Ilyana, A Profetisa - Gaijin386

Bem eu ainda meio que apanho deste sistema, mas pelo que andei vendo quanto mais eu tirar melhor.

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O soldado a encarava de cima a baixo com um olhar desconfiado, realmente como um soldado de guarda encara um larapio vagabundo, e continuou com o olhar analítico sobre ela enquanto ouvia a resposta. Mas, seja pelo tempo que aquilo levou e a pressa que tinham de levar o velho sacerdote ou por simples irritação, o soldado mostrou-se cada vez menos interessado no que a sacerdotisa dizia.

- Cale essa maldita boca, aldeã.- Disse impaciente em tom autoritário, com o olhar repleto de desprezo.- E reze para que eu não a encontre de novo.

Deu de costas e juntou-se aos outros, que já cercavam o sacerdote para que não houvesse nenhuma tentativa de fuga idiota e para evitar que o povo do vilarejo visse-os o levando, pois isso poderia causar alguma revolta geral caso o sacerdote demonstrasse que ia contra sua vontade. Eles puseram-se a andar com o sacerdote posicionado entre eles e o velho homem só pôde dar uma breve olhada para trás, com uma expressão séria e firme que demonstrava plena confiança.

Ilyana, mais uma vez sozinha no vilarejo da ilha, agora com menos tempo de sol pela frente, ainda possuía a localização da estalagem.

E para estalagem que ela vai sem chamar a atenção dos que já esqueceram de sua existência. Foi quase, mas o Senhor sob as ondas está me observando. pensa ela determinada.

Aliviada por ter se safado do que poderia vir a ser o seu fim, Ilyana segue seu caminho em busca do capitão sobrevivente, rumo à estalagem que lhe fora indicada.

Quando chegou a frente do local, exatamente como descrito pelo barqueiro Rodrick, a estalagem possuía dois pisos, era espaçosa principalmente nos cômodos logo após a entrada, onde a taverna existe.

Olhando pela abertura onde deveria haver vidraçaria da janela, ela pôde constatar o que já sabia devido a barulheira. O lugar estava lotado de pescadores, barqueiros, viajantes, moradores da ilha, vagabundos e outros tipos. O céu ainda brilhava, começando a se pôr no horizonte.

Ilyanna adentra e observa tentando achar Teryn, mas se a observação falhar resta falar com o taverneiro e ela se dirige ao balcão após dar uma boa olhada.

Antes mesmo que se aproximasse da porta o som da multidão que na taverna cantava, conversava e jogava era incomodavelmente barulhento, mas ao mesmo tempo acolhedor aos trabalhadores de folga e aos viajantes que pudessem gastar. A entrada era larga e alta com duas arrasadas portas escancaradas e dando visão completa da área do balcão, onde acumulavam-se homens aos montes e três atendentes de distintas aparências os serviam entre fofocas e risadas. As várias mesas espalhadas por toda a extensão do primeiro andar estavam completamente ocupadas, todas por no mínimo quatro indivíduos, e a mistura entre os cheiros de peixe e de bebidas fortes não parecia incomoda-los, somente sendo um incomodo aos que acabavam de entrar como Ilyana. As luzes de velas estavam acessas nas paredes pois a noite logo chegaria, e o palco no fundo, ao lado da escadaria que levava à "estalagem", parecia estar sendo preparado para uma especie de atração, um divertimento ao qual todos poderiam apreciar.

Assim que deixou a entrada para trás, Ilyana deparou-se com três homens na entrada, todos pescadores com feições brutas, estes a encararam por alguns instantes, até que um deles aproximou-se e disse algo, provavelmente alguma besteira, que a sacerdotisa não pôde ouvir devido ao barulho e a embriaguez do homem. Os outros riram dele e nada mais aconteceu, mas o ocorrido serviu para preceder algumas outras abordagens do mesmo tipo. Alguns a chamaram e outros tentaram falar com ela, mas nenhum ousou toca-la por medo de causar escândalo.
Foi devido a isso que Ilyana notou a grande falta de mulheres no estabelecimento. Contando com a própria sacerdotisa, haviam somente uma jovem feia que atendia homens na balcão e aquela que entregava bebidas nas mesas, esta sim um pouco mais atraente e alvo constante de assedio.

Com os olhos ela buscou pelo rosto conhecido do capitão Teryn, mas nada encontrava além de homens parecidos e bêbados. De qualquer modo, sabia que era improvável encontrar um homem procurado como Teryn ali, o local mais conhecido da ilha depois das casas queimadas.

Restava então dirigir-se a um dos taverneiros do balcão, e foi o que ela fez. Dirigiu-se ao balcão e não demorou para que um deles, a jovem feia, repara-se nela e a atendesse.

- Boa tarde.- Disse sorrindo, aguardando para ver o que a sacerdotisa buscava ali.

A sacerdotisa ignora os olhares libidinosos dos locais e adentra a taverna embora não demonstrasse era evidente que estava começando a ficar inquieta, pois precisava apressar-se então falou ao taverneiro.

