanto recuperava a consciência.

    - Onde... estamos?

    - Ainda no meio dos nove infernos - respondeu Farzan, ajudando-o a se levantar. - Mas não por muito tempo. Vamos sair daqui.

    Rhogar segurou seu martelo com firmeza, respirando fundo para afastar a dor que ainda sentia.

    - Meus amigos foram levados pelos jardins, aos fundos. Vamos para lá.

    Farzan e Rhogar moveram-se pelos corredores cheios de fumaça e caos, evitando patrulhas de guardas, pois ambos ainda estavam feridos e cansados. Quando finalmente chegaram aos jardins exteriores, os dois avistaram o restante do grupo. Barragan e Van Gogh estavam reunidos perto de uma fonte ornamentada, ainda recuperando o fôlego da batalha na sala privativa.

    - Conseguimos - disse Barragan ao avistá-los, mostrando a Garrafa Azul de Tenaarlaktor em suas mãos. - Mas temos que sair daqui. Nós atacamos o sultão e se nos pegarem, perdemos muito mais do que as nossas vidas.

    - Onde está Aisha? - perguntou Van Gogh, reparando em sua ausência.

    - Deixamos ela com Malik Zarif, não sabemos para onde foram - disse Rhogar. Ele sabia que podia ter sido estúpido isso, mas agora não dava para voltar atrás. - O interior do palácio tá um caos. Um halfling nos ajudou e Farzan está conosco agora.

    - Nimor Bico-Leve - afirmou Barragan. - Um aliado nosso. Mas não temos tempo para discutir essas coisas.

    - Para onde vamos? - perguntou Farzan, segurando sua cimitarra com cautela enquanto olhava ao redor.

    - Muzad - respondeu Barragan, sua voz firme. - Tenho um caminho para a cidade subterrânea. Lá estaremos seguros... por enquanto.

    Antes que se colocassem a caminho, um grupo de guardas surgiu a uma curta distância, com espadas e lanças brilhando à luz da lua.

    - Nos encontraram - murmurou Farzan, assumindo uma postura de batalha.

    Van Gogh ergueu uma mão, seus olhos brilhando com energia druídica.

    - Não. Vamos sair sem derramar mais sangue.

    O tortle começou a murmurar palavras em um tom baixo e profundo, enquanto sua magia se manifestava. As plantas dos jardins, antes perfeitamente podadas, começaram a crescer de forma descontrolada. Vinhas grossas surgiram do chão, subindo em espirais e formando barreiras naturais que cobriam o grupo. Flores e arbustos tornaram-se densos e intransponíveis, criando uma cortina de verde que obscurecia a visão dos guardas.

    - Onde eles estão? - gritou um dos guardas, enquanto outro tentava cortar as vinhas, sem sucesso.

    - Sigam-me - disse Barragan, gesticulando para o grupo enquanto se movia rapidamente pela nova cobertura vegetal.

    Através do caos e da fumaça, os gritos dos guardas ficaram para trás enquanto o grupo seguia em direção a uma saída segura. Van Gogh teve um último vislumbre: ele viu de longe a esfinge Samara'at voando pelos céus noturnos de Calimporto, aparentemente despreocupada com todo o caos que ocorria no palácio.

    Barragan conduziu o grupo pelas ruas escuras da ala das docas, onde a fumaça do palácio ainda era visível no horizonte. Ele guiou-os até uma entrada discreta, escondida entre os escombros de um antigo armazém abandonado.

    - Aqui estamos - disse Barragan, apontando para uma escadaria de pedra que descia profundamente para o subsolo.

    Van Gogh olhou ao redor, seus olhos atentos.

    - Muzad. Um lugar cheio de segredos e perigos... mas, no momento, é nossa melhor opção para nos escondermos.

    - Não iremos apenas se esconder... - admitiu Barragan. - Estamos indo se encontrar com uma... amiga.

    A tensão pairava no ar enquanto o grupo fazia seu caminho por Muzad. As passagens escuras e úmidas do submundo de Calimporto pareciam sussurrar segredos antigos, enquanto sombras dançavam sob a luz das tochas. Barragan, sempre atento, ergueu a mão para parar o grupo antes de conjurar uma magia de Mensagem.

    Com um gesto preciso, ele se concentrou na imagem mental de Gull-rash, seu fiel escudeiro, e falou:

    - Gull-rash, estamos em Muzad. Encontre-nos no reduto de Voraya, mas não sem antes procurar por Aisha e Malik Zarif. Traga qualquer informação relevante.

    Momentos depois, a resposta de Gull-rash ecoou em sua mente:

    - Entendido, mestre. Chegarei em breve.

    Van Gogh, por sua vez, também utilizou de sua conexão com Portinari para que o gavial viesse encontrá-los. Eles todos estavam exaustos e precisavam de apoio.

    O reduto de Voraya estava tão opulento quanto traiçoeiro. As tapeçarias desgastadas adornavam as paredes, e tochas mágicas lançavam uma luz sobrenatural sobre as figuras presentes. Laakas e seus homens-ratos estavam reunidos em uma formação casual, mas suas presenças exalavam ameaça. Nimor Bico-Leve movia-se furtivamente, observando os recém-chegados com olhos atentos. Eles chegaram muito mais rápido ali do que Barragan e seu grupo, o que significa que eles deviam conhecer alguns atalhos pelos corredores sombrios de Muzad.

    Voraya deslizou à frente, sua cauda escamada movendo-se com graça enquanto recebia o grupo.

    - Sejam bem-vindos ao meu domínio. Vejo que sua missão foi um sucesso, meu querido Barragan.


    Barragan segurava a Garrafa Azul de Tenaarlaktor, o brilho da superfície do artefato refletindo nas escamas da mulher-serpente. Ele trocou um olhar breve com Rhogar, que estava claramente desconfortável, e Van Gogh, cuja expressão era de puro desagrado. Gull-rash, que havia se junto ao grupo no fim do percurso, não tirava os olhos de Laakas.

    - Precisamos conversar - disse Barragan, sua voz firme, mas controlada.

    - Certamente, meu querido. Por aqui.

    Voraya conduziu Barragan para uma sala privada, deixando o restante do grupo para trás sob os olhares desconfiados de Laakas e seus homens-ratos.

    Na privacidade da sala, Voraya reclinou-se em um trono ornamentado, enquanto Barragan permanecia de pé, sua postura alerta.

    - Você tem algo a me contar, Voraya. Não é? - começou Barragan, observando-a atentamente.

    A lâmia riu suavemente, um som sibilante que parecia ecoar pelas paredes.

    - Você é tão perspicaz, Barragan. O que deseja saber?

    Ele indicou a Garrafa Azul de Tenaarlaktor.

    - Por que quer isso? Quais benefícios vai te trazer? Eu preciso de uma resposta sincera e sem mais jogos, Voraya. Preciso ser convencido de que devo entregar a garrafa à você.

    - Você tem razão, sem mais jogos. Eu por muito tempo escondi algo de você... - começou Voraya. - Essa relíquia que carrega pertence ao meu mestre, Safiraktar. Um grande dragão azul... ou devo dizer, agora, um dracolich. Ela foi roubada de seu tesouro pelos Rundeen, os mercadores que Malik Zarif fazia parte, e meu único objetivo é devolvê-la a ele.

    Barragan estreitou os olhos, mas manteve o silêncio enquanto Voraya continuava.

    - Safiraktar é descendente direto de Tenaarlaktor, a dragoa azul presa na garrafa. Ele dedicou séculos a estudar o artefato, buscando um jeito de libertá-la. Tudo o que fiz até agora foi para recuperar o que é dele por direito.


    - Por que?
    - questionou Barragan, surpreso com essa nova trama surgindo.

    Ela então se inclinou levemente para frente, seu tom mais baixo e conspirador:

    - Eu faço parte da Runa Distorcida, uma organização secreta cujos líderes transcenderam a mortalidade. Lichs, dracolichs e outros seres de poder inigualável. Nossa influência molda o destino de Calimshan e além. A garrafa também é uma peça-chave em nossos planos.

    Barragan ponderou por um momento antes de responder.

