Elmon - Thalion

Elmon também não sentia-se muito confortável banhando no meio de tanta gente, e entendia o medo de Redris. Mas o garoto precisava relaxar, se não a parada não teria valido de nada.

-Está tudo bem garoto, você não precisa ter medo, apenas relaxe, mesmo que algo ruim aconteça ninguém nem vai ver nada, provavelmente... Você pode banhar sem medo, se você relaxar nada de ruim irá acontecer.

Apesar daquele não ser seu local de banho usual, Elmon adorava um banho natural e logo entrou na água.

-Pode vir garoto, não tem com o que se preocupar a água está ótima.

As palavras melodiosas e magicas de Agnus fazem com que os temores de Redris sejam substituídos por uma grande calma interior, o pobre rapaz parando de tremer e criando coragem, sua caminhada ate a sala de troca de roupa sendo acompanhada pelos outros.

O local estava ocupado por alguns homens que estavam se despindo e se preparando para entrar. Alguns eram bem musculosos, provavelmente guerreiros que buscavam o descanso na fonte termal. Redris fica vermelho como um pimentão, fazendo um enorme esforço para não olhar para baixo, se encolhendo de tal modo que parecia que ia cair no ralo. Novamente o bardo teve que intervir, vendo que a tarefa de hoje não seria fácil.

Depois de se despirem e pegarem suas toalhas, o grupo saiu do recinto, ficando surpresos com o tamanho do lugar, com muita vegetação cercando o que parecia ser um pequeno lago. Sentiram a baforada de calor em seus rostos, o vapor que emanava da água quente subindo em pequenas colunas em direção ao alto. A beira da fonte era cercada por pedras de granito, e Redris pegou uma das varias cadeirinhas de madeira que estavam a disposição, acompanhadas de baldes e sabão. O calor do vapor de água lhe animou os espíritos, e começou a se lavar desajeitadamente, meio incerto de como fazer para não desfazer suas ataduras.

As fontes termais estavam razoavelmente ocupadas, os homens se juntando em pequenos grupos para conversarem e relaxarem. O lado masculino estava separado do lado feminino por uma barreira alta feita de bambus, mas era possível ouvir algumas vozes e risadinhas femininas do outro lado.

O druida, que estava apreciando aquele banho natural, logo entrou na agua, sentindo um calor que parecia esquentar sua própria alma, de uma maneira quase medicinal. Vendo que Redris estava hesitante, Elmon chamou por ele. Com muito cuidado o garoto ruivo entrou, finalmente sentando em uma pedra imersa.

Como se vindo do nada, surge um gnomo velhinho pelado com cara de safado, que se aproxima do grupo já puxando conversa.



- Ola, meu nome é Kumindar Pansy, vocês são novos aqui no Estrela Negra, não são? A única estalagem com fonte natural de águas termais em Galia. Sabia que estas estalagens são bem comuns no oriente? As mulheres se banhando nuas, esfregando as costas umas das outras... Em Ling-Xao não há discriminação, se as mulheres se quiserem se beijar, se beijam, se quiserem se... – diz, quase babando.

Rafik faz um gesto apressado com a mão, pedindo para parar. Porem o velhinho ainda não tinha acabado.
- O Estrela Negra é conhecido pelas belas aventureiras que costumam pernoitar na estalagem...E como leal membro (hehe) da Ordem Azul, tenho como dever observar toda e qualquer forma da anatomia feminina em sua mais resplandecente nudez.

Elmon aproveitava o banho relaxante das termais esquecendo o que ocorria ao seu redor por um tempo, quando foram abordados por um velho que parecia ter intenções de espiar o banho das mulheres, Elmon não tinha nada contra o que o velho queria fazer, mas também não era algo em que o meio elfo achava que deveria se meter.

-Só precisamos de um descanso para nosso amigo aqui para seguirmos viagem, boa sorte em sua aventura.

Elmon voltou a aproveitar o seu banho, se os outros membros do grupo resolvessem participar do estudo de anatomia feminina do velho, ele esperaria por lá mesmo.

