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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por thendara_selune Sex Dez 20, 2024 9:20 pm

    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Oig1_126


    Nas margens do rio que serpenteia entre as árvores densas e as águas misteriosas de Águas Claras, Maria Iara da Silva cresceu com os sons das águas, o cheiro da terra e as rezas antigas de sua mãe Jussara, uma benzedeira de renome que carrega no peito a força de sua ancestralidade indígena. Ao lado de seu pai José Maria, pescador e homem das matas, Iara aprendeu desde cedo que a vida no vilarejo não era apenas uma rotina tranquila, mas um elo profundo com os espíritos da natureza.
    A história de Iara começou ainda dentro do ventre de sua mãe, em um momento de grande desespero. A gestação foi difícil, e Jussara, temerosa pela vida de sua filha, fez um pacto com a mãe das águas, pedindo proteção para o parto. A criança nasceria saudável, e, em troca, Iara carregaria o nome de Maria, como todas as filhas de José, e o nome de Iara, em homenagem à divindade que a salvara. Foi assim que ela ganhou seu nome, uma fusão de tradições e promessas.

    Crescendo em meio a árvores e rios, Iara se tornava cada vez mais uma parte vital daquele mundo. Ela nadava nas águas como se fosse uma com elas e se embrenhava na mata, com o instinto afiado de quem ouve as vozes das árvores e sente os suspiros do vento. Quando criança, teve o primeiro encontro com o Curupira, a entidade mística das florestas, que a protegeria quando um caçador maltratou os animais. Iara, escondida, sentiu a brisa suave que lhe tocou o rosto, como um sinal de que a natureza estava com ela. Esse evento marcou sua vida, tornando-a uma defensora fervorosa da floresta.

    Quando seus irmãos partiram para a cidade em busca de estudos, Iara ficou com seus pais, ajudando-os no dia a dia. Ela sabia como ler o céu e prever o clima, compreendia os ciclos do rio e da piracema, e seguia os ensinamentos de sua mãe na arte da pajelança. Jussara, com suas mãos que curavam corpo e alma, preparava Iara para continuar seu legado. A vida da jovem era simples, mas ao mesmo tempo imensa, pois ela carregava em si uma conexão com as forças invisíveis que moldam o mundo.

    Em uma tarde tranquila, enquanto o aroma acolhedor do bolo de milho recém-assado se espalhava pela casa de madeira, seus pais a chamaram para uma conversa importante. José Maria e Jussara haviam feito um acordo com a tribo Jamamadi, do outro lado do rio. O governo brasileiro, oferecendo proteção e benefícios à aldeia, sugerira uma expedição ao sítio arqueológico onde se acreditava haver um minério raro, e José, com sua experiência, propôs ajudar os Jamamadi nessa jornada. O Pajé Anuá Karu, líder da tribo, já havia aceitado o acordo, mas José acreditava que Iara, com sua profunda conexão com a mata e o rio, poderia ser os olhos e ouvidos da aldeia nesse importante evento.


    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Whatsa25
    “Você conhece bem o rio, a região,” disse José, com um olhar de confiança e preocupação. “E eu sei que você aprendeu muito conosco. Confiamos em você, minha filha.”
    Iara sentiu o peso da responsabilidade em suas palavras, e seus pensamentos a levaram às águas e florestas que sempre foram sua casa. Mas agora, ela sabia que seria chamada a proteger não apenas sua terra, mas também os mistérios e segredos que a natureza guardava com tanto zelo. Antes que ela pudesse responder, a televisão se ligou sozinha, trazendo uma notícia que, embora distante, mexeu profundamente com algo dentro dela: relatos de OVNIs surgindo em vários estados dos Estados Unidos. O noticiário também alertava sobre uma ameaça iminente de uma terceira guerra mundial, e de repente, Iara sentiu uma estranha sensação de que seu destino estava se entrelaçando com forças muito maiores do que ela poderia compreender.

    A mãe, rindo ao perceber que havia sentado no controle remoto, desfez o clima tenso da sala, mas Iara sabia que o momento que se aproximava mudaria sua vida para sempre. Ela não sabia ainda, mas as águas de Águas Claras estavam prestes a revelar algo além dos mistérios da floresta. Ela sentiu em seu coração que, assim como o Curupira a protegia, a natureza tinha algo mais a lhe mostrar, algo que poderia ir muito além da aldeia e até do próprio mundo que conhecia.











    O vento balançava as folhas da janela, trazendo consigo o som suave de Amazônia, de Roberto Carlos, que ecoava pela aldeia. Apesar de sua simplicidade, Águas Claras mesclava tradições e modernidade, graças aos painéis solares que iluminavam as casas, ao comércio movimentado e ao transporte constante de barcos e jipes. A vida pulsava ali, numa harmonia peculiar.

    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Oig2_612



    Da porta da sala, que dava para a varanda, Iara podia ver a fonte da música: um jipe estacionado ao lado de fora, com o som alto preenchendo o ar. Dele desceu um homem com um chapéu que sombreava seu rosto, envolto em um mistério que parecia contrastar com a luz vibrante da tarde. Antes que Iara pudesse decidir se a curiosidade a levaria a investigar quem era aquele homem, sentiu a mão de sua mãe tocar suavemente a sua, trazendo-a de volta à conversa.

    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Whatsa24


    “Você topa essa empreitada, Iarinha?” perguntou Jussara, com a voz firme, mas acolhedora, seus olhos carregados de expectativa e confiança.



    OFF: Fique à vontade para explorar o ambiente antes e durante o seu prólogo. Você tem liberdade, assim como os demais, para ir conhecendo a proposta do jogo e da sua personagem sem pressa.
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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por shamps Dom Dez 22, 2024 10:26 pm


     Descrição da imagem
     



       De pés no chão, com frequência Iara passeava pela mata, sentindo a energia da terra úmida e da natureza. Os pés sujos não eram um problema para ela - talvez para sua mãe quando limpava a casa -, mas ela jamais entrava com os pés sujos em casa, já que ela também a limpava. Era corriqueiro ir molhar os pés na beira do rio Claro. A água cristalina daquele lugar era revitalizante para a jovem, um lugar onde sempre ia para eliminar pensamentos ruins que se apossavam dela ou energias ruins das pessoas ambiciosas que passavam por lá. O lugar onde morava era um enorme psicólogo para ela. Ela sempre ria com essa ideia tola.

