Prólogo - Mistérios de Águas Claras: A Jornada de Maria Iara da Silva
- thendara_selune
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Nas margens do rio que serpenteia entre as árvores densas e as águas misteriosas de Águas Claras, Maria Iara da Silva cresceu com os sons das águas, o cheiro da terra e as rezas antigas de sua mãe Jussara, uma benzedeira de renome que carrega no peito a força de sua ancestralidade indígena. Ao lado de seu pai José Maria, pescador e homem das matas, Iara aprendeu desde cedo que a vida no vilarejo não era apenas uma rotina tranquila, mas um elo profundo com os espíritos da natureza.
A história de Iara começou ainda dentro do ventre de sua mãe, em um momento de grande desespero. A gestação foi difícil, e Jussara, temerosa pela vida de sua filha, fez um pacto com a mãe das águas, pedindo proteção para o parto. A criança nasceria saudável, e, em troca, Iara carregaria o nome de Maria, como todas as filhas de José, e o nome de Iara, em homenagem à divindade que a salvara. Foi assim que ela ganhou seu nome, uma fusão de tradições e promessas.
Crescendo em meio a árvores e rios, Iara se tornava cada vez mais uma parte vital daquele mundo. Ela nadava nas águas como se fosse uma com elas e se embrenhava na mata, com o instinto afiado de quem ouve as vozes das árvores e sente os suspiros do vento. Quando criança, teve o primeiro encontro com o Curupira, a entidade mística das florestas, que a protegeria quando um caçador maltratou os animais. Iara, escondida, sentiu a brisa suave que lhe tocou o rosto, como um sinal de que a natureza estava com ela. Esse evento marcou sua vida, tornando-a uma defensora fervorosa da floresta.
Quando seus irmãos partiram para a cidade em busca de estudos, Iara ficou com seus pais, ajudando-os no dia a dia. Ela sabia como ler o céu e prever o clima, compreendia os ciclos do rio e da piracema, e seguia os ensinamentos de sua mãe na arte da pajelança. Jussara, com suas mãos que curavam corpo e alma, preparava Iara para continuar seu legado. A vida da jovem era simples, mas ao mesmo tempo imensa, pois ela carregava em si uma conexão com as forças invisíveis que moldam o mundo.
Em uma tarde tranquila, enquanto o aroma acolhedor do bolo de milho recém-assado se espalhava pela casa de madeira, seus pais a chamaram para uma conversa importante. José Maria e Jussara haviam feito um acordo com a tribo Jamamadi, do outro lado do rio. O governo brasileiro, oferecendo proteção e benefícios à aldeia, sugerira uma expedição ao sítio arqueológico onde se acreditava haver um minério raro, e José, com sua experiência, propôs ajudar os Jamamadi nessa jornada. O Pajé Anuá Karu, líder da tribo, já havia aceitado o acordo, mas José acreditava que Iara, com sua profunda conexão com a mata e o rio, poderia ser os olhos e ouvidos da aldeia nesse importante evento.
“Você conhece bem o rio, a região,” disse José, com um olhar de confiança e preocupação. “E eu sei que você aprendeu muito conosco. Confiamos em você, minha filha.”
Iara sentiu o peso da responsabilidade em suas palavras, e seus pensamentos a levaram às águas e florestas que sempre foram sua casa. Mas agora, ela sabia que seria chamada a proteger não apenas sua terra, mas também os mistérios e segredos que a natureza guardava com tanto zelo. Antes que ela pudesse responder, a televisão se ligou sozinha, trazendo uma notícia que, embora distante, mexeu profundamente com algo dentro dela: relatos de OVNIs surgindo em vários estados dos Estados Unidos. O noticiário também alertava sobre uma ameaça iminente de uma terceira guerra mundial, e de repente, Iara sentiu uma estranha sensação de que seu destino estava se entrelaçando com forças muito maiores do que ela poderia compreender.
A mãe, rindo ao perceber que havia sentado no controle remoto, desfez o clima tenso da sala, mas Iara sabia que o momento que se aproximava mudaria sua vida para sempre. Ela não sabia ainda, mas as águas de Águas Claras estavam prestes a revelar algo além dos mistérios da floresta. Ela sentiu em seu coração que, assim como o Curupira a protegia, a natureza tinha algo mais a lhe mostrar, algo que poderia ir muito além da aldeia e até do próprio mundo que conhecia.
