Capítulo 2 - Buscando Direções

Lew viu a atitude do velho e não se surpreendeu, aliás soltou uma leverisada abafada de uma forma que o velho escrivão não percebesse.

Lew vai até a porta e a fecha, não perdendo o respeito pelo velho Roguer, mas tinha ordens diretas do Capitão e não poderia falhar.

- Calma, aconteceu alguma coisa? Tanto tempo que lhe peço conselhos e nunca vi vc reagir assim com uma de minhas perguntas...

Ele corre e se senta na cadeira que Roguer costumava sentar, coloca os pés na mesa, cruzando-os e envergando seu corpo para trás.

- O que acha de fazermos uma troca por uns insntantes? Eu escuto e vc fala agora...vejo que algo te perturba nesse assunto...

- N-não tenho mais nada para falar. Não conheço esta ilha que você diz... agora por favor marujo, tenho trabalho a fazer aqui - Roguer permanecia ao lado da porta do gabinete.

- Sim Marujo!... Nesta direção, pelo menos por enquanto... O músico ta no gabinete do velho... Quando ele sair me avise, estarei na Cabine! Fala o Capitão ao Imediato, respondendo sua pergunta e dando mais uma ordem a Scrum.

Roosevelt volta até a sua cabine, como era a normalidade naquele navio, os marujos quase não o viam, era como uma espécie de mania que Roosevelt tinha, quanto menos o vissem, menos acostumado com ele ficavam e menos intimidade pra brincadeirinhas idiotas teriam, isso com certeza polpava vidas e dava crédito a histórias, e Roosevelt sabia disso, porém sabia que de vez em quando ele teria que fazer umas atrocidades pra manter o comando, isso não seria difícil pra ele, mas preferia evitar mesmo assim, o momento da tripulação era o melhor até então, não esquentava a cabeça com isso de momento.

Lew se levanta ao ver que sua tentativa de dialogar não funcionou...
Ele pega sua gaita e diz:

- Vejo que ficou tenso, tudo bem... cantarei uma canção pra te acalmar e depois voltarei aos meus afazeres no navio, caso desejar...

Lew inicia sua música (Fascinar)

Spoiler:

A música de Lewellin gerava um efeito de fascínio sobrenatural no velho escrivão. Jolly Roguer aos poucos vai adotando uma postura mais calma e serena, apreciando o belo som que lhe chegava aos ouvidos. O músico se levanta da cadeira que havia sentado e a aponta na direção do escrivão, para que ele por sua vez voltasse a sentar-se nela. Lentamente, Roguer caminha até a cadeira da escrivaninha e repousa-se em cima dela, sem tirar os olhos de Lew por um minuto sequer. Quando a canção acaba, o escrivão parece ter acordado de um sonho.
- Err... o que está... - aos poucos ele vai se lembrando da conversa em que os dois marujos estavam tendo. - Escuta aqui, jovem... eu não sei nada sobre a Ilha de Ferro... só sei que ela foi no passado um antigo terror para os piratas e que por isso ela deveria permanecer intocada.

Lew percebe que o veho estava mais calmo e volta a tentar falar com ele, dessa vez com mais calma:

- Você fala como se ela não passasse de uma lenda... Algo em sua voz me diz que sabe algo, sinto isso...

Ele sorri, volta a dar a taça de vinho ao velho e diz, virando a garrafa molhando os lábios com o vinho.

Desta vez Roguer não faz menção de pegar a taça de vinho.
- Eu só sei o que todos os piratas sabem, nada mais... E isto é o suficiente para qualquer homem sábio evitar falar sobre o assunto... Mas você não nasceu pirata, não é mesmo? Como você haveria de saber algo sobre a Ilha de Ferro e do que ela representou...

Lewellin teria que ser mais persuasivo para fazer o ancião abrir a boca.

Lewellin então diz:

- Acontece que o nosso capitão mão é muito sábio e estamos indo para lá. Além disso o vento nos conta muitas coisas e a última coisa que ele me disse foi que o senhor sabe a localização da Ilha de Ferro. Os ventos do mar nunca mentiram antes...

Lew fita os olhos do velho escrivão, seu olhar era firme, mas calmo.

- Sabe, ele está bem determinado à irmos lá, nem que morramos procurando. Não quero morrer à deriva em alto mar, Roguer, e acredito que a tripulação e o Capitão também não...

Spoiler:

Dyke ouve o Capitão e começa a manobrar o Marlin Negro para fora do porto indo em direção à Sembia, assobiando uma música qualquer e sempre de olho no céu e no mar procurando qualquer indicios de uma boa corrente de vento para baixar todas as velas e seguir para Sembia à todo vapor.

O contramestre permanece de olho nos marujos e quaisquer indício de ócio ele iria agir:

-Vamos seus patifes de uma figa! Escutaram o capitão, se querem que suas mediocres pirocas fiquem famosas, trabalhem direito senão serão transformadas em isca de peixe!

Ele caminhava pelo convés observando um a um e atento a tudo.

O Marlin Negro enfim zarpa do porto da Ilha Dragão. Após a partida, aos poucos a tripulação que estava concentrada no convés se dispersa. Uma fina garoa de chuva começava a cair.

O contramestre caminhava carrancudo entre os marujos, esperando qualquer sinal de desobediência. E este sinal veio quando Frac'Eido andava pelos deques inferiores. Um cheiro de tabaco estava presente no navio! O odor levou o contramestre até o paiol de velas, a pequena sala onde era armazenada as velas e as lonas, assim como as linhas, cordas e equipamentos de costura. Frac abre a porta e se dá de cara com Oriun, o despenseiro, tragando um cigarro. Oriun, desde sempre, era o maior causador de problemas do Marlin Negro.

