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    Interlúdio: Às Margens do Caminho

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    Mensagem por Soviet Qui maio 30, 2013 4:02 am

    28 de Tarsakh, 1372.

    Ser um usuário da Trama das Sombras era ao mesmo tempo libertário e limitador. Enquanto se via livre as restrições de Mystra, Kara tinha que cumprir uma série de obrigações com Shar. O poder da Trama das Sombras era bom mas, como tudo o que era sedutor, cobra o seu preço. Apesar do tempo livre para pesquisas e estudos, para explorações, aventuras e duelos, Kara, como uma adepta da Trama Sombria, era obrigada a servir a Igreja de Shar, e a jovem sabia que recusar este serviço compulsório era uma falta grave punida severamente.

    Kara estava envolvida em uma pesquisa, em sua casa, quando recebeu a visita do sacerdote Isaac Nanvador, um dos mais influentes e poderosos servos da Amante da Noite na região das Terras Gélidas. O alto sacerdote estava acompanhado por outros três servos da Shar, um homem alto e forte, com expressões duras e um cabelo negro de fios grossos, uma mulher muito bela, e mesmo vestindo um longo robe de algodão negro, eram notáveis as formas voluptuosas por baixo do tecido, e um outro homem, também alto mas gordo, com bochechas grandes e rosadas e uma papada por baixo do queixo. Todos vestiam robes negros de lã com capas de lã roxa. Isaac Nanvador tinha por cima do robe um colete de seda, roxo com duas luas negras bordadas próximas da gola, uma em cada lado. Ainda haviam dois homens de arma acompanhando os clérigos, ambos estavam com caras fechadas e não faziam nenhum barulho além daquele causado por suas armaduras de metal negro. O mais alto carregava uma longa espada às costas, e o outro tinha dois machados presos ao cinto. Um homem baixo e esguio, que usava o cabelo castanho muito bem aparado e uma barba longa e pontuda por baixo do longo nariz, fora quem bateu à porta. O homem não tinha nenhuma arma a vista, mas ele não deveria ser nem um pouco inofensivo.

    Kara já tinha visto Nanvador algumas vezes em cultos e outras reuniões dos fiéis da Senhora da Noite, mas sabia que ele não se envolvia pessoalmente em muitos assuntos além dos mais importantes, e foi isso o que preocupou a jovam maga. Se era Nanvdor em pessoa o portador da missão de Kara, ela devia ser importante ou complexa, ou ambos. O sacerdote entrou com passos firmes no quarto alugado por Kara numa confortável taverna em Morovar, seguido pelos outros membros da pequena comitiva. Nanvador se sentou na cadeira onde a poucos instantes a jovem estava debruçada sobre um grosso tomo, folheou algumas páginas do livro e soltou uma interjeição monossilábica de satisfação, mas Kara não soube exatamente o motivo. Os homens de arma se mantiveram à porta, enquanto os outros se espalharam pelo quarto, sentando-se na cama, próximo da mesa ou da janela. Até o momento não havia sido dita uma cortesia, uma palavra de saudação ou um cumprimento, e foi Háthis, o gordo sacerdote, quem quebrou o silêncio sepulcral.

    - Saudações, Kara Kulenov. Eu sou Háthis, e estes são Farhom e Alanna, e é claro que você conhece Vossa Eminência, Isaac Nanvador. Devemos ser breves e diretos no momento, e não temos muito tempo para formalidades. - A voz de Háthis era grave e baixa, completamente diferente do que sua aparência insinuava - Temos uma tarefa para você, importante e com certo grau de urgência. Precisamos que você vá até Heliogabalus buscar e escoltar um convertido à fé de Shar até nosso templo em Porlith. Você deve partir imediatamente e levará consigo estes dois homens, - O sacerdote apontou os homens de arma com seus dedos gordos - contratados para cuidarem para que você e nosso novo irmão de fé façam uma viagem segura. Você deve partir imediatamente. Talvez queira levar este belo livro com você, não queremos atrapalhar suas pesquisas.

    Háthis sorriu ironicamente, e Alanna não conteve um risinho irritante. Farhom estava na janela e Nanvador até o momento não havia tirado os olhos do livro. Lentamente ele marcou a página com uma tira de seda vermelha e fechou o tomo, se virando para os outros em seguida.

