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    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta"

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    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Empty Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta"

    Mensagem por thendara_selune Qui Dez 19, 2024 10:48 pm

    Flashback – Dias antes da expedição  @El Cabron






    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Oig3_x11




    Ao chegar na universidade, Roberto foi informado de que seria enviado ao Acre, onde a expedição ganharia uma dimensão muito mais complexa do que ele imaginava. O chefe do setor, Angelo Faria, um homem de cabelos grisalhos e olhos negros, profundos como o próprio mistério da floresta, convocou-o para uma sala de aula. A atmosfera naquele ambiente era carregada de algo além de simples autoridade, havia um peso, uma tensão não dita, que fazia o ar parecer mais denso, como se o local estivesse vibrando com uma presença iminente.
    Assim que Roberto entrou na sala, Angelo fez questão de trancar a porta com um gesto que parecia marcar o início de uma conversa privada e séria. Ele se aproximou de uma mesa no centro da sala e, com um movimento enfático, chamou Roberto para se aproximar. Sobre a mesa, papéis perfeitamente organizados e alguns HDs em uma caixa chamaram a atenção. Angelo entregou-lhe a caixa, contendo as informações necessárias para a expedição.

    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Dalle_14




    — Você vai para a aldeia de Águas Claras — disse ele, sua voz ecoando no silêncio do ambiente. — Fica na divisa com o santuário dos Jamamadis, um grupo indígena que habita esta região. Eles mantêm uma relação amigável com os ribeirinhos da área, que fornecerão um guia para acompanhá-lo. Além disso, um Pajé estará com vocês para assegurar que a expedição siga os caminhos certos.
    Roberto observou o mapa, seus olhos percorrendo as linhas e pontos que já conhecia. Recebera informações detalhadas sobre a fauna, a flora e as trilhas da região. Seus equipamentos estavam carregados com terabytes de dados, registrando tudo o que ele havia aprendido até ali. Mas o que Angelo não dizia — mas o que estava implícito nas palavras e gestos — era que algo além da ciência o aguardava ali, nas margens do rio e nas trilhas sinuosas da floresta. Algo que transcendia qualquer pesquisa ou simples registro de campo.
    — Você parte em dois dias — continuou Angelo, sem hesitar. — A equipe será maior. Profissionais de diversas áreas estarão com você, e até representantes do governo, incluindo militares, acompanharão para garantir a segurança da expedição.
    As palavras de Angelo ecoaram na mente de Roberto, e uma intuição crescente o assaltou. A expedição, à primeira vista, parecia ser uma simples formalidade, mas algo dentro dele sabia que havia mais. Algo que a floresta, com suas sombras e segredos, estava pronta para revelar. E ele, mais uma vez, seria o escolhido para desvendar o mistério que se entrelaçava com sua própria vida. A jornada estava apenas começando, e Roberto sabia que a floresta o aguardava.






    OFF: Começamos bem atrasados haha aqui vou manter um solo dos personagens, Roberto pode interagir com o ambiente, buscar as instalações da faculdade, mas ele parte  em dois dias pra s ejuntar a equipe.
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    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Empty Re: Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta"

    Mensagem por El Cabron Sáb Dez 21, 2024 7:18 pm

    Ao chegar na sala, Roberto ajeitou os óculos no rosto, um gesto típico e corriqueiro, quase como um tique nervoso que surgia nos mais distintos momentos do seu dia. Não se sentou e apoiou as mãos na grande mesa, observando todo o material que Angelo havia organizado ali.

    - É um bocado de coisa…

    Falou despretensiosamente, apenas para seguir o assunto.

    As orientações gerais eram básicas, sabia que o grosso do trabalho estava nos arquivos e dados, fossem em papéis ou documentos virtuais. Lembrou das provas que tinha para corrigir e fez uma expressão de desgosto por isso. Fazia pouco mais de um mês que havia voltado de Minas Gerais, fazendo análise de campo das populações de pássaros locais no interior do Estado. Queria ficar um pouco em casa e aproveitar o (raro) tempo que tinha com a esposa e Bidú, o velho vira-lata caramelo que haviam adotado há mais ou menos 10 anos. Olhou Angelo mas nem cogitou adiar ou pedir que algum colega fosse em seu lugar; sabia que o pedido seria negado. Além disso, no fundo, seu desejo por estar em campo era sempre vencido por suas vontades mais ‘’humanas’’.

    - Tá.

