"The Crown" PUB

O primeiro dia de aula havia sido tranquilo. Nenhuma aula havia sido dada, na verdade, e a responsabilidade dos professores eram mais burocráticas, com os sistemas de lançamento de notas, bolsas de pesquisa e essas coisas. Theo já tinha uma bolsista, por isso não se preocupou em abrir uma nova vaga... Odiava trabalhar com calouros, não pela falta de conhecimento, mas sim pela irresponsabilidade. No próximo semestre, talvez, abrisse uma vaga de bolsa para aquela turma, caso se apresentassem competentes nas matérias iniciais.

[...]

Saiu tarde da King’s, pois havia tido alguns problemas com o sistema online, e resolveu ir até um bar que gostava bastante, antes de voltar para casa.  Deixou a mala no carro, pois estava voltando de viagem e levou apenas a carteira e o celular no bolso, e entrou, se sentando em um dos banquinhos no balcão.

- Dr. O’Brien – uma das atendentes cumprimentou com um sorriso – Quanto tempo.
- Sentiu saudades, Madelaine? – ele perguntou, correspondendo ao sorriso e tirando o blaser.
- As contas não se pagam sozinhas, né, Dr.
- De fato... De fato.
- O de sempre?
- Por favor... Pode por no canal de esportes?

A mulher assentiu, passando o controle da TV para ele, e foi preparar o Jack Daniel’s cowboy para Theo.

Depois do encontro com Ariel, Lisa deu mais uma volta pelo campus na esperança de se familiarizar mais com o lugar. A universidade era realmente gigante, eram prédios e mais prédios. Depois de andar muito, ela acabou voltando para o quarto e indo para a fila do banheiro comunitário do seu andar. Deve ter esperado uma meia-hora, sabe como é garotas para tomar banho... e com ela não foi diferente. Lavou o cabelo e secou com o secador, voltando para o quarto logo em seguida. Pelo menos ali ela tinha privacidade, por menor que fosse. Por um lado era bom ficar dividindo ambientes com outras pessoas, ela ja tinha conhecido algumas meninas dos quartos ao lado, pareciam ser legais. Era cada uma de um lugar diferente: uma mexicana, outra libanesa, outra francesa, e por aí ia.

Lisa vestiu uma saia jeans que ia ate o meio da coxa, depois uma blusa de alcinha vermelha. Por cima colocou uma jaqueta de couro curtinha, bem colada no corpo. Deixou o cabelo solto mesmo, caia bem sobre a jaqueta. Colocou os brincos, cordões, pulseiras, e por ultimo a bota de cano longo, preta. Se olhou no espelho que tinha no canto do quarto e sorriu, estava bonita, bem estilo NY mesmo. Como será que as pessoas se vestiam por aqui? Bom, isso ela iria descobrir logo. Lisa pegou sua bolsa e saiu do quarto, fechando a porta. Pegou o celular e pediu um Uber.

[...]

Vinte minutos depois, ela estava de frente para o Crown, um dos mais antigos PUBs de Londres, bem frequentado pela juventude dali. Lisa saiu do carro e entrou no local; estava cheio. Já deviam ser umas 10 horas da noite, horário em que a maioria das pessoas já estavam nos lugares comendo e bebendo. Assim que ela passou pela porta, tirou a jaqueta e pendurou nos ganchos que guardavam os casacos, se dirigindo para o bar. Sentou-se perto de um casal que conversava animadamente, as pessoas ali pareciam ser mais "normais", sabe? Muito diferente de NY, onde todo mundo tinha uma agenda a seguir. Ela sentou em um dos bancos altos do bar e o menino que ficava atras do bar logo veio ve-la. "Rum and coke, please". Ele acenou com a cabeça e foi preparar a bebida. Lisa olhou para o telão que tinha no alto e viu um jogo de rugby rolando. Ela riu de leve, achando aquilo muito diferente. Sua bebida foi colocada a sua frente e ela agradeceu sorrindo para o bar tender. Outra coisa que ela tinha notado era a discrepância entre a roupa dela e a das outras pessoas. Ninguém vestia nada muito sexy, era um lugar mais "rústico", todo mundo de jeans, ou legging... e ela de saia jeans e blusa de alcinha, como quem está indo para uma noitada em Manhattan.

