ON: ENCANTO

Por mais receio que tivesse em usar a magia demoníaca, a cura vil se mostrou eficiente quando precisei e, para minha sorte, fluiu naturalmente, sem que nada de estranho ocorresse.

- O senhor que tem que me dizer... - Respondi. - Quando cheguei o senhor já estava no chão todo ensanguentado.

Não foi difícil prever o que estava por vir. Afinal, porque diabos alguém invadiria um necrotério se não pelo mais celebre cadáver, National Lad.

Dito e feito. Assim que o Dr. Kidd abriu a gaveta pude confirmar minhas suspeitas...

- Poderia ser mais claro, doutor? - Voltei-me para ele. - Quem são eles? Qualquer detalhe que o senhor lembrar já poderá nos ajudar. - Aguardei calmamente na expectativa de que o Dr. Kidd se lembraria de algo.

Já considerava preparar algum ritual de clarisciência ou leitura mental, Contudo, não acreditava ter tanto tempo disponível para estudos e preparos. No mesmo momento olhei para o alto e a minha volta.

- Dr. Kidd, há cameras de segurança por aqui? - Questionei-o. - Se houver, talvez isso ajude a identificarmos as pessoas que levaram o corpo do National Lad.

Não fazia ideia do que queriam com o corpo do National Lad. Só esperava que não acabassem trazendo de volta uma alma perturbada que passaria de herói para vilão de National City.

Felizmente haviam câmeras e sentia-me aliviada por ser poupada de horas de estudo e preparo de magia só para ter a mesma finalidade delas.

Seguimos para verificarmos as imagens e não demorou para o médico se lembrar do ocorrido. Dei uma boa olhada na face da policial e do rapaz e logo me ocorria que agora teria que encontrar uma forma de localizá-los.

- A questão é o que eles querer com o corpo do National Lad? - Questionei-me em voz alta.

Mais uma vez me vi prestes a recorrer para alguma magia de localização quando notei o médico discar para policia, rapidamente ocorreu-me impedi-lo. Contudo, reconsiderei. Se o tal disfarce do MI-6 que Asdulfor havia criado fosse realmente bom, a policia ajudaria-me a localizá-los.

Não restava muito se não aguardar até que as autoridades chegassem. Enquanto isso, tentei colher informações do Dr. Kidd.

- O senhor se recorda de algo que pareceu estranho ou algo incomum que eles vieram a falar? - Não tinha muitas expectativas, mas não custava tentar.

- Hmm, Adam Mayer! - Sussurrei.

E após ouvir as besteiras do segurança preconceituoso e as considerações do outro, prossegui:

- Bem, se ele é um telepata já podemos presumir que ele tinha ciência dos objetivos da falta detetive. - Dou de ombros. - A não ser que ele não seja um telepata muito bom...

Continuamos assistindo as gravações até que vimos o rapaz checando o estado do medico e batendo boca com sua parceira.

- Pelo jeito ele não previu que ela faria isso. - Mais uma vez dou de ombros. - Começo a acreditar que ele não é tão bom quanto vocês relataram. Acho que não passa de um mentalista tirando proveito de truques bobos.

Assenti com a cabeça ao ouvir as palavras de um dos seguranças.

- Mas se eles não pegaram o corpo do National Lad. Quem pegou? - Questionei.

Tirei meu caderno e caneta da bolsa e anotei meu número.

- Aqui, dr. Kidd. Esse é meu numero pessoal. Assim que se lembrar de algo, não hesite em me ligar. - Entrego-lhe o papel. - Vou atrás desse tal Adam. Obrigada pela cooperação dos senhores.

Sem mais deixei o necrotério com o smart em mãos. Procurava o telefone e o endereço do escritório desse tal detetive telepata.

Não foi difícil encontrar o escritório do detetive sobrenatural. Diante o edifício, ponderei sobre seus poderes. Sabia que existiam seres sobre-humanos então não deveria subestimá-lo. Afinal, ele não antecipar a reação da garota também poderia significar que ele escolheu não invadir a privacidade de sua mente.

Sem mais segui até o escritório e bati em sua porta. Assim que o rapaz atendesse, eu prosseguiria:

- Adam? Adam Mayer? Me chamo Lucie e acredito termos um interesse em comum. - Sorrio gentilmente. - Poderíamos conversar? - Aguardaria a resposta do detetive.

A principio pareceu que seria algo fácil conversar com o detetive telepata. Mas a demora na resposta e o barulho suspeito vindo do escritório faziam-me crer que mais alguém estava atrás de Adam.