    Limitou-se a responder, assentindo positivamente com a cabeça e com as mãos no quadril, observando todo o material na mesa, como se fosse um desafio a ser encarado. As provas poderiam ser corrigidas por um dos monitores, pensou. Alice, sua esposa, entenderia, afinal, também era professora universitária e cientista, e estava há tempo suficiente com Roberto para saber que o trabalho de ambos cobrava seu preço muitas vezes.

    - Quem são os representantes do governo?

    A pergunta era simples, afinal, não era tão comum a presença de representantes oficiais do governo. Nessas expedições, o comum era biólogos, geólogos, alguns químicos eventualmente, além de guias. Mas militares? O que mais teria?

    - Estranho.

    Roberto era metódico. Às vezes tinha uma personalidade difícil, a depender do dia da semana em que estava, e Angelo sabia disso. Deixar o Professor sem respostas não seria uma boa ideia.
    Não naquela semana.

    ***

    Roberto chegou em seu gabinete e colocou o material todo em cima de uma das escrivaninhas. Tinha muito a ler, analisar e até mesmo anotar. Seriam ainda dois dias para trabalhar em cima de tudo aquilo antes de estar no Acre e precisava estar preparado. Sem deter-se, plugou um dos HD’s e atirou-se de cabeça ao trabalho.
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    Mensagem por thendara_selune Sáb Dez 21, 2024 9:32 pm






    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Oig113




    — 'Um bocado de coisa' definitivamente não seria suficiente para explicar nem o mínimo disso. — Ângelo finalmente quebrou o silêncio, sua voz baixa e ponderada. Ele se virou lentamente, encarando Roberto com uma expressão indecifrável, uma mistura de seriedade e algo mais profundo, talvez inquietação. — Avaliaram muitos currículos, muitos nomes, mas escolheram o seu. Disseram que você pode... agregar algo único.
    Ele fez uma pausa, como se ponderasse até onde poderia revelar. A atmosfera da sala parecia mais densa. Quando Ângelo voltou a falar, sua voz carregava um tom grave, quase conspiratório.
    — Sua pesquisa em Ecologia de Populações é, claro, um dos motivos. Trabalhos de campo, análises em áreas remotas... Mas há mais. Cerca de 20 anos atrás, durante uma das suas expedições, aquele incidente aconteceu. O desaparecimento do seu colega na Amazônia. — Ele pausou, os olhos fixos em Roberto, como se tentasse medir sua reação. — Nada foi encontrado. Nenhuma pista. Até hoje, continua inexplicado.
    Ângelo suspirou e deu um passo em direção à mesa, seus dedos traçando o contorno da caixa enquanto sua expressão permanecia fechada. Havia um peso em suas palavras, algo que parecia deliberadamente deixado nas entrelinhas.
    — As pessoas por trás dessa expedição têm um padrão. Elas escolhem indivíduos com lacunas no passado, histórias inacabadas. — Ele se inclinou levemente para frente, como se compartilhasse um segredo. — O desaparecimento do seu colega foi um fator decisivo, mas não só isso. Durante as buscas, pedras com marcas estranhas foram encontradas. Símbolos que ninguém conseguiu decifrar. Consultaram arqueólogos, geólogos... Nada. Esses sinais continuam sendo um mistério.
    Ângelo repetiu a pergunta em tom baixo, quase como se a estivesse provando Roberto ou provocando a si mesmo.
    — Quem são os representantes do governo? — Ele olhou para Roberto, a sombra de um sorriso irônico se formando no canto dos lábios. — Isso é o que você vai descobrir. Mas adianto uma coisa: há um valor considerável envolvido. Um valor que pode garantir a você a vida que quiser, seja dando aulas ou não.
    O comentário pairou no ar como um convite disfarçado de aviso.


    OFF: @El Cabron A ideia é que, que possamos finalizar a cena em que seu personagem questiona algo antes de encerrar esse vai e vem de conversa. Só então partiríamos para o gabinete do Roberto. Caso você prefira virar a página, na próxima postagem já atualizo a cena no gabinete, e, em seguida, possivelmente avanço para a viagem do Roberto e sua chegada ao local indicado.
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    Mensagem por El Cabron Dom Dez 22, 2024 10:49 am



    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Whatsa13

    - Bom…

    Começou a responder, demorando-se em concluir qualquer linha de raciocínio que estivesse elaborando, como se ponderasse com muito cuidado o que fosse falar.

    - Então tem mais além desses documentos aí.

    Falou olhando para todo o material na mesa, enquanto Ângelo falava sobre o desaparecimento. Roberto manteve-se sério.

