Cidadela do Desespero - Não Lugar

"É uma responsabilidade e uma vantagem." Ele responde ao pensamento do ithaeur. " Um passo grande. Vamos garantir que de certo pra gente."

Makya confirma para Cheryl o que o o ithaeur sentia. Sobe o acordo. Claro que ele estava com medo. Todos eatavam.

As palavras dela para o espírito são curtas e diretas.  Bom que ela não correu de medo. Bom.

"Foi um prazer negociar." Era mentira. Não tinha sido. Mas provavelmente era educado e também saboroso. Como ele queria dar o fora dali.

Tanto que quando as pernas finalmente se moveram teve que se conter para não correr. Tanto que demorou pra ele perceber que não tinham como prender o porteiro ainda. Não sabiam o ritual. Tinham que aprender. Era o caminho lógico.

Ele evita olhar os outros dois urathas até sair daquela parte escondida da sombra. Daquele furunculo no tecido do mundo. Não queria que soubessem o quão aliviado ele estava. Também ia esperar até eles sairem para lembrá-los que tinham uma conversa pendente com Corre Corredores.

Serge: Não morremos! Ao menos isso. E agora vamos ter um locus para chamar de nosso.

Malta sorri cheio de alívio. Porra a gente tá vivo. Eu tô vivo. "Vamos fazer um. Não temos prazo, então vamos pesquisar antes de começar. Vamo preparados pra essa parada." O sorriso ainda tava no rosto. Feliz. Animado. Disposto.

Serge: Cheryl, você está bem? O peso maior ficou nas suas costas, mas é como tem que ser.

O irraka não diz nada. Serge tinha dito tudo que ele sentia. Então ele balança a cabeça. É assim. Como tem que ser. Com ela. "Cê devia mesmo correr com a gente." Não eram palavras levianas e nem apressadas. Ela tinha se provado e merecia o espaço. A honra. A lealdade.


Serge: E você? O que achou? Nós quase botamos a mão dentro do vespeiro e nada garante que não vai acontecer de novo.


"Eu?" A pergunta era só um jeito de ganhar tempo. Continuar falando. "O que eu acho?" Ele assopra um falso suspiro. Tinha que ter as palavras certas, eles precisavam disso. Não tinha. "A gente se fudeu e vai ter que lutar pra ser pago por isso irmão." Ele sente a palavra depois de dizer. A forma na voz. O gosto na boca. Era certo. "Acho que a gente pode virar isso a nosso favor, na real. A gente vai precisar de alguém pra vigiar os caras e a situação toda é um bom primeiro passo pra gente mediar as tretas da alegria e do medo. Se não explodir tudo na nossa cara." Ele não precisa tentar injetar humor no final. Era engraçado. Trágico e cômico. Bom e ruim. Promissor e um mau presságio. Era o reino de um elodoth.

Cheryl: Não foi peso algum.

Claro que tinha sido. Ela devia tá com as pernas tremendo feito ele. A gana de lutar e correr fritando cada nervo. Ele faz que sim com a cabeça. Era o papel deles acreditar nela.

Cheryl: Nós trabalhamos bem juntos e isso foi ótimo.-

"Vamos trabalhar mais um pouco então língua de prata. Mas dessa vez sua voz de sereia não vai ser a primeira e nem a única." Ele procura Corre corredores com os olhos e percebe que vai precisar do ritual.

Makya sabia o ritual. Tinha feito várias vezes. Sabia repetí-lo. As palavras, as formas, o fluxo, tudo gravado na sua mente. Na alma. Não, no espírito. A mensagem seria direta e chegaria ao seu destino.

"Nós caminhamos entre as sombras sem a sua luz. Agora, emergimos com sede da suas palavras. Sabe onde estamos e é mais veloz que nossos sonhos. Nós encontre. Nós guie." As palavras reverentes entendiam o receio do totem. Do guia. De uma forma tinham se provado novamente, de outra mereciam reparação.

"Temos alguns momentos. Queria falar com vocês sobre algo importante. Sobre a minha família." Ele mastiga as palavras e as julga amargas. " Eu... minha irmã em especial vocês... Ela precisa ser alcateia. Vocês precisam conhecer ela. Saber dela." Ele desbloqueia a tela do celular e mostra uma foto dos dois juntos, ela com com canudo da formatura. "Nossa mãe era urdaga. Ela não é completamente ignorante, mas não é nenhuma lutadora. "

Ele limpa a garganta sentindo o excesso de carinho na voz. Vendo, como a lua o tinha ensinado, aquela fraqueza.