O vento balançava as folhas da janela, trazendo consigo o som suave de Amazônia, de Roberto Carlos, que ecoava pela aldeia. Apesar de sua simplicidade, Águas Claras mesclava tradições e modernidade, graças aos painéis solares que iluminavam as casas, ao comércio movimentado e ao transporte constante de barcos e jipes. A vida pulsava ali, numa harmonia peculiar.
Da porta da sala, que dava para a varanda, Iara podia ver a fonte da música: um jipe estacionado ao lado de fora, com o som alto preenchendo o ar. Dele desceu um homem com um chapéu que sombreava seu rosto, envolto em um mistério que parecia contrastar com a luz vibrante da tarde. Antes que Iara pudesse decidir se a curiosidade a levaria a investigar quem era aquele homem, sentiu a mão de sua mãe tocar suavemente a sua, trazendo-a de volta à conversa.
“Você topa essa empreitada, Iarinha?” perguntou Jussara, com a voz firme, mas acolhedora, seus olhos carregados de expectativa e confiança.
OFF: Fique à vontade para explorar o ambiente antes e durante o seu prólogo. Você tem liberdade, assim como os demais, para ir conhecendo a proposta do jogo e da sua personagem sem pressa.
- shamps
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- thendara_selune
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FALAS: Mãe / PAI/ DEMAIS NPCs
Ela se aproximou do balcão e, com um sorriso discreto, colocou algumas notas sobre o vidro da bancada.
O velho sorriu, exibindo poucos dentes, mas uma simpatia imensa.
— Aqui está, menina. Se apresse e leve pra sua mãe. Agradeça a ela pelo lambedor que me deu... — Ele entregou o troco e a pimenta, já se virando para atender outro cliente.
Jussara, ao pegar o vidro de pimenta, olhou para a filha com um carinho profundo, aquele amor de mãe que só cresce com o tempo. O cheiro do bolo de milho fresquinho se espalhava pela casa de madeira e tijolos. Algumas casas da aldeia eram como a sua, erguidas acima do nível do rio, reminiscências das grandes cheias do passado. No entanto, há dois anos, a Amazônia enfrentava uma seca severa, o que levou o governo brasileiro a firmar parcerias com empresas e ONGs para implementar o projeto "Amazônia do Futuro." Poços foram perfurados, estudos sobre clima e solo realizados, e, embora a população local estivesse se adaptando à presença de estrangeiros, a aldeia de Águas Claras seguia tranquila. A energia solar, a visita quinzenal da equipe de saúde e os barcos regulares para a cidade mantinham a rotina em paz.
José e Jussara observavam Iara, compreendendo sua reação. A mãe, com um tom sereno e materno, disse:
— Iarinha, a questão é mais profunda... — José pousou a mão sobre a de Jussara e continuou. — Sua mãe e eu queremos que você pense bem. Você e seus irmãos têm sangue Jamamadi, sua ancestralidade está em você, e sempre respeitei isso. Sua mãe tem um pé na tribo, embora a mãe dela tenha escolhido viver em Águas Claras. Ela une nossa fé com os ensinamentos da tribo, e foi essa união que te salvou, por isso eu respeito. E é justamente por isso que estou pedindo que você participe dessa expedição. Sua avó era uma mulher muito especial, e você e ela são muito parecidas...
Jussara sorriu. — Minha mãe teria muito orgulho de você, Iara. Vamos deixar você pensar. Tome seu tempo. Anuá, assim como nós, sabe que não podemos virar as costas para o governo. E o governo não sabe o que nós sabemos, Iara e por isso queremos alguém de confiança além do Pajé nessa expedição...
Iara, ainda pensativa, levantou-se e caminhou até a rua com passos decididos. Seus pés descalços espalhavam poeira pelo caminho enquanto ela se aproximava do estranho.— Quem é você e o que faz aqui? — Sua voz era firme, sem sinais de simpatia.
homem, aparentando pouco mais de vinte anos, etirou o chapéu e olhou Iara com um misto de surpresa e curiosidade.