    Seu dia a dia era assim, sair para coletar ervas para mãe, coisas que não tinham em seu quintal, passear pela mata, nadar, ajudar a mãe em casa e ajudar o pai com a pesca.
    Aquele dia tinha sido produtivo, a pesca rendeu e a venda foi boa no mercado local. Pai e filha levaram alguns exemplares para casa para o jantar. Jussara terminava de atender seu último cliente do dia, uma criança com bronquite, a qual ela fez uma reza poderosa e receitou uma garrafada. Ela sempre saudava sua mãe e pai com um beijo na testa. Antes de Jussara começar a lidar com o jantar, a família teve um pequeno impasse com um habitante da floresta, tiveram espantar uma cobra e sobrou para Iara leva-la para um local seguro. Algo bem comum às casas da vila. Quando regressou, a mãe já estava adiantada na limpeza do peixe e Iara foi à venda buscar uma pimenta para a mãe, uma que ela adorava. Teve que correr, pois a venda fecharia em poucos minutos.

    - Ah... seu Zé - ela chegou esbaforia na vendinha e o homem realmente já estava juntando as coisas para dentro da mercearia para fecha-la - que bom que ainda achei o senhor - riu sem graça - o senhor tem aquela pimentinha que a mãezita gosta? Aquela amarelinha... - ela se aproximou do balcão e tirou umas notas do bolso, depositando-as em cima do vidro da bancada.

    Quando voltou, entregou o vidro para a mãe explicando que daquela vez tinha sido por pouco, o que fez a mulher rir. O bolo de milho fresco e fumegante estava na mesa e a moça pegou um pedaço, quase queimando os dedos e jogando-o de uma mão à outra. José se aproximou com certa preocupação no olhar e sentou-se à mesa. Iara deu uma enorme mordida, mas paralisou encarando o pai enquanto ele falava. Farelos no canto da boca foram tirados quando ela passou a mão suavemente para tira-los. Ela ainda estava incrédula com o que ouvia.

    - U... uma expedição? Sítio arqueológico? M... metal raro? - essa foi a parte que mais a chocou - se é raro deve continuar raro... Se... - ela se endireitou na mesa - se isso se espalha por aí, conseguem imaginar o caos que isso vai virar? A destruição que os ambiciosos vão causar... meu deus... - ela se levantou e olhou para o pai - não acredito que Anuá Karu concordou com isso! - ela ainda estava estarrecida.

    Ela respirou fundo para se acalmar, ela entendia a intenção do pai ao contar aquilo, mas o que uma simples ribeirinha poderia acrescentar em uma expedição. E se ela tivesse que lutar contra empresas malditas e exploradoras? Ela defenderia sim a região com unhas e dentes.
    A TV ligando sozinha trouxe a garota à terra com um susto, ela levou a mão ao coração e soprou o ar com força. Por que a notícia falava de ovnis? Que droga, será que agora até ets iriam querem destruir a paz de seu lar? Ela demonstrou sua frustação com um tapa na mesa, o que fez sua caneca de café tremer. A notícia mexeu com ela, mesmo sendo uma moça doce e gentil, ela virava uma fera quando o assunto era a floresta e o rio.
    Ouviu a música vinda de fora e suspirou, sua cabeça olhando para a movimentação da rua. A noite chegava com calma, as cores vívidas do entardecer já tingiam a pele bronzeada da aldeã.

    - Já começou - ela falou baixo quando reparou no estranho homem no jipe. Sentiu a mão de sua mãe na sua e voltou-se a ela - eu vou pensar!

    Iara se levantou da mesa e com passadas firmes caminhou até a rua. Os pés descalços espalhavam a poeira por onde pisavam em direção ao estranho.

    - Quem é você e o que faz aqui? - ela não estava nada amistosa - aqui não tem nada pra você não. Volte pro lugar de onde veio. Vaza pras tuas terra - uma mão na cintura e a outra balançando no ar mostravam que a garota não estava para brincadeiras - não é  bem-vindo aqui! - os olhos castanhos fuzilavam o forasteiro feito uma carabina tendo seu cartucho esvaziado.

     


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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por thendara_selune Dom Dez 22, 2024 11:39 pm

    FALAS: Mãe / PAI/ DEMAIS NPCs
    Ela se aproximou do balcão e, com um sorriso discreto, colocou algumas notas sobre o vidro da bancada.
    O velho sorriu, exibindo poucos dentes, mas uma simpatia imensa.