Boa tarde e que os ventos do Senhor sob as ondas lhe sejam favoráveis. Senhor, uma informação poderia me dizer os barcos que estão para sair da ilha? Procuro uma pessoa que dizem ser confiável ao leme. e descreve Teryn.

A jovem "desprovida de beleza" ouviu a sacerdotisa, pensando para dar a resposta antes que esta terminasse de fazer a pergunta. Olhou ao redor procurando rostos que pudessem ajudar, aparentemente bem certa de que encontraria tais indivíduos na taverna.

- Pela manhã vários barcos pesqueiros devem partir para o mar, mas não deve ser isso que procuras. Os barcos pesqueiros daqui não vão para muito longe, e você para procurar por alguém que faça uma boa viagem.- Pausou pensativa, ainda analisando as opções presentes na taverna e tentando buscar outros nomes na memoria.- Existem um barco de carga que vez ou outra abre exceções e transporta pessoas que paguem bem. Também existem dois barqueiros que topariam algo assim, o senhor Robin bem ali- Apontou para uma mesa ao fundo, onde quatro homens riam de algo.- E o barqueiro ao fim da ilha, chamado Rodrick.

Ilyanna se aproxima da mesa indicada pela ajudante e se aproxima do tal Robin para falar com. Com dignidade, porém com altivez que uma sacerdotisa do Deus Afogado possui ela inicia uma conversa.

- Com licença é por acaso Robin, o capitão de barco? -

Ao aproximar-se, Ilyana nota que a conversa entre os quatro homens é interrompida, mas todos continuam rindo do que conversavam antes. Assim que a sacerdotisa fez a pergunta, sem saber qual daqueles quatro era Robin, eles se entreolharam.

- Quem pergunta?- Perguntou um deles, o mais jovem que estava sentado mais perto dela.

Uma amiga das ilhas de Ferro, do Deus Afogado e do velho sacerdote. Diz convicta.

Procuro - diz se aproximando cautelosamente - Ajudar e se com isso colocar abaixo as pretensões daqueles que acham que nosso povo pode ser comprado com tostões e que tentam nos fazer esquecer quem somos. Que somos das Ilhas de Ferro e que conquistamos e não semeamos para enfim então cuspir na cara desses mesmos que somos orgulhosos... -

Ela para numa pausa dramática de ênfase e se aproxima de forma a poder falar mais baixo para não ser ouvida por mais ninguém além daquele que queria falar.

- Alguém lhe procurou passagem para as ilhas? Alguém que tinha urgência? - Diz a Robin.

Não só o jovem com quem falava a ouviu atentamente, mas também os outros três. Todos em silêncio com expressões sérias, avaliando a mulher que parecia ter a intenção de recruta-los para sua causa. Conforme seu pequeno discurso foi chegando ao fim, os olhares firmes dos quatro anunciavam concordância.

O mais novo com quem falava até então calou-se e direcionou os olhos para o mais velho da mesa, um homem parrudo que tinha o rosto contornado por cabelo e barba grisalhos. Ele encarava Ilyana com certa dúvida, mas por fim levantou-se.

- Eu sou Robin, barqueiro que faz viagem daqui à qualquer outro lugar das Ilhas de Ferro.- Disse enquanto andava ao redor da mesa para aproximar-se da sacerdotisa.- Belas palavras, espero que sejam verdadeiras.- Olhou-a por cima com um brilho rubro no olhar, um olhar que servia de ameaça para Ilyana caso estivesse mentindo. Depois de alguns instantes assim, pôs-se a andar.- Venha comigo.

Robin caminhou pela taverna despercebido e guiou o caminho até a saida, onde atropelou alguns bêbados que lhe barraram o caminho. Ilyana o seguiu até o lado de fora, onde a movimentação era menor e os únicos que poderiam ouvi-los eram homens embriagados demais para se lembrarem até dos próprios nomes.

O céu finalmente escurecia e as nuvens carregadas se aproximavam com o vento gelado que vinha do mar. Haveria turbulência nas águas durante a noite.

Quando certo de que era seguro falar, Robin virou-se para a sacerdotisa.

- Um homem procurou-me recentemente. Parecia ainda estar se recuperando e fedia como um cadáver.- Robin pausou ao apontar para o porto onde a maioria dos barcos ancoravam.- Ele disse-me que servia à Casa Greyjoy e tinha urgência em retornar para seu senhor, então eu soube que era ele quem os malditos forasteiros buscavam. Ele pagou-me com um belo elmo, muito valioso por sinal, e eu o recebi em meu navio.- Pausou mais uma vez para encarar Ilyana com o mesmo olhar esmagador de antes.- Zarparei com ele amanha, mas neste momento ele se encontra no convés de meu navio. A pergunta do momento é...você virá comigo até ele, para eu saber se é ou não uma maldita traidora, ou morrerá agora mesmo?

Robin mostrou uma faca que guardava na cintura.

Irei, mas se isso for uma tramoia para os malditos leões que a fúria do Deus Afogado caia sobre você. Responde seriamente.