— Me chamo Alexandre Cassini Lee, prazer... — Ele estendeu a mão para Iara. Logo atrás dela, apareceu José.
— Doutor?! — José exclamou, reconhecendo o visitante. Jussara surgiu na porta, com um sorriso cúmplice.
— Achamos que só chegava amanhã... Desculpe pela nossa filha, ela é assim mesmo... — A voz de Jussara tinha o tom suave de uma mãe que entende. — Iara, esse é o médico temporário que ficará aqui. Ele faz parte da visita quinzenal, mas pretende ficar mais tempo. Está terminando o mestrado, e o tema dele envolve a qualidade da água do rio e os efeitos na população local...
- shamps
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- thendara_selune
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Alexandre mantinha um sorriso educado nos lábios enquanto observava a cena protagonizada por Iara. Os pais dela também a acompanhavam atentamente. José, visivelmente desconfortável, pediu desculpas ao jovem, e, em seguida, Jussara entrou atrás da filha, dizendo com firmeza:
— Vamos conversar, minha filha, no seu quarto.
Iara sabia que, quando a mãe a olhava daquele jeito — sem piscar, com as mãos firmemente apoiadas na cintura —, era sinal de que vinha um tipo de conversa do qual, por mais contrariada que estivesse, ela não poderia escapar.
Caso Iara vá até o quarto:
OFF: @shamps Monte o quarto de Iara como preferir. Aproveite o momento para interagir com Jussara ou, se preferir, faça com que Iara fuja da conversa. A decisão é dela .
O quarto de Iara era simples, como o restante da aldeia, mas confortável. Apesar da rusticidade local, a comunidade contava com uma infraestrutura básica: energia solar, transporte por barcos e jipes que circulavam seis vezes ao dia. No centro da aldeia havia um pequeno posto de saúde, e o sinal de internet era excelente graças a uma parceria governamental com uma empresa de satélites. A educação também era bem organizada, com uma escola de ensino fundamental na própria aldeia e outra de nível médio localizada a duas horas dali, acessível por meio de um ônibus escolar.
As paredes do quarto, feitas de madeira, exibiam fotos de sua época de escola e retratos da família. Cada imagem trazia sorrisos e memórias ainda vivas. Agora, o espaço era só dela; o antigo quarto dos irmãos permanecia quase intacto, como se aguardasse suas presenças.
Assim que entraram, Jussara fechou a porta e cruzou os braços, falando em um tom calmo, mas autoritário:
— Maria Iara! Trate de se controlar. Te criei como um bichinho solto, mas isso não significa que pode ciscar como bem quer!
Os olhos de Jussara fixaram-se na filha, cheios de determinação.
— O rapaz ali é médico, todo credenciado, Iara. Não pense que eu e seu pai somos ingênuos.Ela caminhou até a cama, sentou-se e fez um gesto para que a filha se sentasse também.
— A cooperativa escolheu seu pai porque sabem que ele é um homem justo, honesto e de mente ligeira. Nosso problema não é o médico, mas sim a expedição. Por ora, se acalme. O rapaz vai ficar conosco, na cabana anexa à nossa, lá atrás. É simples, mas para ele está bom.
Ela suspirou, puxando a filha para perto, deu-lhe um beijo no rosto e um abraço apertado. — Menina, você ainda vai me matar do coração! Que gênio! Parece uma onça... — disse, rindo em seguida. — Paciência, minha filha. Saiba que eu e seu pai nunca damos ponto sem nó. Vai chegar o dia em que você e todo mundo vão entender, viu?
- shamps
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- thendara_selune
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Fala Mãe
Pai
Alexandre
@shamps — Depois, lhe contaremos sobre nós e muito mais, Iara — disse Jussara, com um olhar profundo e cheio de orgulho.
Fiapo entrou saltitando, pulando nas pernas de Iara com uma alegria genuína.
— José Gabriel um dia estará pronto, mas não sabemos se ele vai querer ficar aqui. Mas isso é outra história... Vamos arrumar tudo para o jantar. — Ela se levantou e, com um gesto, indicou para Iara. — Tome um banho e venha me ajudar a pôr a mesa.