O bar não demorou a ficar cheio.  Apesar de o local ser mais conservador, era incrível o número de pessoas que se “escondiam” ali, fugindo da vida noturna mais agitada do centro comercial de Londres. Tinha gente de todo tipo, alunos das faculdades da cidade, professores, empresários, empregados etc. O ambiente era bem aconchegante, o que fazia o barulho de conversa ser alto, principalmente nos momentos mais emocionantes do jogo que rolava no telão.

Theo ficou boa parte do tempo sentado, assistindo o jogo e conversando com uma pessoa ou outra que aparecia. Não era afeito a exagerar na bebida, mas naquela noite havia bebido uma a mais, o que o havia deixado alegrinho, mas não bêbado. Se levantou para ir no banheiro e, quando voltou, havia perdido o banco no qual estava sentado. “ótimo”, pensou, imaginando que não conseguiria outro, devido à grande movimentação do local. Já estava indo pagar, para ir embora, quando avistou uma guria peculiar, em meio ao bando de gente “comum”. Ela claramente não era dali, toda arrumada daquela forma. Provavelmente, ou havia errado de bar ou era estrangeira. Ele se aproximou, e, por sorte, um banco ficou vago ao lado dela. Provavelmente o homem também iria ao banheiro, mas Theo não hesitou em roubar o lugar. Pediu outro Jack, e olhou para a moça.

- Parece que a moça errou de bar. Os adolescentes brincam nas discotecas, não em Pubs como esse – provocou, com um sorriso charmoso, claramente só puxando assunto, não sendo jocoso.

Ela olhava para o telão entre um gole e outro da bebida. Aquele jogo realmente nao fazia sentido algum, era um bando de homem se atracando em campo tentando levar a bola até o outro lado. Parecia até os jogos de futebol americano que ela assistia no colegial, esse era outro esporte que, para ela, era só violência. Lisa sentiu a pessoa ao seu lado se levantar e sair, mas não prestou muita atenção. Ela olhava para o outro lado, tentando se familiarizar com tudo ali. A arquitetura do lugar era bem antiga, e as pessoas pareciam que agiam assim também, talvez o ambiente influenciasse. A diferença entre Londres e NY era gritante... aqui tudo era "antigo", já em NY, quanto mais novo melhor. Lisa deu outro gole na bebida até sentir alguém voltando a tomar o lugar ao lado dela. Lisa virou o rosto para olhar quem era, vendo não ser a mesma pessoa de antes.

- Parece que a moça errou de bar. Os adolescentes brincam nas discotecas, não em Pubs como esse – provocou, com um sorriso charmoso, claramente só puxando assunto, não sendo jocoso.

Ela ia dar aquele sorrisinho rápido, meio que só cumprimentando a pessoa, quando ouviu o que o homem falou, e logo tratou de fechar o sorriso. Tinha comentário mais estranho para se começar uma conversa? Como se chamá-la de mal-vestida não bastasse, o homem ainda a chamou de adolescente. Talvez fosse as raízes americanas dela, mas aquilo não tinha descido bem. Logo aquela parede se ergueu dentro dela, aquela que ela lutava tanto para fazer desaparecer, aquela que ela teve que conviver sua vida inteira. As pessoas que ela estava acostumada a conviver tinham a lingua afiada, e nenhum comentário vinha de graça. Lisa sorriu de leve, dando um outro gole na bebida antes de responder.

Lisa - Ah, *disse cruzando as pernas de um jeito sexy e girando o banco um pouco para ficar mais de frente para o homem* eu gosto de brincar em vários lugares. Mas me fala, o que tem de errado com a minha roupa?  

O homem deu uma pequena risada, da pose defensiva da menina. O comportamento dela indicava que ela costumava fazer aquilo sempre... Tanto que ela colocara palavras na boca dele que o professor nem dissera. Bebeu um gole do whisky e olhou para ela, sem tentar parecer discreto, vendo as roupas que ela vestia. Os olhos também não foram discretos ao reparar a cruzada de pernas.

