[!Cenários!] Os Gray

Embora a história da casa Gray não fosse segredo algum, poucos lembram-se de seu passado, especialmente aqueles que não pertencem ao Vale. Como grande aliada da casa Targaryen, os primeiros Gray chegaram a Westeros sob fama de guerreiros destemidos e extremamente leais aos Targaryen. Seu objetivo ao vir com Aegon e suas irmãs-esposas era de tomar o Vale para si, pois apostavam nos terrenos montanhosos como cruciais para defesas e sua posição próxima ao mar e a mais próxima entre Westeros e Braavos, além de almejar o Ninho da Águia como seu futuro lar. A primeira invasão do Vale não contou com a presença de Aegon ou dos dragões, apenas os guerreiros sob o comando de Silas Gray, que invadiram uma ilhota que fizeram de base e começaram a varrer as famílias nobres das Montanhas da Lua, cada vez mais próximos do Ninho.

Contudo, como eles mesmos já haviam percebido o valor das montanhas como campos de batalha, os homens do Vale estavam especialmente acostumados com elas, usando-o como uma arena especial e obrigando o inimigo a retornar para a ilhota onde estavam acampados. As montanhas eram perigosas e, de fato, inexpugnáveis. Mas os Gray eram fortes, e resistiram em sua ilhota bravamente.

Diante disto, foi necessário que Aegon intervisse, o que finalmente fez com que o Rei do Vale se ajoelhasse (de uma maneira tão absurda que jamais alguém acreditaria: apenas em troca de uma volta em um dragão) e, de quebra, ainda tivesse que aceitar os Gray como seus vassalos, visto que a família já havia se estabelecido na ilhota e não pretendia abandonar o local. A inimizade entre os Gray e as demais famílias da região foi considerável no início, mas visto que precisariam ceder às vontades de Aegon, nada poderiam fazer senão aceitar. Os Gray, a contragosto, também tiveram que aceitar tornarem-se meros vassalos, e não os governantes da região, o que causou um gosto amargo até mesmo nos sucessores de Silas, que sequer conheceram-no (e abalou profundamente a relação entre os Gray e os Targaryen). Ainda hoje há um certo desconforto quando os nobres precisam interagir em algum momento.

Os anos se passaram e, sofrendo com a resistência dos habitantes mais próximos, a casa Gray se viu obrigada a fazer aliados em outros locais, para conseguir sobreviver. Mal conseguiram construir um salão para que a família e seus servos residissem, mas conseguiram bons aliados que navegavam os mares, especialmente os Homens de Ferro que enfrentavam a longa viagem rumo a Braavos e às terras disputadas. Aliança que perdura até os dias atuais, mesmo com a grande distância que separa suas ilhas fisicamente.

Foi apenas com o Lord Raron I que a casa voltou a ter alguma chance de expandir o seu legado. Ainda muito novo, comandou a construção do atual Castelo Gray, e também ordenou que explorassem mais as minas próximas. Além disso, combinou alianças através do casamento de seu herdeiro com a filha de Blacktyde. Apesar de ser um homem de batalhas, Raron mostrou-se, de longe, um dos mais ambiciosos descendentes Gray desde Silas. Contudo, seus planos foram interrompidos pela Rebelião de Robert Baratheon.

Raron Gray viu-se em uma encruzilhada. De um lado, apoiar os Targaryen que, haviam apontado os Arryn como Guardiões do Vale no passado e “traído” sua aliança, por outro, apoiar um antigo inimigo da família, mesmo sendo vassalo deste. Seu sangue guerreiro clamava por batalha e, sem pensar muito, Raron juntou-se aos Targaryen, garantindo antes disso que os olhos dos nobres do Vale não se voltassem para a Ilha Cinzenta.