O velho, ao ver a resposta negativa por parte dos aventureiros, limitou-se a alçar os ombros. Ele então se aconchegou numa pedra próximo deles e suspirou, olhando para o alto muro divisório das termas.

Redris, já mais calmo, se permitiu fechar os olhos e relaxar com a agua quente. O vapor subia e entrava em suas narinas, esquentando seu interior e dando uma sensação grande de paz e conforto. Rafik se aproximou e tirou uma das ataduras do braço do jovem, e ficou surpreso com o processo de cicatrização.
- Realmente estas aguas tem propriedades medicinais! O ferimento não sangra mais, e as bordas estão se fechando – disse o elfo das areias.

Redris, com um sorriso extasiado, acena com a cabeça levemente, meio sonolento.
- Eu me sinto tão bem, que parece que vou flutuar. É como se todo o peso do mundo tivesse saído de mim, e que agora sou leve como uma pena – disse o ruivo, deixando o corpo flutuar na agua.

O elfo fica satisfeito, tranquilo com o bom resultado das termas. Mas subitamente seu sobrecenho se cerra, os olhos ficam pequenos de preocupação. Ele se volta para  os outros.
- Thalion, Agnus, estamos com problemas... Creio que Redris também não pode relaxar tanto assim...

O jovem Redris, sem perceber, havia iniciado sua transformação. E os três homens puderam perceber que ele realmente se transformava numa mulher, por inteiro.

Kumindar, percebendo a movimentação, volta sua atenção para o grupo.
- E ai rapazes, aconteceu alguma coisa? – pergunta, curioso.

Elmon arregala os olhos surpreso ao ver a transformação, e esperando que os outros deem um jeito de cobrir o pobre Redris que infelizmente se encontrava em uma situação complicada e vergonhosa, e ao ver o velho tarado voltando o druida rapidamente foi em direção dele e falou.

Só estávamos pensando melhor sobre a sua proposta, e eu acho que poderia ser interessante.

Elmon tentava bloquear a visão do velho, enquanto esperava darem um jeito de tirar Redris de lá.

-Desculpe pela minha resposta anterior, eu só estava um pouco envergonhado.

Elmon vai de encontro a Kumindar e explica sobre seu repentino interesse nas atividades observatorias. O velho gnomo bate palmas e sorri, animado:
- Que bom que o senhor concordou! Ver as belas formas femininas é algo que não deve ser negado a qualquer macho que se preze! Vamos fazer o seguinte: eu vou até o muro procurar por algum buraco por onde possamos ver alguma coisa... Quando eu achar eu te chamo!

Kumindar despede-se e vai em direção do muro. O druida então se volta para seus colegas para ver como estava a situação. Tanto Agnus como Rafik formavam um paredão para Redris, que permanecia afundada até o pescoço dentro da água quente. O bardo cantarolava, tentando ao máximo acalmar a ruiva.

O elfo das areias se volta para Elmon:
- Muito bem, Elmon! Com aquele velho bisbilhoteiro aqui as coisas estariam bem mais difíceis... Mas e agora? Se descobrirem uma mulher, quer dizer, Redris em sua forma feminina, aqui, estaremos em maus lençóis, podemos acabar sendo ate presos por promover... Bem, voce sabe!

Elmon não conseguia pensar e muita coisa, era uma situação difícil, talvez devessem tentar acalmar o garoto para tentar fazê-lo voltar ao normal, mas não podiam depender de algo tão incerto, podia demorar bastante para ele voltar o normal, e não conseguiriam o esconder por tanto tempo, será que era possível trazer toalhas e tentar sair de lá escondido? O druida tentava pensar em várias soluções, mas nenhuma solução parecia segura.

-Alguém tem alguma ideia? Talvez eu possa causar uma distração, se alguém arrumar uma toalha vocês podem cobrir ele e sair na confusão.

Elmon ficava pensativo, tentando ter alguma ideia de distração.