    - Excelente leitura. - Isaac Nanvador se voltou para Kara. O homem tinha o cabelo quase todo grisalho e a pele enrugada embaixo dos olhos e na testa, mas seus olhos verde-musgo eram vivos e pareciam despir Kara de sua roupa, pudores e medos - Menina, a pessoa que você buscará tem conhecimentos importantes para a Igreja de Shar, especialmente para nós das terras frias do norte. Seu nome é Aach Crvenka e você deve mantê-lo em segurança sob qualquer circunstância. Se for preciso, dê a sua vida em troca da dele. Nós lhe daremos todas as provisões necessárias e uma quantia considerável em ouro para comprar o que for necessário, e a esperamos com nosso convidado em Porlith em duas dezenas. - Nanvador recostou-se na cadeira. O tom de sua voz era calmo, mas provido de uma indiscutível autoridade - Deseja nos fazer alguma pergunta?
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    Mensagem por bitenco Qua Jun 05, 2013 12:03 am

    Kara abriu a porta e não pode evitar reparar no homem que estava a sua frente. Se não fosse pela sua frieza, o maga teria demonstrado algum sinal de receio naquela hora. Ela então balançou a cabeça levemente uma vez e esperou todos entrarem antes de fechar a porta.

    Os olhos da jovem buscaram quem falava e quem fora apresentado, mostrando a importância que ela dava para todas aquelas pessoas terem ido atrás dela. Foi quando a palavra foi tomada pelo Isaac Nanvador.

    - Obrigada Senhor. - Respondeu ao elogio feito de seu livro.

    - Só uma senhor: eu gostaria de saber uma descrição do Senhor Aach Crvenka. Quanto ao resto, garanto sua escolta em maior segurança.

    Kara foi pegar o seu grimório para anotar o nome do alvo e os detalhes da missão. Ela não podia falhar, se não seria sua vida a custa desta falha.

    "Aach Crvenka... O quanto você é importante?"
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    Mensagem por Soviet Qua Jun 05, 2013 3:26 am

    - O senhor Crvenka é muito... peculiar - Kara notou que Nanvador deu um pequeno sorriso - Ele é alto, não possui cabelos e tem a pele tão branca que dizem que ele possui que água ao invés de sangue correndo em suas veias. Mas o que realmente o caracteriza são longas, profundas e numerosas cicatrizes nos braços, sua voz e o lado esquerdo do rosto coberto com tatuagens de símbolos retirados dos Pergaminhos Negros de Tulket nor Ahm. Já nos disseram que as tatuagens foram feitas com sangue; alguns dizem que com do próprio Crvenka, com o de suas vítimas e os mais exagerados dizem que foram feitas com o sangue dos próprios demônios do Abismo. - Isac se levanta, caminhando em direção à porta com passos calmos e metódicos - Eu não acredito nesse tipo de lenda que é contada por um e fantasiada por muitos, mas sei que Aach Crvenka é um homem que deve ser tratado com cautela.

    Já na porta, Nanvador se voltou para a janela - Farhom, poderia fazer a gentileza de entregar a nossa fiel irmã suas instruções e recursos? Sem dizer uma palavra, o sacerdote se aproxima da mesa onde Kara estava estudando, retirando de dentro de uma bolsa de couro que trazia pendurada no ombro dois pergaminhos e uma gorda algibeira de couro, e colocando-os ao lado do tomo elogiado por Nanvador.

    - Se não há mais perguntas - disse Háthis, repentinamente tomando a atenção da maga - devemos partir. Desejamos sucesso em sua tarefa, Kara.

    Assim como chegaram, todos partiram, com exceção dos dois mercenários, que permaneceram dentro do quarto quando ela se fechou. Kara não sabia precisar se eles não sabiam o que era privacidade ou se eles receberam instruções para permanecer no quarto até a partida.
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    Mensagem por bitenco Qua Jun 05, 2013 9:50 pm

    A maga não mexeu em nada só observando e escrevendo em seu grimório conforme o sacerdote falava. Assim que eles ameaçaram a sair, a menina levantou e foi até a porta para "permitir" a saída dos mesmos, dando uma última palavra:

    - Vou cumprir com meu papel em nome da Senhora da Noite. - Ela então esperou até que todos saíssem para fechar a porta. Só para então perceber que os dois guardas não se retirariam. - Vocês dois vão ficar parados na porta? Poderiam pelo menos me dar licença para me trocar?

    Kara não se importava com os dois ali dentro, mas ela queria um momento para ver quanto dinheiro havia sido dado e do que se tratava os dois pergaminhos antes de tomar qualquer atitude. Dois brutamontes daqueles não ajudariam em nada neste momento.
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    Mensagem por Soviet Sex Jun 07, 2013 3:07 am

    Os dois mercenários se entreolham e, com um expressão nada amigável, se retiram, batendo a porta. Com sua privacidade recuperada, Kara se volta para a algibeira e os dois pergaminhos guardados em tubos de ferro negro polido.