- Siceramente, aos meus olhos, essa roupa é bem... Bonita – disse, sinceramente – Eu não comentei nada sobre elas, se bem me lembro. E se gosta de brincar em vários lugares, um brinde a isso – bateu o copo no dela, terminando de beber – Brincadeiras são sempre interessantes. Mas você tem de saber como brincar, a defensiva nem sempre é uma boa jogada –disse e desviou o olhar para o telão e xingando alguma coisa, quando seu time fez uma má jogada.

- Siceramente, aos meus olhos, essa roupa é bem... Bonita – disse, sinceramente – Eu não comentei nada sobre elas, se bem me lembro. E se gosta de brincar em vários lugares, um brinde a isso – bateu o copo no dela, terminando de beber – Brincadeiras são sempre interessantes. Mas você tem de saber como brincar, a defensiva nem sempre é uma boa jogada –disse e desviou o olhar para o telão e xingando alguma coisa, quando seu time fez uma má jogada.

Ele era... sério. Lisa o ouvia falar calada, analisando cada palavra. O homem era mais velho, não só pela aparência, mas pelo modo de falar. Ela sentiu novamente a necessidade de ficar na defensiva com o que ele falou, será que ele estava a fim de encomoda-la mesmo? Ou aquilo era só uma conversa "normal" que Lisa tinha tirado fora de contexto? O homem desviou os olhos para o telão e xingou, provavelmente o time que ele torcia tinha sofrido um gol. Ela o observou beber um gole da bebida enquanto reparava nele. Era bonito, se vestia meio fora de moda, mas tinha seu charme. O bar tender apontou para o copo dela, perguntando se queria outro drink. Lisa acenou positivamente com a cabeça, abrindo o menu logo depois, estava com fome, nao tinha comido nada desde hoje a tarde. Ela passou os olhos pelo cardápio e repsirou fundo; aquilo estava escrito em ingles, mas ela nao tinha a minima noçao do que significava. Era cada prato mais estranho que o outro. Nada de cheeseburgers, french fries, milkshakes.... nada disso.

Lisa - Voce recomenda alguma coisa? *mostrou o cardapio à ele* Nao conheço nenhum desses pratos. *disse dando uma risadinha no final, descontraindo*

A menina parecia muito séria, mas isso não incomodava Theo, apenas o deixava mais e mais curioso. Não comentou nada sobre a postura dela, que ficava mais e mais tensa a cada palavra dele, apenas se concentrando no jogo e deixando ela pensar seja lá no que fosse... Embora ele pudesse dar alguns palpites. Quando ela fez aquela pergunta, voltou os olhos para a jovem.

- A comida daqui é péssima, devolve isso – tomou o cardápio da mão dela e pediu mais uma bebida pra ambos – Se sua fome puder aguentar até o fim do jogo, te levo para comer a melhor comida de rua que você vai provar na vida – ele lançou um sorriso um tanto animado para ela... Era mesmo charmoso. Talvez fosse a idade e a mistura do charme com a simpatia.

[...]

Com a assertiva da menina, ambos acabaram bebendo mais doses que deviam. Ela ainda mantinha a postura toda séria, embora estivesse mais conversada, torcendo até para o time que ele indicou ser o dele. O jogo estava quase acabando.

- Você não me disse seu nome – ele falou, se inclinando um pouco na direção dela, devido ao barulho das conversas ali.

- A comida daqui é péssima, devolve isso – tomou o cardápio da mão dela e pediu mais uma bebida pra ambos – Se sua fome puder aguentar até o fim do jogo, te levo para comer a melhor comida de rua que você vai provar na vida – ele lançou um sorriso um tanto animado para ela... Era mesmo charmoso. Talvez fosse a idade e a mistura do charme com a simpatia.

Ele disse que a comida dalí era péssima e tirou o cardaio das maos dela. Lisa sorriu de leve com o convite, será que ele estava sendo apenas cortes com ela, ou tinha outras intençoes? Mas essa era uma pergunta que ela nao faria a ele, lógico, ficaria no suspense. O jogo ia rolando no telao e os dois assitiam, as vezes fazendo comentarios sobre os jogadores, enquanto bebiam suas respectivas bebidas. Por falar em bebidas, ela já devia estar na terceira. Ou seria quarta? É, quarta, devia ser a quarta, já podia sentir o corpo mais leve.

- Você não me disse seu nome – ele falou, se inclinando um pouco na direção dela, devido ao barulho das conversas ali.

