Prólogo - Chui

Chui acabava de chegar ao planeta Primus, ele vinha em uma nave espacial do tipo cargueiro. Soltou na estação de Primus junto com carregadores e uma mulher chamada Meg. Ela que o havia trazido para este planeta. Dias atrás, comentou que se ele fosse à Cerimônia Branca, conheceria alguns nobres que pagariam pelo trabalho de um caçador.

Primus era um planeta belo e organizado, havia oficiais por todo lugar, pelo menos no centro de Primus, que era onde estavam. Chui pode ver vários transportes voando de um lado ao outro, mas obedecendo a marcação da estrada flutuante, que se tratava de uma marcação holográfica de onde os transportes poderiam trafegar. Sair da marcação era contra a lei, o veículo seria apreendido e o motorista detido. Em Locus as coisas não eram tão organizadas.

- É aqui garoto – Disse Meg – A princesa deixa que plebeus assistam a cerimônia, só não poderá entrar na área vip. Pegue um táxi e diga que quer ir até o Palácio de Verão.

Chui havia conhecido Meg em um de seus trabalhos, os dois fizeram amizade quando ele a alertou sobre a presença de piratas na área em que estavam caçando. Nunca era bom trabalhar com piratas por perto. Meg não era de Locus e por isso estava perdida e sem informações. Depois do aviso, os dois se esconderam e se livraram de problemas.  Para agradecer, Meg disse o levaria em um lugar onde poderia encontrar muito trabalho para um caçador.  

- A Cerimônia é sobre a nomeação de novos oficiais – Explicou Meg - Com certeza vai estar cheio de nobres com suas ambições por itens que não podem comprar facilmente. Alguma dúvida antes de nos separarmos?

Meg solta um riso discreto, ela segura a manga da camisa de Chui e caminha com ele pela plataforma da estação. A moça era alguns anos mais velha que ele, não era de sorrir e parecia estar sempre séria.Enquanto andam juntos, Chui vê vários contêineres pelo caminho e trabalhadores descarregando as cargas de seus cargueiros. Eles estavam usando macacões alaranjados.

Quando os dois chegam até a beira da plataforma da estação, havia uma cerca de metal na borda para evitar que desajeitados caíssem. É possível ver a altura do local onde estavam, era incrivelmente alto. Os prédios do centro de Primus eram altíssimos e a maioria de cor branca com telhados azuis. O céu estava claro e o clima fresco, parecia a premonição de um bom dia.

- É aqui garoto – Disse Meg.

Meg parou perto da beira da plataforma e em frente a um tipo pedestal retangular preso no chão. Meg tocou a ponta de seus dedos no pedestal e uma tela holográfica surgiu na frente de seus olhos. Era um mapa da cidade.

- Basta escolher o lugar que quer ir, que logo o táxi chega para buscá-lo. Veja, Palácio de Verão bem aqui no centro.

Quando Meg aproximou o dedo do lado do escrito "Palácio de Verão", surgiu rapidamente uma nova janela holográfica com um arquivo de som que dizia:

- Palácio de Verão, hoje as dez da manhã, inicia-se a Cerimônia Branca. O evento está aberto para visitação de qualquer cidadão. A princesa-regente agradece a presença de todos. Venha prestigiar nossos honrados oficiais, eles protegerão o futuro de Primus e da galáxia. O transporte para o Palácio de Verão é gratuito.

Após a mensagem, a janela holográfica mostrou uma fotografia do Palácio de Verão com uma frase motivacional em baixo:



Chui sente seu coração disparar ao ver a foto do palácio, era magnífico. Ele começa a se perguntar se não se perderia naquele lugar imenso. Muitas dúvidas também surgiam em sua mente, pois nem mesmo sabia como iria começar seu trabalho. Meg suspira entediada, depois se vira para o garoto e diz:

- Acho que não terá mais problemas a partir daqui. Não esquece, mire os peixes grandes. Fique com os ouvidos abertos e quando a oportunidade surgir, pule em cima dela! Ah e chame o táxi. Basta tocar, isto aqui é um ponto de táxi.