    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Oig215




    — Aqui está, menina. Se apresse e leve pra sua mãe. Agradeça a ela pelo lambedor que me deu... — Ele entregou o troco e a pimenta, já se virando para atender outro cliente.
    Jussara, ao pegar o vidro de pimenta, olhou para a filha com um carinho profundo, aquele amor de mãe que só cresce com o tempo. O cheiro do bolo de milho fresquinho se espalhava pela casa de madeira e tijolos. Algumas casas da aldeia eram como a sua, erguidas acima do nível do rio, reminiscências das grandes cheias do passado. No entanto, há dois anos, a Amazônia enfrentava uma seca severa, o que levou o governo brasileiro a firmar parcerias com empresas e ONGs para implementar o projeto "Amazônia do Futuro." Poços foram perfurados, estudos sobre clima e solo realizados, e, embora a população local estivesse se adaptando à presença de estrangeiros, a aldeia de Águas Claras seguia tranquila. A energia solar, a visita quinzenal da equipe de saúde e os barcos regulares para a cidade mantinham a rotina em paz.
    José e Jussara observavam Iara, compreendendo sua reação. A mãe, com um tom sereno e materno, disse:
    — Iarinha, a questão é mais profunda... — José pousou a mão sobre a de Jussara e continuou. — Sua mãe e eu queremos que você pense bem. Você e seus irmãos têm sangue Jamamadi, sua ancestralidade está em você, e sempre respeitei isso. Sua mãe tem um pé na tribo, embora a mãe dela tenha escolhido viver em Águas Claras. Ela une nossa fé com os ensinamentos da tribo, e foi essa união que te salvou, por isso eu respeito. E é justamente por isso que estou pedindo que você participe dessa expedição. Sua avó era uma mulher muito especial, e você e ela são muito parecidas...
    Jussara sorriu. — Minha mãe teria muito orgulho de você, Iara. Vamos deixar você pensar. Tome seu tempo. Anuá, assim como nós, sabe que não podemos virar as costas para o governo. E o governo não sabe o que nós sabemos, Iara e por isso queremos alguém de confiança além do Pajé nessa expedição...


    Iara, ainda pensativa, levantou-se e caminhou até a rua com passos decididos. Seus pés descalços espalhavam poeira pelo caminho enquanto ela se aproximava do estranho.— Quem é você e o que faz aqui? — Sua voz era firme, sem sinais de simpatia.






    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Oig4_f10
     homem, aparentando pouco mais de vinte anos, etirou o chapéu e olhou Iara com um misto de surpresa e curiosidade.
    — Me chamo Alexandre Cassini Lee, prazer... — Ele estendeu a mão para Iara. Logo atrás dela, apareceu José.

    — Doutor?! — José exclamou, reconhecendo o visitante. Jussara surgiu na porta, com um sorriso cúmplice.
    — Achamos que só chegava amanhã... Desculpe pela nossa filha, ela é assim mesmo... — A voz de Jussara tinha o tom suave de uma mãe que entende. — Iara, esse é o médico temporário que ficará aqui. Ele faz parte da visita quinzenal, mas pretende ficar mais tempo. Está terminando o mestrado, e o tema dele envolve a qualidade da água do rio e os efeitos na população local...


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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por shamps Seg Dez 23, 2024 8:47 am


     Descrição da imagem
     



      Ver aquele casal junto, à mesa, era uma das maiores alegrias da jovem Iara. Sim, ela compreendia a intensão dos pais e nunca, em nenhum momento, passou por sua cabeça não ouvi-los e analisar a situação. Ela era esperta, altiva e vívida, tudo era motivo para explorar e discutir. Ela suspirou e também segurou na mão dos pais.

    - Eu honro meu sangue, sem dúvidas... - ela suspirou - se eu me meter nessa pataquada, é pra ficar de olho nessa gente, entendeu? - olhou para o pai e depois para mãe, terminando de colocar o bolo na boca e dando um longo gole no café. Sentia saudade de seus avós e era golpe baixo falar deles para convencê-la daquilo.


    Do lado de fora, ela encarou o forasteiro dos pés à cabeça, com cara de poucos amigos e não estendeu a mão para cumprimentá-lo. Nem quando seus pais se aproximaram ela baixou a guarda. Os olhos castanhos, sempre doces, agora eram orbes ferozes prontas para atacar qualquer um que ousasse chegar perto de sua família. Contudo, ela ficou estarrecida quando seus pais parecerem conhecer o forasteiro, o tal Cassini, mesmo assim, ela ainda não relaxou a postura dominante e protetora que tinha.

    - Eu conheço os médicos quinzenais e esse daí não um deles - falou com certo desdém - estudar a água? Que eu saiba é a vigilância sanitária que faz essas coisas... ou os biólogos seiládasquantas - ela era mateira sim, mas era muito observadora e estava sempre de olho nas pessoas que passavam pela vila e nas marcas que essas deixavam. Já tinha visto vários biólogos se achando os espertões para cima dos aldeões e ela não suportava aquilo - mestrado? - ela bufou pela milionésima vez, olhou para o céu e esfregou o rosto com as mãos - mais um almofadinha metido à besta pra se achar o tal - ela falou isso enquanto se virava e abria os braços em um sinal claro de indignação. Falou baixo, mas o suficiente para ouvirem enquanto caminhava de volta para casa. Tinha saído tão depressa que não notou quando uma de suas tornozeleiras tinha arrebentados e soltado todas as peças pelo chão; pisou em uma delas e gritou - que ódiooooooo - e feito uma onça rumou direto para o banho. Estava tudo dando errado naquele fim de tarde: governo, forasteiro, ovni, expedição. O que mais faltava agora? Queimar o chuveiro? Seria o fim.

     


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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por thendara_selune Seg Dez 23, 2024 9:26 pm

    Alexandre mantinha um sorriso educado nos lábios enquanto observava a cena protagonizada por Iara. Os pais dela também a acompanhavam atentamente. José, visivelmente desconfortável, pediu desculpas ao jovem, e, em seguida, Jussara entrou atrás da filha, dizendo com firmeza:

    — Vamos conversar, minha filha, no seu quarto.

    Iara sabia que, quando a mãe a olhava daquele jeito — sem piscar, com as mãos firmemente apoiadas na cintura —, era sinal de que vinha um tipo de conversa do qual, por mais contrariada que estivesse, ela não poderia escapar.

    Caso Iara vá até o quarto:

    OFF: @shamps Monte o quarto de Iara como preferir. Aproveite o momento para interagir com Jussara ou, se preferir, faça com que Iara fuja da conversa. A decisão é dela Twisted Evil Very Happy .

    O quarto de Iara era simples, como o restante da aldeia, mas confortável. Apesar da rusticidade local, a comunidade contava com uma infraestrutura básica: energia solar, transporte por barcos e jipes que circulavam seis vezes ao dia. No centro da aldeia havia um pequeno posto de saúde, e o sinal de internet era excelente graças a uma parceria governamental com uma empresa de satélites. A educação também era bem organizada, com uma escola de ensino fundamental na própria aldeia e outra de nível médio localizada a duas horas dali, acessível por meio de um ônibus escolar.