    - Nós nos colocamos em risco, Voraya. Tivemos que atacar o sultão.

    - Não se preocupe, meu querido. Nossa influência é enorme, podemos livrá-los de quaisquer acusações. O sultão Muham, da ala das criptas, é minha marionete, e ele é sobrinho do syl-pasha. Ele poderá limpar seus nomes com um único sussurro meu.

    Barragan assentiu lentamente, mas em sua mente já traçava outro plano.

    - Meu grupo tem direito a opinar. Vamos voltar e ver o que eles dizem.

    Quando Barragan e Voraya retornaram à sala principal, os olhares do grupo voltaram-se imediatamente para ele. Rhogar mantinha o martelo de guerra em mãos, e Van Gogh parecia à beira de explodir de frustração.

    - Então? - perguntou Van Gogh, com Portinari ao seu lado.

    Barragan respirou fundo antes de falar.

    - A garrafa pertence ao mestre de Voraya. Ela acredita que devolvê-la é o caminho mais seguro.

    - Seguro para quem? - disse Van Gogh, com sua voz rouca e grave, dando um passo à frente. - Você quer que entreguemos um artefato de poder imensurável para essa... mulher e seu mestre? Fizemos todo o trabalho para isso?

    - Cuidado com suas palavras - sibilou Voraya, sua voz perigosamente baixa. - Você está em meu domínio.

    Van Gogh ignorou o aviso, sua voz crescendo em fervor.

    - Este lugar aqui é um poço de corrupção. Homens-ratos traiçoeiros, uma lâmia nobre com suas próprias maquinações? Não fizemos tudo isso para ver a relíquia cair em mãos sujas.

    - Van Gogh tem razão - disse Rhogar, seu tom firme enquanto segurava o martelo com mais força.

    Barragan, em um movimento inesperado, deu um passo ao lado de Van Gogh.

    - Estou inclinado a concordar. Voraya, nossa aliança parece ter atingido seu limite.

    Voraya estreitou os olhos, a tensão crescendo no ambiente.

    - Lembre-se de nosso pacto, Barragan. Me entreguem a garrafa, ou....

    Com um mero olhar, Laakas e seus homens-ratos sacaram suas espadas.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Ter Dez 31, 2024 12:19 pm

    Capítulo 13

    O combate era inevitável e a tensão na sala explodiu em caos quando as duas forças avançaram. Voraya, com sua presença imponente, ergueu-se em toda a sua altura, a ponta de sua lança reluzindo à luz mágica do salão. Laakas liderou seus homens-ratos em um ataque coordenado, enquanto Nimor Bico-Leve desaparecia nas sombras, esperando o momento perfeito para atacar.

    Do outro lado, Rhogar e Farzan avançaram juntos, seus movimentos poderosos, mas rapidamente encontrando dificuldades contra os homens-ratos. Van Gogh, vendo a situação, ergueu as mãos e entoou palavras antigas. De fissuras no chão do salão, quatro crocodilos gigantes, semelhantes a Portinari, emergiram com rugidos graves, prontos para se juntar à batalha.

    Os crocodilos avançaram com ferocidade, suas mandíbulas poderosas fechando-se ao redor dos homens-ratos. Cada golpe era devastador, as criaturas arrancando pedaços de seus adversários com força imparável. Alguns homens-ratos caíram diante da matilha escamosa, que se movia como um grupo perfeitamente coordenado.

    Enquanto os crocodilos dizimavam a linha de frente, Rhogar e Farzan enfrentavam os homens-ratos. No entanto, cada golpe de suas armas parecia ser absorvido pelas peles dos homens-ratos, protegidos por sua resistência sobrenatural.

    - Eles não caem! - gritou Farzan, desviando de uma garra que quase o atingiu.

    - Prata! Precisamos de prata! - respondeu Rhogar, enquanto seu martelo ricocheteava no corpo de um dos inimigos.

    Mesmo assim, a força bruta dos dois manteve os homens-ratos ocupados, impedindo que eles flanqueassem o resto do grupo.

    Gull-rash, por sua vez, não pensou duas vezes em ir de encontro ao próprio Laakas. Ele odiava aquele ser com todo o seu ódio, mas apenas o ódio não o faria vencer a batalha.

    - Você é fraco - grunhiu Laakas, ao ver a espada de Gull-rash mal penetrando em sua pele. - Sinta o verdadeiro ataque.

    O contragolpe de Laakas foi duro, suas espadas dilacerando seu oponente, que por sua vez, teve que se afastar.

    No centro da batalha, Voraya brandia seu cajado-lança, conjurando rajadas de energia mágica que explodiam ao redor de seus inimigos. Ela atingiu Barragan com uma onda de energia, fazendo-o cambalear. Antes que ele pudesse reagir, Voraya deslizou sua cauda ao redor dele, apertando com força enquanto o ergueu do chão.

    - Você achou que poderia me trair? Quebrar o nosso pacto? Pagará com sua vida! - sibilou Voraya, seu olhar cheio de fúria. Era a primeira vez que Barragan testemunhava o lado feroz de Voraya.

    Barragan lutava para respirar, suas mãos tentando inutilmente soltar a cauda que o prendia.

    Apesar da dor, Barragan manteve o foco. Ele conjurou uma magia de confusão, lançando caos entre os homens-ratos e forçando alguns a atacar seus próprios aliados. Mesmo enquanto sufocava, ele murmurou palavras arcanas, tornando-se invisível. Quando Voraya percebeu que ele havia desaparecido, foi tarde demais.

    - Maldição! - rugiu a lâmia, batendo a cauda no chão com raiva.

    Barragan, agora escondido, cambaleou para longe, muito ferido, mas ainda vivo.

    Enquanto Rhogar tentava ajudar Gull-rash contra Laakas, um movimento rápido chamou sua atenção. Nimor Bico-Leve, surgindo das sombras, cravou sua faca em Rhogar. O draconato sentiu uma dor paralisante, seus músculos passaram a não se mover.

    - Considere isso um aviso, draconato - sussurrou Nimor. - Eu poderia tê-lo matado.

    Rhogar caiu no chão, incapaz de se mover, enquanto Farzan lutava sozinho para mantê-lo protegido.

    Os crocodilos de Van Gogh agora avançavam contra a própria Voraya. A lâmia nobre lutava com ferocidade, atacando com sua lança e lançando magias devastadoras. No entanto, os crocodilos eram enormes e a cercaram.

    - Animais insolentes! - gritou ela, enquanto suas garras rasgavam a pele de um dos crocodilos.

    Barragan, invisível, viu uma oportunidade contra Nimor. O halfling era o único que não tinha tanta resistência e ele instruiu Gull-rash a atacá-lo. Laakas, por sua vez, estava atacando Farzan com todas as suas forças. O genasi-de-fogo estava prestes a ser derrotado quando Portinari surgiu por trás do líder dos homens-ratos, agarrando-o com sua mandíbula enorme e derrubando-o para a morte.

    A vantagem numérica agora era avassaladora. Um crocodilo mordeu a cauda de Voraya, puxando-a para o chão, enquanto outro fechou as mandíbulas ao redor de seu corpo. Com um rugido final de fúria, Voraya foi despedaçada pelas criaturas, seu corpo escamoso caindo em pedaços no chão ensanguentado.

    Nimor Bico-Leve imediatamente ergueu suas mãos, rendendo-se. Com o efeito de paralisia terminado, Rhogar avançou contra ele, com o martelo em mãos.

    - Você é o próximo, halfling.

    - Espere, meu amigo - disse Barragan, desfazendo a invisibilidade, ainda ofegante. - Ele pode ser útil.

    Nimor sorriu com nervosismo.

    - Útil, sim. Eu sei muitas coisas e sou um servo leal. - Ele olhou para Rhogar. - Eu podia tê-lo matado àquela hora ao invés de apenas paralisar seus músculos.

    Com Voraya morta e Nimor rendido, o grupo reuniu-se em meio aos destroços do combate. Van Gogh examinou todos os feridos e começou a trabalhar na recuperação de todos.

