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    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão

    thendara_selune
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    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Empty Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão

    Mensagem por thendara_selune Sex Dez 20, 2024 11:32 pm

    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig3_q10


    O rugido das lâminas do helicóptero era um som familiar, mas nunca reconfortante. Cortava o céu como um predador em busca de sua presa, abafando qualquer vestígio de serenidade. Sentado próximo à borda da cabine, Luis Felipe Minuzzi observava as luzes da base militar desaparecendo no horizonte, engolidas pela vastidão da floresta amazônica. O vento era cortante, mas não o incomodava. Ele estava aquecido pelo calor de algo que o acompanhava desde a infância: o medo.
    Entre os dedos, girava a medalha da cruz de sangue de seu avô, o metal frio contra a pele quente. Era mais do que um hábito, era um escudo contra os pensamentos que tentavam invadi-lo. A cabine tremulava, o rádio chiava, e a voz do Tenente Fernando Pereira irrompia no silêncio mecânico.
    — Major Minuzzi, última parada antes do ponto de inserção. Está pronto?
    Luis Felipe não respondeu de imediato. Um sorriso breve e vazio curvou seus lábios, quase imperceptível. Preparado? Ele nunca estava. Nem para o silêncio, nem para a escuridão que o espreitava em cada sombra.
    Quando o helicóptero pairou sobre uma clareira, Luis prendeu o equipamento de rapel. Com movimentos firmes e precisos, desceu pela corda até o chão coberto pela vegetação úmida. O cheiro terroso da selva o envolveu, misturado ao som incessante da vida que ali pulsava.
    O sargento do grupo de reconhecimento o abordou rapidamente, estendendo um mapa amassado.
    — Missão simples, Major. Investigação de anomalias na área. Nada demais.
    Luis sabia que “simples” era uma palavra perigosa, especialmente ali. A selva parecia carregada de algo além do habitual. Uma vibração estranha reverberava no ar, como se cada folha, pedra e gota de orvalho carregasse um segredo antigo.

    Os Jamamadi, moradores daquela região, falavam dos Omahú, os Visitantes Noturnos. Seres envoltos em luz que traziam conhecimento das estrelas. Suas histórias estavam impregnadas no lugar, como a resina luminosa que decorava suas aldeias durante a Festa das Estrelas. O Major nunca fora de acreditar em lendas, mas naquela noite algo parecia diferente.

    Mauro
    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig2_e11

    Paula

    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig2_416


    Enquanto a equipe avançava pela trilha iluminada por luzes montadas pela FANIS, Luis observava cada detalhe. Os passos precisos do cabo Mauro e da Sargento Paula atrás dele, os ruídos quase ritmados da floresta, e, então, a mudança. Uma trilha de pedras escuras surgia, destoando do resto da paisagem. Mais à frente, uma equipe maior trabalhava em um acampamento cercado por tecnologia que parecia fora de lugar naquele ambiente selvagem.
    Luis se aproximou com cautela. No centro de um pequeno descampado, uma estrutura circular de pedra o aguardava. Era diferente de tudo que já vira, intocada pelo tempo e marcada por símbolos que brilhavam levemente sob a luz da lua. Ele avançou, o canivete girando entre os dedos em um gesto nervoso, quase hipnótico.
    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig1_127


    Os símbolos pareciam pulsar, vivos. O silêncio que se seguiu era denso, sufocante. Nenhum som de grilos, pássaros ou vento. Apenas um vazio absoluto. Luis sentiu o calafrio subindo por sua espinha, mas não recuou.


    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig1_222




    — Major? — A voz de Fernando cortou o transe como uma lâmina.Luis piscou, retomando o controle. Ele sabia que aquela missão não era apenas mais um teste físico. Havia algo naquelas pedras e na vibração do ar que falava diretamente aos seus medos mais profundos.
    Quando a equipe começou a montar o acampamento, Luis se afastou, sentando-se em uma pedra próxima. Sob o céu estrelado, retirou a medalha do bolso e olhou para o nome gravado no verso: o da mãe que nunca o deixou esquecer suas raízes. Pensou em Alberto, no irmão que trazia uma paz que ele jamais conhecera. Pensou em Fernando, o único que ousava insistir que seus medos tinham um propósito.
    Luis sabia que não podia evitar a escuridão para sempre. O medo sempre estivera ali, como um guia persistente, e talvez fosse isso que ele precisava aceitar. O desconhecido na clareira não era apenas um enigma a ser resolvido. Era um convite.
    Naquele instante, ele tomou uma decisão: enfrentaria o que o aguardava, não apenas pela missão, mas por si mesmo. Afinal, o verdadeiro desafio nunca foi a selva ou os riscos das missões. O maior inimigo sempre esteve dentro dele.






