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    Rostos do Passado

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    Mensagem por Soviet Seg Dez 16, 2013 1:46 am

    Tópico com os personagens do primeiro e breve momento do jogo.
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    Mensagem por Soviet Qua Abr 15, 2015 12:08 am

    Anahera, a feiticeira sem origem.

    A Tatuagem dos Sonhos

    Com os pés calejados, a jovem que acabará de sair da idade ingênua caminha por entre a floresta úmida, a única proteção que tinha nos pés eram poucas amarras de couro que desciam da canela até o calcanhar. A figura exótica da linda mulher, claramente selvagem, desviava das plantas espinhosas como se estivesse em uma coreografia ensaiada pelos deuses da floresta, a forma em que andava rapidamente na densa mata denunciava que conhecia o território como se fosse a proprietária daquele solo fértil que vingou nas proximidades do deserto de Anauroch.

    Os olhos de cor vibrante e clara mais parecem feitos de mel, mas sua função era a mesma de qualquer outro humano, e procurava atentamente por uma folha de três pontas, uma folha pequena que dava em um dos arbustos da floresta. Não demora muito para Anahera, a mulher selvagem, achar as folhas que precisava. Aos pés do arbusto ela se agacha e arranca as folhas com uma adaga, era o último ingrediente que precisava para passar o dia em paz.

    Da mesma forma em que saiu de sua cabana para procurar pelas folhas ela volta, seu talento natural de sobrevivência a faz escolher os melhores atalhos e fugir dos predadores.

    Anahera chega na sua cabana ainda de dia, a procura havia terminado antes do que imaginou quando saiu. Dentro da pequena e apertada cabana feita de madeira de carvalho Anahera tinha tudo o que precisava para passar o dia. Com as mãos lavadas, junta alguns dos ingredientes, com a habilidade de quem sabe o que está fazendo mistura pó de ocre com o liquido que formaria a tinta negra.

    A jovem senta em uma cadeira em frente a única mesa que tinha na cabana, em cima da mesa, um jarro de barro servia de apoio para um pequeno espelho ornamentado que havia roubado a poucos dias em uma caravana de comerciantes que passavam por perto da floresta. Anahera fica em frente ao espelho, a tinta negra e a agulha feita de osso acompanhavam o martelo improvisado confeccionado por ela mesma.

    Antes de começar o procedimento que planejava, Anahera dá três goles no chá que já estava preparado. Uma tontura imediata se apodera do corpo e mente da jovem, logo depois a adrenalina de Anahera estava pulsando em todo seu corpo, as mãos tremem por alguns segundos mas não demoram a normalizar. Com a mão direita ela segura a agulha como se estivesse segurando um pincel, mergulhando-o no pote de tinta e começando sua arte.

    Horas se passaram, Anahera aproveitava do efeito da bebida até o último minuto para pintar o corpo, segurava a agulha de osso como um pincel, pintava o próprio corpo como um pintor faz em uma tela que resultara em um quadro, martelava a agulha para penetrar a tinta no corpo e quando finalmente termina já é outro dia. Cheia de dor, levanta da cadeira que havia ficado sentada por longas horas, seu corpo estava banhado de sangue carmesim, as tatuagens que havia feito no corpo machucaram o corpo inteiro, mas sabia que logo iria infeccionar e depois curar, o resultado final só conseguiria observar dias depois, sua vontade é que ficasse próximo as marcas que avistou em sua última viajem no labirinto de sua mente, em seus sonhos e lembranças.

    O Labirinto das Lembranças Perdidas

    O alto fogo da fogueira queima reluzente na noite fria do inverno, todas as ervas haviam sido esmagadas e misturadas com a água coletada do ribeiro da floresta. Anahera não estava tão saudável como de costume quando praticava suas manias, mas sua crença nas próprias manias não impediria de continuar por causa de um simples mal-estar.

    A jovem faz suaves movimentos com a mão e abastece a fogueira com mais fogo, a fogueira responde com o alto crepitar, estava abastecida, o fogo não apagaria pelas próximas horas até o amanhecer, e naquele inverno dificilmente teria algum olhar curioso por ali. Segura, Anahera agarra o jarro de barro que continha o chá feito com as ervas e dá o primeiro e longo gole, a garganta ferve e os olhos parecem querer saltarem do corpo, era o início daquela noite de viagens em busca de alguma resposta para seu problema.