    - Essa luta foi desnecessária, não devíamos nem ter vindo aqui - murmurou Van Gogh, mas havia um brilho de satisfação em seus olhos enquanto olhava para os corpos dos homens-ratos e o que restou de Voraya.

    Barragan segurava a Garrafa Azul de Tenaarlaktor, agora livre de Voraya, mas o peso da decisão que haviam tomado ainda pairava sobre ele.

    - E agora? - perguntou Gull-rash, após fincar sua espada no meio dos olhos de Laakas.

    - Agora decidimos o que fazer com a garrafa... - respondeu Barragan, sua voz baixa.

    O grupo sabia que a luta por Calimshan e por suas vidas estava longe de terminar.
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Ter Dez 31, 2024 4:08 pm

    Capítulo 14

    Enquanto os ecos da batalha ainda reverberavam nas mentes do grupo, Barragan dirigiu-se a Nimor Bico-Leve. O halfling estava sentado em uma sombra, suas mãos inquietas como se avaliassem constantemente sua própria decisão de render-se.

    - Nimor - começou Barragan, sua voz calma, mas autoritária. - Você disse que é leal e útil. Aqui está sua chance de provar isso. Vá até os Veleiros Libertinos e traga Zayn. Não venha sozinho, queremos que ele traga as meninas também. A superfície não é mais segura para nós. Depois, vá até a sede dos Lâminas do Deserto e chame Garuk. Precisamos de reforços, e rápido.

    Nimor levantou-se, ajustando seu manto.

    - Considere feito - disse, antes de desaparecer pelos corredores escuros de Muzad.

    As horas se arrastaram enquanto a noite avançava. Finalmente, Nimor retornou, trazendo Zayn e um grupo de prostitutas dos Veleiros Libertinos, armadas com facas, chicotes e uma confiança que desmentia suas roupas extravagantes. Ao mesmo tempo, Garuk, o Velho Lobo, chegou com uma dúzia de mercenários dos Lâminas do Deserto, cansados, mas prontos para qualquer confronto.

    Os novos aliados relataram o caos que havia tomado conta da ala das docas. A notícia de que o sultão Batras havia sido atacado e ferido espalhara-se como fogo. Sahar, o guarda-costas leal, havia sido preso como um dos suspeitos, deixando a liderança do palácio em completo tumulto.

    - Se o sultão sobreviver, será apenas mais uma questão de tempo até que ele volte seu ódio contra nós - comentou Zayn, cruzando os braços enquanto observava a garrafa de longe. - E se ele não sobreviver... bem, também não será bom.

    Gull-rash aproveitou o momento para trazer outra questão à tona.

    - A propósito, sobre Aisha... Não foi vista desde o ataque. Suspeito que Malik Zarif saiba onde ela está. Quando o sol nascer, irei atrás dele.

    Barragan assentiu, reconhecendo a urgência da situação.

    Com o amanhecer à vista, a exaustão começava a tomar conta de todos. Garuk aproximou-se de Rhogar, afastando-o do restante do grupo. Os dois sentaram-se sobre uma pedra lisa, em um canto do reduto iluminado por tochas vacilantes.

    - Sabe que dia é hoje, Rhogar? - perguntou Garuk, com um raro sorriso.

    Rhogar olhou para ele, confuso.

    - Não tenho certeza. Perdi a conta dos dias com esses últimos eventos.

    Garuk riu suavemente e estendeu um pequeno embrulho de pano.

    - É o dia em que você nasceu, meu amigo. Mais um ciclo completo. Achei que fosse hora de passar isso para você.

    Rhogar desembrulhou o presente e viu um par de braçadeiras mágicas, forjadas com detalhes intrincados e runas discretas.

    - Essas braçadeiras foram minhas por muito tempo. Protegeram-me em batalhas que muitos já esqueceram. Mas agora... - ele suspirou. - Agora você provou que é um verdadeiro líder. Um líder nato. E eu já estou velho demais para continuar na linha de frente.

    Rhogar pegou as braçadeiras com cuidado, um brilho de gratidão em seus olhos.

    - Não posso aceitar isso, Garuk. Você ainda tem muito a ensinar.

    - Aceite, Rhogar. Ensinar faz parte. Mas lutar como antes... isso é para vocês, os jovens.

    Enquanto Rhogar refletia sobre seu presente, Nimor aproximou-se de Barragan, segurando o cetro de Voraya com ambas as mãos.

    - Agora que ela se foi, o mercado negro precisa de um novo líder. E todos nós sabemos que o único com a mente e a astúcia para isso é você.

    Barragan pegou o cetro, sentindo seu peso e o poder que ele representava. Ele olhou para Nimor, depois para o restante do grupo.

    - Se é isso que Muzad precisa... então é isso que será.




    Com todos os aliados reunidos e os primeiros raios do sol começando a iluminar as passagens de Muzad, o grupo reuniu-se em torno de uma mesa improvisada no reduto.

    Barragan, segurando a Garrafa Azul de Tenaarlaktor, começou:

    - Temos a Garrafa, mas estamos longe de estarmos seguros. Cada decisão que tomarmos agora determinará o futuro de Calimshan... e o nosso.

    Van Gogh, com Portinari ao seu lado, fixou seu olhar no artefato.

    - Já fizemos muito para que ela não caísse em mãos erradas. Mas e agora? Como garantimos que ela não se torne um perigo ainda maior?

    Zayn acrescentou:

    - O sultão quer usá-la para poder. Voraya queria devolvê-la a um dracolich. O que nos impede de sermos os próximos a sucumbir à tentação?

    Rhogar, cruzando os braços, respondeu com firmeza:

    - Seja o que for, precisamos decidir juntos.

    Enquanto o grupo debatia o futuro da Garrafa Azul de Tenaarlaktor, o genasi-de-ar Zayn olhava para o artefato com uma mistura de fascínio e cautela. Ele se levantou, falando com seu tom carismático habitual:

    - Não posso negar meu interesse nisso tudo. Um gênio preso em uma garrafa... um artefato com conexões à história de Calimshan, de antes do domínio humano. Saber mais sobre o que aconteceu, desde os tempos dos gênios até hoje, seria fascinante.

    Ele fez uma pausa, suspirando.

    - Mas, também sei o que acontece com aqueles que se aproximam demais do poder. O que você sugere, mestre?

    Van Gogh, permaneceu em silêncio por um momento, antes de erguer a cabeça. Seus olhos pareciam focados em algo distante.

    - A esfinge... - murmurou ele.

    Os outros voltaram-se para ele com curiosidade.

    - Samara'at. Ela estava lá, no palácio. Observando, mas nunca interveio. Eu a vi voando para longe de todo aquele caos. Ela sabia sobre a garrafa, nos fez um enigma sobre ela. Mas por quê? Por que ela não ajudou o sultão na batalha? Qual o interesse dela em tudo isso?

    Barragan assentiu, concordando.

    - Uma criatura como Samara'at não aparece em Calimporto sem motivo. Ela pode ser uma peça chave. E se quisermos respostas, parece que ela é nossa melhor escolha.

    O grupo concordou com a ideia de buscar Samara'at. Barragan, sempre astuto, preparou-se para usar sua magia de Mensagem. Ele fechou os olhos, concentrando-se na imagem da esfinge em sua mente, e falou:

    - Samara'at, precisamos de sua sabedoria. Onde podemos encontrá-la?

    A resposta veio em forma de enigma, uma voz majestosa e melódica ecoando na mente de Barragan:

    "Entre o sal e a areia, onde o mar abraça o céu,
    Procure o ponto onde o sol repousa e os astros nascem.
    Dobre ao sul três vezes o número de fases de Selûne,
    Ali encontrarás o meu refúgio, guardado por ondas e silêncios"


    Quando Barragan contou ao resto do grupo, Rhogar franziu o cenho enquanto murmurava:

    - Poético, mas não muito prático. "Entre o sal e a areia" é óbvio. É uma ilha. "Onde o mar abraça o céu" deve ser longe da costa, talvez no meio do nada.

    - Ela nos deu coordenadas, de sua maneira peculiar - respondeu Barragan. - Precisamos partir para uma ilha no mar de Calim.