Contudo, o Lord foi obrigado a retornar ao seu Castelo, visto a derrota iminente dos Targaryen e a invasão que a ilha sofria por ter escolhido o lado “inimigo”. Antes que chegasse com seus navios e guerreiros, as terras de Gray já haviam sofrido com a batalha que era travada ali e, só não foi pior, porque Janna (esposa de Raron, também uma guerreira exemplar) comandava os poucos soldados de dentro do castelo. No mesmo dia em que os navios atracavam, a defesa do Castelo era finalmente quebrada. O inimigo foi primeiro atrás dos herdeiros Cyke e Heinkel, apenas crianças na época, e Janna os defendeu corajosamente até derrotar todos os que investiam contra os três. Raron chegou, pondo um fim na invasão, mas infelizmente não pode evitar o falecimento de sua esposa. Por fim, os Targaryen foram derrotados, Robert Baratheon perdoou muitos, inclusive a família Gray, que teve de ser novamente aceita pelo Vale como vassala.

Anos depois, a notícia da morte de Jon Arryn está prestes a chegar à Ilha Cinzenta, abalando novamente a sede de conquista e vingança pelo passado... O que será decidido?

Raveena é a filha mais velha de Lorde Baelor Blacktyde, nascida nas Ilhas de Ferro, prometida desde pequena ao primogênito da casa Gray, mesmo que jamais tenha concordado com isto. De personalidade e corpo fortes, a garota sempre se sentiu mais atraída por batalhas, guerras e navios do que por cortejos, bailes e interações sociais propriamente ditas. Jamais imaginou-se casada, quem dirá com filhos.

Ainda criança, encantou-se pelas histórias de seus ancestrais, e do poder de luta destes. A história que mais gostava era da invasão à campina, e sonhava em um dia conquistar suas próprias terras. Sua mãe, cujos modos eram mais femininos que os da filha, tentou lhe ensinar etiqueta, dançar, bordar e vestir-se adequadamente, mas Raveena não se interessava por isso, mal aprendeu o básico de leitura e escrita, e apenas porque achou interessante quando “ganhasse o mundo”.

Ela era uma amiga muito próxima de Asha Greyjoy, mesmo com a diferença de idade, pois partilhavam dos mesmos desejos e tinham uma personalidade muito parecida na época. Contudo, em batalha Asha era muito mais parecida com uma pirata e Raveena se assemelhava mais a uma guerreira propriamente dita. Essas diferenças faziam com que as “brincadeiras” de combate se tornassem mais intensas, já que poucos garotos das Ilhas de Ferro aceitavam batalhar contra as duas, devido ao fato de serem mulheres e temerem chacota caso perdessem (embora jamais admitissem isso). Fora Asha, Raveena nunca teve muitos amigos, e era especialmente hostil com quem tentasse dizer à ela que mulheres não podiam lutar.

Quando chegou aos 14 anos de idade, com seu corpo jovem ganhando forma mais feminina, ficava difícil achar armaduras que se moldassem bem ao seu corpo, então passou a usar mais o escudo para sua defesa. E, quanto mais se aproximava da idade que deveria casar-se, mais rebelde Raveena tornava-se. Sob o pretexto de leva-la para conhecer seu futuro esposo (Cyke Gray), Baelor convenceu sua esposa para levar a menina consigo na longa viagem pelo oceano até as Ilhas Cinzentas. É claro, não mencionou esse fato à filha,q eu apenas acreditou que sairia em uma aventura ao lado do pai. Beron, o sacerdote do Deus Afogado da família, fez questão de fazer o ritual do afogamento com a menina, antes de partirem. Raveena, a qual parecia ter nascido para a vida a bordo dos navios, sentia-se tão bem com o cheiro do vento salgado, que jamais achou que pisaria em terra novamente. Participou de inúmeras batalhas em prol da pirataria, mas o saque posterior era o que menos lhe interessava, mesmo que aquilo significasse que suas posses agora eram pagas pelo preço do ferro.

Quase um ano depois, a frota aproximava-se da Ilha Cinzenta, sem que Raveena tivesse a mínimo ideia do que estava para acontecer. Ao pararem em um porto, a garota saiu para passear na floresta próxima à pequena cidade, sem muita pretensão do que fazer. Já fazia um bom tempo que não pisava em terra firme, era estranha aquela sensação, já que estava acostumada com o balançar das ondas. Sem querer acabou se afastando demais, e não sabia o caminho de volta. Subiu em uma árvore alta e conseguiu ver no horizonte a cidade onde o navio de seu pai estava atracado e, assim, percebeu que deveria dormir na floresta aquela noite. Com muita fome, ela tentou caçar, em vão, já que estava acostumada mais com peixes do que coelhos.