Eu posso tentar chamar o meu lobo, ele invadindo pode causar uma confusão e enquanto a atenção de todos está nisso vocês tiram ele daqui. Ou talvez eu possa fazer com que o velho tarado seja pego propositalmente, deve causar uma confusão também, o que vocês acham?

OFF:

A situação estava complicada. Naquela hora as fontes termais estavam com um grande numero de clientes, com vários grupos de homens enrolados em toalhas ou nus conversando ou descansando nas aguas quentes. O elfo das areias Rafik presta atenção nas sugestões do druida atentamente, e pondera as alternativas com a mão no queixo.
- Creio que as duas opções possam funcionar, queiram os espíritos ancestrais que sim. E se puder escolher uma, eu fico com a ultima. Se alguém merece se dar mal, com certeza é o velho tarado.

Redris ia começar a falar algo, porem sua voz feminina o fez logo mudar de ideia. O bardo Agnus, preparando-se para dar seguimento ao plano, já providenciou algumas toalhas para cobrir o corpo da ruiva, quando a distração começasse.

Rafik faz um sinal de ok para Elmon, que então vai ao encontro do gnomo. O druida o encontra próximo do muro de bambus, bisbilhotando a procura de alguma fresta que pudesse oferecer alguma visão do lado feminino das termas.
- Mas pelas deusas! Não é possível que não encontro nem um buraquinho para olhar! Temos que achar uma outra maneira, colega – diz para Elmon.

OFF:

Elmon concordou com o elfo das areias, o velho era quem merecia se dar mal, e assim que recebeu o sinal foi colocar o plano em prática, não tinha um plano exatamente formado, ia tentar improvisar na hora.O druida olhava para o muro e viu que era de bambu, talvez pudesse tentar fazer um acidente que derrubasse uma haste dele, assim faria uma confusão com pessoas que correriam para olhar para o lado das mulheres e daria uma chance para os outros fugirem, mas será que a cerca não era muito resistente para isso? Talvez devesse procurar outra fresta.

- Bem, a situação é mesmo complicada, mas não podemos desistir. Não quer tentar subir nos meus ombros para alcançar o topo do muro? Você segura bem forte na cerca quando tiver lá, mas tome muito cuidado para não cair.

Não parecia um bom plano, mas talvez conseguisse derrubar uma das hastes de bambu propositalmente enquanto o velho estava em cima do muro, isso poderia causar uma grande confusão, pois provavelmente todos correriam para aproveitar a oportunidade de espiar algo, ou caso o muro fosse muito resistente, no mínimo ia largar o velho lá, que com sorte ficaria com medo por estar sozinho em um lugar alto e no desespero gritasse chamando a atenção de todos, para ajudar, o próprio Elmon chamaria atenção de todos para o velho que estava tentando espiar as mulheres do outro lado. Caso o muro fosse alto demais teria que pensar em outra alternativa.

O druida ouve o matraquear do velho, enquanto observa o muro. Parecia ser realmente resistente, construido com bambus grossos e compridos, amarrados com cordas entrelaçadas. Depois de propor ao velho para que subisse em suas costas, o mesmo aceita o plano animadamente.
- É isso ai, meu caro! Finalmente encontrei um parceiro para o meu passatempo predileto! Vamos la!

Elmon então ajuda o gnomo a subir em suas costas, e estando de pé sobre o druida Kumindar podia se apoiar no muro e espiar do outro lado. Porém a empreitada não passou desapercebida pelos outros frequentadores, e enquanto alguns deles riam e apoiavam a empreitada, outros começavam a xingar e falar para pararem com isto. Logo dois deles, que pareciam ser fortes guerreiros se aproximam, e cutucam Elmon.
- Vamos parar com esta palhaçada ai? Voces não tem respeito? – diz um deles, bravo.

Enquanto isto, alheio ao que acontecia mais embaixo, o gnomo se apoiava na ponta dos pés para enxergar melhor.
- Ei, Elmon, me levanta mais um pouco, que to vendo uma loiraça com uma tatuagem de borboleta nas costas que é uma coisa de louco!