Com a resposta da sacerdotisa dada, Robin escondeu a faca e concordou com os olhos, sem perder a seriedade por um segundo sequer. Virou-se e pôs-se a andar para que Ilyana o seguisse, dirigindo-se rumo a direção que apontara anteriormente onde seu navio os aguardava juntamente de, se tudo corresse bem, Teryn.

Conforme caminhava por entre caixotes, pequenos depósitos com botes de madeira e redes de pesca, Ilyana não pôde deixar de lembrar-se de Ed e Viserys, pois o céu era um lembrete constante de que provavelmente, com base na tempestade que notou aproximando-se mais cedo, já não conseguiriam partir esta noite. Não com tranquilidade.

Mas alguns minutos depois do momento em que deixaram a estalagem, Robin guiou Ilyana até o maior navio que havia na ilha, somente perdendo para o dos Lannisters em porte e quase com certeza em "qualidade". Era baixo, não comportava muitas velas e a julgar por sua função, o carregamento e transporte, não havia como ser veloz, porém em compensação aparentava ter o casco composto por material resistente, muito diferente dos "tapa-buracos" que a sacerdotisa via com frequência desde que naufragara.

Ao subirem a bordo um homem levantou-se, atento e com um objeto de ferro nas mãos, mas baixou a guarda ao perceber que era seu capitão a subir no navio. Robin olhou para Ilyana uma última vez, desejando poder confiar completamente na misteriosa mulher, e terminou por leva-la ao convés, logo depois de descerem por frágeis escadas que estavam acostumadas a suportar grande peso vindo dos que passavam por elas.

Quando chegaram ao fim do caminho a baixo, um lugar extremamente escuro e repleto de barris e cordas, Robin apanhou uma tocha de uma das toras e a ascendeu sem pressa alguma. Iluminou a frente e voltou-se para Ilyana, estendendo-lhe a tocha caso ela quisesse aproximar-se mais.

Escorado na parede, ao lado de um barril rachado e uma garrafa de bebida, o grande Capitão Teryn repousava de cabeça baixa com o rosto marcado pela exaustão e sofrimento e a pele pálida. Sua coxa esquerda estava se recuperando, mas ainda havia sangue nos panos que a acobertavam.

- Senhor, trouxe comigo alguém que o procurava.- Disse Robin em tom alto para chamar a atenção do capitão.- Peço que diga-me se a conhece, pois do contrário terei de silencia-la.

O robusto homem ferido mexeu a cabeça ao ouvir as palavras de Robin, como se estivesse dormindo e acordasse em um susto repentino. Soluçou, ergueu a cabeça com preguiça e olhou a frente, mas não sem antes apanhar a garrafa ao lado por instinto. Ele olhou para Robin e em seguida para a sacerdotisa, e foi então que assustou-se.

Inclinou o corpo para frente para saber se a mulher que via era real ou se era uma alucinação causada pela dor ou pela bebida.

- Não consigo acreditar em meus olhos.- Sussurrou, ainda despertando os sentidos.

Ela observa atentamente o que seria respondido, poderia elaborar mais, mas o tempo era precioso agora.

Teryn a ouvia com o olhar vidrado, como se estivesse vendo um fantasma, e não esboçou qualquer reação durante um bom tempo, totalmente travado no que estava acontecendo com dificuldades em acreditar. Por fim Ilyana pôde reconhecer alivio no rosto do velho capitão, com certeza feliz por ter recebido do Deus Afogado mais uma chance de cumprir sua missão.

- Enquanto esse corpo em pedaços ainda puder se mover, eu a seguirei para onde o Senhor nos levar.- Disse sem hesitação assim que terminou de raciocinar e conseguiu a certeza de que aquilo era real.- Como chegou até aqui, Ilyana?

Enquanto a ouvia, voltou sua atenção para Robin e esticou-lhe a mão, pedindo ajuda para levantar-se e foi atendido. Robin ajudou o moribundo Teryn a levantar-se e permaneceu ao seu lado de apoio.

- Senhor Robin, agradeço imensamente por sua lealdade à Casa Greyjoy e ao Deus Afogado, por ter ajudado-me depois de ouvir minha história.- Começou com firmeza na voz, talvez animado ou só tentando parecer mais com o forte Capitão que Ilyana conhecera.- Partiríamos amanhã, mas se o objetivo, o prisioneiro, ainda está vivo, temos de partir o quanto antes. Garanto que será muito bem recompensado.

Robin o encarou com frieza e depois olhou para Ilyana.

- Uma tempestade se aproxima. Não há navio melhor na ilha para resistir ao que vem por ai e nenhum outro que possa partir essa noite.- Robin disse enquanto ajudava Teryn a sentar-se em um barril virado.- Se quer tirar esse tal objetivo da ilha essa noite, sugiro que o traga para cá o mais rápido possível. Não sei em que tipo de barco vieram nem onde o esconderam, mas é questão de tempo até que alguém que com certeza o encontrou conte aos forasteiros.

A sacerdotisa respirou fundo e respondeu sem hesitar - O farei. Preparem-se para partir assim que chegarmos -