    Van Gogh, com o brilho de entusiasmo nos olhos, balançou a cabeça.

    - Sim, claro! E "o sol repousa e os astros nascem"... isso é o oeste, o ponto onde o sol se põe, e o leste, onde as estrelas se erguem primeiro. A pista está dividindo direções.

    Barragan assentiu lentamente.

    - Concordo. Agora, "duas vezes o número de fases de Selûne"...

    Van Gogh ergueu um dedo, sorrindo.

    - Ah, isso é fácil. Selûne é a minha deusa, mas também é a lua. E sabemos que a lua possui quatro fases: nova, crescente, cheia e minguante. Dobrar isso nos dá oito. Isso significa oito milhas ao sul.

    Rhogar, balançando a cabeça em aprovação, comentou:

    - Ótimo, temos uma direção então. Agora precisaremos de um barco...





    Os preparativos foram rápidos. O trio, composto por Barragan, Rhogar e Van Gogh, partiu ao amanhecer, levando Portinari como companheiro. Um barco foi providenciado com ajuda de Zayn com o máximo de discrição possível, e em poucas horas, eles estavam navegando rumo à ilha mencionada por Samara'at.

    Durante a viagem, o ambiente oscilava entre o silêncio dos mares e o incessante monólogo de Van Gogh.

    - O que me fascina sobre a história de Calimshan é como tudo está conectado. Veja só, os gênios, os humanos, os dragões... Tudo começou com poder e ambição, não é? E nós, o que estamos fazendo? Procurando um equilíbrio? Ou apenas repetindo os mesmos erros? Ah, isso me lembra de uma vez, nas selvas de Chult, quando...

    Ele se perdeu em suas próprias palavras, descrevendo aventuras passadas com detalhes meticulosos. Rhogar manteve-se quieto, ouvindo por cortesia, enquanto Barragan alternava entre interesse genuíno e disfarçada exasperação.

    Quando a ilha finalmente apareceu no horizonte, as reflexões de Van Gogh finalmente cessaram.

    - Ah, lá está. O lar da esfinge - disse ele, sua voz cheia de reverência. - Vamos ver que verdades ela guarda.

    A pequena ilha era uma joia isolada no vasto mar de Calim. Cercada por penhascos baixos e praias de areia branca, ela parecia um pedaço de tranquilidade em meio às turbulências recentes. No entanto, havia algo imponente no coração da paisagem: Samara'at, a esfinge majestosa, sentada em uma elevação de pedra lisa, como se fosse um trono natural esculpido pelo tempo.

    Quando o trio desembarcou, seguido de Portinari, Samara'at os observou com seus olhos penetrantes.

    - Eu sabia que vocês viriam - disse ela, sua voz ressoando como música em uma caverna. - Vocês carregam a sombra de algo que transcende este lugar, algo que pertence às areias do tempo.

    Van Gogh inclinou-se levemente, como se reconhecesse a sabedoria diante dele.

    - Samara'at, viemos em busca de respostas. A Garrafa Azul de Tenaarlaktor é um mistério que trouxe caos por onde passou.

    Samara'at sorriu suavemente, suas asas se ajustando enquanto ela olhava para o horizonte.

    - Caos e poder caminham de mãos dadas. Batras atraiu minha atenção quando mencionou que estava de posse da garrafa. Foi por lá que eu vim de tão longe. Ele a tratava como um troféu, mas para mim, ela era um enigma. E enigmas são minha essência.

    Barragan, então disse:

    - Por favor, minha senhora. O que você sabe sobre a garrafa?

    Samara'at ergueu uma pata com elegância, desenhando formas abstratas no ar enquanto falava, sua voz assumindo um tom didático.

    - Este tipo de garrafa foi criada pelos dragões da antiguidade, uma raça orgulhosa e ciumenta. Essa que vocês tem em sua mão foi criada por dragões azuis. Eles moldaram o artefato não como um objeto de poder, mas como uma prisão. Seu propósito era capturar seus inimigos mais perigosos: os gênios que governavam essa região. Hadar foi um gênio dos tempos do próprio Calim, o senhor dos gênios, e um inimigo declarado dos dragões.

    Van Gogh, fascinado, perguntou:

    - Mas por quê? Por que tanto ódio entre dragões e gênios?


    Samara'at voltou seu olhar para ele.

    - Ambos os lados eram mestres de suas eras. Gênios escravizavam os humanos, enquanto os dragões governavam as tempestades e as terras. Quando Calimshan foi fundado, o conflito entre dragões e gênios tomou proporções épicas. Nem dragões nem gênios são heróis nesta história. Ambos buscavam o controle absoluto. Tenaarlaktor, a dragoa azul cujo nome a garrafa carrega, sacrificou-se para aprisionar Hadar. Mas ela mesma foi puxada para dentro do artefato, junto com o gênio. Desde então, a garrafa tem sido um objeto de disputa, um troféu e uma maldição.

    Rhogar, sempre prático, cruzou os braços.

    - A verdade é que não sabemos o que fazer com um item tão poderoso... e perigoso ao mesmo tempo. O que sugere que façamos com ela?

    Samara'at inclinou-se para frente, seus olhos brilhando com intensidade.

    - A garrafa não deve permanecer em Calimshan. Este lugar já sofreu demais com os conflitos de seu passado. E com humanos como Batras ou organizações corruptas, ela continuará sendo uma fonte de ambição destrutiva.

    Ela olhou para o grupo, sua voz tornando-se mais suave.

    - Mulhorand, minha terra natal, é um lugar distante, separado deste caos. Deixe-me comigo a garrafa, e eu a guardarei. Será o meu enigma final, um tesouro que manterei longe de olhos gananciosos. Vocês têm minha palavra como guardiã e minha promessa de que ela nunca será usada para o mal.

    Van Gogh estreitou os olhos, avaliando suas palavras.

    - E por que confiar em você? Como sabemos que sua promessa será mantida?

    Samara'at sorriu, um brilho de confiança em seu rosto.

    - Porque não busco poder. Busco conhecimento, mistérios, enigmas que desafiam minha mente e minha essência. Para mim, a garrafa não é uma arma, mas um desafio eterno. E isso é algo que ninguém mais pode me tirar. O destino da garrafa será o meu maior segredo, nem mesmo vocês saberão onde estará guardada.

    Barragan tentou ligar as pontos:

    - Quando você fez aquele enigma da garrafa pra gente no palácio, de alguma forma, você estava tentando nos avisar de algo?

    - Sim - admitiu a esfinge. - Eu entendi que vocês estavam interessados naquele item, a deixa do seu enigma anterior foi perfeita. Eu compreendi, naquela hora, que vocês eram a melhor oportunidade de tirar a garrafa das mãos de Batras.

    - Você sabia sobre a garrafa. Você estava lá no palácio e viu o que aconteceu. Por que não nos ajudou a recuperá-la? - retrucou Rhogar, ainda sem confiar totalmente na esfinge.

    Os olhos de Samara’at brilharam, sua expressão inabalável. Ela falou com a calma de alguém que já enfrentara perguntas semelhantes muitas vezes antes.

    - Porque minha força não reside em batalhas ou em tomar partidos. Eu sou uma guardiã de mistérios, uma estudiosa de segredos, não uma guerreira que empunha armas ou conjura destruição sem propósito.

    - Conveniente, mas compreensível. Você se protegeu, mas também garantiu que o item permanecesse visível apenas para aqueles que lutaram por ele. Isso nos trouxe até aqui. A questão agora é se você se envolverá de fato no futuro da garrafa, ou se continuará observando das sombras.

    Samara’at inclinou levemente a cabeça, como um sinal de respeito pela dúvida.

    - Eu me comprometo, mas dentro dos limites daquilo que sou. Guardar a garrafa longe dos olhos gananciosos será meu fardo, se vocês confiarem em mim. Mas lembrem-se, eu sou uma esfinge. Não um salvador. Minha missão nunca foi lutar, mas desvendar e proteger.

    Barragan olhou para os outros, medindo suas expressões. Rhogar parecia contemplativo, mas seus dedos tamborilavam no cabo de seu martelo, indicando ansiedade pela decisão. Van Gogh coçou o queixo, mas não conseguia esconder a admiração que sentia por Samara'at.