    - Vinte anos depois e vão fuçar nisso de novo. Óbvio que não se trata de tentar encontrar o Professor Paulo.

    Paulo havia sumido há mais ou menos 20 anos. Era um colega de Roberto na faculdade e ambos entraram mais ou menos na mesma época como professores na Universidade. Quando ambos estavam na Amazônia, fazendo uma pesquisa de Campo, Paulo sumiu, sem deixar qualquer vestígio.

    - Por que tenho a sensação de que você sabe mais do que me contou até agora?

    Tudo estava muito nublado para Roberto.

    - Quem são essas “pessoas por trás da expedição”, afinal?

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    Mensagem por thendara_selune Dom Dez 22, 2024 10:56 pm

    Ângelo inclinou a cabeça levemente, como se a pergunta tivesse tocado uma corda secreta dentro dele. O ambiente estava denso, a tensão de uma verdade oculta pairando no ar. O zumbido constante das lâmpadas fluorescentes soava como um eco distante, um som quase irreal, como se o tempo estivesse desacelerando para observá-los. Ele hesitou, dando mais peso ao silêncio, como se estivesse escolhendo com cuidado não as palavras certas, mas aquelas que seriam deliberadamente omitidas.



    Essas pessoas... Ângelo começou, seus olhos desviando para o fundo da sala, como se o simples ato de falar sobre o que estava por trás de tudo pudesse invocar algo indesejado. Você acha que o desaparecimento de Paulo foi apenas isso? Um simples desaparecimento?



    Ele voltou o olhar para Roberto, sua expressão intransigente, um misto de cansaço e um sorriso enigmático, quase imperceptível, nos lábios. Ele não se apressou em dar uma resposta direta. Não seria o que Roberto esperava, mas era o que ele precisava ouvir.



    Vinte anos... disse, como se ponderasse sobre o peso do tempo. Pode parecer uma eternidade, mas às vezes o tempo é apenas uma ferramenta de ocultação. Ou manipulação.



    O olhar de Ângelo se fixou nos documentos sobre a mesa, e ele deu um passo em direção a eles, sem tocá-los. A sensação de que havia algo escondido por trás de cada folha, algo que escapava ao olhar atento, começou a crescer no ar, como uma sombra que se estendia. Ele respirou fundo.



    As pessoas... essas "pessoas por trás" da expedição... Ângelo interrompeu-se, sabendo que Roberto não estava preparado para ouvir tudo. Vou te dizer o que você precisa saber, Roberto. Só o que você precisa saber, porque o resto... bem, o resto pode ser um pouco difícil de digerir.



    Ele fez uma pausa, os olhos fixos em Roberto, como se estivesse medindo o peso da resposta.



    As perguntas sempre estiveram em você. Elas nunca desapareceram. Você as silenciou e seguiu em frente, mas para mim, o silêncio nunca foi suficiente. Quem deveria ter ido na expedição era eu, não você. Mas, ainda assim, tudo se alinhou para você, Roberto. Se você quer saber a verdade, ela está exatamente onde estava quando Paulo sumiu... e mais, talvez estivessem esperando que alguém as encontrasse...Ele suspira, os ombros caem, parecia derrotado. Não sei tudo sobre eles, só sei que eles querem você lá, darão um jeito, eles sempre dão...



    Depois, ele aponta para a caixa.Agora isso tudo é seu, vou tirar férias, Roberto, volto quando minha mente acalmar, se me dá licença, não tenho mais o que dizer, você vai precisar ver para entender...
    Ângelo fez uma pausa antes de acrescentar, a voz ganhando um tom mais grave, quase como se estivesse tentando transmitir uma última advertência.
    Ah, como bem sabe, oficialmente isso é uma atividade de pesquisa da universidade em parceria com o governo, a FUNAI e os militares. Esses, por sua vez, vão proteger a expedição do que quer que tenham naquele lugar...



    O tom de Ângelo se tornou ainda mais pesado, carregado de uma ironia amarga. Ele parecia estar revelando mais do que estava confortável em admitir, deixando a sentença flutuar no ar como uma ameaça velada. Cada palavra que saia de sua boca parecia ponderada, como se ele estivesse tentando equilibrar o que era real com o que deveria ser esquecido.


    Ele olhou uma última vez para Roberto, o peso de tudo o que estava por vir refletido em seus olhos, antes de se afastar, suas passadas lentas e arrastadas. Mesmo sem dizer mais, o impacto das palavras ainda pairava, e Roberto, agora sozinho na sala, sentiu o ambiente mais carregado do que nunca.