    As paredes do quarto, feitas de madeira, exibiam fotos de sua época de escola e retratos da família. Cada imagem trazia sorrisos e memórias ainda vivas. Agora, o espaço era só dela; o antigo quarto dos irmãos permanecia quase intacto, como se aguardasse suas presenças.
    Assim que entraram, Jussara fechou a porta e cruzou os braços, falando em um tom calmo, mas autoritário:

    — Maria Iara! Trate de se controlar. Te criei como um bichinho solto, mas isso não significa que pode ciscar como bem quer!
    Os olhos de Jussara fixaram-se na filha, cheios de determinação.

    — O rapaz ali é médico, todo credenciado, Iara. Não pense que eu e seu pai somos ingênuos.Ela caminhou até a cama, sentou-se e fez um gesto para que a filha se sentasse também.

    — A cooperativa escolheu seu pai porque sabem que ele é um homem justo, honesto e de mente ligeira. Nosso problema não é o médico, mas sim a expedição. Por ora, se acalme. O rapaz vai ficar conosco, na cabana anexa à nossa, lá atrás. É simples, mas para ele está bom.

    Ela suspirou, puxando a filha para perto, deu-lhe um beijo no rosto e um abraço apertado. — Menina, você ainda vai me matar do coração! Que gênio! Parece uma onça... — disse, rindo em seguida. — Paciência, minha filha. Saiba que eu e seu pai nunca damos ponto sem nó. Vai chegar o dia em que você e todo mundo vão entender, viu?
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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por shamps Ter Dez 24, 2024 5:32 pm


     Descrição da imagem
     



      A voz da mãe surgiu atrás dela feito um tsunami que seria impossível Iara fugir e sobreviver. A mão na cintura dizia que a coisa era séria. Tal mãe, tal filha. Iara era geniosa, mas respeitava os pais num nível devoto. Seguiu para o quarto sem falar nada, muito menos sem bater os pés ou a bronca seria maior.

    Seu cantinho era aconchegante e confortável, mesmo sendo uma onça brava, o quarto mostrava o contrário: era fresco e meigo, um quarto feminino, já não tão infantil quanto era há alguns anos atrás. Tinha uma colcha de retalhos feito por ela mesma com tons claros, além de fotos escolares e da família, também seu cãozinho Fiapo estava representado em um desenho feito por um profissional da cidade. Uma boneca de pano e algumas pelúcias enfeitavam a cama, nada exagerado. Um guarda-roupa, uma mesa de estudos com um notebook rosa e uma cômoda preenchiam o recinto. Cremes, perfumes, maquiagem e bijus completavam a cena.

    A mãe estava séria e Iara ouviu tudo sem falar nada, sentou quando ela pediu e manteve a cabeça baixa, observando os joelhos. Ela aprendeu com eles o respeito aos mais velhos e que criança não falava no meio da conversa ou da bronca e assim ela o fez. Sua mãe estava certa, a moça era um primor quando estava atacada. Só quando foi autorizada pelo olhar da mãe é que ela pode se explicar.

    - Desculpa, mãezita... - ela arregalou os olhos - claro que não te acho ingênua! De forma alguma - ela jamais pensou aquilo dos pais - eu sei que passei dos limites, mas... mas eu fiquei pilhada com a expedição, ovni, Estados Unidos, guerra... aquele cara aparecendo aqui feito um Indiana Jones achei que já podia ser um interesseiro ou algo assim... tipo... tipo aqueles caçadores de dinossauros que vão lá matar todos os dinos no filme do Jurassic Park... - ela suspirou.

    Quando a mãe falou sobre ele ser médico, mais uma vez uma veia saltou no pescoço da jovem.

    - Quando o José Gabriel se formar teremos um médico de verdade, alguém daqui, que conhece a nossa realidade. Até lá, eu só suporto esses "quinzenistas"... Mãeeee... a senhora sabe que eu sou desconfiada com forasteiros e que levo tempo para confiar em alguém... não me condene por isso. E nem fiz nada demais... só disse que não fui cas fuça dele.

    Contudo, ela se ouriçou ainda mais quando a mãe falou que ele ficaria ali.

    - Aquiiii? Mas por que? Tem pousada na cidade... pelo menos ele vai pagar aluguel? A gente nem conhece ele... Arre... eu sei que o paizito é o melhor da aldeia, mas... ele precisa mesmo cuidar desse moço? - ela suspirou novamente e passou a mão pelo cabelo - tá... mas se ele ficar de gracinha aqui na vila, meto um soco naquele queixo liso - ela socou uma mão na outra - e não espere que eu fique amiga dele. Tô nem aí se ele é cheio dessas coisas aí de credencial. Ele que não se meta a besta. Nhenhheene... dr Lee... - fez uma graça para a mãe - agora vou pedir desculpas pro pai, tomar um banho e passar uma arnica no pé que já tá ardendo. Pisei naquelas bolinhas dos inferno... E tô com fome também... atrapalhou meu jantar, já perdeu respeito... - sua barriga roncou alto bem na hora - tá vendo? É verdade...

    Ela amou receber o beijo da mãe e retribuiu a beijoca na bochecha dela.

    - Depois a senhora me conta desses pontos aí que fiquei curiosa. O que os senhores tão aprontando, hein? Onça vou ficar se não jantar... bora... vou tomar banho e te ajudar a por a mesa... - ela se levantou puxando a mãe junto - vocês dois, hein... sempre cheios de surpresinhas, hahahaha.

    Quarto e Fiapo:

     


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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por thendara_selune Sex Dez 27, 2024 12:06 am



    Fala Mãe
           Pai
           Alexandre
    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva 38fb5610
    @shamps

    — Depois, lhe contaremos sobre nós e muito mais, Iara — disse Jussara, com um olhar profundo e cheio de orgulho.