Enquanto isso, no gabinete do escrivão, Lewellin continuava a tentar persuadir Jolly Roguer. Desta vez seus argumentos vieram com mais força. O ancião volta a tomar um gole de sua taça de vinho.
- Eu reafirmo que não sei sobre a localização da ilha. Quem disse isto para você? O capitão?

Lew com seu jeito simples, abaixa-se de frente à escrivaninha, pousa o vinho sobre a mesa enchendo mais a taça de vinho do velho, e começa a cantar:

"Há contigas não contadas que os ventos podem sussurrar
No ouvido de qualquer pescador, boatos podem se hospedar.
O que os ondas cantam somente os músicos podem ouvir
Tudo o que posso compartilhar é que temos um destino para ir"

Dentre cada frase da música ele dá um fundo musical com sua gaita, sem perder o ritmo da cantiga improvisada.

Ele termina a canção, feita de improviso na hora, e diz ao escrivão:

- E o mar sabe que esteve na ilha, Roguer... O que pressenciou na ilha de tão terrível, seu velho marujo? Conte-me... Não são só as cantigas do mar que eu sei guardar segredo.

Frac'Eido caminhava "tranquilamente" pelo navio quando seus sentidos apurados percebem uma primeira diversão a vista. O maldito Oriun estava fumando. Sim era um Art. 6º. Infelizmente a pena era dita nas regras e o contramestre não poderia improvisar.

-Seu estrume de porco! Pelo visto ou você não sabe ler ou gosta de apanhar. Espere que goste o suficiente para aguentar as 40 chibatadas.

Fraf'Eido, toma o cigarro e chama pelo Scrum para ajudá-lo a amarrar o maldito Oriun e em seguida levá-lo até o convés para então se pronunciar ao capitão e aos marujos sobre a pena a ser aplicada e mostrar qeu qualquer um que descumpra o código pirata será punido.

O imediato grandalhão desce até onde estava Frac'Eido. O contramestre já havia amarrado o marujo descumpridor de regras e agora pedia ajuda à Scrum para transportá-lo até lá em cima.
- Desgraçado, 'cê não aprende a lição mesmo - diz o imediato.

Os dois, juntos, conseguem subir Oriun através das escotilhas. Enquanto Frac'Eido começa a prender o marujo no mastro do convés, Scrum bate na porta do capitão.
- Senhor, aquele verme descumpriu mais uma regra, desta vez o artigo de número seis. Ele 'tava fumando tabaco no local de armazenamento das velas, ele podia causar um grande incêndio e afundar o navio.

Do alto do cesto da gávea, Hymma grita para Dyke.
- Aposto cinco pratas que ele não aguentará nem metade das chibatadas!

Neste meio tempo a tripulação volta a se reunir no convés para ver o castigo.

"Aquele maldito não tem jeito mesmo.... Que pena!" Pensa Roosevelt depois do aviso do imediato. O capitão que estava despejado em sua cadeira, agora levantava, ajeitava seu traje, colocava o chapéu novamente, ficava pensando se era uma situação pra levar consigo a foice, como sempre, ou sua Espada Longa, que estava encostada na escrivaninha, perto de seus pés. Depois de alguns segundos pensando ele larga a foice em cima da escrivaninha e leva a espada consigo, saindo de sua cabine.

O capitão sai da cabine e logo já desce a escada da popa, em direção ao deque principal, o convés. Ali ele fica esperando o Contramestre com o infrator, faz o sinal pra começar o castigo e assiste, sem tirar os olhos da cena, o Capitão torcia pro inútil conseguir sobreviver as quarenta chibatadas. Os mais atentos perceberam que ele não carregava a foice nem o cajado, apenas a Espada Longa.

Frac'Eido prepara suas chibatas, ele abre mais uma vez a sua bolsa e de lá retira 4 tentáculos de água viva. Ele os enrola nas cordas que pendiam dos seus flagelos, então diz:

-Agora seu patife, estrume de lesma do mar! Quero que conte comigo todas as 40 chibatadas escutou?!

Então o contramestre agora tinha nos olhos um brilho de felicidade que assustaria qualquer um. O gosto dele pelo sofrimento alheio era algo doentio.

Assim ele inicia a contagem:

Ummm! Shtaaaaaaaaaaaaaa

Aguarda a resposta do infeliz e em seguida a segunda:

Dooooisss! Shtaaaaaaaaaaaaaa

A pele era cortada pelo flagelo ao mesmo tempo em que o tentáculo de água viva a queimava por dentro. A dor deveria ser incalculável.

O mundo parecia ser marcado a cada estalo do chicote do contramestre. O imediato mandou arrancarem as blusas de Oriun, expondo assim seu corpo já marcado por várias cicatrizes. Hoje ele conseguiria mais algumas. O marujo gritava a cada chibatada, mas ninguém sabia dizer se era de dor ou se era uma tentativa de fazer a contagem que Frac'Eido exigira. Oriun não possuía língua, o que tornava difícil os outros compreenderem qualquer coisa que ele dissesse, ainda mais num momento como esse.

Várias cicatrizes dele foram reabertas com o chicote, e outras tantas começavam a surgir. Na quinta chibatada, uma poça de sangue formava aos seus pés. A tripulação prendia a respiração para ver até quando o despenseiro do navio aguentaria acordado. Hymma fazia a contagem junto com o contramestre, esperando sair vencedor de sua aposta.

TESTES PARA NÃO-DESMAIAR:

Na 21ª chibatada do contramestre, Oriun não resiste e desmaia. Porém seu corpo continuava suspenso no mastro principal do navio.