    Off: @El Cabron Caso queira, você ainda pode tentar acompanhar Ângelo, ou seguir para o gabinete, deixando Roberto absorver o que escutou, ou ir a outro local de sua preferência.
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    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Empty Re: Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta"

    Mensagem por El Cabron Seg Dez 30, 2024 10:05 am



    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Whatsa13

    Ângelo era um homem excêntrico. Talvez mais excêntrico do que deveria ser, de forma que não surpreendeu seu tom misterioso e, até certo ponto, dramático. Roberto ficou olhando o colega, um tanto incrédulo ainda, embora não tivesse a exata certeza do que lhe parecia tão “diferente” naquela situação toda. Piscou forte e tirou os óculos do rosto, apertando suavemente os olhos com os dedos da outra mão, como se tentasse fazer toda aquela informação jogada entrar em sua mente.

    - Eu juro que tô tentando entender, Ângelo. De verdade. Mas você não ajuda. Se são seus ansiolíticos ou outra coisa, vou relevar, mas podia jogar limpo comigo. Pelos anos que a gente se conhece.. - falou, agora olhando para o colega.

    Durante um tempo, o sumiço do Professor Paulo deixou Roberto em um estado de profundo pesar. Nunca encontram um corpo e a família jamais pode enterrá-lo, mesmo sem ter a certeza de que ele havia morrido. Roberto passou meses respondendo sindicâncias e intimações da Polícia Federal. Muitas pessoas estranhas falaram com ele na época.
    Mas aquilo fazia tanto tempo e já era um assunto superado por Roberto que mesmo aquele tom sombrio e enigmático de Ângelo não fizeram o biólogo desconstruir sua postura.

    - Que descanse em paz o Professor Paulo. Não sei se quem poderia ter desaparecido seria eu…ou você, se tivesse ido. O que sei é que isso já faz muito tempo, Ângelo. Devíamos deixar isso…passar.

    Não tocou mais no assunto. Ângelo, em seguida, anunciou que tiraria férias e logo saiu, fechando a porta. Roberto balançou a cabeça negativamente. Assim como grande parte dos professores ali, todos tinham seus problemas e, fosse como fosse, Ângelo não parecia estar bem.
    Inspirou e suspirou alto. Precisava manter-se calmo.
    Ângelo não deixou nenhum nome ou contato que Roberto pudesse fazer uma pesquisa, mesmo que rápida, sobre quem o acompanharia.
    Colocou os óculos no rosto novamente e entrelaçou os dedos na nuca, como se estivesse segurando o próprio pescoço. Tentou absorver tudo que aconteceu, por mais absurda que tivesse sido toda aquela conversa. Suspirou mais uma vez e tomou todo o material da mesa, dirigindo-se, por fim, ao seu gabinete.
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    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Empty Re: Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta"

    Mensagem por thendara_selune Ter Jan 14, 2025 11:49 am

    — Que descanse em paz o Professor Paulo. Não sei se quem poderia ter desaparecido seria eu… ou você, se tivesse ido. O que sei é que isso já faz muito tempo, Ângelo. Devíamos deixar isso… passar.

    Ângelo inclinou-se levemente, a luz trêmula do teto destacando o brilho enigmático em seus olhos. Ele parecia carregar um fardo invisível, pesado demais para dividir com alguém.
    — Passar? — murmurou, um sorriso fugaz e irônico cruzando seus lábios antes de sumir. — Não se trata do que devíamos fazer, Roberto. Trata-se do que ainda não conseguimos compreender.
    Roberto abriu a boca, pronto para responder, mas Ângelo ergueu a mão, silenciando-o com um gesto. — Vou tirar férias. Já informei à administração. — Sua voz era firme, quase autoritária. — Cuide-se.

    Sem dar chance para mais questionamentos, Ângelo pegou o casaco, virou-se e saiu da sala, fechando a porta com um som seco que ecoou no silêncio.
    Roberto permaneceu imóvel, o vazio do corredor invadindo seus pensamentos. Balançou a cabeça, frustrado. Algo naquela conversa estava errado, algo que Ângelo deliberadamente escondia.
    Suspirou, ajustou os óculos e entrelaçou os dedos na nuca. A inquietação o acompanhava como uma sombra persistente, mas ele precisava manter a calma.


    Os dias que se seguiram foram longos e monótonos. Ângelo desapareceu sem deixar rastros, e Roberto mergulhou em pilhas de documentos, tentando suprimir as dúvidas que o atormentavam.