    Fiapo entrou saltitando, pulando nas pernas de Iara com uma alegria genuína.

    — José Gabriel um dia estará pronto, mas não sabemos se ele vai querer ficar aqui. Mas isso é outra história... Vamos arrumar tudo para o jantar. — Ela se levantou e, com um gesto, indicou para Iara. — Tome um banho e venha me ajudar a pôr a mesa.

    Fiapo abanava o rabinho, seus olhos brilhando de carinho pela família que tanto amava. Iara, ao caminhar até o banheiro, sentiu uma brisa fria cortando a casa. O entardecer cedia lugar à noite, cobrindo Águas Claras com seu véu sombrio. As luzes da vila começaram a brilhar em sincronia, enquanto algumas pessoas se dirigiam à missa das 18:00, outras ao culto, e outras retornavam à aldeia, cansadas, após um longo dia na cidade — seja por barco, carros ou jipes da prefeitura. O ônibus escolar estacionou, trazendo consigo um suspiro de descanso.

    Os sons da vila chegavam até Iara: vozes, passos, risos, o murmúrio familiar da música da aldeia. Os pais estavam na sala de jantar. O tal médico devia estar no anexo, longe dos olhares contrariados de Iara. Fiapo, por sua vez, aguardava pacientemente, deitado sobre o tapete de retalhos que ela mesma ajudara a mãe a fazer.

    Na hora do jantar, Iara ajudava a mãe a organizar a mesa. José estava ali também, visivelmente cansado, enquanto uma música suave tocava ao fundo. Fiapo saltou para uma poltrona antiga, olhando com expectativa, esperando alguma migalha.

    — Alexandre vai jantar sozinho... — disse José, quebrando o silêncio. — Está cansado da viagem.

    Jussara assentiu com um gesto, enquanto Iara se ocupava com a comida. Havia mandioca cozida, carne temperada à moda de Jussara, sopa suave de legumes, café, pão fresco feito por Iara, leite e até piabas assadas, que José adorava. Durante o jantar, Jussara falava de um paciente aqui e ali, enquanto o marido mencionava que a pesca não estava boa. Ele também falava sobre uma reunião para discutir a criação de tanques para peixe ou o cultivo de frutas resistentes à seca na região.

    Iara ouvia, enquanto Fiapo, debaixo da mesa, se aproximava cautelosamente, na esperança de que algo caísse.

    Quando Iara estava prestes a falar, todos ouviram um zunido fino, quase imperceptível, que cortou o ar. Fiapo se agitou, latiu ferozmente, mostrando os dentes para uma ameaça invisível.

    Então, um estrondo aterrador fez a casa tremer. Os pratos na mesa balançaram, e o corpo de Iara se sacudiu com o impacto. Jussara agarrou a filha, enquanto José se inclinava para protegê-la. Fiapo se enfiou entre as pernas de Iara, ainda latindo. Foi quando o médico apareceu, e outro estrondo, seguido de um vento forte, provocou um som como uma explosão.Um clarão iluminou a noite como se fosse dia, e, num piscar de olhos, tudo se apagou. A mente de Iara parecia ser esmagada, enquanto ela ouvia ao longe as vozes dos pais chamando seu nome. Um gosto ferroso invadiu sua boca, e uma luz intensa parecia cegá-la. Alguém apertava seus braços suavemente, e ela sentiu um abraço acolhedor. Então, o silêncio retomou o controle.

    Dias depois?

    Quando Iara despertou, estava em sua cama, com os pais ao seu lado. Fiapo estava deitado perto de seus pés, encolhido e observando-a atentamente. Alexandre estava verificando sua pressão.

    — Ela está bem. Depois, vou visitar as outras pessoas. Muitos tiveram reações diversas. Agora, com essa agitação na vila, será ainda mais complicado acalmar todos — disse ele, em um tom tranquilo.

    José, com expressão séria, comentou:

    — Um meteorito fez tudo isso?

    Jussara suspirou, parecendo cansada.

    — Caiu no rio de um jeito que secou um trecho bem perto dos Jamamadi, mas, ao que parece, ninguém se feriu lá.















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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por shamps Sáb Dez 28, 2024 10:52 pm


     Descrição da imagem
     



      Abraçada em seu amiguinho felpudo, Iara ficou pensativa sobre as falas da mãe. Ela não era burra e sabia da possibilidade de seus irmãos que foram estudar fora não quererem ficar em Águas Claras, mesmo que eles sempre falassem o contrário. As irmãs professoras ficaram , mas e os que buscam coisas maiores? Ela beijou Fiapo e seguiu para o banheiro.
    Enquanto ajudava a mãe a por a mesa, Iara cantarolava animada um popzinho mais antigo e jogava beijinhos para Fiapo, coisa que ele recebia inclinando a cabeça para o lado.

    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva 54232895175_4503cd7ce6_n
    - Que bom! - ela sorriu aliviada quando o pai chegou e falou que o médico iria para casa dele - e ele tem comida? Ah, não importa... vem paizito, a comidinha tá pronta - ela foi puxando o homem pelo braço e depositou um beijo na bochecha dele - o senhor explicou pra ele sobre os animais que podem aparecer eventualmente e que não é pra matar? Que ele tem que chamar algum local pra espantar o bicho pro mato? Eu não vou ter dó daquele nariz retinho se ele maltratar qualquer criatura daqui!

    O jantar ocorreu sem maiores problemas, ela prestava atenção nos pais e dava pedaços de carne para Fiapo sentado aos seus pés. A preocupação com os assuntos locais atingia a jovem e ela iria participar da reunião sobre os tanques de peixes. Comentaria algo, mas Fiapo ficou em estado de alerta e começou a latir, o que chamou a atenção da moça. Coçou o ouvido com um leve desconforto e iria comentar algo, mas tudo aconteceu tão rápido. Ela gritou com o susto e buscou pelos pais e pelo cão, a confusão era generalizada. Viu o médico aparecer e mal conseguiu chama-lo.