Um dos guerreiros esbraveja, bravo como um touro.
- Esta é minha mulher!!!! Vou te matar, desgraçado!

As coisas começavam a sair do controle, e apesar de acabar se envolvendo mais do que gostaria, parecia estar dando certo, ele olhou para Redris para ver se já tinha distração o bastante para saírem de lá.

Elmon não sabia bem o que fazer lá para sair daquela situação, talvez devesse aumentar mais ainda o caos, ou aumentar a confusão para conseguir escapar no meio dela, ou talvez apenas tentar jogar a culpa para o velho.

- Me desculpe senhor, não sabia que aquele era o lado das mulheres, esse senhor aqui disse que queria ver a paisagem, como eu podia negar o pedido de um homem velho como esse? - Elmon respondeu ao guerreiro soltando o velho - Não acredito que fui enganado por esse senhor, você ouviu o que ele estava falando de sua mulher, que coisa horrível, um velho sem vergonha como este não pode dar crédito a sua palavra. Eu claramente não tive nada a ver com isso, o que eu ganharia? Me expor a isso sendo que não posso ver nada, apenas para alimentar o ato doentio de um velho que acabei de conhecer?

Elmon tentava jogar toda a culpa para o velho, gritando alto o bastante para chamar a atenção de todos que estavam naquele lado das termais.

Se a intenção do druida era criar confusão, ele tinha conseguido: naquele agrupamento as pessoas estavam discutindo e se empurrando, cada qual argumentando que o outro estava errado. Os ânimos exaltados, Elmon da uma olhadela por entre a multidão e confirma, satisfeito, de que Redris, Rafik e Agnus já tinham se retirado das fontes termais.

Após ser acusado pelo druida, o velho gnomo esbraveja, dizendo que estava sendo traído, e que não era doente, e sim um bom apreciador das formas femininas, casadas ou não.

Isto foi o suficiente para iniciar uma briga, onde socos e chutes eram desferidos para todos os lados, com homens caindo na lagoa, gritos e xingamentos. Tal foi a bagunça que ate atraiu a curiosidade das mulheres do outro lado, que se dependuravam no muro alto para ver o que estava acontecendo.

Sem a menor vontade de continuar naquela batalha, o druida afastou-se furtivamente por entre os combatentes, e depois de chegar no vestiário e colocar suas roupas, foi encontrar do lado de fora com seus amigos.

O elfo das areias Rafik deu os parabéns pela atuação do druida.
- Felizmente seu plano deu certo, Elmon. Conseguimos sair despercebidos, ninguém notou nada.

Agnus, o meio-elfo bardo, acenou com a cabeça.
- Para alguém que viveu tanto tempo assim na floresta, sua atuação foi esplendida! – diz, tirando o chapéu – Que tal se fossemos agora para a taverna descansar um pouco? De noite pretendo contar algumas estórias e tocar algumas musicas para garantir o meu sustento...

Redris, que estava meio sem jeito pelo fato de suas roupas ficarem muito apertadas quando em forma feminina, timidamente agradeceu ao druida.
-Obrigado, Elmon, não sei o que seria de mim se não fosse por você... - disse em voz baixa. Com um sorriso de canto de boca, um pouco mais animado, continuou – Por que voce quis viver isolado no meio da floresta? Sendo uma pessoa tão amiga, imagino que qualquer um gostaria de ter voce por perto...

Elmon ficou satisfeito ao ver que todos conseguiram sair da confusão, o plano saiu melhor do que imaginava, na verdade achava que tudo ia dar errado, estava escondendo o desespero enquanto provocava toda a confusão.

- Foi apenas sorte - Respondeu com um sorriso sem graça - Não achava mesmo que ia dar certo, mas eu fiz tudo que pude, ainda bem que deu certo.

Aquelas situações não eram agradáveis para o druida, ele odiava aquele tipo de situação, só deu o seu melhor porque queria ajudar Redris, em parte era sua culpa ele estar naquela situação.