Sem muita alternativa, Raveena subiu em uma árvore, para manter-se protegida de possíveis inimigos e animais durante a noite. Porém, antes mesmo de adormecer, percebeu barulho de passos quebrando os galhos no chão. A luz fraca da tocha iluminava o rosto de uma pessoa. Desesperada por comida, não pensou duas vezes: atacou o pobre desavisado com seu machado, pronto para cortar sua cabeça. Contudo, o tal sujeito não era tão indefeso quanto parecia, e defendeu-se com maestria, sem um único arranhão. A tocha iluminava pouco, mas Raveena conseguia perceber que seu oponente, um garoto da sua idade, não ia ser uma presa tão fácil.

A batalha estendeu-se por horas, até que os dois caíram exaustos no chão. Raveena ainda conseguia se movimentar, mas o cansaço começava a ganhar a batalha contra seu corpo. Por fim, ambos desfaleceram no chão, acordando apenas após o sol nascer. Ao recordar da situação quando abriu os olhos, Raveena já estava com o machado em mãos, pronta para a continuação da batalha, mas seu oponente ergueu a mão. Propôs uma trégua: ele também estava cansado e faminto. Sem gostar da opção, mas sem muita coisa para fazer, ela aceitou a breve trégua, onde finalmente acharam um riacho e puderam encontrar algo para comer: pequenas frutas que (sorte deles) não eram venenosas. Em meio a isso, algo parecia acontecer entre os dois, que não tinha palavras para explicar, tampouco Raveena havia sentido isso para definir. Era atração, era desejo. E, ao invés de travarem uma batalha, os dois dividiram a relva como se fosse a cama de dois amantes.

Dias mais tarde, novamente em alto-mar, Baelor Blacktyde finalmente contou à filha o destino final da viagem, o qual revoltou extremamente a garota. Boa parte do navio foi destruído em sua fúria e, quando atracaram na Ilha Cinzenta, ela recuou-se a descer do navio. Lorde Raron e seu filho, Cyke, aguardavam os visitantes na doca. Não demorou nem meio segundo para que ela e Cyke reconhecessem um ao outro, daquele dia na floresta em que ambos perderam a “virtude”.

O casamento que se sucedeu, então, acabou sendo não apenas por aliança, mas por paixão e desejo. Raveena foi tão bem acolhida que se sentiu em casa, ou até mesmo melhor que isso, pois sua sogra também era uma habilidosa combatente, e a ilha dispunha de objetivos e morais muito parecidos com o que ela acreditava. Dois filhos nasceram posteriormente, frutos dessa união: Arthur e Antonieta. Mas, mesmo mãe e esposa, Ravenna jamais perdeu seu amor pela batalha e pelo mar.

Filho mais novo de Raron Gray e sua esposa Janna, Heinkel pouco se lembra de sua mãe, visto que a mesma acabou por falecer enquanto protegia os filhos durante o final da Guerra do Usurpador, quando ele era apenas uma pequena criança. Assim, desde muito jovem sua família se resumiu ao pai e ao irmão mais velho.

Os anos foram passando, e o pequeno Heinkel não demorou a perceber que, apesar da tradição guerreira da família, ele próprio não possuía o mesmo talento para combates – não que fosse um mal combatente, mas não parecia ser capaz de alcançar o mesmo nível de proficiência que Cyke com as armas. No início, isso o incomodava bastante, embora não houvesse muito o que pudesse fazer. Entretanto, com o passar do tempo, o jovem começou a perceber que seus talentos na verdade poderiam ser utilizados de outras maneiras.

Ainda que não fossem bem vistos por outras famílias, os Gray ainda eram uma casa nobre, significando que eventualmente eram necessários encontros, fossem na ilha cinzenta ou no continente, e durante esses encontros, Heinkel aos poucos foi percebendo como guerras muitas vezes eram travadas, não por espadas e escudos, mas por palavras e atitudes. Tais guerras podiam aparentar ser menos violentas, mas em algumas situações não eram menos perigosas. E o que ele não tardou a perceber era que, embora sua família fosse mais que competente no uso de armas, não mostrava a mesma capacidade dentro dos salões, o que sem dúvida não ajudava em nada nos objetivos a longo prazo da Casa.

