28 de Tarsakh, 1372.
Ser um usuário da Trama das Sombras era ao mesmo tempo libertário e limitador. Enquanto se via livre as restrições de Mystra, Kara tinha que cumprir uma série de obrigações com Shar. O poder da Trama das Sombras era bom mas, como tudo o que era sedutor, cobra o seu preço. Apesar do tempo livre para pesquisas e estudos, para explorações, aventuras e duelos, Kara, como uma adepta da Trama Sombria, era obrigada a servir a Igreja de Shar, e a jovem sabia que recusar este serviço compulsório era uma falta grave punida severamente.
Kara estava envolvida em uma pesquisa, em sua casa, quando recebeu a visita do sacerdote Isaac Nanvador, um dos mais influentes e poderosos servos da Amante da Noite na região das Terras Gélidas. O alto sacerdote estava acompanhado por outros três servos da Shar, um homem alto e forte, com expressões duras e um cabelo negro de fios grossos, uma mulher muito bela, e mesmo vestindo um longo robe de algodão negro, eram notáveis as formas voluptuosas por baixo do tecido, e um outro homem, também alto mas gordo, com bochechas grandes e rosadas e uma papada por baixo do queixo. Todos vestiam robes negros de lã com capas de lã roxa. Isaac Nanvador tinha por cima do robe um colete de seda, roxo com duas luas negras bordadas próximas da gola, uma em cada lado. Ainda haviam dois homens de arma acompanhando os clérigos, ambos estavam com caras fechadas e não faziam nenhum barulho além daquele causado por suas armaduras de metal negro. O mais alto carregava uma longa espada às costas, e o outro tinha dois machados presos ao cinto. Um homem baixo e esguio, que usava o cabelo castanho muito bem aparado e uma barba longa e pontuda por baixo do longo nariz, fora quem bateu à porta. O homem não tinha nenhuma arma a vista, mas ele não deveria ser nem um pouco inofensivo.
Kara já tinha visto Nanvador algumas vezes em cultos e outras reuniões dos fiéis da Senhora da Noite, mas sabia que ele não se envolvia pessoalmente em muitos assuntos além dos mais importantes, e foi isso o que preocupou a jovam maga. Se era Nanvdor em pessoa o portador da missão de Kara, ela devia ser importante ou complexa, ou ambos. O sacerdote entrou com passos firmes no quarto alugado por Kara numa confortável taverna em Morovar, seguido pelos outros membros da pequena comitiva. Nanvador se sentou na cadeira onde a poucos instantes a jovem estava debruçada sobre um grosso tomo, folheou algumas páginas do livro e soltou uma interjeição monossilábica de satisfação, mas Kara não soube exatamente o motivo. Os homens de arma se mantiveram à porta, enquanto os outros se espalharam pelo quarto, sentando-se na cama, próximo da mesa ou da janela. Até o momento não havia sido dita uma cortesia, uma palavra de saudação ou um cumprimento, e foi Háthis, o gordo sacerdote, quem quebrou o silêncio sepulcral.
- Saudações, Kara Kulenov. Eu sou Háthis, e estes são Farhom e Alanna, e é claro que você conhece Vossa Eminência, Isaac Nanvador. Devemos ser breves e diretos no momento, e não temos muito tempo para formalidades. - A voz de Háthis era grave e baixa, completamente diferente do que sua aparência insinuava - Temos uma tarefa para você, importante e com certo grau de urgência. Precisamos que você vá até Heliogabalus buscar e escoltar um convertido à fé de Shar até nosso templo em Porlith. Você deve partir imediatamente e levará consigo estes dois homens, - O sacerdote apontou os homens de arma com seus dedos gordos - contratados para cuidarem para que você e nosso novo irmão de fé façam uma viagem segura. Você deve partir imediatamente. Talvez queira levar este belo livro com você, não queremos atrapalhar suas pesquisas.
Háthis sorriu ironicamente, e Alanna não conteve um risinho irritante. Farhom estava na janela e Nanvador até o momento não havia tirado os olhos do livro. Lentamente ele marcou a página com uma tira de seda vermelha e fechou o tomo, se virando para os outros em seguida.
- Excelente leitura. - Isaac Nanvador se voltou para Kara. O homem tinha o cabelo quase todo grisalho e a pele enrugada embaixo dos olhos e na testa, mas seus olhos verde-musgo eram vivos e pareciam despir Kara de sua roupa, pudores e medos - Menina, a pessoa que você buscará tem conhecimentos importantes para a Igreja de Shar, especialmente para nós das terras frias do norte. Seu nome é Aach Crvenka e você deve mantê-lo em segurança sob qualquer circunstância. Se for preciso, dê a sua vida em troca da dele. Nós lhe daremos todas as provisões necessárias e uma quantia considerável em ouro para comprar o que for necessário, e a esperamos com nosso convidado em Porlith em duas dezenas. - Nanvador recostou-se na cadeira. O tom de sua voz era calmo, mas provido de uma indiscutível autoridade - Deseja nos fazer alguma pergunta?