    Então, três dias depois, um envelope selado surgiu misteriosamente em sua mesa. Ao abri-lo, encontrou uma carta breve acompanhada de um itinerário. O papel carregava o selo oficial do Ministério da Defesa:
    "Roberto,
    Prepare-se. Você será levado a uma aldeia em Águas Claras. De lá, seguirá para o acampamento, onde receberá orientações. Sua presença é essencial.


    Não havia mais detalhes na carta, mas, em questão de minutos, Roberto recebeu uma mensagem direta em seu celular. Uma transferência de 500 mil reais em bitcoins foi concluída, acompanhada de uma chave de código e instruções. A grande maioria das pessoas já fazia uso desse meio desde 2023, quando a criptomoeda se tornara uma forma de pagamento amplamente aceita, especialmente em transações de grandes dimensões como aquela.
    A mensagem, simples e precisa, dizia:

    "Valor parcial transferido. A chave de código será necessária para futuras autenticações. Qualquer dúvida será sanada no acampamento. Prepare-se para seguir o itinerário."

    A floresta o aguardava, prometendo respostas que ele mal sabia que buscava. Na manhã seguinte, já estava em um helicóptero militar, sobrevoando o rio, que parecia abaixo do nível habitual. 
    Os anos de 2024 e 2025 haviam sido marcados por severas secas, mas uma iniciativa global entre ONGs, governos e cientistas ajudara a conter o pior. Com o avanço das tecnologias de energia solar e o uso inteligente de poços artesianos, a agricultura e o abastecimento haviam se reinventado.
    Embora o Brasil ainda enfrentasse desafios, a atual administração havia impulsionado melhorias. As universidades agora focavam em pesquisas com impacto direto na vida das pessoas.
    Quando o helicóptero pousou em um pequeno acampamento às margens do rio, Roberto foi recebido por um homem em uniforme militar, mas com a postura descontraída de um pesquisador.

    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Oig2_225


    — Prazer, senhor Souza. Sou o tenente Abreu e Lima, mas me chamam de Daniel. Trabalho com pesquisas hídricas. Vim recebê-lo e levá-lo ao nosso lar temporário.
    A voz calma, os olhos castanhos brilhantes e o carisma sereno de Daniel imediatamente transmitiram confiança a Roberto.
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    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Empty Re: Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta"

    Mensagem por El Cabron Ter Jan 14, 2025 2:09 pm



    Prólogo de Prof. Dr. Roberto Souza – "O Chamado da Floresta" Whatsa13

    Roberto passou os dias seguintes atirado no trabalho. Entre pilhas e pilhas de documentos, físicos e digitais, ficava em seu gabinete lendo e relendo tudo que estava disponível a ele. Foram dias longos, com boas doses de café e alguns comprimidos para enxaqueca. “Precisa maneirar, Roberto”, as palavras de seu médico ecoavam em sua cabeça a cada pausa que dava.

    ***

    Quando o envelope chegou, Roberto o abriu com muita curiosidade, porém, sem grandes surpresas ou revelações, apenas deveria “se preparar”. Se Deus existe mesmo, certamente estaria rindo do professor agora. Foram alguns breves instantes, ou aproximadamente dois goles de seu amargo café, quando o telefone vibrou em seu bolso. Ao olhar a tela, seguido pela mensagem, ficou alguns segundos estático e de boca aberta.
    Sua enxaqueca voltou.

    ***

    Antes de descer do helicóptero, Roberto abriu sua carteira e olhou para a foto de família que trazia consigo. Ela era antiga, quando ele e Alice ainda moravam em um apartamento pequeno, época em que sequer eram professores da Universidade, e no colo de ambos, os filhos Bento e Murilo. Com tantas viagens de campo, aprendera a valorizar ainda mais aquelas pessoas.
    Roberto desceu com toda a cautela assim que o helicóptero pousou e logo foi recebido por um homem do exército. Era o tipo de recepção incomum, mas dada as circunstâncias até ali, o que estava de fato correndo normalmente?

    - Prazer, pode me chamar de Roberto.

    O professor apertou a mão do tenente de forma firme.

    - É bom ter outro pesquisador por aqui.

    O som do helicóptero desligando motores ainda era bastante audível e Roberto falava um pouco mais alto que o seu normal, mas havia um sorriso amistoso bastante genuíno em seu rosto.

    - Agradeço a recepção. Para onde exatamente vamos?

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      Data/hora atual: Dom Jan 19, 2025 8:37 pm