    Com calma, a maga abre primeiro a algibeira e se surpreende; à primeira vista o brilho das moedas le lembrou prata, mas algo neles era diferente. Kara olhou as moedas com mais calma e estudou o brilho mais pálido e amarelado de uma uma delas em sua mão par enfim constatar que aquilo não se tratava de prata, mas sim de platina, e havia pelo menos cem peças na algibeira. Foi só neste momento que Kara teve a certeza concreta de que a Igreja de Shar desejava muito ter Aach Crvenka entre seus fiéis e que falhar seria uma falta gravíssima.

    Os dois tubos de ferro negro eram idênticos, de tamanho aproximado do ante-braço de Kara. A tampa estava apenas encaixada e a pequena maga não teve dificuldade em abrir nenhum dos tubos. Em um deles havia um mapa detalhado de Porlith com a localização do templo de Shar, com cinco caminhos diferentes para chegar até ele e também indicações de portos seguros na cidade. O segundo era uma carta escrita e assinada por Isaac Nanvador, confirmando Kara como sua guia e protetora na viagem até Porlith e o templo de Shar.

    O raciocínio de Kara é interrompido por uma batida na porta seguida por uma voz rouca e carregada de sotaque thayano.

    - Kara, precisamos partir imediatamente.
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    Mensagem por bitenco Seg Jun 10, 2013 12:20 pm

    Kara ainda estava lendo a carta quando a batida na porta ocorreu. Um leve susto passou por suas sensações fazendo com que rapidamente ela pegasse sua mochila e colocasse os itens dentro, inclusive o livro na qual ela fazia a pesquisa, indo em seguida para a porta onde lhe chamavam.

    - Carregue.

    As únicas coisas que Kara fazia questão de carregar eram as suas moedas e as que recebera agora. Fora os itens que sempre carregara em seu corpo como seu amuleto e seus trajes para aquele tipos de ambiente.

    "Quem exatamente é Aach Crvenka?"

    Essa pergunta não saia da cabeça da jovem quando ela acompanhava os dois guarda-costas que havia ganhado, mas isso ela se indagaria ainda por mais tempo. Agora era hora de chegar até o tal homem.

    - Já temos transporte?
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    Mensagem por Soviet Seg Jun 24, 2013 11:02 pm

    Um dos homens pegou a bolsa, a contra-gosto, e sua voz soou ríspida.

    - Sim, temos cavalos a nossa espera.

    A viagem até Heliogabalus era curta, meio dia seguindo por uma estrada de terra batida que cruzava uma floresta de pinheiros e, apesar dos dois mercenários serem duas pessoas difíceis de se lidar, eles sabiam exercer suas funções e não causavam nenhum problema. Eles também tornavam a vigem mais segura; uma pequena garota sozinha na estrada atraia tanta atenção quanto uma pequena garota junto de dois homens de arma, mas poucos perturbariam Kara nessas condições.

    Heliogabalus continuava como Kara se lembrava. Era grande a diversidade de raças e etnias que trombavam umas nas outras pelas ruas estreitas e sinuosas da capital de Damara. A maga viu desde humanos e anões até os reservados svirfneblin, todos escondidos em calças de lã e capas de pele de urso para se protegerem do vento constante e frio que vinha do oeste.

    O lugar onde Kara devia se encontrar com Aach Crvenka já tinha sido combinado com os sacerdotes de Shar. O lugar era uma casa pequena com muros de pedra lisa, telhado feito com telhas rudimentares de barro e janelas estreitas, que tinham as persianas fechadas. Apesar de afastada do movimento da cidade, a casa não era isolada e Kara viu algumas pessoas indo e vindo por ali. Chegando à porta, a maga pode notar o silêncio sepulcral que estava dentro da casa; não se ouvia absolutamente nada, nem mesmo a respiração do homem que devia estar ali dentro.

    Um vento forte e gelado soprou de repente e Kara sentiu um arrepio percorrer-lhe toda a espinha e os pêlos de sua nuca se arrepiarem, ouviu um dos mercenários praguejar contra o frio e viu o outro soprar as mãos nuas, tentando aquecê-las. Kara teve um mal pressentimento ali, na frente da casa onde deveria buscar o protegido da Igreja de Shar, mas sabia que não havia muito o que pudesse fazer além de cumprir sua tarefa.
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    Mensagem por bitenco Ter Jun 25, 2013 3:14 am

    Mesmo durante a viagem desconfortável a cavalo, Kara não podia deixar de pensar sobre seu repertório mágico e como enfrentaria seus problemas caso aparecesse algum. Ela foi lembrando seus componentes e onde estava, refazendo as ocasiões onde cada mágica cairia bem.

    Nestas situações ela geralmente tendia a usar suas habilidades mais fracas primeiramente, antes de soltar suas últimas opções. Não era do feitio dela mostrar poder, mas sim cumprir com seu dever com eficácia, e isso requeria certa atenção. 