    Uma mistura de imagens começa a envolver Anahera, já não podia perceber o quê é real e o quê era fruto da sua mente conturbada, o caminho que fazia era tão estreito e confuso como a seqüência de um sonho. Ela se vê sentada em uma grande pedra nas margens de um lago, agora ela era apenas uma presença invisível que observava ela mesmo em outros momentos esquecidos de sua curta existência. Com uma das mãos, a Anahera daquela lembrança catava as pedrinhas do chão e arremessava ao lago para vê-las quicar. A presença de Anahera salta em direção ao corpo mais jovem dela, logo, a jovem passa de observadora daquele momento e começa a vivenciá-lo novamente.

    A jovem estava pensativa, atrás dela e próximo da pedra e do lago havia uma casa feita de pedra, ao fundo do cenário, uma ruína, não estava claro a imagem da ruína, seus olhos não conseguiam focar, logo não conseguiu ter uma leitura correta nem enxergar alguma marca de guerra ou escritas, de trás da casa aparece uma figura de uma velha senhora que caminhava com passos lentos e cansado.

    Aquela senhora parecia familiar a Anahera e aos poucos ela se aproxima da jovem com um pergaminho na mão, seu rosto estava franzido, tanto pela idade quanto pela triste notícia que tinha para contar.

    Com uma das mãos no ombro de Anahera, a velha senhora começa a falar com uma voz triste e baixa. "- Anahera... Você nasceu com um dom, um presente... Que no seu caso, é também uma maldição... Minha pequena, cada vez que você usa seus feitiços, você expulsa parte de suas lembranças... O quê na situação atual, significa que muito em breve você não lembrará quem eu sou, nem de sua família, nem de onde você veio, nem do que está fugindo... Até mesmo os feitiços mais difíceis você esquecerá... Pegue este pergaminho e amarre em seus pertences, pode que algum dia, em um futuro distante ou não, quando você acordar sem saber quem é, você procure alguma resposta seguindo esta receita... Sinto muito... A maldição só terminará quando não houver mais lembranças pra consumir... Ao menos, quando você perder tudo, talvez poderá encontrar e criar suas próprias lembranças... Por favor Anahera, não volte aqui... Logo eu irei..."

    O labirinto na mente de anahera é quebrado, sua visão é interrompida por barulhos irreconhecíveis, rostos desconhecidos e chamas que se misturam e concentram-se em um único ponto em uma vasta escuridão, explodindo em seguida, Anahera acorda do louco transe, sua viajem confusa havia sido mais reveladora dessa vez, aquela noite de inverno na floresta havia sido mais frio que de costume e todas aquelas ervas tinham um efeito violento no organismo da jovem moça. Fraca e pingando do suor produzido pelo calor infernal do chá, Anahera levanta do chão, sua mão ainda segurava o jarro que agora jazia vazio e caminha adentrando sua cabana, onde ficaria se recuperando daquela noite refletindo sobre sua confusa vida.

    Sem saber se acreditava nas loucuras de suas visões proporcionada pelo chá receitado no pergaminho achado amarrado por um pedaço rasgado de tecido preto de sua própria roupa, Anahera ainda tinha muitas respostas a ser encontradas, em meio a tantas dúvidas, talvez fosse melhor esquecer, literalmente, de seus demônios passados e começar do zero, uma vida nova, longe dali, e se a senhora de sua visão estiver correta, agora suas lembranças estavam livres da maldição, mas seria melhor atravessar o deserto para fugir do que tinha que fugir, se é que tal perseguidor seja algo com que pudesse fugir atravessando um deserto.

    Com tantas lutas e dificuldades, Anahera busca um novo início, no outro lado do deserto. Sem nenhuma origem, era hora de criar uma.
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    Mensagem por Soviet Qua Abr 29, 2015 3:10 pm

    Nuada da Casa Amalith

    Nuada nasceu e foi criado em Floresta Alta, entre espadas e arcos, papéis e cálices. Filho de uma família abastada e importante, o elfo aprendeu tudo que era esperado de seu posto, não tendo obrigações ou deveres reais em sua vida pessoal e vivendo livre ao vento, ao mesmo tempo que era submetido a deveres e regimes de treinamento armado rígidos e sistemáticos. Nuada se provou um guerreiro formidável e de rápido aprendizado, mas um nobre apenas mediano. Buscando empregá-lo onde seria mais necessário, seus superiores o enviaram às terras humanas do Norte para servir de embaixador entre os nobres humanos. O jovem elfo executou seu papel magistralmente, mediando discussões, lutando entre os humanos, e assinando os papéis que lhe eram devidos. Rapidamente, entre camas, festas e aço, Nuada se descobriu apegado aos humanos entre os quais vivia. Era surpreendentemente fácil se acostumar aos modos estranhos deles, e a vida humana não demorou a se tornar prazerosa.