Fiapo abanava o rabinho, seus olhos brilhando de carinho pela família que tanto amava. Iara, ao caminhar até o banheiro, sentiu uma brisa fria cortando a casa. O entardecer cedia lugar à noite, cobrindo Águas Claras com seu véu sombrio. As luzes da vila começaram a brilhar em sincronia, enquanto algumas pessoas se dirigiam à missa das 18:00, outras ao culto, e outras retornavam à aldeia, cansadas, após um longo dia na cidade — seja por barco, carros ou jipes da prefeitura. O ônibus escolar estacionou, trazendo consigo um suspiro de descanso.
Os sons da vila chegavam até Iara: vozes, passos, risos, o murmúrio familiar da música da aldeia. Os pais estavam na sala de jantar. O tal médico devia estar no anexo, longe dos olhares contrariados de Iara. Fiapo, por sua vez, aguardava pacientemente, deitado sobre o tapete de retalhos que ela mesma ajudara a mãe a fazer.
Na hora do jantar, Iara ajudava a mãe a organizar a mesa. José estava ali também, visivelmente cansado, enquanto uma música suave tocava ao fundo. Fiapo saltou para uma poltrona antiga, olhando com expectativa, esperando alguma migalha.
— Alexandre vai jantar sozinho... — disse José, quebrando o silêncio. — Está cansado da viagem.
Jussara assentiu com um gesto, enquanto Iara se ocupava com a comida. Havia mandioca cozida, carne temperada à moda de Jussara, sopa suave de legumes, café, pão fresco feito por Iara, leite e até piabas assadas, que José adorava. Durante o jantar, Jussara falava de um paciente aqui e ali, enquanto o marido mencionava que a pesca não estava boa. Ele também falava sobre uma reunião para discutir a criação de tanques para peixe ou o cultivo de frutas resistentes à seca na região.
Iara ouvia, enquanto Fiapo, debaixo da mesa, se aproximava cautelosamente, na esperança de que algo caísse.
Quando Iara estava prestes a falar, todos ouviram um zunido fino, quase imperceptível, que cortou o ar. Fiapo se agitou, latiu ferozmente, mostrando os dentes para uma ameaça invisível.
Então, um estrondo aterrador fez a casa tremer. Os pratos na mesa balançaram, e o corpo de Iara se sacudiu com o impacto. Jussara agarrou a filha, enquanto José se inclinava para protegê-la. Fiapo se enfiou entre as pernas de Iara, ainda latindo. Foi quando o médico apareceu, e outro estrondo, seguido de um vento forte, provocou um som como uma explosão.Um clarão iluminou a noite como se fosse dia, e, num piscar de olhos, tudo se apagou. A mente de Iara parecia ser esmagada, enquanto ela ouvia ao longe as vozes dos pais chamando seu nome. Um gosto ferroso invadiu sua boca, e uma luz intensa parecia cegá-la. Alguém apertava seus braços suavemente, e ela sentiu um abraço acolhedor. Então, o silêncio retomou o controle.
Dias depois?
Quando Iara despertou, estava em sua cama, com os pais ao seu lado. Fiapo estava deitado perto de seus pés, encolhido e observando-a atentamente. Alexandre estava verificando sua pressão.
— Ela está bem. Depois, vou visitar as outras pessoas. Muitos tiveram reações diversas. Agora, com essa agitação na vila, será ainda mais complicado acalmar todos — disse ele, em um tom tranquilo.
José, com expressão séria, comentou:
— Um meteorito fez tudo isso?
Jussara suspirou, parecendo cansada.
— Caiu no rio de um jeito que secou um trecho bem perto dos Jamamadi, mas, ao que parece, ninguém se feriu lá.
- shamps
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- thendara_selune
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Pai
Mãe
Alexandre
Sentia dores pelo corpo, nada grave, mas a tontura e a dor de cabeça eram difíceis de ignorar. Alexandre permaneceu em silêncio por um momento, oferecendo apenas um sorriso gentil, enquanto deixava que os pais de Iara tomassem a dianteira na explicação.