    "Se tratando de um mago, eu preciso começar com os truques mais básicos. Detectar Magias e Ler Magias são minhas ferramentas para qualquer analise, mas também não posso evitar as ferramentas de defesa. Resistência e Som Fantasma são minhas opções. Com uma eu me defendo e com a outra crio distrações para uma possível fuga..."

    Kara continuou assim durante boa parte do trajeto até ter certeza que tinha revisado suas possibilidades e meio estratégicos para utilizar cada uma de suas magias. Ela tentava ao máximo não transparecer qualquer reação até mesmo de que não estava prestando muito atenção na viagem. Caso fosse necessário, a maga das sombras iria falar para os dois guardas prestarem mais atenção na sua proteção do que nela.

    Já na cidade, Kara mudou sua postura, prestando mais atenção ao redor e fixa no lugar em que tinha que ir. Não parou em lugar nenhum no caminho, deixando o cavalo um pouco mais longe da casa para não chamar tanta atenção, indo o restante do caminho a pé.

    Ela ainda não havia parado para pensar em que situação havia se metido, dando conta disso apenas a frente da porta de onde deveria ir. O frio que sentia no corpo na parte de fora nem se comparava ao que ela sentia dentro de sua alma. Aquele homem a arrepiava mesmo sem encontrá-lo uma vez sequer.

    - Vocês vieram me proteger, então sigam a minha frente e façam vossos trabalhos. - Disse ríspida e como uma capitã. Ela escondia seu medo em suas palavras e atitudes, tentando deixar claro sua posição ali.

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    Mensagem por Soviet Sex Jul 12, 2013 3:49 am

    Os pensamentos de Kara fizeram e curta viagem parecer ainda mais curta. As horas de viagem passaram por ela velozes enquanto sua mente divagava entre fórmulas e táticas, entre uma forma de se desvencilhar em segurança se a tarefa se mostrasse um risco à sua vida e quem era Aach Crvenka, e o quanto ele já a assustava.

    Kara imaginava se o homem tinha tatuagens no rosto e se elas eram mesmo símbolos tirados dos Pergaminhos Negros de Ahm, um estudo perdido à muito - ou pelo menos isso é o que se diz - sobre os tanar'ri, as criaturas que habitam o Abismo, os Filhos do Caos. Kara sabia que eram raríssimos aqueles que já leram algum trecho dos Pergaminhos Negros, e o pouco que ela sabia era o que todos sabiam; os Pergaminhos de Ahm eram mais do que um estudo detalhado sobre os tanar'ris, mas um estudo onde se dizia que toda a vida no multiverso surgira do caos Abissal. Ahm não escreve isso, mas algumas interpretações sugerem que o sábio alega que o prórpio Abismo possui inteligência própria. Era um pensamento um tanto aterrador, levando-se em conta que Ahm acredita que tudo deve, e vai, irremediavelmente retornar ao caos absoluto. Isso fez q pequena maga imaginar o que Aach já deve ter feito e do que ele é capaz, e esse pensamento causou um arrepio em Kara.

    O que a fez voltar ao seu caminho desde os cavalos foi a visão da porta da casa onde Kara se encontraria com Aach Crvenka. Dada a ordem, os dois mercenários se olharam, um deles fez um careta e o outro apenas resmungou. Havia uma relação curiosa entre os dois mercenários. O maior deles, o que se recusava a usar luvas, era grande e forte, tinha o rosto quadrado e uma barba castanha de pelos grossos rentes ao rosto quadrado. Os olhos castanhos não demonstravam nada, e Kara soube que seu nome era Shagga apenas porque Willian, o outro mercenário, lhe disse. Will era tão alto quanto Shagga, mas nem de longe tão forte quanto ele. Em compensação, Will era mais bonito, com um rosto de feições suaves cobertos por uma longa barba e cabelos loiros. Qualquer um o tomaria como menos do que ele é se seus olhos não tivessem um constante brilho feroz, o que intimidava muitos homens, menos Shagga. Diante do grande mercenário, Will apenas resmungava e fazia as tarefas que o outro não queria; geralmente as tarefas mais degradantes ou de grande risco. E foi Will quem andou até a casa.

    Ele bateu duas vezes na porta simples e a empurrou para revelar o interior de uma casa quase toda tomado pelo breu. O mercenário deu dois passos para dentro, ainda segurando a maçaneta, e um instante depois se virou.

    - Não tem ninguém aqui.
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    Mensagem por bitenco Seg Jul 15, 2013 12:26 pm

    "Algo está estranho... É melhor eu me precaver. Estes dois só vão chamar a atenção que eu não preciso."

    Kara pensou um pouco e olhou para o homem que abria a porta, em seguida olhando também para o segundo presente ali. Seu olhar era de alguém séria e que estava a cima dos demais ali. A maga pouco se importou se isso os ofendia ou não.