    Tudo foi por água abaixo, porém, quando o retiro da Corte Élfica para Encontro Eterno começou. Nuada descobriu que não podia deixar as terras humanas para trás. Este era seu lar agora, e significava mais para ele que a distante Encontro Eterno. Nuada ficou, mas descobriu rapidamente que sua posição se tornara desnecessária. A Corte Élfica não estava mais interessada em manter um embaixador naquelas terras, e Nuada se viu sem emprego e sem posição. O elfo fez o que pôde para conseguir dinheiro, mas via suas dívidas aumentando e sua situação se tornando cada vez mais difícil. O cavaleiro começou a beber, e, com o álcool, a tomar más decisões, que o levaram a perder ainda mais dinheiro. Agora Nuada está quase sem ouro, sem lar, sem perspectivas, e perigosamente perto de cometer um erro terrível.
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    Mensagem por Soviet Qua Abr 29, 2015 3:11 pm

    Cille (Gerifalte)

    "Da casa de minha mãe, nada me lembro senão de cascatas de pólen douradas pelo sol que revolteavam entre as macieiras e do cheiro fundamentalmente matinal de pão fresco. O homem que me levou disse-me, algumas primaveras depois, que um bastardo é um presente agridoce para uma casa nobre: pode vencer guerras em seu lugar ou destruí-la completamente. Ele estava determinado a trabalhar para que eu não me tornasse o segundo caso.

    Na época, parecia-me que eu estava caminhando para me tornar a maior diplomata do mundo. Foi-me ensinada Álgebra, Linguística, História. Eu poderia nomear cada casa de Waterdeep e reconhecer seus brasões mesmo a uma milha e meia de distância. Eu quis sair pelo mundo – aquele conhecimento não se contentaria em aguardar quiescente – mas meu senhor pediu-me que esperasse.

    Casei-me dez primaveras após sair da gleba de minha mãe. Lembro-me de ter trançado os cabelos com cobre e prata, e tingido os olhos com o azul das flores do campo. Ele era o filho menor de uma casa pequena, de modo que deveria contentar-se com uma Brokengulf ilegítima. E contente esteve, até meu ventre revelar-se incapaz de gerar uma criança viva.
    Com um coração partido, um casamento dissolvido e uma reputação arruinada, afastei-me da sociedade.

    Meu treinamento mudou. Da pena à espada, de vestidos e rendas a aço e couro batido. Entre pancadas e reprimendas contundentes, forjei músculos, vontade e um Código. Eu poderia domar um palafrém selvagem, suportar a chuva de centenas de flechas e marchar de um crepúsculo a outro. Já não era esperançosa o suficiente parar crer que seria a melhor Cavaleira do mundo, mas isso não me impedia de tentar.

    Um inverno cruel seguiu-se a outro. A geada ceifou nossas plantações e nenhuma ponte parecia capaz de aguentar mais que uma mula magra. Os impostos esvaziaram o que restava dos silos do povo. Creio ter chegado a ganhar flores na rua. O senhor de nossa casa, então, não tinha filhos vivos, e eram seu irmão e esposa a comandar em seu lugar. Questionamentos surgiram, e, antes que se tornassem voz, fui enviada ao norte junto a um destacamento de infantaria iniciante.

    Hoje amaldiçoo-me por ter demorado tanto a perceber que não deveria voltar para casa. Creio ter recusado a aceitar a ideia. Quando finalmente o fiz, havia perdido metade dos soldados para animais e hipotermia, a pior das feras do gelo. Os sobreviventes não estavam em condições de nos salvar do ataque órquico que se seguiu.
    Devo ter sobrevivido por simples sorte. Sei que a escuridão me envolveu e no dia seguinte vagava pelos ermos álgidos além das últimas fronteiras da civilização.