    - Ale... xa... ajud... - queria pedir ajuda para os pais, mas a dor de cabeça a impediu de qualquer movimento, o sangue na boca a fez tossir, o clarão a cegou. Tentou gritar por socorro, mas não tinha mais forças, nem viu quem a confortou, quem a abraçou... tão reconfortante e protetor... Quem era?


    As lembranças da explosão eram flashes dolorosos em sua mente quando ela começava a despertar. Ouvir a voz da mãe ao longe foi reconfortante, quase como um abraço, algo que a impulsionou a abrir os olhos, um processo lento e doloroso. Mexendo os olhos e a cabeça devagar, viu um borrão próximo a ela e tentou entender o que acontecia.

    - Alexand... o que... - tentou falar, mas a cabeça latejou - pai... mãe... - buscou por eles imediatamente e vê-los bem a levou às lágrimas, sentia os pelos macios de Fiapo em sua canela e isso era prova de que ele também estava bem. Jogou o braço sobre os olhos enquanto ouvia o médico e o pai conversando, então tinham mais feridos na vila. Isso foi causado por um meteorito? Como assim? E caiu perto do rio? - o rio? - ela tentou se levantar mesmo com dores - eu... vou lá... - tentou se levantar - obrigada, forasteiro, por cuidar da gente. Pode ir ver os outros... - olhou melhor agora para os pais, Fiapo e Alexandre para ter certeza de que estavam bem - o que aconteceu? - deu uns tapas no colchão chamando Fiapo para deitar ao seu lado - eu ouvi algo sobre meteorito... pedras caem do céu o tempo todo e nenhuma nunca explodiu.

     


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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por thendara_selune Seg Dez 30, 2024 11:04 am

    Pai
    Mãe
    Alexandre


    Sentia dores pelo corpo, nada grave, mas a tontura e a dor de cabeça eram difíceis de ignorar. Alexandre permaneceu em silêncio por um momento, oferecendo apenas um sorriso gentil, enquanto deixava que os pais de Iara tomassem a dianteira na explicação.
    — Dizem que foi um meteorito, minha filha. Você dormiu um dia inteiro — começou Jussara, com cautela, como se organizasse os próprios pensamentos. — Ele caiu ontem, na hora do jantar. Muita gente desmaiou. Você foi uma delas... gemeu um pouco enquanto dormia. Ficamos aflitos, mas Alexandre cuidou bem de você.


    José acrescentou com um tom mais grave: — Já tem gente do governo aqui. Isolaram o rio. A vila está fechada,ninguém entra ou sai...
    Fiapo permanecia quietinho, observando-a com seus olhos atentos. Quando Iara tentou se levantar novamente, Alexandre interveio com firmeza, colocando uma mão suave em seu ombro.


    — Nada de esforço por agora. Você não precisa me agradecer. Está tudo bem e, felizmente, você não se machucou. Talvez tenha sido sensível ao som da explosão e, quando desmaiou, mordeu a parte interna da bochecha. Isso vai incomodar por alguns dias, mas logo vai passar.


    Os pais de Iara a olharam com olhos marejados. Jussara se inclinou e depositou um beijo suave na testa da filha, enquanto José apertava sua mão com ternura.


    — Você precisa repousar. Seu pai vai falar com os vizinhos, e eu vou ajudar algumas pessoas na aldeia — explicou Jussara, com um tom calmo, embora a preocupação fosse evidente. — Alexandre vai ficar com você até que descanse de novo, depois ele também vai sair. Fiapo estará aqui para tomar conta de você.


    Ela suspirou antes de continuar:


    — Suas irmãs e irmão estão bem, tenho certeza. Recebi uma mensagem do João. Ainda bem que as meninas estão na cidade, em um encontro pedagógico. Estão longe desse tumulto, mas fico preocupada com você aqui... Fiapo e os outros bichos parecem não ter sido afetados, graças a Deus.




    Iara sentia um misto de alívio e inquietação enquanto processava as palavras da mãe. O silêncio do quarto, quebrado apenas pela respiração tranquila de Fiapo, contrastava com a agitação que fervilhava em sua mente.


    Pouco depois, os pais saíram, deixando-a sozinha com Alexandre. Ele parecia preocupado, com os braços cruzados enquanto olhava pela janela, observando a movimentação lá fora. Depois de um momento, ele se virou para Iara.



    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Oig2_124



    — Pela quantidade de militares e gente do governo, devem resolver as coisas logo... — disse Alexandre, mas seu tom não transmitia muita confiança. Havia algo mais em seu timbre, uma espécie de cadência peculiar no final da frase que fez Iara erguer uma sobrancelha, intrigada.


    Ele engoliu em seco, desviando o olhar por um instante antes de encará-la novamente. Seus olhos eram pretos, tão profundos quanto uma noite sem estrelas, algo que parecia puxar a atenção para um abismo silencioso.


    Iara, mesmo ainda sentindo dores e uma leve tontura, não pôde evitar a sensação de que havia algo que ele não estava dizendo. Algo sobre aquela explosão, aquele meteorito, ou talvez... ele mesmo.


    Fiapo, por outro lado, parecia alheio às tensões que rondavam o ambiente. Ele saltou da cama e foi até Alexandre, erguendo-se nas patas traseiras e pedindo atenção. O médico se abaixou com naturalidade e afagou o cão com carinho, arrancando um abano feliz do rabinho de Fiapo.
    O semblante de Alexandre suavizou diante do gesto.

    — Também tenho meus pets... Estão com meus pais. Meu pai os chama de "Caramelos Lupus Brasilis" — disse ele com um sorriso meigo, que parecia apagar, ainda que momentaneamente, qualquer resquício de mistério em sua expressão.