    De algum lugar do acampamento, os acordes suaves de "O Astronauta de Mármore" flutuavam no ar, como um sussurro nostálgico em meio à vastidão da selva. A melodia parecia tão deslocada quanto ele mesmo, mas, de alguma forma, encontrava um jeito de trazê-lo de volta à realidade. Cada palavra da música era como um lembrete de sua própria pequenez, um eco do desejo humano de transcender as limitações do "planetinha azul" que todos chamavam de lar.
    Luis ergueu o olhar para o céu. Acima dele, um véu infinito de estrelas cintilava, silencioso e impassível. Era como encarar algo sagrado, inatingível, tão distante quanto as respostas que ele sempre procurava. A música, com suas notas quase etéreas, parecia se misturar ao brilho das constelações, criando um laço tênue entre o conhecido e o incompreensível.


    Por um instante, ele sentiu uma pontada de algo próximo à paz, um raro vislumbre de pertencimento. O peso do que estava por vir parecia menos esmagador sob aquela dança de luzes celestiais, embalado pela melodia que flutuava suave no ar.


    OFF: Poste no seu tempo, explore o ambiente, aprofunde seu personagem e tenha um bom jogo!
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    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Empty Re: Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão

    Mensagem por Wordspinner Sáb Dez 28, 2024 5:28 pm






    Luis Felipe Minuzzi

    Ele segura o mapa com força até o vento do helicóptero diminuir. Simples? Nada demais? Simples era sempre um erro de alguém que não sabia ver os detalhes. Ele não gostava do ar do lugar. Era ruim. Era cheio quando devia ser vazio.
    " Sargento. Se não fosse nada demais, eu estaria aqui?" Ele diz focado olhando o mapa. Já queria se mover. Mas sabia que só ficava pior.

    Eles avançavam e ele procurava em cada sombra. Procurava em cada silhueta marcada pela luz. Então o círculo de pedras. Ele queria cavar com a faca e ver o que é que fazia aquilo brilhar. Ele queria a falsa segurança de uma lâmina na mão. Ele nem se importava se os sargentos vissem. Era só mais uma excentricidade.

    O silêncio. Ele queria gritar só pra ver se estava surdo.

    Major? Era ele.

    Se vira para Fernando como se tivesse acabado de chegar. " Tenente! " Uma continência. " Com que cor elas brilham? " Ele olha para as pedras. Todo mundo estava vendo? Ou era só coisa da cabeça dele?

    --
    A música carregava ele por um caminho lento de aceitação. Reencontro. Não era ele. Ele era irascível. Ele não acreditava naquela paz que sentia. Uma ilusão? Uma mentira? Uma verdade? Ele precisava se mover. Se mover. Agir. Ver. Ouvir. Ocupar. Luis levanta sentindo o chão sob as botas e aperta os punhos. Ele tenta se irritar. Mas anda. Anda pelo acampamento procurando algo errado. Ele demora para chegar onde queria. Demora porque tinha medo de chegar. Ele caminha uma longa espiral até as pedras.







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    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Empty Re: Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão

    Mensagem por thendara_selune Seg Dez 30, 2024 10:47 pm

    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig1_c10










    “Com que cor elas brilham?” Ele havia perguntado antes, mas o silêncio foi a única resposta. Talvez ninguém tivesse visto. Talvez apenas ele fosse capaz de perceber. Ou, pior, talvez fosse o único insensato o bastante para encarar aquilo de frente.
    Como uma provocação à mente aguçada do major, as pedras agora brilhavam com uma intensidade quase hipnótica, cada uma exibindo uma cor distinta: azul profundo, dourado radiante, púrpura vibrante e algo indefinível. Uma cor que não deveria existir.
    Era como olhar diretamente para o impossível, algo que fazia seu estômago revirar e sua mente se contorcer em busca de uma lógica que simplesmente não estava ali.




    Luis sentiu uma força irresistível, um chamado que o obrigava a se abaixar. Seus joelhos dobraram lentamente, o corpo pesado como se o ar ao redor tivesse ganhado densidade. Os dedos se aproximaram do solo ao redor de uma das pedras, hesitantes, quase tocando. Um calor estranho emanava, não vindo de fora, mas de dentro dele, como uma febre silenciosa.
    As pedras estavam chamando? Não fazia sentido, mas a sensação era clara, cortante. Ele estendeu a mão, hesitante, como alguém prestes a mergulhar os dedos em um lago gelado e desconhecido.




    E então parou.“Major?” A voz de Fernando quebrou o transe como um choque elétrico. Luis levantou-se bruscamente, o coração martelando no peito. O mapa escorregou de sua mão e caiu no chão sem que ele percebesse.




    “Tenente,” respondeu, a voz firme, mas traindo o tumulto interior. Ele ergueu a mão para uma continência rápida, mas seus olhos voltaram às pedras imediatamente. “Você está vendo isso?” Ele apontou para o brilho, a urgência nítida em sua voz.