- Acho que era mais por eu não gostar de um ambiente mais movimentado - Respondeu a pergunta de Redris - Eu gostava da natureza sabe, e com o passar do tempo não tinha mais nada que me prendia ao vilarejo onde eu nasci, mas já faz tanto tempo...

Após os eventos ocorridos nas termas, o grupo decide ir até a estalagem Estrela Negra para descansar um pouco. Sendo o lobo um animal selvagem, e não havendo local para permanecer sem assustar os outros clientes, este teve que se embrenhar na mata próxima, o que foi muito apreciado pelo mesmo.

O grupo então passa pela porta principal, e todos percebem que a área comum da estalagem já começava a se encher, e continha uma variedade de tipos: viajantes e mercadores que estavam indo ou voltando de União, aventureiros em busca de tesouro fácil, assim como trabalhadores das fazendas próximas da estalagem. E Redris, sendo agora uma ruiva alta e bem proporcionada, passou a ser observada, desta vez por homens suados, fedidos e com olhos lascivos.

Para evitar maiores confusões, Redris, Rafik, Agnus e Elmon decidiram já ir para o quarto comum, mas antes que pudessem subir as escadas, foram parados por Eron, o dono da estalagem. Com o braço barrando a passagem, ele disse:
- Espera um pouco ai... Quem é esta mulher ai com quem vocês estão subindo? Não me lembro dela ter vindo aqui no grupo de vocês, quando vocês combinaram que iam ficar no quarto comum!

Após o que se passou nas termas, Elmon só queria descansar de tudo aquilo e ir para o quarto, o banho para relaxar acabou tendo um efeito oposto para o druida. Quando se dirigia ao quarto, já bastante cansado, foi barrado pelo dono da estalagem, cansado o druida só queria ir para o quarto e descansar o quanto antes.

- Tem algum problema? Éramos quatro e continuamos quatro - Falou o druida com um claro tom de cansaço - Nós só queremos descansar um pouco, nosso amigo teve que sair e a irmã dele ficou no lugar dele, espero que não tenha nenhum problema.

A aparência cansada de Elmon e a sua fala fazem com que o Eron logo peça desculpas.
- Desculpem o incomodo, era só para me certificar do que estava acontecendo – diz, já liberando a passagem – Por favor, podem subir, e se precisarem de algo me avisem!

O grupo então passa pelo estalajadeiro e começa a subir as escadas. O druida recebe um amigável tapinha nas costas de seu colega Agnus.
- Pensou rápido, hein? Elmon, acho que na realidade voce aplicava golpes na praça, e escolheu ser druida para escapar da justiça... Que língua esperta a sua... – diz, em tom de brincadeira.

O grupo então chega até o quarto comunal, onde varias camas estão dispostas em fileiras, cada qual com um pequeno bau para guardar os objetos pessoais. Logo os heróis se deitam e finalmente tem o seu descanso merecido.

Elmon tem o seu sono interrompido por alguém lhe balançando. O druida abre os olhos e ve que era Redris. Ao ve-la de perto percebe que em sua forma de mulher era muito bela, os olhos verdes, as sobrancelhas grossas, os cabelos ruivos longos e lisos.
Ao ver que Elmon tinha acordado, ela da um sorriso.
- Agnus já acordou e esta no salao comum, fazendo suas apresentações musicais. Rafik ainda esta meditando. E eu já não aguento mais ficar aqui! Vamos descer?

Enquanto se preparam, Redris comenta sobre sua vida na fazenda e seu dia-a-dia, falando animadamente da sua vida com a esposa e seus pais.
- Sinto muita falta da vida pacata que levava, mas devo dizer que também estou gostando desta viagem. E você, Elmon? Como era sua vida antes de ser druida? Pela maneira como consegue conversar com as pessoas, voce devia ser um tipo muito sociável. Sempre achei que todos os druidas fossem esquisitões e que viviam pelados na floresta.

Após ser liberado pelo dono da estalagem, Elmon segue para o quarto com passos cansados, mas apressados para deitar-se o quanto antes.

- Eu tinha que me virar as vezes - Respondeu com um sorriso sem graça.