Lisa o sentiu chegando mais perto e depois perguntando o nome dela. Pela primeira vez ela pode realmente ouvir a voz dele, sem contar naquele sotaque que ela amava. Mas o que realmente a fez se concertar na cadeira foi o cheiro de perfume masculino que ela sentiu. Era um daqueles perfumes que marca a pessoa, sabe? Ela tinha certeza que se lembraria dele para sempre só por esse cheiro, por mais que nunca mais o visse na vida. A menina se inclinou mais para perto dele, chegando os labios proximo ao ouvido dele.

Lisa - Meu nome é Lisa. *sorriu de leve quando ele a olhou* E voce tem cara de... Robert. *riu da cara que ele fez.* Acho que tenho visto muitos filmes britânicos. *riu, mantendo o olhar no dele, querendo saber seu nome* William? Harry? *sorriu novamente, fazendo analogia a familia real, brincando com ele*

O perfume dele era, realmente, diferente dos que estavam na moda entre os homens. Tinha um toque amadeirado e almíscar, que remetia a algo mais antigo, mas muito agradável ao olfato.  Ele a observou nos olhos, enquanto se aproximava, só perdendo o contato com o olhar dela quando ela sussurrara em seu ouvido o nome “Lisa”. Naquela posição, o homem tinha uma visão privilegiada: em primeiro lugar, conseguia ver a pele do pescoço dela tensionada, os ombros um tanto morenos, o decote mais evidente devido à inclinação e as pernas se espremendo no banquinho. Ele deu um sorriso, voltando a olhar nos olhos dela, quando Lisa voltou a sua posição inicial.

- Então eu serei William e você minha Kate, até acertar meu nome – brincou, com alguma pretensão típica de um homem mais velho. Diferente dos caras que ela havia ficado, ele não precisava de muito para se autoafirmar. Ele colocou uma nota que cobriria as despesas dos dois no balcão, piscando pra Madelaine, uma atendente que conhecia – Até mais – disse e se levantou. O jogo estava nos reprises.

- Vamos, minha princesa? – fez uma mesura leve, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. Estava exagerando, apenas para reforçar a brincadeira dos nomes.  – Antes que desmaie de fome. – Apesar da brincadeira, parecia mesmo preocupado.

- Então eu serei William e você minha Kate, até acertar meu nome – brincou, com alguma pretensão típica de um homem mais velho. Diferente dos caras que ela havia ficado, ele não precisava de muito para se autoafirmar. Ele colocou uma nota que cobriria as despesas dos dois no balcão, piscando pra Madelaine, uma atendente que conhecia – Até mais – disse e se levantou. O jogo estava nos reprises.

Então ele nao iria dizer seu nome? Theo tirou a carteira do bolso e colocou uma nota sobre o balcão. Lisa agradeceu, por mais que nao precisasse disso. Como ele nao tinha cara e nem jeito de quem precisasse de ajuda financeira, ela resolveu deixar aquilo como estava, sem insistir em pagar por suas bebidas.

- Vamos, minha princesa? – fez uma mesura leve, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar. Estava exagerando, apenas para reforçar a brincadeira dos nomes.  – Antes que desmaie de fome.

Lisa - Vamos, William. *implicou e pegou a mão dele, se levantando do banco e saindo do PUB*

Aquela cena estava errada em vários níveis. Primeiro porque ela estava indo para sabe-se lá aonde com um total desconhecido, e segundo porque esse desconhecido era muito mais velho. Por falar em idade, nem isso ela sabia. Não sabia o nome, nem a idade, nem onde morava, nem nada. A única coisa que ela sabia sobre ele era seu time preferido. Os dois saíram do bar, ela pegando sua jaqueta antes de passarem pela porta e a colocando pelos braços, estava friozinho lá fora. Os dois saíram do pub e o barulho cessou imediatamente, ficando silencio. Eles começaram a andar um ao lado do outro, meio que sem rumo, ou assim ela pensava. A rua alí nao era assim taaao movimentada, e nem muito iluminada. Em NY, a essa hora da noite era dia de tanto poste de luz que tinha. Mas ali... ali tudo parecia meio ermo, e olha que ainda devia ser antes da meia-noite. Eles iam andando em silencio, ela rezando para que nao fosse muito longe, a bota de salto alto nao era lá tao confortável assim.