    Fiapo aproveitou o momento para se aninhar ainda mais perto, e Iara, observando a interação, não pôde deixar de pensar que talvez o médico não fosse uma pessoa ruim. O jeito como ele tratava Fiapo era caloroso, quase natural, como se estivesse acostumado a dar afeto a animais.
    Mas, mesmo assim, algo naquele brilho peculiar em seus olhos não deixava Iara totalmente à vontade.
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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por shamps Seg Dez 30, 2024 6:29 pm


     Descrição da imagem
     



     Iara ouvia os pais com atenção, tentando entender o que aconteceu e cada vez aquilo fazia menos sentido. Mesmo zonza permaneceu sentada na cama e encarava os pais.

    - Que meteorozinho filho da p... - travou a fala em respeito aos pais - o dia inteiro? Mas que desperdício... a pesca... - ela coçou a cabeça e olhou para o pai preocupada com o dia perdido - eu senti dor, é claro que gemi - mas as palavras seguintes deixaram ela furiosa - cuidou de mim? Como? - seu semblante estava raivoso, ela pegou o travesseiro e jogou contra o médico - me abraçando enquanto eu desmaiava? Seu safado indecente - ela gritou.

    Da janela dava para ouvir a agitação que o acontecimento gerou na cidade, não era diferente do que acontecia ali.

    - O governo tá aqui? Isolaram a gente? Por causa de uma pedra? Que história é essa? - ela segurava a cabeça de tempos em tempos, ainda sentia ela pesando um pouco - já disse pra não tocar em mim - ela tirou o ombro da mão de Alexandre e o olhava com indignação. Não confiava nele desde quando chegou e agora ele parecia mais suspeito ainda - mãaaaaae... a senhora não acha que já tô grandinha pra precisar de babá? - odiou saber que seus pais a deixariam sozinha com o Indiana Jones do Paraguai - se o Fiapo vai ficar, ele não precisa - e apontou para o médico. A dor que sentia  na boca ao gritar valia apena para mostrar para Alexandre que ele não estava lidando com uma caipira matuta.

    Ficou feliz ao receber o carinho dos pais e de seu cãozinho, afagou o rosto da mãe ao ver as lágrimas em seus olhos.

    - Tá tudo bem, mãezita... tipo, não preciso descansar mais, já dormi o dia todo... preciso ir com vocês investigar... - Iara também ficou mais calma ao saber que seus irmãos estavam bem, eles eram tudo para ela - que bom que eles estão bem... Fiapo é macho, não ia mesmo deitar pra um barulhinho de nada, né amigão - e acariciou a pelagem arrepiada do fiel companheiro.

    Mesmo com os protestos da morena, José e Jussara deixaram o quarto e, por mais que ela compreendesse que os pais tinham seus assuntos, ela ficou aflita ao se ver sozinha com um estranho em seu quarto. Ela se encolheu e se afundou embaixo das cobertas, deixando apenas a cabeça para fora. O encarava com desconfiança, não porque achasse que ele fosse tentar algo contra ela, mas porque ele exalava uma estranheza única, algo que ela não sabia explicar. Tudo nele era estranho, sua chegada, sua postura, sua voz, seu olhar sombrio, tudo. Estava tão atenta a qualquer movimento dele que nem o engolir pesado dele passou despercebido por ela.

    - Tá com medo do que? - ela notou o tom esquisito na fala dele ao olhar pela janela. Ficou desconfortável quando ele a encarou - fala a verdade, qual é a tua? Por que veio pra cá? Muito estranho esse reboliço todo acontecer logo que você chega... Tá sabendo de algo mais sobre a explosão... Quem é você de verdade? Vai logo, desembucha!

    Fiapo se levantou e Iara tentou barra-lo antes de ir até o médico, o que a deixou estarrecida.

    - Traidor! - falou para o animal que pedia atenção para o estranho - você devia cuidar de mim e não dar atenção a esse daí.

    Era estranho observar a interação entre os dois, era como se ele fosse gente normal. Ouviu sobre seus pets e seu pai. Ele tinha pai?

    - Ele é biólogo pra usar um nome assim? - ela se enrolou ainda mais na coberta - você é estranho mesmo! - e olhou para o lado - não me passa confiança, mas... não sei explicar... me deixa curiosa... mas também não sei se quero saber mais...

     


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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por thendara_selune Qua Jan 15, 2025 10:30 am











    Mãe- Pai e Alexandre


    Iara ouvia os pais atentamente, tentando entender o que havia acontecido, mas, quanto mais eles falavam, menos sentido tudo fazia. Mesmo zonza, permaneceu sentada na cama, encarando-os com uma expressão confusa.

    Os pais, por sua vez, escutavam a filha com paciência. Jussara, sua mãe, fez uma reprimenda severa, lançando um olhar cortante. A filha tinha a boca suja, mas a mulher aliviou o tom ao notar o desconforto de Iara. José, o pai, segurou um sorriso — ele já sabia que a língua afiada da filha era uma característica difícil de mudar.


    — Mãaaaae... A senhora não acha que já tô grandinha pra precisar de babá? — reclamou Iara, a contragosto. Não conseguia esconder o desgosto ao saber que seria deixada sozinha com o "Indiana Jones do Paraguai". — Se o Fiapo vai ficar, ele não precisa — acrescentou, apontando para Alexandre. 

    A mãe estreitou os olhos e respondeu com firmeza:

    — Com essa boca, que já já vai provar o gosto de sabão, você precisa sim de supervisão! Mas não se preocupe, o Alexandre logo vai cuidar dos afazeres dele, assim que os militares liberarem. Enquanto isso, aquiete o facho, Iara.

    José, resignado, apenas suspirou. Sabia que não era o momento de argumentar com Jussara. Com um tom acolhedor, porém firme, acrescentou:

    — Voltaremos quando as coisas se acalmarem na vila. Investigaremos juntos, minha filha. E, olha, o Fiapo é macho valente.

    A despedida dos pais veio com uma sensação de alívio mútuo — os dois acreditavam que Iara tinha entendido o recado.