    Encontrar um caminho de volta a terras povoadas foi mais difícil que sobreviver à noite. Acho que me guiei pelo voo das aves e pela trilha das bestas de casco. Não sei quando passei a me chamar de Gerifalte. Talvez quando jurei jamais voltar a Waterdeep, talvez depois. Todas as minhas lembranças daquela terra desolada compreendem fogueiras agonizantes e ranger de dentes."
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    Mensagem por Soviet Qui Jun 04, 2015 4:53 pm

    Kórdan


    Kórdan nasceu em meio a um dia tempestuoso numa aldeia à beira da Floresta Alta. O som dos trovões e a claridade dos relâmpagos cortantes marcaram o seu nascimento. O péssimo clima sempre era um mau presságio: a mãe de Kórdan morreu naquele dia, logo após o parto.

    O recém-nascido, amparado por seu pai – Johën - recebeu todo o cuidado que necessitava em seu crescimento. Kórdan se tornou um garoto saudável, com um coração forte e esperançoso. Sempre esperançoso. Quando já tinha completado a décima segunda primavera, uma tribo de homens-hienas conhecidos como gnolls invadiram a aldeia com machadinhas de combate e arcos-e-flechas. Logo que viu o início do ataque, Johën ordenou que seu filho se escondesse na floresta, enquanto ele defenderia sua propriedade e familiares.

    O garoto obediente se embrenhou na mata, e ao olhar sobre os ombros, viu a fumaça se erguendo sobre a aldeia. Certamente os tais gnolls havia posto fogo nos casebres. Kórdan nutria esperança de que seu pai conseguisse se salvar. De qualquer forma, ele se recostou numa árvore e esperou. Esperou o fogo e a fumaça diminuírem, esperou parar de ouvir os gritos agonizantes na noite, esperou algo que pudesse orientá-lo, e esperou tanto que acabou se rendendo ao sono e dormindo sob a árvore.

    Algo o fez acordar de sobressalto na madrugada. O coração palpitava forte, quase indo à garganta. Ele viu as folhas de um arbusto próximo se remexendo. “O que há aí?”, perguntou, erguendo-se e quebrando um galho para usar como uma arma medíocre. Dois olhos vermelhos observavam-no atrás das folhas. Kórdan estava assustado e não sabia o que fazer. Antes que pudesse chegar a uma decisão, aquele que estava à espreita – provavelmente um animal faminto - saiu repentinamente dos arbustos, e Kórdan fechou os olhos e deu-lhe uma galhada. Ele recebeu em resposta um ganido, e ao reabrir os olhos, viu que um lobo estava à sua frente, com os pelos sobre a cabeça empoçados de sangue onde o galho o acertara. Na verdade, era um filhote de lobo: tão pequeno, tão inocente, e agora... machucado. O arrependimento recaiu sobre o garoto, que se ajoelhou e tentou tocar a ferida do lobo, mas o animal reuniu suas forças e correu para longe dele, saltando para a escuridão da mata alta. Kórdan foi atrás dele, querendo consertar o estrago que fizera.    

    A perseguição ao filhote não durou muito: Kórdan encontrou-o ao centro de uma clareira, parado e uivando. O garoto tentou uma nova aproximação, mas um homem surgiu da árvore. Quando digo que surgiu da árvore, é no sentido literal. Sabe-se lá como, aquela figura havia saído do tronco sólido de uma árvore. Parecia humano e não-humano ao mesmo tempo. Ele era um homem alto, com galhos saindo da cabeça e um rosto pintado de branco. O filhote deixou que a figura aproximasse dele e o tocasse. Instantaneamente, a ferida no animal havia se cicatrizado. “Como você fez isso?”, perguntou Kórdan, aturdido.  E então foi naquele dia que ele conhecera Shargosk Pele Branca, seu futuro mestre.

    -~-

    Shargosk Pele Branca era um druida dos mais conceituados do círculo druidico. Ele não era um homem de meias-palavras, e naquele dia Shargosk explicou à Kórdan que sua família e todos que ele um dia conhecera estavam mortos. Não teria como haver sobreviventes aos ataques dos gnolls, era o que dizia. Por outro lado, o druida aceitou receber Kórdan como seu aprendiz, pois o garoto ficou fascinado pela forma de como ele tratou o ferimento do lobo e queria fazer isso um dia.

    O treinamento para se tornar um druida era rigoroso, e muitas vezes mortal, envolvendo testes de sobrevivência e rituais secretos. Shargosk Pele Branca não aliviava em nenhum desses testes, e Kórdan tinha que se superar a cada dia. O filhote de lobo passou a acompanhar o garoto, ou vice-versa. Os dois foram crescendo, amadurecendo e estreitando relações. Uma das boas coisas em ser um druida era ter o controle da natureza, a empatia com os animais silvestres e a consciência de que tudo se resume a um ciclo natural da vida.