    - Então me esperam do lado de fora. Não deixem ninguém sair ou entrar na casa enquanto eu ainda estiver ai dentro.

    Não havia chances para resposta. Kara já terminou de falar iniciando sua conjuração. Suas mãos rodearam seu corpo passando pela sua bolsa enquanto ela soltava algumas palavras desconexas. Neste processo ela retira um material e o despeja sobre a cabeça. Antes que este a alcançasse, as sombras ao redor se enrolaram na maga até engolirem o material e desceram rapidamente em seguida, sumindo com a mesma.

    Ainda não era hora de invadir a casa. Antes, ela tinha que se certificar que não seria pega de surpresa por nenhuma magia de seu alvo. Os dois a sua volta puderam ouvir mais algumas palavras antes de tudo ficar em silêncio.

    "Mesmo sob esta escuridão, se eu for com cautela posso me proteger e evitar qualquer surpresa... Só tenho que me certificar de não subestimar o mago. Ele já pode estar me vendo."

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    Mensagem por Soviet Dom Jul 21, 2013 3:16 pm

    Kara entrou na casa com passos firmes. A única luz era a que entrava pela porta, a fraca luz alaranjada de um punhado de tochas dispostas ao longo da rua. A maga percebeu que a casa era um prédio de um único cômodo, ironicamente muito semelhante ao quarto em que ela estava hospedada pela manhã.

    As duas janelas quadradas não deviam ser abertas a muito tempo, pois estavam bloqueadas com tábuas de madeira semi-destruída por cupins, e isso fazia Kara entender o motivo do lugar cheirar tão ruim. Um cheiro acre, azedo, que queimava as narinas e fazia os olhos lacrimejarem. Uma cama se estendia aos pés da janela da esquerda - ou da direita, olhando a casa de frente para a porta - e sobre ela não havia nada além de um colchão de palha estropiado. Do outro lado do cômodo havia um armário de madeira, e este se encontrava em um estado melhor do que a cama. A madeira era envernizada e não parecia ser muito velha nem tomada por cupins. Uma das portas do armário estava aberta e ele estava vazio, indicando mais uma vez o abandono da casa.

    Ao fundo, Kara pode ver uma longa e estreita mesa de madeira ao lado de um fogão de barro, que ficava aos pés da cama. Havia cerca de um metro entre o fogão de barro e uma das três cadeiras que cercavam a mesa, cada uma disposta em um lado. Kara ouviu um barulho e se virou, assustada, apenas para ver um rato saltar de dentro do fogão e correr para fora da casa. A maga respirou profundamente, esquecendo-se do cheiro, que invadiu suas narinas que voracidade, e voltou seus olhos para a mesa. Nada havia sobre ela além de poeira e restos apodrecidos de comida.

    Realmente parecia não haver ninguém na casa, mas correndo os olhos pelo lugar novamente, Kara se atentou em algo que não tinha percebido antes. Bem ao lado do fogão de barro, no espaço entre ele e a cadeira, a maga teve certeza de ter visto as sombras se moverem. Elas não tinhas formas definidas; tinham os braços alongados e o torso fino terminado em cabeças estreitas e esticadas. As sombras pareciam não ter pernas e foi então que Kara notou aquilo que era o mais estranho: as sombras não se moviam sob os caprichos de uma fonte de luz, mas por vontade própria. A pequena maga segurou a respiração por um momento e sentiu as pernas vacilarem, pensando no que poderia ser aquilo, mas logo em seguida recuperou a coragem com que havia entrado na casa e se atentou à um detalhe que a fez esquecer o medo. As sombras brilhavam.

    Não era um brilho qualquer, mas uma tênue e avermelhada luz que indicava à ela, e a mais ninguém, que aquelas sombras dançarinas eram fruto de magia. Foi preciso apenas se concentrar nelas para Kara reconhecer a forte aura de ilusão, apesar de não reconhecer a magia, e além da ilusão a maga viu, em pé, um homem alto e magro, envolvido num manto negro que se estendia até seus pés. A única parte descoberta era sua cabeça sem barba ou cabelo, e Kara pode ver os símbolos ao qual Isac Nanvador se referira entalhados no rosto de Aach Crvenka. Eles pareciam ser vermelhos, o que fez um estremecimento involuntário percorrer o corpo da maga quando ela se lembrou das palavras de Nanvador. Elas foram feitas com sangue, Kara pensou. Sem mover um músculo, sem nem mesmo respirar, Kara pensou ter visto um estranho brilho nos olhos do homem e só então percebeu que durante todo o tempo em que estivera ali, em pé e invisível, encarando o homem, um fino sorriso contorcia-se em seus lábios.
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    Mensagem por bitenco Seg Jul 22, 2013 1:58 pm

    Suas pernas estremeceram quando a ilusão deu origem a verdade por trás. Kara ficou estatelada sem fala e sem pensamentos, olhando o ser que estava a sua frente. Era raro a ver num estado deste. Apenas este homem com sua presença e suas marcas conseguiram a deixar assim, e mesmo sob uma coberta invisível, a maga se sentiu despida e sendo observada pelo pior dos homens que ela tinha que conhecer. Porém, sua missão ali era de grande importância pra ela. Ela retirou forças de sua vontade e de sua devoção pela sua deusa, falando:

    - Aach Crvenka? - Disse na mesma rapidez que desfez sua magia de invisibilidade.