    Quando ficaram a sós, Alexandre pousou os olhos nela, sua voz carregada de tranquilidade.


    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Oig2_126



    — Medo de nada, Iara. — Ele sorriu de leve, analisando a reação dela. — Já disse que vim fazer a pesquisa do mestrado, mas agora nem sei se poderei…

    Os olhos do médico vagaram até a janela, observando a movimentação lá fora.

    — A água do rio tem propriedades minerais antioxidantes. Teoricamente, tudo que vem dele beneficia os ribeirinhos, especialmente no quesito longevidade…

    Iara já ouvira falar que a água da vila era especial. As pessoas que a consumiam pareciam quase imunes a doenças. Fazia anos que alguém havia morrido ali — e, para ela, nem era tão claro de quê sua avó falecera. Diziam que fora do coração, mas as lembranças de dona Jurema eram de uma mulher ativa e forte. Ela vinha da tribo Jamamadi, do outro lado do rio, e a história era que se apaixonara por um ribeirinho chamado Marcus, vindo com ele para Águas Claras. Os avós haviam falecido há algum tempo, o que tornava difícil para Iara conectar os fatos.
    A voz de Alexandre a trouxe de volta ao presente.

    — Sou só alguém tentando terminar o mestrado. Você é muito desconfiada, dona Iara.
    O leve humor no tom dele quebrou a tensão. A reclamação dela sobre Fiapo fez o cachorro se aninhar no tapete perto da cama, lançando à dona seus característicos olhos meigos.

    — Meu pai é veterinário, minha mãe é funcionária pública. Foi ele quem inventou isso de "Caramelos Lupus Brasilis". Não existe oficialmente, mas é um termo carinhoso. Meu pai sempre preferiu cães sem raça definida, é contra a compra de animais, e minha mãe compartilha a mesma opinião. — Alexandre fez uma pausa, pegou o celular na bolsa e se aproximou de Iara.
    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Oig1_813








    — Meu pai é descendente de coreanos, e minha mãe tem raízes espanholas e brasileiras. Já estive na Espanha e na Coreia do Sul quando era mais jovem. — Ele mostrou uma foto dos pais cercados por vários cachorros em um lugar que parecia um sítio.

    — Você, ou qualquer um da vila, não tem obrigação de simpatizar comigo. Não vim aqui pra causar problemas, só espero que tudo se resolva logo, porque meu período aqui é limitado e depois vou embora.


    A imagem do casal feliz com os cachorros parecia o retrato de uma família de boa índole. Alexandre permitiu que ela observasse por mais algum tempo antes de guardar o celular e, com um tom tranquilo ele fala. — Beba água — disse, a voz suave, mas carregada de preocupação. — Tente relaxar, embora, sinceramente, nem eu esteja conseguindo. Um meteorito cair assim... e pelo que ouvi, ainda secar um trecho do rio...

    Ele suspirou, o olhar perdido por um instante, antes de se recompor e caminhar em direção à porta. — Vou deixá-la sozinha, se preferir. Ou, se quiser, fico aqui e conversamos para matar o tempo — disse Alexandre, com um sorriso discreto, enquanto parava à porta, deixando a decisão nas mãos de Iara.



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    Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva Empty Re: Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva

    Mensagem por shamps Qua Jan 15, 2025 4:21 pm


     Descrição da imagem
     





    Sem os pais em casa, Iara apenas observava friamente cada atitude do médico e não mudava a expressão quando ele olhava para ela.

    - E seu mestrado tem a ver com o rio então, né? - algumas coisas ditas por ele levaram Iara para um passado distante onde ela brincava com sua vó, ela sorriu de leve sem perceber, ela abraçou o próprio corpo ao se lembrar do conforto que sentia com ela - nossa água é mágica - ela cutucou a unha - eu nasci dentro delas - ela riu com o comentário dele - desconfiada? Você ainda não viu nada...

    Fiapo voltou ao seu lado na cama e ela sorriu e o afagou no topo da cabeça. Ele era um safado mesmo, mas era a alegria da casa. Ouvir o rapaz falar sobre seus pais e seus cães suavizou a desconfiança da moça e ele obteve sua atenção. Ela olhou a foto e ficou boquiaberta.

    - Uau, seus pais são lindos, de verdade. Você se parece com eles. Legal ele ser veterinário... Sua mãe faz o que? Olha esses nenéns. Tem mais fotos deles?
    - olhou para os cãezinhos e aquilo amolecia seu coração - o Fiapo é um carocinho de manga chupada, um fiapo de manga, pede pro seu pai batizar essa raça também. Também sou contra a compra de animais. Isso causa um problema ambiental severo quando pensamos nos animais selvagens traficados. É um ponto que me pega forte aqui... sabe... Águas Claras ainda está fora da rota dos traficantes, mas com tanta gente aparecendo por aqui é meio natural eu desconfiar das pessoas. ainda mais você que apareceu parecendo um... um explorador, sei lá...

    Ele falou um pouco mais sobre os pais e suas origens e ela achou interessante a mistura. Ele era viajado e aquilo atiçou a curiosidade da moça que adorava ouvir histórias, mas mordeu os lábios para não transparecer o interesse.

    - Então você é viajado... que legal... bem... - ele ainda falou sobre seu estudo e ela concordou - o povo daqui gosta de todo mundo, vão gostar de você, não esquente. Esse tempo é a universidade que decide? Seu interesse é só a água mesmo?

    E  falando em água, ela aceitou a água oferecida por ele, Iara estava com sede. Sua observação a levou a notar que ele queria ficar mais, o que a deixou dividida entre deixar e expulsa-lo dali.

    - Faça como quiser, não posso te obrigar a nada. Mas se quiser falar sobre suas viagens, vou gostar de ouvir... Mas só se quiser também. Você tem seus afazeres e eu pelo jeito vou ter que ficar de molho. Droga! - ela detestava ficar de fora dos assuntos da cidade, se sentia uma inútil acamada.

     


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