Ser um usuário da Trama das Sombras era ao mesmo tempo libertário e limitador. Enquanto se via livre as restrições de Mystra, Kara tinha que cumprir uma série de obrigações com Shar. O poder da Trama das Sombras era bom mas, como tudo o que era sedutor, cobra o seu preço. Apesar do tempo livre para pesquisas e estudos, para explorações, aventuras e duelos, Kara, como uma adepta da Trama Sombria, era obrigada a servir a Igreja de Shar, e a jovem sabia que recusar este serviço compulsório era uma falta grave punida severamente.
Kara estava envolvida em uma pesquisa, em sua casa, quando recebeu a visita do sacerdote Isaac Nanvador, um dos mais influentes e poderosos servos da Amante da Noite na região das Terras Gélidas. O alto sacerdote estava acompanhado por outros três servos da Shar, um homem alto e forte, com expressões duras e um cabelo negro de fios grossos, uma mulher muito bela, e mesmo vestindo um longo robe de algodão negro, eram notáveis as formas voluptuosas por baixo do tecido, e um outro homem, também alto mas gordo, com bochechas grandes e rosadas e uma papada por baixo do queixo. Todos vestiam robes negros de lã com capas de lã roxa. Isaac Nanvador tinha por cima do robe um colete de seda, roxo com duas luas negras bordadas próximas da gola, uma em cada lado. Ainda haviam dois homens de arma acompanhando os clérigos, ambos estavam com caras fechadas e não faziam nenhum barulho além daquele causado por suas armaduras de metal negro. O mais alto carregava uma longa espada às costas, e o outro tinha dois machados presos ao cinto. Um homem baixo e esguio, que usava o cabelo castanho muito bem aparado e uma barba longa e pontuda por baixo do longo nariz, fora quem bateu à porta. O homem não tinha nenhuma arma a vista, mas ele não deveria ser nem um pouco inofensivo.
Kara já tinha visto Nanvador algumas vezes em cultos e outras reuniões dos fiéis da Senhora da Noite, mas sabia que ele não se envolvia pessoalmente em muitos assuntos além dos mais importantes, e foi isso o que preocupou a jovam maga. Se era Nanvdor em pessoa o portador da missão de Kara, ela devia ser importante ou complexa, ou ambos. O sacerdote entrou com passos firmes no quarto alugado por Kara numa confortável taverna em Morovar, seguido pelos outros membros da pequena comitiva. Nanvador se sentou na cadeira onde a poucos instantes a jovem estava debruçada sobre um grosso tomo, folheou algumas páginas do livro e soltou uma interjeição monossilábica de satisfação, mas Kara não soube exatamente o motivo. Os homens de arma se mantiveram à porta, enquanto os outros se espalharam pelo quarto, sentando-se na cama, próximo da mesa ou da janela. Até o momento não havia sido dita uma cortesia, uma palavra de saudação ou um cumprimento, e foi Háthis, o gordo sacerdote, quem quebrou o silêncio sepulcral.
- Saudações, Kara Kulenov. Eu sou Háthis, e estes são Farhom e Alanna, e é claro que você conhece Vossa Eminência, Isaac Nanvador. Devemos ser breves e diretos no momento, e não temos muito tempo para formalidades. - A voz de Háthis era grave e baixa, completamente diferente do que sua aparência insinuava - Temos uma tarefa para você, importante e com certo grau de urgência. Precisamos que você vá até Heliogabalus buscar e escoltar um convertido à fé de Shar até nosso templo em Porlith. Você deve partir imediatamente e levará consigo estes dois homens, - O sacerdote apontou os homens de arma com seus dedos gordos - contratados para cuidarem para que você e nosso novo irmão de fé façam uma viagem segura. Você deve partir imediatamente. Talvez queira levar este belo livro com você, não queremos atrapalhar suas pesquisas.
Háthis sorriu ironicamente, e Alanna não conteve um risinho irritante. Farhom estava na janela e Nanvador até o momento não havia tirado os olhos do livro. Lentamente ele marcou a página com uma tira de seda vermelha e fechou o tomo, se virando para os outros em seguida.
- Excelente leitura. - Isaac Nanvador se voltou para Kara. O homem tinha o cabelo quase todo grisalho e a pele enrugada embaixo dos olhos e na testa, mas seus olhos verde-musgo eram vivos e pareciam despir Kara de sua roupa, pudores e medos - Menina, a pessoa que você buscará tem conhecimentos importantes para a Igreja de Shar, especialmente para nós das terras frias do norte. Seu nome é Aach Crvenka e você deve mantê-lo em segurança sob qualquer circunstância. Se for preciso, dê a sua vida em troca da dele. Nós lhe daremos todas as provisões necessárias e uma quantia considerável em ouro para comprar o que for necessário, e a esperamos com nosso convidado em Porlith em duas dezenas. - Nanvador recostou-se na cadeira. O tom de sua voz era calmo, mas provido de uma indiscutível autoridade - Deseja nos fazer alguma pergunta?