Sem perder tempo, tentei girar a maçaneta para checar se a porta estava aberta. Caos estivesse entraria sem hesitar. Se não estivesse aberta, tentaria tentar encontrar alguma fresta para enxergar o lado de dentro e então dizer "Teleporte!" e aparecer do lado de dentro. Em ultimo caso, teleportaria para o lado de fora e iria até o outro lado a procura de alguma escada de emergência que pudesse servir para alguém utilizá-la como rota de fuga ou que me permitisse teleportar-me para poder bisbilhotar.

Uns teleportes depois, eu podia identificar o invasor do escritório de Adam. Pelo jeito a garota que estava com ele nas filmagens não parecia realmente ser uma amiga do detetive paranormal. A questão era: O que ela estaria procurando por ali?

- Teleporte! - Sussurrei instantes antes de aparecer entre a mulher e a porta da frente.

Sorridente abro os braços diante da garota. Logo surgem duas bolas de energia uma roxa e uma preta que estalavam estática envolta delas, uma em cada mão e então, eu as combinei em uma bola maior.

- Acho que temos que conversar, querida. - Aguardei a próxima reação da garota. - Vai ser do jeito fácil ou do jeito difícil? - Questionei-a.

Não esperava que ela fosse cooperar, mas estava a algumas palavras de retribuir o golpe que o dr. Kidd havia recebido mais cedo. Bem, de uma forma mágica, mas ainda sim...

Ao invés de correr para o outro lado a vadia demonstrava audácia ao lançar uma cadeira sobre mim...

- COMO OUSA, VADIA!! - Bradei furiosa. -  GOLPE MÁGICO!!!

Com um gesto de mão, lancei sobre ela a esfera preta e roxa que parecia conter um vórtex em seu interior. Um rastro estática era deixado faiscava pela sala.

Não tinha a intenção de iniciar um confronto na casa de Adam, mas não via outra forma de prosseguir. Na verdade até via, mas estava com raiva demais para tentar qualquer outra abordagem. Aquela vadia tava f...

- Oh merda!! - Soube no mesmo instante que lancei a magia que havia feito besteira.

Não espera estar tão p a ponto de perder o controle e usar demasiada força mágica. E para quem deveria evitar a magia demoníaca, mais uma vez não via outra opção a não ser a recorrer a mesma.

Ignorei todo aquele barulho e estrago que havia feito e corri ao encontro da mulher. Ajoelhei-me sobre o corpo e coloquei minhas mãos sobre ela liberando uma aura verde de energia. Liberando ondas de energia vil que se expandiam na esperança de restaurar o dano que a mulher havia sofrido ou ao menos amenizasse sua dor.

Contudo, eu teria que ser rápida. Pois, não demoraria para os curiosos aparecerem.

A magia de cura funcionava em sua plenitude o que era bom. Já o lado ruim é que todo aquele barulho, como eu previa,  despertava a curiosidade dos demais moradores. E como tudo que já está ruim pode piorar...

- Não, não, não, não... - Disse ao ouvir a risada de Cathulhu ressoar. - ...não, não, agora não!!

Era como se meu pesadelo tivesse sido um pressagio do que estaria por acontecer. Assim come em meu sonho, minhas palavras cessaram antes que eu pudesse gritar para que todos ali fugissem e logo minha visão turva só me permitia lamentar pelas próximas vítimas inocentes a minha frente e mais uma vez um turbilhão rodopiou e sufocou a minha voz e a minha mente.

Outra vez acordei aterrorizada. Estava ofegante e suando frio em meio ao desespero do que poderia ter acontecido nesse tempo que estive fora de meu próprio ser.

Ao ver que estava em minha cama, respirei profundamente para me acalmar. Será que tudo não passara de outro pesadelo? Questionava-me. Contudo, sabia que não deveria ter sido um simples pesadelo. Sentei-me na cama enfiando as mãos nos bolsos da blusa e logo procurei pela bolsa. Se houvesse acontecido o pior, certamente algo já estaria na internet.

Sem mais delongas, pesquisei por qualquer tipo de acidente que havia ocorrido em algum edifício de National City.

Se algo havia acontecido enquanto eu estive "fora do ar" deveria ter sido algo mais calculado e sombrio que causava-me ainda mais apreensão. Ainda mais ao notar que nesse lapso, eu perdi cinco dias da minha vida. Talvez o demônio estivesse arquitetando algo tão sinistro que não conseguia nem ao menos prever do que poderia se tratar.

Levantei rapidamente e corri até o guarda-roupas. Tinha que recuperar o tempo perdido. Precisava encontrar esse tal Adam para tentar descobrir onde estava o corpo de National Lad.

Contudo, se algo aconteceu naquele dia que perdi o controle. Não era prudente aparecer como eu mesma. Acabaria gerando confusão. Por precaução, resolvi mudar um pouco a aparência.

Com tudo nos seus conformes, retornei para o apartamento do detetive telepata.