    - Essa decisão não pode ser tomada levianamente - disse Barragan. - Samara'at, se confiarmos em você, será porque acreditamos em sua sabedoria. Mas saiba que, se algum dia essa garrafa se tornar uma ameaça novamente, não hesitaremos em voltar e recuperá-la.

    A esfinge assentiu solenemente.

    - Um desafio que aceito. A garrafa estará segura comigo.

    O som suave das ondas quebrando contra as pedras da ilha enchia o ar enquanto Barragan segurava a Garrafa Azul de Tenaarlaktor. Ele caminhou até Samara’at, cujos olhos serenos permaneciam fixos no artefato, como se pudesse sentir a energia ancestral que emanava dele.

    - Aqui está - disse Barragan, sua voz firme, mas carregada de cautela. - A Garrafa Azul de Tenaarlaktor. Nós lutamos, sofremos e quase morremos por ela. Espero que sua palavra como guardiã seja tão forte quanto sua sabedoria.

    Samara’at inclinou a cabeça levemente, um gesto de respeito e aceitação.

    - Vocês enfrentaram muito para chegar até aqui. Confiem que, sob minha guarda, este artefato não será usado para propósitos mesquinhos. Ele será meu maior enigma, meu maior fardo. Obrigada pela confiança.

    Ela ergueu uma pata e, com delicadeza surpreendente para uma criatura tão grande, pegou a garrafa. Seu brilho azulado refletiu em seus olhos, mas ela permaneceu composta, murmurando algo em um idioma que ninguém reconheceu.

    Van Gogh, observando em silêncio, finalmente deu um passo à frente.

    - Samara’at, antes de partirmos, posso ter uma palavra com você?

    A esfinge virou seu olhar penetrante para o tortle, um brilho curioso em seus olhos.

    - Fale, Van Gogh, filho da terra e do mar. O que deseja compartilhar?

    Van Gogh respirou fundo, sua voz carregada de admiração genuína.

    - No palácio, quando trocamos enigmas... foi um dos momentos mais gratificantes de minha jornada. Você não apenas desafiou minha mente, mas me lembrou do valor de procurar respostas em meio ao caos. Eu... admiro sua postura diante do desconhecido. É raro encontrar um espírito que não busca poder, mas compreensão.

    Samara’at sorriu, suas asas se ajustando enquanto ela inclinava levemente a cabeça.

    - Você tem a alma de um buscador, Van Gogh. Poucos possuem a paciência para os enigmas e a humildade para aceitar o que não podem resolver. Por isso, permita-me oferecer algo em troca.

    Ela ergueu uma de suas asas, revelando um pequeno espelho prateado, brilhando com uma luz que parecia própria. Ela estendeu o objeto para Van Gogh.

    - Este é o Olho de Selûne, uma relíquia rara que reflete não apenas o que é visível, mas o que está além dos olhos mortais.

    Van Gogh aceitou o espelho, maravilhado com sua beleza e o peso simbólico que carregava.

    Samara’at continuou, sua voz assumindo um tom de mistério enquanto ela dizia:

    - Um último enigma, então, sobre o que faz o espelho.

    "Sob a luz prateada que guia os viajantes,
    Reflete-se o véu entre o oculto e o visível.
    A dama da noite empresta seu olhar ao espelho,
    Para que apenas os dignos possam desvendar segredos.
    Guarde-o bem, Van Gogh, filho das estrelas, da terra e do mar,
    Pois nele reside o poder de ver além de seus olhos."


    Van Gogh olhou para o espelho com reverência, e então para Samara’at.

    - Agradeço por isso. Não apenas pelo presente, mas pelo que ele representa. E pelo enigma! Não decepcionarei Selûne.

    Com a garrafa agora sob a proteção de Samara’at e o Olho de Selûne nas mãos de Van Gogh, o grupo preparou-se para partir. A esfinge observou enquanto eles embarcavam novamente no barco.

    - Lembrem-se, viajantes - disse ela, sua voz ressoando como um eco. - Os enigmas que vocês enfrentam não estão apenas fora, mas dentro de cada um de vocês. Sigam em frente com sabedoria.

    O barco afastou-se da ilha, levando o trio de volta às águas abertas. Enquanto o horizonte de Calimporto começava a surgir à distância, o grupo sabia que a próxima etapa seria ainda mais desafiadora.

    Eles não apenas carregavam as marcas de sua jornada, mas também o peso das escolhas que fizeram – e dos crimes que agora precisariam justificar.
    Elminster Aumar
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Qui Jan 02, 2025 8:45 am

    Capítulo 15


    O barco balançava suavemente nas ondas, enquanto o trio seguia de volta a Calimporto. O silêncio do mar permitia que os pensamentos fluíssem livremente, e foi Barragan quem primeiro quebrou o silêncio.

    - Muham.

    Rhogar, que estava afiando o fio de seu martelo, ergueu os olhos.

    - Quem?

    Barragan continuou, sua voz refletindo o peso de suas memórias.

    - Muham, o sultão da ala das criptas. Ele foi uma das muitas marionetes de Voraya. Agora que ela tá morta, de certa forma, ele nos deve um favor.

    Van Gogh, sentado ao lado de Portinari, acariciou o pescoço de seu companheiro.

    - E você acha que podemos confiar em um homem que foi manipulado por uma lâmia?

    Barragan deu de ombros, um sorriso astuto brincando em seus lábios.

    - Confiar? Não. Mas se ele ainda está vivo e livre da influência dela, podemos convencê-lo de que nosso objetivo comum é evitar que o caos tome conta de Calimshan. Além disso, ele é sobrinho do syl-pasha. Isso pode nos proteger... ou nos condenar, dependendo de como jogarmos nossas cartas.

    Rhogar assentiu, pensativo.

    - Se ele ainda está vivo, é um ponto de partida. Mas a ala das criptas não é exatamente um lugar amigável.

    De volta a Muzad, o trio rapidamente percebeu a magnitude dos desafios à frente. Com o caos provocado por seus atos no palácio, as autoridades agora estavam caçando-os com fervor. A discrição era mais necessária do que nunca.

    Van Gogh, vendo os túneis sinuosos de Muzad, parou e ergueu seu cajado. Sussurrando palavras na língua dos druidas, ele conjurou uma magia de revelação. O ar ao redor deles pareceu vibrar, enquanto um brilho etéreo iluminava os caminhos à frente. Imagens espectrais começaram a surgir, como um mapa vivo dos túneis subterrâneos.

    - Mortos-vivos... - murmurou ele, observando as formas translúcidas que vagavam na ala das criptas. - Há uma infestação deles, mas minha magia também revelou os caminhos seguros. Se seguirmos por aqui e evitarmos aquele setor, podemos chegar ao palácio de Muham sem enfrentar essas criaturas.

    Barragan colocou a mão no ombro de Van Gogh, um raro gesto de gratidão.

    - Muito bem, mestre tortle. Essa visão pode nos poupar muitas dores de cabeça.

    Rhogar, ajustando o peso de seu martelo, olhou para os túneis.

    - Vamos torcer para que esses atalhos sejam tão seguros quanto parecem.

    Os túneis da ala das criptas eram escuros e úmidos, com o cheiro de morte impregnando o ar. Graças à magia de Van Gogh, o grupo conseguiu evitar as áreas mais infestadas de mortos-vivos. Porém, o caminho não era isento de tensão.

    Em um momento, Rhogar parou abruptamente, seus sentidos aguçados captando um som distante. Ele ergueu o martelo, pronto para a batalha, mas Barragan segurou seu braço.

    - Calma. Eles não estão vindo para cá. Sua magia está funcionando, Van Gogh.

    - Por enquanto - respondeu o druida, seu tom preocupado. - Mas mantenham os olhos abertos. Esses mortos-vivos não seguem lógica alguma.

    Após horas de caminhada tensa, o trio finalmente chegou às imponentes portas do palácio de Muham, uma estrutura de pedra desgastada pelo tempo, decorada com símbolos que refletiam tanto poder quanto decadência.