    Tentando encarar o homem por máximo que isso parecia impossível, a conjuradora das sombras demorou um pouco para continuar sua fala.

    - Sou Kara Kulenov, uma serva dos templos de Shar e vim aqui lhe fornecer um caminho livre. - Terminou fazendo uma reverência num estilo masculino e permaneceu assim, esperando pela resposta do homem a sua frente.
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    Interlúdio: Às Margens do Caminho Empty Re: Interlúdio: Às Margens do Caminho

    Mensagem por Soviet Sex Jul 26, 2013 11:14 pm


    O homem permaneceu imóvel por um longo tempo depois que Kara havia se apresentado, ou pelo menos foi isso o que pareceu à jovem maga. Aach não pareceu surpreso quando Kara desfez sua magia e, ao contrário do que a pequena pode ter pensado, ele não anulou a sua. Pelo contrário, caminhou com passos curtos e lentos na direção de Kara, com as sombras dançando ao seu redor conforme atravessava a curta distância entre eles.

    Passo seguido de passo, Crvenka se aproximava com as sombras a turvar o seu sorriso fino e oblíquo. Kara não soube o que fazer, ir ao encontro de Aach, correr para longe, chamar por Will ou Shagga... E ficou aonde estava, parada, mal respirarando. Quando Crvenka estava a um passo de distância, Aach parou e as sombras se desvaneceram, misturando-se à penumbra e às sombras reais da casa. Aach Crvenka era alto, quase duas vezes maior do que Kara, e ele parou bem em frente à maga, e olhava-a sem abaixar a cabeça, apenas seus olhos estavam voltados para baixo, negros e profundos, fitando a pequena maga.

    Aach curvou-se, estendeu os braços e tomou umas das mãos de Kara nas suas. A maga sentiu-as geladas e viu que elas eram pálidas, a direita com uma cicatriz na palma que se estendia do pulso até o dedo indicador. Apesar de não parecer ter muita força física, o mago parecia ter uma firmeza excelente nas mãos, a Kara não pode fazer nada além de não resistir. O fino sorriso abriu-se, revelando dentes grandes e brancos, apesar de avermelhados próximos da gengiva. Não era um sorriso feio, longe disso, era um sorriso belo, e Kara teria se encantado por ele se pertencesse a outro homem.

    Veias azuladas corriam por toda a pela de Crvenka, das mãos à cabeça, e a serva de Shaar pode ver uma muito longa e grossa que corria das têmporas e ramificava-se até alcançar o pescoço, onde desaparecia sob o grosso cachecol cinza que Aach vestia. O cachecol parecia ser de algodão, e possuia manchas negras bordadas em seda. O mago baixou sua cabeça e deu um beijo seco na mão de Kara, levantando-se de forma abrupta e rígida. A maga notou que o manto de Crvenka era de um negro profundo, não possuia manchas nem aparentava sinais de desgaste, e era completamente livre de quaisquer símbolos ou bordados.

    - Boa noite, Kara Kulenov.

    A voz de Aach era grave e profunda, e parecia vir de outro lugar além de si mesmo. Num primeiro momento, parecia que a voz ecoava dentro da própria garganta de Crvenka, num tom baixo e monótono. Aach sorria novamente. Desta vez Kara prestou atenção às tatuagens. Quatro símbolos rubros e estranhos à maga, um decorava a testa pálida de Crvenka, separado do segundo apenas pela sobrancelha. Este, por sua vez, foi desenhado por cima do olhos, e ele só ficava completo por alguns instantes quando o mago piscava. O terceiro símbolo estava ao lado da boca, distante dos outros, quase no queixo. Este foi o que mais perturbou Kara; um semi-círculo cercado pelo que pareciam ser minúsculos rostos do lado externo, e pequenas linhas cruzando pequenos círculos do lado de dentro, tocando os lábios. A quarta tatuagem era longa e fina, e estendia-se desde a testa até o pescoço, envolvendo todos os outros três símbolos. Mesmo depois do beijo, Aach continuava a envolver a mão de Kara em frio e medo.

    - Narvandor disse que enviaria um pergaminho com você.