    Fernando seguiu o olhar, mas sua expressão estava vazia de compreensão. “Ver o quê, senhor?”
    Luis piscou, os olhos indo das pedras para o tenente e de volta para as pedras. O brilho estava diferente. Mais fraco. Quase inexistente.
    Então, tudo mudou.








    A floresta silenciou de forma opressiva, como se tivesse prendido a respiração. Fernando ainda falava, mas Luis não conseguia ouvir. Um zumbido agudo e desconfortável começou a preencher o ar. O brilho das pedras desapareceu completamente, apenas para ser substituído por um estrondo que rasgou a noite e trouxe todos de volta à realidade com brutalidade.








    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig418









    O chão tremeu violentamente, derrubando Luis e Fernando. Era impossível permanecer de pé. Luzes enormes, do tamanho de um carro, pairavam sobre eles. Brilhavam em cores rápidas, pulsantes, mudando de forma e intensidade em um espetáculo quase alienígena.
    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig4_128


    O zumbido aumentou, tornando-se ensurdecedor, enquanto as luzes pareciam se fundir em algo maior e mais ameaçador. Ao longe, gritos vinham do acampamento, mas foram rapidamente abafados por uma explosão multicolorida, cegante e violenta. A ventania que a acompanhou os jogou ao chão com força, o impacto tirando o ar de seus pulmões.
    E então, o silêncio.
    Palpebras pesadas. Sussurros indistintos. Vultos rápidos ao redor, inquietos, aproximando-se. Luis sentiu um toque — frio como gelo, mas que rapidamente esquentava até parecer que queimava. E então, a escuridão tomou tudo.










    Dias depois
















    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig1_224













    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig3_222





    Luis acordou em sua tenda. A primeira coisa que percebeu foi o conforto estranho do lugar. O ar ali dentro era neutro — nem frio, nem quente. O tecido da tenda parecia feito de um material incomum, algo que ele não reconhecia.
    Ao lado de sua cama, uma bandeja com um café da manhã bem preparado: frutas frescas, pão macio, e um café ainda fumegante. Seus olhos viajaram até uma cadeira próxima.








    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Oig1_e10









    Sentada ali, uma mulher o observava em silêncio. Havia algo na sua postura — calma, mas firme. Ela parecia estar esperando pacientemente por algo. Por ele.


    — Parece melhor, Major. Pelo menos, espero que sim. — Sua voz carregava uma neutralidade quase fria, como quem desempenha o papel de anfitriã sem genuíno interesse, apenas aguardando que o homem à sua frente compartilhasse o que presenciara. — Pode me contar o que aconteceu?


    Ela não se deu ao trabalho de se apresentar, talvez de propósito. Do lado de fora, o constante vai e vem do acampamento preenchia o ar com ruídos habituais, quase confortáveis. Uma brisa suave atravessou a entrada da tenda, trazendo um contraste de leveza à atmosfera, embora fosse evidente que, para Luis, o peso do que sentia se misturava à confusão que lhe turvava os pensamentos.
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    Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão Empty Re: Prólogo - Luis Felipe Minuzzi: Entre o Medo e a Escuridão

    Mensagem por Wordspinner Sex Jan 17, 2025 1:30 pm






    Luis Felipe Minuzzi

    Ele não percebe o mapa se perder. O sangue apertando as veias. O calor daquela selva. Daqui tudo. O coração batendo desesperado como se tivesse acabado de sair de um mergulho longo demais. " Nada." Era o que teria dito se tivesse tido tempo. Então caos.

    Eu gostaria de lembrar de ter recuado para segurança arrastando Fernando comigo. Mas só lembrava do espetáculo terrível e brilhante. Cegante e assustador.
    --
    Luis abre os olhos e não sabe quem vê. Não recebe um briefing ou apresentação. Ele quer se levantar rápido e descobrir se era tudo uma farsa ou só negligência. Ele olha em volta devagar, como quem não sabe onde acordou. Como ele. Mas usa o tempo pra testar as pernas. Os braços. Saber se estava tudo funcionando e livre. Mas ele nem se lembra como estava ali. O que ia fazer?

    Ele olha a mulher de novo. Era exatamente o que não devia fazer. Ele se senta devagar. " Major Luis Felipe Minuzzi." Eles sabiam quem ele era, se sabiam ler sabiam o bastante. Ela parecia genuína o bastante. Real o bastante. Mas o que real significava mesmo?

    " Nada." Ele olha para ela com desgosto. Era o que sentia. Ele se esforça para levantar. " Que dia é hoje?" Ele queria olhar lá fora. Saber onde estava de verdade. Não tinha a menor intenção de informar a mulher sem nome e sem patente. Ele não queria ficar parado. Não podia ficar parado. Foca toda sua atenção na saída. Era o que queria.







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