Lisa - Quantos anos voce tem? *sendo direta mesmo, ele até mudou a velocidade de andar com a pergunta dela* Nao querendo ser intrometida, mas já sendo..  *o olhou de relance enquanto andavam*

-Eu ? – riu - 40. E você, menina? – perguntou, após terem saído do bar e ela ter perguntado aquilo.

Theo observava a menina, curioso com a facilidade que teve em “sair” com ela. Apesar disso, já estava um tanto tonto demais para ficar observando muita coisa sobre ela. Estava até feliz, adorando sentir o clima ameno da noite e ouvir o silêncio. Ela estava calada e ele não fez questão de preencher o silêncio com conversa fiada. Andaram um pouco até uma rua perpendicular àquela, sem saída e um tanto deserta, com vários carros parados. Ele andou até quase o final da rua, parando em frente a um dos carros.

- Preciso das minhas chaves pra entrar em casa depois – esclareceu, vendo que ela estava um pouco assustada com o local e deu uma risada -  Não foi hoje que você saiu com um maníaco, Kate... Mas devia ter mais cuidado. – Ele abriu o carro, pegando as chaves no porta-luvas e tirando algo da mala, um chinelo, e fechando as portas depois. Esperava encontrar o carro ali no dia seguinte -  Vamos? – ele entregou para ela o chinelo, não era feio nem muito grande, apesar de masculino. Devia ser poucos números maior que os dela. Estendeu o braço pra ela pegar e seguiu andando até o centro comercial não muito distante dali. O homem parecia mesmo assustadoramente observador.

Puxou assunto no caminho, vendo que ela havia se recusado a calçar os chinelos de primeira.

- Vocês mulheres gostam mesmo de sofrer – disse, dando um sorriso. Por sorte dela, não era muito distante de onde estavam.  Tinha uma praça com diversos trailers e mesinhas. Ele indicou para ela sentar em uma em frente de um trailer de kebab. Parecia amigo do homem que atendia, fazendo o pedido para os dois e aguardando. O atendente começou a cortar uma peça de carne enorme, em fatias fininhas, e montar um sanduíche com diversas coisas dentro. Parecia meio nojento de ver, mais ainda quando o professor trouxera para a mesa. Mas o cheiro era divino. Ele foi buscar as duas cervejas que pediu pra beber.


-  Vamos, prove. Vai ver, a melhor comida de rua do mundo –disse, abrindo as cervejas e ele mesmo pegando um dos sanduíches e dando uma mordida. O sabor era agradável, picante e doce ao mesmo tempo, com três tipos de carne dentro.

-Eu ? – riu - 40. E você, menina?

Ela ouviu aquilo e pensou ser brincadeira. Ele não aparentava nem 35! Era bonito, tinha as feições finas como a maioria dos ingleses; era alto, tinha porte. Lisa ficou surpresa com o numero que ele deu, mas preferiu não demonstrar essa reação, acabou por sorrindo levemente. 40 e solteiro? Não tinha aliança, e não aparentava ter namorada também. Esse pensamento a fez sentir-se mais eufórica do que deveria, ainda mais porque seu juízo tinha ficado no fundo do copo do terceiro drink que tomou. Os dois foram andando até pararem frente a um carro. Lisa viu as luzes do carro piscarem e se tocou que era o dele.

- Preciso das minhas chaves pra entrar em casa depois – esclareceu, vendo que ela estava um pouco assustada com o local e deu uma risada -  Não foi hoje que você saiu com um maníaco, Kate... Mas devia ter mais cuidado. – Ele abriu o carro, pegando as chaves no porta-luvas e tirando algo da mala, um chinelo, e fechando as portas depois. Esperava encontrar o carro ali no dia seguinte -  Vamos? –

Ela o observou abrir o carro e pegar as chaves, assim como um par de chinelos. Não sem antes jogar aquele comentário a acusando de não ser cuidadosa. Pra quem viveu a vida toda em NY, ela já sabia muito bem quem era de boa indole e quem não era. E ele... bom, vamos dizer que não metia muito menos em ninguém.