— Dizem que foi um meteorito, minha filha. Você dormiu um dia inteiro — começou Jussara, com cautela, como se organizasse os próprios pensamentos. — Ele caiu ontem, na hora do jantar. Muita gente desmaiou. Você foi uma delas... gemeu um pouco enquanto dormia. Ficamos aflitos, mas Alexandre cuidou bem de você.
José acrescentou com um tom mais grave: — Já tem gente do governo aqui. Isolaram o rio. A vila está fechada,ninguém entra ou sai...
Fiapo permanecia quietinho, observando-a com seus olhos atentos. Quando Iara tentou se levantar novamente, Alexandre interveio com firmeza, colocando uma mão suave em seu ombro.
— Nada de esforço por agora. Você não precisa me agradecer. Está tudo bem e, felizmente, você não se machucou. Talvez tenha sido sensível ao som da explosão e, quando desmaiou, mordeu a parte interna da bochecha. Isso vai incomodar por alguns dias, mas logo vai passar.
Os pais de Iara a olharam com olhos marejados. Jussara se inclinou e depositou um beijo suave na testa da filha, enquanto José apertava sua mão com ternura.
— Você precisa repousar. Seu pai vai falar com os vizinhos, e eu vou ajudar algumas pessoas na aldeia — explicou Jussara, com um tom calmo, embora a preocupação fosse evidente. — Alexandre vai ficar com você até que descanse de novo, depois ele também vai sair. Fiapo estará aqui para tomar conta de você.
Ela suspirou antes de continuar:
— Suas irmãs e irmão estão bem, tenho certeza. Recebi uma mensagem do João. Ainda bem que as meninas estão na cidade, em um encontro pedagógico. Estão longe desse tumulto, mas fico preocupada com você aqui... Fiapo e os outros bichos parecem não ter sido afetados, graças a Deus.
Iara sentia um misto de alívio e inquietação enquanto processava as palavras da mãe. O silêncio do quarto, quebrado apenas pela respiração tranquila de Fiapo, contrastava com a agitação que fervilhava em sua mente.
Pouco depois, os pais saíram, deixando-a sozinha com Alexandre. Ele parecia preocupado, com os braços cruzados enquanto olhava pela janela, observando a movimentação lá fora. Depois de um momento, ele se virou para Iara.
— Pela quantidade de militares e gente do governo, devem resolver as coisas logo... — disse Alexandre, mas seu tom não transmitia muita confiança. Havia algo mais em seu timbre, uma espécie de cadência peculiar no final da frase que fez Iara erguer uma sobrancelha, intrigada.
Ele engoliu em seco, desviando o olhar por um instante antes de encará-la novamente. Seus olhos eram pretos, tão profundos quanto uma noite sem estrelas, algo que parecia puxar a atenção para um abismo silencioso.
Iara, mesmo ainda sentindo dores e uma leve tontura, não pôde evitar a sensação de que havia algo que ele não estava dizendo. Algo sobre aquela explosão, aquele meteorito, ou talvez... ele mesmo.
Fiapo, por outro lado, parecia alheio às tensões que rondavam o ambiente. Ele saltou da cama e foi até Alexandre, erguendo-se nas patas traseiras e pedindo atenção. O médico se abaixou com naturalidade e afagou o cão com carinho, arrancando um abano feliz do rabinho de Fiapo.
O semblante de Alexandre suavizou diante do gesto.
— Também tenho meus pets... Estão com meus pais. Meu pai os chama de "Caramelos Lupus Brasilis" — disse ele com um sorriso meigo, que parecia apagar, ainda que momentaneamente, qualquer resquício de mistério em sua expressão.
Fiapo aproveitou o momento para se aninhar ainda mais perto, e Iara, observando a interação, não pôde deixar de pensar que talvez o médico não fosse uma pessoa ruim. O jeito como ele tratava Fiapo era caloroso, quase natural, como se estivesse acostumado a dar afeto a animais.
Mas, mesmo assim, algo naquele brilho peculiar em seus olhos não deixava Iara totalmente à vontade.
Mãe
Alexandre
Sentia dores pelo corpo, nada grave, mas a tontura e a dor de cabeça eram difíceis de ignorar. Alexandre permaneceu em silêncio por um momento, oferecendo apenas um sorriso gentil, enquanto deixava que os pais de Iara tomassem a dianteira na explicação.