    Ao completar vinte e duas primaveras e ter passado pelas mais diversas provas de sobrevivência, ele foi apresentado ao círculo druidico e comunicado pelo próprio Shargosk Pele Branca de que agora em diante ele havia se tornado um deles - um druida. O filhote de lobo, que agora não era mais filhote, e cujo nome Kórdan deu a ele de Caninos Cinzentos, havia se tornado o seu companheiro animal.
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    Mensagem por Soviet Dom Jun 07, 2015 4:54 pm

    Ian Dee
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    Mensagem por Soviet Dom Jun 07, 2015 9:00 pm

    Nasri

    A emissária das Fronteiras Prateadas

    O sol brilhava forte no horizonte já iluminado a cidade de Lua argêntea. Nasri estava entretida no seu sonho estranho. Nadava sozinha num mar escuro e gelado. Fazia frio isso era certo, mas a companhia de Belediel na cama ajudava a esquentar. Não tinha motivo pra que o frio real passasse pro sonho, no entanto o gelado era real e ela podia sentir eles até seus ossos.

    Continuou a nadar pelas águas em busca de um algum lugar, mas não havia nada perto e nem mesmo no limiar da sua vista. Parecia que estava num vazio preenchido por águas. A sensação de solidão e desespero foi crescendo e preenchendo ela. Era inimaginável, uma agonia sem fim, um sofrimento sem consolo, algo do tipo que faz um segundo durar uma eternidade. No momento prestes a enlouquecer ela sentiu um vento e começou a ouvir milhares de vozes gritando até o ponto de quase estourarem o seus ouvidos. Nesse momento acordou assustada.

    Abriu os olhos e sentiu um peso de algo quente e macio em cima dela. Voltando aos poucos a consciência percebeu que a elfa dormia por cima dela. Agora se lembrava, tinham sido convidadas pra uma festa no palácio de lua argêntea e a comemoração coincidia com a data de aniversario de casamento de Nasri e Belediel. O momento acabou por ser uma espécie de “reconciliação” das duas, já que viviam um momento muito ruim na relação.

    Nasri se lembrou do fracasso na sua tentativa de ter um filho e como Belediel tinha levado a ideia desde o inicio. Era de conhecimento de todos que duas mulheres nunca poderiam ter um filho, ela em particular era aficionada com a ideia de ser mãe. Uma terceira pessoa tinha que ser envolvida na relação, mesmo que fosse apenas uma vez, e ai que tava o problema.

    Tinha falado com Belediel sobre isso e a elfa tinha sido contra obviamente. Nasri conhecia a sua esposa, entretanto, e sabia que ela cederia caso insistisse da forma certa. Acabou que foi a pior merda que fez nos últimos anos.  A ideia era simples, as duas participariam da tentativa, pra que no final das contas ninguém traísse ninguém. Acabou que Nasri foi até o fim e Belediel ficou só parada assistindo ao invés de participar de todo o processo. O fim foi que não engravidou e a sua esposa ficou com raiva dela.

    Ficaram dois meses mal se falando e trocando farpas, até finalmente chegar aquele bendito convite. A festa e principalmente o vinho fizeram as duas relaxarem os ânimos, voltaram a conversar e no final da noite estavam elas sozinhas no quarto consumando a relação física como sempre.

    Nasri se mexeu na cama e Belediel resmungou alguma coisa inteligível. Parou o seu movimento acomodando sua esposa em seus braços, sentiu a coxa da elfa se enfiar entre as suas pernas. Ela recuou o quadril, já não era mais hora pra aquilo. Pelo contrario era bastante apreciadora das atividades noturnas, mas se não estava errada tinha um encontro com Alustriel naquela manhã. Por isso não queria começar nada que sabia que não pararia tão cedo.

    Olhou o relógio no quarto e viu que eram quase 10 horas. Soltou um xingamento, estava já atrasada. Rolou Belediel pro lado enquanto sussurrava palavras doces no seu ouvido. A elfa abriu um sorriu mesmo dormindo e continuou o seu sono.

    Nasri levantou procurando roupas pra se vestir. O quarto estava uma bagunça, tinha garrafas de vinhos no criado mudo e numa cadeira, as suas vestimentas e de belediel estavam jogadas aleatoriamente por todo o cômodo.