Lisa - Quem disse que não tenho cuidado? Vai que eu seja faixa preta e voce não sabe? *riu, já mais "alta", se sentindo mais soltinha* Vamos. *pegando o chinelo*

Ele era estranho, quem tem um par de chinelos no carro assim? Será que era pobre e não tinha casa, tendo que dormir no carro? Mas pobre não dirige Mercedes, e a dele era bem novinha. Os dois continuaram andando, ela levava os chinelos na mão, não queria parar para trocar agora, até porque o salto ainda não estava incomodando tanto. Os dois entraram em um restaurante de kebab. Vamos dizer que aquele nao era um lugar que ela estava acostumada a frequentar. O lugar era meio... meio. Mas o cheiro era bom, entao ela tratou de tirar o preconceito da frente.

[...]

Ele voltou com dois sanduíches e duas cervejas. Lisa pegou seu sanduíche e olhou, virando de lado um pouco para ver o que tinha dentro, mas achou melhor provar antes de analizar muito, ou acabaria não comendo.

-  Vamos, prove. Vai ver, a melhor comida de rua do mundo.

Lisa - Hmmm *terminando de engolir* É gostoso sim. Nunca comi nada parecido. *ela nunca comeu nada de rua, era sempre restaurante bom mesmo.*

Depois de terminarem o sanduíche, ficaram só na cerveja. Ele as vezes olhava para a televisão do estabelecimento que passava a reprise do jogo que tinham visto no pub, e era nessa hora que ela o analisava. O que será que ele queria com ela? Até agora nao tinha feito nada, somente a chamado para comer kebab. Ela riu de leve pensando nisso e acabou chamando a atenção dele.

Lisa - Desculpa, é que - *riu mais* Meus dias tem sido meio surreais. *se referindo a perder a orientação, a encontrar com Ariel, a chegar em Londres... tudo isso. Mas ele não sabia, claro* Vem aqui.

Se levantou, levando a cerveja junto e estendendo a mão para ele, querendo que ele se levantasse. Théo segurou na mao dela e Lisa foi andando pelo restaurante com ele em direção a saída. Assim que saíram para a rua, ela se virou para ele, ainda segurando uma das mãos dele, enquanto a outra segurava a cerveja. Ela chegou o corpo mais perto do dele, o fazendo sentar na muretinha que tinha ali, ficando entre as pernas dele.

Lisa - Kiss me, prince William. *o olhando nos olhos*



OBS: Coloquei que o Theo tinha uma Mercedes pq nao sabia o carro dele, entao escolhi um, mas pode mudar se quizer.  ^^

Apesar de a menina não ter dito a própria idade, Theo não insistira na pergunta. Sabia que mulheres costumavam ser sensíveis a essa pergunta... Ainda mais as mais novas, como ela aparentava ser. O medo dos “30 anos” era alvo de muitos estudos e parecia, realmente, atingir mais o sexo feminino. Quando ela se referiu a ser faixa preta em Karate, o professor apenas deu uma risada.

-Então, parece, que a nossa família real não precisará de seguranças particulares, princesa –  provocou. Logo continuaram andando e indo até o Trailer de Kebab. Tiveram um momento agradável ali, regado de algumas cervejas. A menina parecia bem curiosa sobre ele, lhe lançando olhadelas, quando ele se distraía com a TV. Além disso, certamente não estava acostumada em comer aquele tipo de comida e em um lugar sobre aquele... Era divertido observar ela lutando contra certos costumes de etiqueta para manter a carne toda dentro do pão. Ele não havia comentado isso, é claro.

[...]

Em determinado momento, ela começou a tagarelar sobre sua vida e terminou dizendo que estava meio “surreal”. Ele ia responder, mas acabou sendo puxado pela menina para fora do bar, carregando também a sua cerveja. Quando saíram, fora colocado contra uma mureta e acabou meio sentado nela, com a jovem entre suas pernas... Ela implorava por um beijo. Ele tirou a cerveja da mão dela, colocando junto com a dele na mureta e trouxe a mão que segurava até seus lábios. Deu um sorriso charmoso – Aye, madam – respondeu, soltando a mão dela e pousando uma das suas na cintura de Lisa, a trazendo mais pra perto. A mão livre, pousou no rosto da menina, a olhando nos olhos e logo aproximando os lábios dos dela.