Quando Chui finalmente pousou na garagem pública do Palácio de Verão, ele fica encantando. Todo lugar era feito em base de mármore branco com detalhes em turquesa, e toda iluminação do local era feita por cristais azuis. Tudo era muito bem trabalhado, cada detalhe era um luxo. Chui percebeu que não havia quase ninguém na garagem pública. Alguns guardas tomavam conta do lugar, um deles avisou a Chui:

- Está atrasado, a cerimônia já começou faz alguns minutos.

Ao ouvir essa palavras, Chui fica surpreso. Já passava das dez horas da manhã. Ele começa a se perguntar se conseguiria lugar para sentar.

- Siga pelo corredor A e não terá problemas - Explicou a guarda.

Chui fica apressado, então segue a explicação e caminha pelos corredores,  seguindo sempre o corredor A, que cortava outros corredores. No chão um tapete sintético com desenhos de circulares enfeitava o chão. Nas paredes impecavelmente brancas do corredor, havia alguns quadros de nobres da família real. A maioria de ancestrais. No corredor também havia uma sinalização holográfica com informações de onde deveria seguir. De repente Chui começa a sentir vontade de ir ao toalete, parece que tinha que tirar água do joelho. Mas onde ficaria o toalete? Por todo lugar em que olhasse havia sinalizações holográficas indicando o caminho, porém parecia tão confuso quanto se não tivesse sinalização. Entretanto, ao estreitar os olhos e esforçar-se, Chui percebe dois tipos de informação, um dizia que era no nível de cima, bastava pegar um elevador no fim do corredor. Outra informação dizia para descer três níveis no mesmo elevador. Eram dois toaletes diferentes, qual seria o certo para ele? Infelizmente não tinha ninguém no corredor. A cerimônia também ocorria no andar de cima, pelo que Chui leu nas telas holográficas.

Chui decidiu então ir para o nível de cima, que era o mais perto. Quando chegou ao andar, nem mesmo prestou atenção às pessoas ao redor, pois saiu correndo para o banheiro desesperado. Passou rapidamente pelo guarda que estava guardando a entrada do toalete. O toalete era elegante e luxuoso também, de mármore branco e detalhes em turquesa. Chui nunca havia visto um toalete tão grande em sua vida, até tocava uma melodia suave.  Mas não havia tempo para prestar atenção nisso, o garoto se ocupou em realizar sua necessidade natural.

Provavelmente tinha perdido uma boa parte do começo cerimônia, mas era melhor do que passar vergonha na frente de todos. Chui saiu do toalete e ia caminhando pelos corredores para encontrar onde estava o salão de cerimônias. Os corredores estavam vazios, pois a maioria devia estar assistindo o evento.

De repente um tremor sacudiu todo palácio de verão. Chui tropeçou no chão e viu tudo tremer e as paredes racharem. Muita poeira era espalhada por toda parte. Logo um alarme ecoou por todo lugar, este dizia:

- Alerta intruso! Alerta Intruso! Não entrem em pânico, sigam para as saídas de emergência antes que o sistema de proteção se ative.

Chui se levantou quando o tremor melhorou, mas quando o fez, um pedaço do teto se soltou e já ia cair em sua cabeça se não tivesse desviado. Desesperado e sem saber onde eram as saídas de emergência, Chui correu pelos corredores sem noção de direção. Ouvia-se também um alto som desconhecido, mas que o lembrava de algumas feras de seu planeta natal, Locus, embora fosse muito mais alto.

Em sua correria, Chui acabou batendo em duas pessoas no caminho, um guarda que carregava um rapaz loiro nas costas. Por sorte, não caíram no chão. Também havia uma garota de cabelos castanhos acobreados presos em um rabo de cavalo.