    Ouvir novamente a voz de Crvenka fez Kara arrepiar-se pela segunda vez. Desta vez o mago não sorria. Aach libertou a mão da maga e ficou ali, de pé. Kara não precisava de uma magia para perceber o poder mágico latente em Aach Crvenka, assim como também não era tola e imaginava, já que não pode afirmar, que este homem deve ter consigo as chaves para muitos segredos e poderes para que a Igreja de Shaar esteja tão interessada em protegê-lo. Só restava a Kara saber se ela deseja saber quais são eles.
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    Mensagem por bitenco Seg Jul 29, 2013 10:41 pm

    Olhar apenas as passadas daquele homem uma a uma fazia o coração da maga palpitar mais do que em qualquer momento da sua vida. Kara havia sido ensinada a não demonstrar suas fraquezas para qualquer um e suprimia boa parte delas. Mesmo neste momento ela tentava se manter com um olhar sereno e sem vida, mas a verdade é que ela mal conseguia levantar a cabeça.

    Ela não sabia dizer quanto tempo fora que ele demorara para chegar até seu lado e pegar em sua mão. Fora somente ai que Kara levantara a cabeça e olhara fixa para o homem a sua frente. Aach Crvenka era assustador mas ao mesmo tempo misterioso. Ele conseguiu seduzir o olhar e os pensamentos de Kulenov por um tempo. O suficiente para que cada detalhe de seu corpo fosse visto e analisado sob os olhos de uma admiradora.

    "Este homem deve conhecer todos os segredos que eu preciso" - Pensou para conduzir suas ações para um melhor relacionamento com o mago.

    - Sim, é claro, Sr. Crvenka.

    Kara retirou a mão com leveza das de Aach, quase que pedindo permissão. Só assim ela retira sua pequena bolsa e a leva até alguma mesa ou apoio que houvesse mais próximo dela. Ali ela abre com cuidado e retira o pergaminho depois de procurar um pouco. Neste momento, ele tentou ao máximo se controlar e parecer mais calma como sempre tentava estar.

    - Aqui, Sr. Crvenka. - Disse depois de retirar o pergaminho da bolsa e se afastar dois passos da mesa em direção ao mago.
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    Mensagem por Soviet Qui Ago 01, 2013 2:13 am

    Aach se aproximou da mesa com passos lentos, e tomou o pergaminho de Kara com suas mãos finas e pálida. A maga notou que Crvenka era estranhamente silencioso, e mesmo o pergaminho parecia fazer menos barulho ao ser desenrolado por ele. Aach correu os olhos pelas palavras e sorriu.

    - Perfeito. - Aach dobrou a carta e a enfiou em um bolso interno de seu manto. Quando fez isso, Kara pode ver que por baixo de negrume de lã, Crvenka vestia uma túnica de seda cinza sem adornos e uma faixa negra de um palmo lhe envolvia a cintura - Antes de partirmos eu preciso tratar de um assunto. Você se importaria em me acompanhar, Kara Kulenov?

    Aach fitou a pequena maga com seus olhos profundos e negros de forma penetrante, e aguardou a resposta com seu irritante e fino sorriso nos lábios.
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    Mensagem por bitenco Qui Ago 01, 2013 10:36 pm

    O coração de Kara disparou de novo quando o mago veio se aproximando dela. Cada passo em sua direção parecia que o ar ficava mais aperto e o local todo diminuía. Ela se perguntava como um homem como aquele poderia provocar tanto pavor, mesmo estando ao seu lado.

    "Não tenho magias suficientes para qualquer inconveniência que apareça. Mesmo assim eu preciso estar preparada... Ele não me passa confiança e ainda por cima parece que lê meus pensamentos." - Pensou enquanto via o homem ler o pergaminho.

    - Não... Seria um prazer, Sr Crvenka. - Disse sem expressões no rosto, evitando o pavor dos seus olhos.

    Kara colocou sua bolsa de novo em seu ombro como sempre fazia e esperou que Aach fosse na frente. Indo pela suas costas aliviaria a pressão de estar no mesmo ambiente que ele.

    "Aqueles guardas inúteis. Eles deveriam ter entrado já que eu estou demorando... Eles realmente não servem pra nada."
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    Mensagem por Soviet Seg Ago 05, 2013 2:09 am

    Mal Kara havia concordado, Aach lhe dá as costas e sai da casa, não levando absolutamente nada consigo. O mago passou pelos mercenários dignando-lhes um leve aceno de cabeça e adentrou a noite. Shagga logo seguiu com o mago, mas Will esperou por Kara, acompanhando-a.