Iniciou o beijo lento, calmo e bastante carinhoso. Como um cumprimento aos lábios desconhecidos. Mas, aos poucos, o beijo fora ficando mais intenso... Os corpos mais colados e, a mão que fazia carinho na bochecha dela, escorregou para os seus cabelos, os segurando firme, enquanto beijava.

Theo se sentia meio ridículo naquela posição de adolescentes, dando amassos no meio da rua, sentado em uma mureta. Mas, bem, já estava bêbado demais para ligar seu moralismo... Apenas queria continuar.

Ela pediu e ele a beijou. Lisa fechou os olhos assim que sentiu seus lábios sendo tocados, inicialmente de uma forma bem suave. O beijo foi pegando mais jeito a medida que ambos iam se soltando mais. Lisa respirou fundo quando o sentiu ir com a mão para sua nuca, dando aquela puxada de cabelo que te faz se arrepiar inteira. Ela colou mais o corpo no dele, colocando mais vontade no beijo. Subiu as mãos pelo peito dele até os ombros, apertando de leve, demonstrando que estava gostando. A menina curvava as costas um pouco, querendo fazer o beijo durar.

Eles nao estavam sozinhos ali, tinha gente sentada na beira da calçada, outras pessoas conversando de pé, a maioria entre os 25-35 anos. Ela era visivelmente mais nova do que ele, o que os fez ganharem alguns olhares de espanto. O negócio é que ela não estava ligando para isso no momento. Talvez fosse ligar amanha de manha, quando estivesse sóbria; mas por enquanto não. Os dois continuavam se beijando, as mãos dela já paradas perto da calça dele, segurando nas alcinhas do cinto, nas laterais do corpo dele.

Entre um beijo e outro, Theo reparava nos olhares lançados a eles... Ainda mais com a postura “entregue” da jovem Lisa. Apesar de estar alto de bebida, não estava tanto quanto ela, não gostando de ser atração para os olhos de outros jovens. Sabia a facilidade que eles colocavam as coisas na internet e, como professor, não podia correr esse risco.

Assim que Lisa começou a insinuar as mãos nas calças dele, o homem diminuiu o ritmo do beijo, pousando as mãos nos ombros dela e a afastando alguns milímetros. Deu um pequeno sorriso – Acredito que há lugares melhores pra continuar isso. – disse, direto – Não moro muito longe...

Com a assertiva da menina, ele foi acertar a conta deles. Pediu pra ela chamar um Uber, enquanto isso, pra chegarem mais rápido. Logo que voltou de dentro da lojinha de Kebab, avistaram o carro. Ele abriu a porta para ela entrar e, após confirmar o endereço, puxou o rosto dela para um beijo bem firme e intenso.

Ela sentiu seu corpo ser separado do dele e abriu os olhos.

– Acredito que há lugares melhores pra continuar isso. – disse, direto – Não moro muito longe...

Aquele convite fez sua pulsação aumentar de leve, como se ela soubesse que fosse errado. Talvez o efeito do álcool estivesse diminuindo? Lisa acabou por balançar a cabeça positivamente e viu o homem entrar no restaurante para pagar a conta. Ela pegou o celular e pediu um uber. Depois de uns 3 minutos, o carro chegou. Theo saiu de dentro do restaurante e os dois entraram no carro. Ela o ouviu dizer o endereço para o motorista e logo depois foi beijada sem esperar. Sorriu em meio ao beijo, vendo que não era só ela que estava com vontade de terminar aquilo em outro lugar. Os dois se beijaram por um tempo, parando depois e terminando o trajeto em silencio. Ela olhava pela janela e sentia a sobriedade voltando. E se ele fosse um maníaco? Ela nunca tinha feito isso, ir para a casa de um total desconhecido; ainda mais esse desconhecido sendo quase 20 anos mais velho do que ela. Mas antes que ela pudesse concluir esse pensamento, o carro foi parando. Theo pagou o taxi e os dois saíram. Ela olhou para o prédio e não achou lá grandes coisas, mas como tudo em Londres tinha o estilo "antigo", ela preferiu ver por dentro antes de julgar. Apesar de que ter ido a um restaurante de kebab já era indicativo dos gostos do homem, que pelo jeito não era lá muito sofisticado.