— Dizem que foi um meteorito, minha filha. Você dormiu um dia inteiro — começou Jussara, com cautela, como se organizasse os próprios pensamentos. — Ele caiu ontem, na hora do jantar. Muita gente desmaiou. Você foi uma delas... gemeu um pouco enquanto dormia. Ficamos aflitos, mas Alexandre cuidou bem de você.
José acrescentou com um tom mais grave: — Já tem gente do governo aqui. Isolaram o rio. A vila está fechada,ninguém entra ou sai...
Fiapo permanecia quietinho, observando-a com seus olhos atentos. Quando Iara tentou se levantar novamente, Alexandre interveio com firmeza, colocando uma mão suave em seu ombro.
— Nada de esforço por agora. Você não precisa me agradecer. Está tudo bem e, felizmente, você não se machucou. Talvez tenha sido sensível ao som da explosão e, quando desmaiou, mordeu a parte interna da bochecha. Isso vai incomodar por alguns dias, mas logo vai passar.
Os pais de Iara a olharam com olhos marejados. Jussara se inclinou e depositou um beijo suave na testa da filha, enquanto José apertava sua mão com ternura.
— Você precisa repousar. Seu pai vai falar com os vizinhos, e eu vou ajudar algumas pessoas na aldeia — explicou Jussara, com um tom calmo, embora a preocupação fosse evidente. — Alexandre vai ficar com você até que descanse de novo, depois ele também vai sair. Fiapo estará aqui para tomar conta de você.
Ela suspirou antes de continuar:
— Suas irmãs e irmão estão bem, tenho certeza. Recebi uma mensagem do João. Ainda bem que as meninas estão na cidade, em um encontro pedagógico. Estão longe desse tumulto, mas fico preocupada com você aqui... Fiapo e os outros bichos parecem não ter sido afetados, graças a Deus.
Iara sentia um misto de alívio e inquietação enquanto processava as palavras da mãe. O silêncio do quarto, quebrado apenas pela respiração tranquila de Fiapo, contrastava com a agitação que fervilhava em sua mente.
Pouco depois, os pais saíram, deixando-a sozinha com Alexandre. Ele parecia preocupado, com os braços cruzados enquanto olhava pela janela, observando a movimentação lá fora. Depois de um momento, ele se virou para Iara.
— Pela quantidade de militares e gente do governo, devem resolver as coisas logo... — disse Alexandre, mas seu tom não transmitia muita confiança. Havia algo mais em seu timbre, uma espécie de cadência peculiar no final da frase que fez Iara erguer uma sobrancelha, intrigada.
Ele engoliu em seco, desviando o olhar por um instante antes de encará-la novamente. Seus olhos eram pretos, tão profundos quanto uma noite sem estrelas, algo que parecia puxar a atenção para um abismo silencioso.
Iara, mesmo ainda sentindo dores e uma leve tontura, não pôde evitar a sensação de que havia algo que ele não estava dizendo. Algo sobre aquela explosão, aquele meteorito, ou talvez... ele mesmo.
Fiapo, por outro lado, parecia alheio às tensões que rondavam o ambiente. Ele saltou da cama e foi até Alexandre, erguendo-se nas patas traseiras e pedindo atenção. O médico se abaixou com naturalidade e afagou o cão com carinho, arrancando um abano feliz do rabinho de Fiapo.
O semblante de Alexandre suavizou diante do gesto.
— Também tenho meus pets... Estão com meus pais. Meu pai os chama de "Caramelos Lupus Brasilis" — disse ele com um sorriso meigo, que parecia apagar, ainda que momentaneamente, qualquer resquício de mistério em sua expressão.
Fiapo aproveitou o momento para se aninhar ainda mais perto, e Iara, observando a interação, não pôde deixar de pensar que talvez o médico não fosse uma pessoa ruim. O jeito como ele tratava Fiapo era caloroso, quase natural, como se estivesse acostumado a dar afeto a animais.
Mas, mesmo assim, algo naquele brilho peculiar em seus olhos não deixava Iara totalmente à vontade.
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