    Pegou as peças de roupa que viu primeiro, que eram no caso de Belediel. No fim não tinha muita diferença não, a elfa possuía quase o mesmo manequim que ela. Nasri só tinha os quadris um pouquinho maior, o que acarretou o vestido ficar um pouco mais apertado na cintura, mas nada de muito incomodo. Escovou o cabelo da melhor forma que pode e saiu rumo ao encontro com Alustriel.

    Chegou lá pedindo desculpas pelo atraso e Alustriel foi bastante compreensiva. Não demoraram muito e logo lidaram com o assunto principal do encontro. A líder das fronteiras prateadas queria Nasri como representante da confederação num encontro que ia ter numa barco. Ela devia partir naquele mesmo dia, o que deixaria com certeza Belediel chateada afinal era aniversario de 7 anos de casado delas.

    Nasri mal acreditava que ela tinha sido escolhida pra ser representante das fronteiras prateadas. Sem a menor sombra de duvida esse fato era uma surpresa na sua historia de vida pessoal. De garota pobre espancada pelo pai, pra persona non-grata do orfanato, a aventureira inconsequente, pra finalmente emissária do Norte de Faerun? Estava evoluindo muito bem.  Tudo tinha começado com a elfa que era casada, Belediel, e sua mania chata de ser certinha. Apesar de que desde que saíram do orfanato e passaram a viver juntas já não tinha tanta influencia de Belediel assim.

    Belediel era uma excelente pessoa, doce, companheira, fiel, mas tinha um defeito. Gostava e como de mandar. Ela mesma Nasri gostava de dizer brincando quando estavam bem e de forma seria quando estavam brigadas que a elfa não tinha uma esposa e sim uma mulinha ruiva e bonita. Era quase todo dia ouvindo Nasri faz isso, Nasri faz aquilo.

    Nasri sempre foi muito diferente da elfa. Era bem menos seria, relaxada, bem mais brincalhona e sem duvida bem mais esquentada. Gostava de Belediel exatamente por isso, sua esposa acalmava ela. Sempre tinha um jeitinho simples de tirar o nervosismo e irritação, era por isso que aturava de forma tão paciente a mandonice de sua cônjuge.

    Caminhou rumou ao quarto e lá chegou rapidamente enquanto nesse meio tempo ela refletia em sua cabeça. Explicou a situação pra Belediel. Sua esposa ficou um pouco chateada por ser aniversario do casamento delas, mas entendeu a situação.

    Nasri não demorou muito pra arrumar suas coisas e partir. Com muitos beijos e declarações de amor a Belediel, ela saiu rumo a missão dada por Alustriel.
    Não sabe quanto tempo passou, quantos dias, horas e minutos. Só tem conhecimento que acordou deitada de bruços num monte de neve no meio da floresta. Não se lembra de absolutamente nada, mesmo assim tinha consciência de alguma forma que não era aquela Nasri de antes. Era como tivesse se tornado algo novo, mais forte e resistente do que antes, porém pior.

    Essa ideia a perturbava bastante e se esforçava pra lembrar do que tinha acontecido, mas não conseguia de jeito nenhum. A ultima que vinha na sua memória era a despedida de sua esposa de lua argêntea e partida pra algum lugar que não sabia.

    Levantou-se do monte de neve que estava e olhou ao redor. Suas roupas estavam geladas. Não usava vestido, vestia calças de couro com botas que iam até seus joelhos. Estava com um pesado casaco de pele de urso e tinha luvas nas duas mãos. Tinha junto com consigo somente uma adaga. Lembrava-se dela, era aquela que sempre usara nas suas aventuras.

    No lugar em que estava tinha neve no chão e pinheiros ao redor, mas não sabia aonde era. O sol parecia que ia se pôr, sentiu-se um tanto que perturbada com isso. Sozinha, com frio, sem comida e nem nada; numa floresta a noite definitivamente não era uma situação desejável. Donzela indefesa nunca foi um conceito pra definir Nasri, sempre soube se virar sozinha, no entanto era perigoso mesmo assim pra ela.

    Tinha fome e sentia falta da sua esposa. Alias começava a pensar como estava se sentindo Belediel naquele momento. Podia ser estranho pra ela, afinal, tinha uma conexão muito forte com a elfa, no entanto naquele momento como sua esposa se sentia era uma das ultimas coisas com que se preocupava. Na lista tinha que achar um jeito de sair daquela floresta, encontrar comida e depois encontrar o caminho de casa. Tarefas complicadas que ela tinha que fazer o quanto antes.
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    Mensagem por Soviet Qui Jun 18, 2015 11:05 pm

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