    Guardas posicionados na entrada levantaram suas armas ao ver os visitantes. Barragan foi o primeiro a se aproximar, erguendo as mãos em um gesto de paz.

    - Estamos aqui para falar com o sultão Muham. É uma questão de urgência para Calimshan.

    Os guardas hesitaram, mas um deles desapareceu pelas portas. Momentos depois, voltou, assentindo.

    - O sultão irá recebê-los - disse, surpreendendo todo o grupo. - Porém, vocês devem deixar suas armas aqui.

    Rhogar grunhiu, mas entregou seu martelo relutantemente, enquanto Barragan e Van Gogh também entregavam seus itens ofensivos. Portinari, o fiel companheiro de Van Gogh, recebeu olhares desconfiados dos guardas, mas foi autorizado a acompanhar o grupo.

    Os três foram escoltados até uma sala decorada com tapeçarias empoeiradas e móveis que já haviam visto dias melhores. Uma mesa estava posta com frutas frescas, pães e taças de vinho perfumado, mas a hospitalidade era apenas superficial.

    Muham yn Nasim el Pesarkhal, Sultão da Ala das Criptas, aguardava-os em uma cadeira imponente, esculpida em madeira escura. Ele era magro, de olhos astutos, e sua postura arrogante exalava desprezo.

    - Então, os foragidos da Ala das Docas decidiram buscar refúgio aqui - disse ele, com um sorriso falso. - Que audácia. Vocês percebem que eu poderia mandá-los para as masmorras com um estalar de dedos, não percebem?

    Barragan fez uma reverência contida.

    - Sultão Muham, estamos aqui porque sabemos que essa situação beneficia ninguém, nem mesmo o senhor. Se estamos sendo procurados, é porque enfrentamos forças que ameaçam toda Calimshan.

    Muham pegou uma taça de vinho e girou o líquido lentamente antes de responder, com uma voz carregada de sarcasmo.

    - Forças que ameaçam Calimshan? Interessante. Porque tudo o que ouvi foram rumores de que vocês causaram uma confusão monumental na Ala das Docas e feriram o sultão Batras. Isso não soa como heroísmo, Barragan.

    Muham, como tantos outros sultões, conhecia Barragan. Van Gogh, com sua voz grave, interveio.

    - Porque a verdade ainda não chegou até o senhor. O que enfrentamos não foi apenas o poder de um sultão, mas a influência de forças mais sombrias. Forças como... Voraya.

    Ao ouvir o nome, Muham quase derrubou sua taça. Ele tentou disfarçar a reação, mas era evidente que o nome carregava um peso que ele preferia ignorar.

    - Voraya? O que quer dizer com isso?

    Rhogar, direto como sempre, cruzou os braços.

    - Ela era uma mulher com metade do corpo de cobra e que liderava os Mercados Negros da cidade. Ela estava usando você, Muham. Controlando-o para os seus próprios interesses.


    Muham deu uma risada curta, embora não houvesse humor nela.

    - Eu? Controlado? Vocês ousam insultar minha inteligência com uma acusação tão absurda? Ela era apenas uma das minhas jhasinas....

    Barragan inclinou-se levemente, sua voz baixa e controlada.

    - Sultão, pense. Quantas vezes tomou decisões que não pareciam inteiramente suas? Quantas vezes viu resultados que não beneficiavam ninguém além de Voraya? Ela não era a sua jhasina favorita à troco de nada.

    Muham hesitou, mas rapidamente tentou recuperar sua compostura.

    - Isso... Isso é ridículo. Se ela estivesse me controlando, eu saberia!

    Van Gogh, sempre perspicaz, falou com uma calma que desarmava.

    - O senhor saberia, como soube do que exatamente aconteceu na Ala das Docas? Ou como soube da Garrafa Azul, sem jamais tê-la visto? O controle dela não era evidente, porque era sutil, mas eficaz.

    Muham apertou os dedos na borda de sua taça, sua expressão alternando entre dúvida e indignação. Ele respirou fundo, tentando manter sua fachada.

    - E o que vocês querem de mim? Se o que dizem é verdade – e digo isso com ceticismo –, por que vieram até mim?

    Barragan, vendo que a armadura de arrogância do sultão começava a se rachar, deu o passo final.

    - Porque sabemos que o senhor quer mais do que ser uma peça descartável no jogo de outros. Podemos ajudá-lo a consolidar sua posição, afastando essas forças que o usaram. Mas precisamos que confie em nós agora. Ou, pelo menos, que nos escute.

    Muham ficou em silêncio por um longo momento, antes de se levantar, ajustando suas vestes com teatralidade.

    - Vocês estão brincando com fogo. Mas... continuem. Quero ouvir o que têm a dizer.


    O ambiente no salão do palácio de Muham permaneceu tenso, com o sultão observando o grupo enquanto eles começavam a falar. A hesitação em seus olhares era evidente, mas era Barragan quem tinha o controle da situação. Ele deu um passo à frente, mantendo sua postura confiante.

    - Sultão Muham, permitam-nos ser francos. O que aconteceu na Ala das Docas foi um movimento desesperado para impedir algo muito pior. O sultão Batras estava de posse da lendária Garrafa Azul de Tenaarlaktor.

    O olhar de Muham estreitou-se.

    - Um mito, uma história para assustar crianças e encantar sonhadores. Vocês esperam que eu acredite nisso?

    Rhogar, com sua voz grave, interveio.

    - Não nos importa se acredita ou não. O fato é que ele tinha a garrafa e planejava usá-la. E, se estivesse jogando este jogo com outros sultões, como o senhor, ele teria compartilhado suas intenções. Mas Batras queria o poder para si mesmo.

    Muham tamborilou os dedos na mesa, sua expressão alternando entre descrença e interesse.

    - Então, vocês decidiram que poderiam agir como juízes e carrascos? Que poderiam invadir o palácio de Batras e interromper seus planos? Que audácia.

    Van Gogh complementou:

    - E foi o que fizemos. Impedimos que ele usasse a garrafa, porque o que estava em jogo não era apenas o trono dele, mas o equilíbrio de toda Calimshan. Se os espíritos presos na garrafa fossem libertados, isso teria consequências que nenhum de vocês pode imaginar.

    Muham, com um sorriso cínico, respondeu:

    - Conveniente para vocês. E agora estão aqui, esperando que eu acredite que são heróis altruístas.

    Barragan, aproveitando a deixa, falou com um tom afiado.

    - Não somos heróis, Muham. Somos sobreviventes, como você. Fizemos o que precisávamos para impedir um desastre maior. E, no fim da noite, percebemos que estávamos jogando o jogo de Voraya – assim como o senhor esteve jogando durante todo esse tempo.

    O sultão empalideceu por um momento, mas rapidamente recuperou sua compostura.

    - Voraya? Vocês continuam insistindo nesse absurdo?

    Rhogar avançou, inclinando-se sobre a mesa com uma intensidade que fez os guardas do sultão darem um passo à frente.

    - Nós a matamos. Voraya está morta. O senhor não precisa mais viver sob sua influência.

    Muham ficou em silêncio por alguns segundos, antes de falar, sua voz baixa e desconfiada:

    - Provas. Vocês esperam que eu simplesmente aceite isso sem provas?

    Van Gogh, que havia permanecido em silêncio por um tempo, segurou o Olho de Selûne. Ele ergueu o espelho de metal, observando a superfície brilhante como se estivesse buscando algo além do visível.

    - Poderemos providenciar as provas que deseja... mas apenas amanhã, e tem que ser de noite.

    Os olhos de Muham se estreitaram, mas ele não questionou. Em vez disso, fez um gesto para os guardas.

    - Vocês ficarão confinados aqui esta noite. Tragam essas provas amanhã, ou o que acontecerá com vocês será pior do que imaginam.

    O grupo assentiu, cientes de que precisariam usar toda sua habilidade para convencer o sultão de sua causa.




    A noite seguinte chegou, e o pátio do palácio de Muham estava envolto em um silêncio reverente. Sob a luz prateada da lua, Van Gogh preparou o Olho de Selûne. O espelho parecia vibrar em suas mãos, captando a energia da noite como se fosse uma janela para outro mundo.