Serge Senat — Boa, é isso... Começar esse locus preparado. Saber onde estamos pisando. - Ele aponta para Makya quando ele responde animado, validando o que ele diz. Depois vem a aprovação do irraka sobre ela correr com eles. Serge acena com a cabeça. Ele concordava. Makya parecia entender que aquele passo era o prenúncio de algo muito maior e mais complicado. Não era uma grande vitória, mas era alguma vitória. Era talvez o fundamento da respeitabilidade que a alcatéia poderia vir a ter, desde que fizesse as coisas direito. — Isso vai nos fazer crescer. Só se cresce na adversidade. O irraka envia uma mensagem para Corre-Corredores. Logo ela deveria estar ali. E aproveita para falar de outro tema. Sua irmã. Ele mostra uma foto dos dois. — Como é nome dela? - Serge pergunta. Makya diz que a mãe era do Povo. — Ela tem o sangue, então? - Uma confirmação apenas. — Ela sabe de você? - Talvez ele tinha a sorte de ter Adewale como parente. As coisas foram talvez mais fáceis. O tio já era experiente quando ele mudou a primeira vez. Agora com os papéis invertidos a coisa tendia a ser mais... Delicada. — Como quer trazê-la para cá? Desculpa a demora gente

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"Ela tem sangue, cara." Makya não consegue entender a pergunta. "Ela precisa sim de proteção, proteção da gente." Ele muda a foto para uma com ela no veterinário. "Não só ela. Mais gente. Que nem a garota do Morgan e seu sangue do hospital."

Adversidade. Crescer na adversidade. "É." Mas não concordava de verdade. Não de verdade.

"A gente pode ir com todo mundo pro deserto. Old school. Fogueira e histórias e estrelas. Lua e verdade e frio." Ele espera torcendo para a imagem existir do jeito certo na mente deles. No coração deles. "A a gente é o fogo. Arriscado e perigoso, mas melhor com ele do que sem. A alcateia pra eles tem que ser bom. Apontar o caminho. Transformar a noite. Ser segurança. Sei lá. Eu não sou a pessoa com as palavras. " Ele respira fundo fazendo uma careta pensando nas palavras que deveria ter. Qualquer ator adolescente teria algumas melhores. "Cês conseguem, né? A gente pode falar a verdade pra eles. Verdade verdade mesmo, saca? Nenhum terapeuta vai poder ouvir as merdas que a gente pensa. Mas eles podem. Podem ouvir sem a dureza de alguém que vai sofrer a mesma coisa amanhã." Era importante para ele. Ele queria que fosse importante para eles também. Olhava pra eles procurando algum sinal secreto de queriam a mesma coisa.

Serge: Eu topo ir por esse caminho. Facilita a logística de falar com cada um, falando com todos de uma vez. Mas precisamos estar preparados para lidar separadamente com cada reação que possa surgir.

O irraka sente uma onda de alívio. "Concordo. Juntos temos um ao outro pra isso é certamente vai parecer menos louco." Ele ia sentir menos insano.

Serge: Sua irmã, acredito que você precise apenas marcar o dia?

"Só um telefonema." Com sorte Corre corredores podia ajudar com a perdida do Morgan. Mas melhor não falar nada ainda. Melhor ouvir as respostas de Cheryl.

Cheryl: Seremos nós contra o mundo.-

Ela gostava da própria voz. Dava muita importância ao que falava. Mas aquelas palavras ali eram música para Makya. Doce e intoxicante.

Cheryl: Desta vez sem dúvida alguma vou pôr fogo no mundo.–

Lá estava ela de novo como se estivesse em um palco. Como se realmente fosse começar a botar fogo nas coisas e já pudesse ver O mundo em chamas. Cuidado com essa aí. Mesmo assim ele se pegava sorrindo.

Cheryl: Finalmente tenho a porra de um fósforo.-

"Vamos ter muito o que queimar. Pode ter certeza." Ele sente a animação de ser parte de algo. O que sentia com a Blackbird. O que tinha medo de perder com a morte de Morgan.

"Não é um problema não ter ninguém. Quando a gente tiver arrumado quem sabe a gente procura alguém pra você." Ele não sabia nem se era o que ela queria.