    Crvenka seguiu a pé, e seus passos agora eram completamente diferentes daqueles que Kara viu dentro da pequena casa, e Aach avança com rapidez pelas ruas de Heliogabalus, com o manto negro esvoaçando sob o vento gelado que havia dominado a noite. O céu era negro e milhares de estrelas pontilhavam alvas e brilhantes o longo manto de Shar. Selûne, em sua audaciosa beleza, despontava na abóbada negra quase cheia, iluminando a noite nos lugares onde a luz das tochas não chega.

    À cavalo ou caminhando sobre os próprios pés, os quatro seguiram por alguns minutos de volta às ruas mais agitadas do centro da cidade até um sobrado agradável na Rua dos Alfaiates. Não havia nenhuma luz vindo da casa, e Kara tomou aquela como a residência de Crvenka, mas isto foi só até a maga ver a placa de madeira acima da porta, agitando-se por causa do vento. "Alfaiataria do Tahir" estava talhado na madeira em letras simples e pintado com alguma cor irreconhecível à noite. Aach retirou uma chave de um bolso de seu manto e todos entraram. Haviam poucos móveis e muitos rolos de tecido dentro da alfaiataria. Sem nem uma palavra, Aach atravessa a sala e sobe uma escada até o andar superior. Kara o seguiu...

    ... apenas para ter uma surpresa.

    Diversas criaturas estavam ali, aguardando o retorno de seu aparente mestre, dada a excitação que tomou conta delas quando viram Aach. À luz da lua e das tochas era difícil dizer qual a cor do couro das criaturas, azul ou talvez verde, mas era possível ver as pústulas e os pelos que cresciam em tufos desiguais pelas costas e braços. Braços, por sinal, desproporcionais ao corpo, que se estendiam dos ombros curvados até o chão, onde terminavam em mãos grandes e dedos finos e longos. Quase todos se sustentavam nos braços, apoiando as costas das mãos no chão de madeira. As criaturas não eram todas iguais, algumas eram mais altas, outras tinham uma barriga muito mais protuberante do que os outros, mas todos eram corcundas e tinham pernas pequenas e atrofiadas. Finos chifres se projetavam das cabeças horizontalmente, quase imperceptíveis no escuro.

    Quando Kara deu por si, Crvenka estava próximo da janela, e logo a luz suave de uma vela dominou o ambiente. A maga ouviu passos e logo Shagga estava junto deles. Will tinha subido junto com Kara, mas as criaturas fizeram ela esquecê-lo por um momento. Com a sala melhor iluminada, todos puderam ver que haviam quase dez daquelas bestas de longa e estreita sala, acotovelando-se, procurando um espaço para se manterem em pé. O couro, que parecia áspero, era de um tom acinzentado e claro, e seus rostos eram deformados e o couro, que parecia mais maleável, era flácido e coberto de furúnculos. Os olhos eram miúdos e as bocas eram finas linhas repletas de dentes pequenos e afiados. Os chifres na verdade eram orelhas longas e finas, cobertas por pelos grossos.

    - Pelas armas de Tempus, o que são estas bestas? - A voz de Shagga soava agressiva. Aach olhava para todos com seu sorriso nos lábios.

    - Logo algumas pessoas estarão aqui. Tratarei com elas um assunto que temos pendente e seguiremos viajem. - Aach apontou para uma porta atrás de Kara - Fiquem à vontade e, quando eles chegarem, por favor, fiquem em silêncio. Pretendo fazer uma surpresa para eles.

    A pequena maga teve receio de dar um passo sequer na direção, mas Shagga estava demasiado perturbado com a visão daquelas criaturas, e queria saber o que mais havia naquele lugar. Com um movimento suave o mercenário abriu a porta, e o que todos viram foi uma cama simples. Sobre ela havia um homem deitado, mas só se conseguia ver suas pernas e seus pés. Havia uma mulher em cima do homem, com e pele alva alaranjada à luz da vela e com os cabelos longos realçados pelo fogo, cavalgando-o com voracidade e não fazendo quase nenhum som, apenas leves suspiros de prazer. A porta aberta não os incomodou e a mulher continuou, agora com mais calma, com movimentos ritmados do quadril. O homem ergueu-se da cama e lhe agarrou a bunda enquanto lhe mordia o pescoço. A mulher gemou e arqueou as costas, rendida a prazer. Shagga, desta vez, não teve tempo de dizer nada. A surpresa e o desconforto fizeram as palavras desaparecerem.

    - Parem com isso, estão deixando meus convidados desconfortáveis.

    A garota ruiva se virou, com um sorriso inocente no rosto, e se levantou, revelando um homem muito mais velho do que ela. A menina era bela, tanto seu rosto quanto seu corpo bem delineado, ao contrario do homem, que tinha uma barriga grande demais e pernas flácidas, e isso era compensado apenas pelo seu membro viril. Kara se virou para Aach Crvenka, e ele sorria.
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