    Barragan, Rhogar, e o próprio Muham estavam ao redor, observando com atenção. Guardas mantinham-se à distância, mas atentos, enquanto Portinari, fiel como sempre, permanecia ao lado de Van Gogh.

    Van Gogh ergueu o espelho à altura do peito e sussurrou palavras em um idioma arcaico, conectando-se à energia do artefato. Um brilho suave emanou do espelho, e sua superfície começou a se distorcer, revelando formas que pareciam emergir de um véu.

    O espelho mostrou uma sala sombria em Muzad, iluminada apenas por tochas quase apagadas. No chão, o corpo destroçado de Voraya estava jogado, seu torso humano dilacerado e a cauda de serpente sem vida enrolada sobre si mesma. Seu rosto, porém, ainda era reconhecível, mesmo na morte.

    Muham deu um passo à frente, sua respiração ficando mais pesada.

    - Eu conheço esse rosto... É ela. Voraya. Sempre me visitava sob outro disfarce, mas é inconfundível. Ela... me manipulou.

    Barragan, que observava a reação do sultão de perto, comentou com um tom de vitória contida:

    - Agora entende. Não era apenas uma lâmia nobre, mas uma peça de algo maior, usando seu sultanato para seus próprios fins.

    Rhogar acrescentou:

    - Ela está morta. Não há mais controle sobre você ou sua ala. Agora pode decidir por si mesmo.

    O espelho escureceu, sua superfície retornando ao reflexo comum. Van Gogh abaixou-o com cuidado, mas sua voz era firme quando falou:

    - Essa é a verdade. Nós não somos os inimigos que imagina, sultão Muham.

    Muham afastou-se alguns passos, suas mãos tremendo ligeiramente enquanto processava a revelação. Ele olhou para o grupo com olhos ainda cheios de desconfiança, mas também de uma centelha de compreensão.

    - Vocês mataram Voraya e quebraram seu controle sobre mim. Reconheço isso. Mas e os crimes que cometeram contra o sultão Batras e sua corte? Como explicam isso?

    Barragan deu um passo à frente, sua voz tranquila, mas carregada de peso e repetindo os argumentos da noite anterior.

    - Batras estava em posse da Garrafa Azul de Tenaarlaktor. Ele pretendia usá-la para obter poder absoluto, sem consultar ninguém, nem mesmo seus aliados entre os sultões. O que fizemos foi impedir uma calamidade que poderia destruir Calimshan.

    Muham estreitou os olhos.

    - E onde está a garrafa agora?

    Van Gogh, segurando o Olho de Selûne como um símbolo de sua sinceridade, respondeu:

    - Foi levada para longe. Muito longe. Por uma esfinge. Ela agora já deve estar longe dos olhos gananciosos de Calimshan.

    O sultão ficou em silêncio por longos segundos, antes de finalmente falar.

    - Se essa história é verdade, e se Voraya realmente esteve por trás de tantos eventos, então vocês não são os únicos culpados. Vou reconsiderar os crimes imputados a vocês. Mas lembrem-se, isto não é um perdão total. Ainda tenho meus deveres como sultão, e minha posição depende de não atrair a ira dos outros.

    Barragan, percebendo que haviam conquistado uma vitória parcial, inclinou-se levemente.

    - Sultão Muham, não buscamos absolvição total. Apenas uma chance de continuar nosso trabalho e proteger Calimshan das forças que a ameaçam.

    Rhogar completou, sua voz grave mas respeitosa:

    - Se você puder reavaliar as acusações e nos permitir operar com mais liberdade, terá aliados aqui, quando precisar.

    Muham assentiu lentamente.

    - Farei o que puder para suavizar as acusações contra vocês. Mas não me decepcionem. Jamais.




    Nos dias que se seguiram, a tempestade de eventos que abalou Calimporto começou a se acalmar, deixando espaço para a reconstrução e novos começos.

    Aisha, que havia sido levada à casa de Malik Zarif, foi resgatada por Gull-rash, que retornou com a jovem ilesa. Segundo suas palavras, ele deu uma "lição" ao mercador, algo que Malik provavelmente não esqueceria tão cedo.

    As acusações contra o grupo foram oficialmente absolvidas, exceto por algumas infrações menores que lhes custaram apenas algumas quantias de ouro – um preço pequeno comparado ao que poderiam ter perdido. Enquanto isso, Sahar, o guarda-costas de Batras, foi libertado da prisão após a verdade ser revelada, enquanto o próprio Batras foi confinado em uma cela ao lado de seu vizir, Shaariq, que agora passava os dias fascinado por qualquer objeto brilhante que aparecesse, resultado do feitiço lançado sobre ele.

    Com o apoio de Barragan, o pasha Izaez triunfou como sucessor de Batras, tornando-se o novo sultão da Ala das Docas. Sua coroação foi celebrada com uma festa grandiosa, uma ocasião onde Barragan discretamente assegurou que seus interesses permaneceriam protegidos.

    O sultão Muham, por sua vez, usou os eventos recentes a seu favor, consolidando respeito entre seus pares. A vitória sobre a influência de Voraya não apenas restaurou sua posição, mas elevou seu status político dentro de Calimshan.

    Entre os Lâminas do Deserto, novas oportunidades começaram a surgir. Farzan, o genasi-do-fogo, foi aceito na guilda após fazer o pedido diretamente a Rhogar. A guilda, antes à beira da falência, viu um novo fluxo de contratos e ouro, afastando o medo da ruína. Farzan também revelou ao grupo a verdade sobre o mephit de fogo, Izzik – uma criatura espiã dada ao sultão por Lorde Khalamyr, um dos generais dos genasis-de-fogo, em um esforço para reforçar sua aliança.

    Enquanto isso, o halfling Nimor Bico-Leve provou ser um aliado valioso para Barragan. Atuando como espião habilidoso, Nimor ajudou Barragan a consolidar seu controle sobre os Mercados Negros de Muzad. Sob a liderança astuta de Barragan, os mercados começaram a mudar, moldados ao seu estilo único de governança.

    Van Gogh, por outro lado, sentiu o peso de sua jornada. Os jogos de poder e intriga de Calimshan não combinavam com seu espírito. Ele decidiu retornar para Chult, buscando o conforto das florestas e do ar puro. Antes de partir, ele convidou Zahara, a tabaxi dos Veleiros Libertinos, para acompanhá-lo, mas Zahara preferiu permanecer em Calimporto, ajudando Zayn a proteger seu bordel e seus interesses. Ainda longe de Calimporto, Van Gogh manteve contato com a esfinge Samara’at, trocando palavras através das magias que ainda o conectavam a um dos maiores mistérios que já encontrara.

    E assim, enquanto as águas agitadas de Calimporto começaram a se acalmar, os destinos daqueles que atravessaram essa jornada começaram a se desdobrar em novas direções.

    Rhogar se tornou o líder firme que os Lâminas do Deserto precisavam, mantendo o martelo pronto para os desafios que viriam.
    Barragan, agora um nome de peso tanto na superfície quanto em Muzad, manipulava suas redes com a habilidade de um mestre do tabuleiro.
    Van Gogh, retornando à natureza, carregava as lições e os enigmas resolvidos em seu coração, ainda buscando respostas para os mistérios do mundo.

    E em algum lugar, na vastidão de Mulhorand, uma esfinge guardava um artefato lendário, seus enigmas ainda ecoando como um lembrete de que, mesmo em um mundo cheio de caos, os segredos mais profundos ainda aguardavam para serem descobertos.
    Elminster Aumar
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    A Garrafa Azul de Tenaarlaktor Empty Re: A Garrafa Azul de Tenaarlaktor

    Mensagem por Elminster Aumar Qui Jan 02, 2025 8:49 am

    Epílogo

    O aroma do incenso doce misturado com o cheiro salgado do mar permeava o ar nos Veleiros Libertinos, o bordel mais extravagante das docas de Calimporto. Construído para se assemelhar a um navio de luxo, as paredes eram de madeira ornamentada, repletas de velas pendendo do teto como mastros, e redes decorativas estendiam-se de canto a canto, entrelaçadas com conchas brilhantes e joias falsas.