Depois de descansar por um período, o druida foi acordado por Redris, que o assustava saber que alguém tão bonita na verdade era um homem. O druida balançou a cabeça e respondeu.

- Vamos, também já estou cansado daqui, prefiro seguir para União o quanto antes.

Quando abordado perguntando sobre seu passado, o druida respondeu pensativo.

- Bem, eu me distanciei cedo da cidade, mas ainda passava um tempo lá, não cheguei a conhecer meu pai, então quando novo eu tinha que cuidar da minha mãe, e as vezes era necessário falar com as pessoas, tinha que me virar, a verdade é que eu odiava aquilo tudo, e fugia para a floresta para desestressar.

OFF:

Redris e Elmon descem as escadas e adentram o salão comum do Estrela Negra.  O mesmo era enorme, acomodando 40 pessoas sentadas confortavelmente, além de mais 15 diante do balcão do bar. Tal movimentação era devida ao grande numero de comerciantes que passava pela região, além daqueles interessados nas propriedades curativas das famosas termas. O druida, atento aos detalhes, pode ver que o chão era feito de tabuas de carvalho, e o balcão de nogueira adornado com laterais em bronze. Este balcão estranhamente tinha um profundo talho na madeira, próximo de uma das pontas.

Agnus estava no palco, cantarolando e dedilhando seu bandolim, cantando musicas ao gosto de sua audiência, e sendo bem recebido. Proximo e ignorando a apresentação, um clérigo de Mitz tentava converter um nada contente ouvinte. Ao lado da lareira, um halfling falava sobre suas aventuras. Muitas pessoas estavam envolvidas em suas atividades, em uma socialização que o druida há muito tempo não via.

A presença de uma ruiva alta, de olhos verdes e de avantajados atributos certamente chamou a atenção da parte masculina presente, que acompanhava com os olhos onde ela e Elmon iriam se sentar. Redris estava completamente desconcertado com aquela situação. Depois de pedir uma cerveja, que acabou bebendo em poucos goles, a ruiva leva a mão a cabeça e parece desanimada.
- Talvez fosse melhor viver uma vida isolada na floresta tal como voce, Elmon... Não consigo lidar com os olhares das pessoas, não sou quem elas pensam que eu seja... Realmente a vida de uma mulher não é fácil, principalmente num local onde o que a maioria quer é se aproveitar de voce!

Elmon sentou-se com Redris e pediu uma cerveja, ouvia com gosto as músicas de Agnus, era realmente um bardo com talento.

Como esperado a presença da versão feminina de Redris chamou atenção de todos no local, dava de perceber a quantidade de olhares sufocantes na direção dela/dele.

- Realmente parece desconfortante receber olhares assim. Respondeu tomando um gole de sua bebida, que tomava lentamente - Já deve ser desconfortável para uma mulher, não consigo nem imaginar como é para você que na verdade é um homem. Por isso acho que o melhor a se fazer é sair daqui o quanto antes, a atenção que estamos recebendo é grande demais, e não queremos ter mais problemas em um lugar lotado como este.

Redris ouve as palavras do druida e acena com a cabeça em concordância. Ele/ela passa a mão pelos cabelos ruivos levemente desgrenhados e diz:
- Tem razão, melhor prosseguirmos caminho e não chamar muita atenção. Apesar de ter sido bom receber os poderes curativos da fonte, a confusão que aconteceu lá poderia por tudo a perder! Vamos sair daqui logo ao amanhecer!

Uma voz se faz ouvir por tras de Elmon.
- Por que partir tão cedo? Aposto que a companhia não esta sendo agradável, hein, ruiva? Este senhor não parece dar conta de você, então deixe o bom Gill Svenson ser seu par esta noite...

Redris não parece nada contente com esta intervenção, apoiando os cotovelos nas mesas e afundando o rosto em suas mãos lamentando a situação. Elmon se vira e ve um homem grande e gordo, sem camisa, careca e tatuado.



- Não gostou de alguma coisa? – pergunta com um riso sarcástico.