Constantinopla maio 1097

A vontade de Deus começava a se provar forte. As coisas que pareciam tão emperradas logo que ele e os beneditinos chegaram, começavam a dar certo. A mão da Providência age de forma misteriosa. Já chegava o dia de embarcar e, logo cedo, Zaniel estava de pé, já que não dormia como fazia os humanos. Preparara o café para o início daquela jornada. Comeram antes mesmo do sol raiar. Quando ele começava a despontar no horizonte, o anjo e os religiosos já estavam no porto, subindo na embarcação que fora preparada para eles. Parado ao lado de um dos irmãos, Zaniel falou: - Hoje seguiremos sem saber se vamos voltar. - Seu semblante, contudo, era tranquilo. Afinal, ele nascera para fazer aquilo. Esperava dessa maneira dar alguma consolo e incentivo ao irmão religioso. -Essa é uma pobreza verdadeira. - Acenou com a cabeça e, pegando suas coisas, pouquíssimas, embarcou.

Finalmente estava dentro do barco. Muitos eram mercenários locais. Homens que trocavam sua vida e sua força para lutar por sustento para si e talvez para alguma família. Conversavam e turco e em árabe. Ele não compreendia árabe, mas podia conversar em turco, por isso ocupou-se em trocar palavras com uns e outros. Queria saber o que pensavam e o que esperavam. Não era exatamente um homem de muitas palavras e decerto não era carismático. Seu dever era proteger e não aconselhar. Mas precisava ouvir aqueles homens mais do que dizer algo para eles.