    No salão principal, risos abafados e o tilintar de copos enchiam o ambiente, até que um silêncio sepulcral tomou conta do lugar. As portas duplas se abriram com um impacto repentino, revelando um ser alto e imponente. Sua pele era de um tom avermelhado, com veias brilhantes como lava quente, e seus cabelos e barba pareciam chamas eternas, dançando e crepitando com uma vontade própria. Seus olhos incandescentes varreram o salão com desdém, sendo o suficiente para que os clientes, já alarmados o bastante, rapidamente se levantassem e saíssem, deixando suas taças para trás.

    Zayn, o dono do bordel, estava sentado aos fundos do salão em seu lugar habitual em meio à pufes e almofadas confortáveis quando viu a criatura adentrar o recinto. Ele a reconheceu como sendo um genasi-de-fogo. As prostitutas hesitaram, algumas recuando para as sombras, mas Rahja Serin Mavrick, a drow, permaneceu ao lado de Zayn, com um sorriso predatório. Ela sabia que qualquer movimento errôneo poderia selar o destino do bordel.

    Zayn ajeitou seu manto azul-claro e avançou com confiança ensaiada, embora a leve brisa ao seu redor traísse sua inquietação. Ele inclinou-se levemente em uma reverência cordial, o habitual sorriso carismático adornando seus lábios enquanto se aproximava.

    — Saudações, meu primo de raça! - começou ele, sendo ele próprio um genasi também, mas de ar. — Raramente temos o privilégio de receber alguém com uma presença tão... — ele encontrou dificuldades em achar o adjetivo mais adequado. — ... formidável. O que o traz aos humildes Veleiros Libertinos nessa noite enluarada? Talvez um vinho? Ou algo mais peculiar que satisfaça seus desejos mais profundos? — ele terminou dando uma piscadela sinuosa.

    O genasi-de-fogo avançou, ignorando o tom agradável de Zayn como se as palavras fossem nada mais que o zumbido de um inseto. Seus imponentes trajes carmesim tremulavam a cada passada. Sua voz retumbou, profunda e afiada como o calor de uma fornalha.

    — Poupe-me de suas falsas gentilezas. Não vim aqui para entretenimentos nem bajulações. — Ele parou de frente à Zayn, seus olhos de fogo fixos nos dele, como se sondassem sua alma. — Sou o Lorde Khalamyr e estou aqui por respostas. O sultão Batras foi preso. Você sabe disso, não sabe? — Ele deu mais um passo à frente, e o calor à sua volta tornou-se quase insuportável. Zayn manteve a postura, mas sentiu o suor começando a se formar sob o colarinho. — Com ele estava a Garrafa Azul de Tenaarlaktor.

    Rahja observava a situação à meia-sombra, seus olhos brilhando como facas prontas para serem sacadas. O genasi-de-fogo parecia ignorar a presença dela e de todas as demais prostitutas que ainda permaneciam no local. Zayn, por sua vez, ergueu as mãos com um gesto tranquilo, um sorriso deliberadamente sereno ainda em seu rosto, enquanto pensava rápido.

    — Ah, a famosa Garrafa Azul de Tennarlaktor... Claro que ouvi rumores, meu lorde - disse ele, medindo cada palavra. — Há muita conversa nas docas sobre o que o sultão possuía e o que desapareceu com sua queda. - Ele deu de ombros com uma leveza estudada. — Pelo que sei, a garrafa foi vista pela última vez sendo levada para fora destas terras. Alguns dizem que foi capturada por saqueadores do mar; outros, que acabou nas mãos de mercadores de artefatos raros viajando para o norte. Eu mesmo não a vi com meus próprios olhos.

    Ele inclinou a cabeça, como se lamentasse a falta de detalhes. Ele também percebeu a tempo que Lorde Khalamyr não seria enganado tão facilmente.

    — Contudo, Lorde Khalamyr, essas histórias têm um jeito de chegar até nós, especialmente aqui, onde todos passam... Se permitir um tempo, posso investigar mais. Certamente há alguém que saberá mais sobre o paradeiro deste tesouro.

    Khalamyr estreitou os olhos, suas chamas dançando de forma mais ameaçadora, enquanto Zayn falava. Quando o bardo terminou, o genasi-de-fogo permaneceu em silêncio por alguns instantes, deixando o peso de sua presença preencher o espaço. Então, finalmente, ele respondeu, sua voz ainda mais fria que o calor abrasador ao seu redor.

    — Você tem um talento para palavras, Zayn Ali Altair. — Apenas a menção de seu nome completo fez a espinha dorsal de Zayn se arrepiar. Khalamyr, então, conhecia Zayn e sua família. O genasi-de-fogo deu um passo à frente, inclinando-se ligeiramente para encarar Zayn de perto. — Mas mentiras, mesmo que bem elaboradas, têm um cheiro. E o cheiro disso não me agrada.

    Ele se afastou com um gesto brusco, como se não quisesse sujar as mãos com o dono do bordel.

    — Não importa. Você terá tempo. Alguns dias, não mais, para encontrar respostas sobre a garrafa. Descubra quem a levou, para onde foi. Ou eu mesmo virei atrás de você. E saiba que eu não gosto de perder tempo.

    Ele então fez uma pausa, o brilho de seus olhos intensificando-se.

    — Há outra coisa. Um igual a mim. Farzan. Você sabe quem ele é. Um genasi-de-fogo que serviu sob minhas ordens. Um escravo do sultão, como tantos outros, antes de provavelmente fugir como um rato. Após a queda de Batras, Farzan desapareceu. Quero saber onde ele está.

    A ameaça em sua voz era clara, uma promessa de destruição iminente.

    — Traga-me as respostas que quero, Zayn. A garrafa e Farzan. Caso contrário, não restará nada além de cinzas deste bordel para contar a história do quanto você falhou.

    Khalamyr girou sobre os calcanhares, sua capa carmesim ondulando como uma língua de fogo vivo. As portas duplas dos Veleiros Libertinos se fecharam com um baque pesado após sua saída, como se até o edifício suspirasse aliviado por ter sobrevivido à visita.

    No salão, Zayn permaneceu imóvel por um instante, o sorriso desaparecendo de seus lábios. Ele soltou o ar lentamente, percebendo que havia prendido a respiração durante os últimos momentos. Rahja foi a primeira a quebrar o silêncio.

    — Bem — disse ela, sua voz baixa e carregada de sarcasmo — parece que fizemos um novo amigo.

    Zayn lançou-lhe um olhar de advertência antes de se afundar em um dos pufes que lhe serviam de trono. Ele esfregou as têmporas com as pontas dos dedos, a leve brisa que sempre o acompanhava rodopiando ao redor de sua figura, quase como se tentasse acalmá-lo.

    As prostitutas, que tinham se encolhido nas sombras, começaram a sair timidamente, olhando para Zayn em busca de alguma palavra de segurança.

    — Está tudo bem, podem ir descansar. O trabalho acabou por hoje — disse ele, acenando com a mão, ainda perdido em pensamentos.

    Rahja aproximou-se e sentou-se ao lado dele, cruzando as pernas e apoiando o queixo em uma mão.

    — É bom que você e a Trindade Safira tenham um bom plano para se safarem dessa vez.
    Elminster Aumar
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    Mensagem por Elminster Aumar Qui Jan 02, 2025 8:56 am

    FIM DA HISTÓRIA


    Quem quiser saber mais sobre esse arco de aventura, nesse link aqui reune todas as informações: https://app.kanka.io/w/nefr/quests/98022/quest_elements

    Ao acessar o link, é possível ver todos os personagens que participaram desse arco, incluindo suas imagens representativas. Em lembretes, é possível ver os eventos em forma de um calendário.

    Os três protagonistas dessa história, Barragan, Rhogar e Van Gogh, foram os personagens dos jogadores desse arco de aventura. Quaisquer feedbacks a respeito de seus personagens e da história são bem-vindos, no particular ou aqui.

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