Por isso, conforme crescia, Heinkel desenvolvia suas habilidades nas áreas que acreditava ser o ponto fraco da família, primeiramente na ilha cinzenta, e com o tempo, passando a viajar por outras regiões. Embora a Casa Gray não fosse bem vista nas terras de seus suseranos, Heinkel aprendeu que as palavras certas nos momentos certos podiam fazer milagres, e faz questão de aprender mais sobre o que se passava “por baixo dos panos”.

Em suas viagens, Heinkel aprendeu muito, acumulando erros e acertos, enquanto buscava aproveitar cada oportunidade que lhe parecesse proveitosa. Levar sua casa até o patamar que lhe era de direito era um de seus objetivos, assim como obter para si sua parte dos benefícios e frutos do sucesso dessa empreitada, mas ele sabia que isso não era algo que seria facilmente alcançável, e por isso evitava apressar-se, focando em obter uma base sólida o suficiente antes de finalmente agir.

Assim, enquanto Cyke arranjava esposa e filhos, dando força a alianças forjadas muito antes, Heinkel se apresentava como uma pessoa que buscava aproveitar dos prazeres da vida. Ele sabia que não tardaria a arranjar uma esposa, e sabia que isso muito provavelmente seria fruto de acordos políticos, mas se algo assim era inevitável, então ele esperava ao menos colocar os planos da família em prática, aumentando assim suas escolhas e seu poder de barganha. E, se planos eram feitos para que sua família enfim alcançasse seus objetivos, superando as diversas derrotas do passado, a morte de Jon Arryn certamente se mostrava como uma inesperada e bem-vinda coincidência...

Nascido e criado na ilha cinzenta, desde pequeno Raron investiu para que Cyke se tornasse o herdeiro da casa, conhecimento gerais, leitura e até o idioma valiryano (por insistência de sua mãe) fizeram parte da educação. Com sua mãe dando aulas de luta pessoalmente para ele, Cyke herdou sua arma (Valar senagon em valiryano) quando a mesma morreu.

Sua casa sendo leal aos Targaryen, e até tendo certa linhagem, acabou servindo Artur Dayne por alguns poucos anos, indo até enfrentar a "irmandade da mata do rei" com o mesmo (mas pela idade Cyke apenas ficou cuidando dos cavalos, sendo poupado da ação). Com a revolta de Robert explodido foi mandado de volta a ilha para servir seu pai nos tempos de guerra.

Depois viveu a vida como pode, sempre aprendendo e tentando manter relações. Logo após seu casamento lutou contra os Greyjoys, quando Bertrand Pyke comandou o barco de guerra da família, ajudando Staniss Baratheon a esmagar a frota de ferro, apesar de guardar rancor da família Baratheon.

Com a vida passada pelas duas rebeliões e tendo aprendido com elas, acredita que adquiriu conhecimento suficiente para não falhar quando chegasse a hora da casa Gray, e com a morte de Jon Arryn deixando o Vale "sem herdeiro" sente que essa hora está próxima. Seu bom humor esconde sua personalidade ambiciosa, que o deixa agradecido por ter um irmão mais novo que o completa nos defeitos que como herdeiro se deixou ter.

Cyke não para de olhar pro horizonte, mantendo o lema "Mais, me dê mais, me dê mais".

Um verdadeiro filho das ilhas de ferro, Bertrand nasceu como um bastardo do Senhor da Casa Harlaw. Um garoto feroz, de mente esperta e punho pesado, mostrou-se desde a mais tenra idade um apetite para a guerra. Bertrand Pyke aprendeu muito sobre a vida no mar , a lutar e a comandar homens servindo ao lado de seu pai em diversas incursões e batalhas. Seu talento e ferocidade chamavam atenção - até demais, quando seus irmãos, filhos legítimos do Lorde de Harlaw, preferiam praticar esgrima com o conteúdo de suas calças que com suas armas.

As discussões e o visível ciúme dos herdeiros com o bastardo eram cada vez mais frequentes, e até incentivados pelo Lorde de Harlaw - ele acreditava que podia usar Bertrand para tornar seus outros filhos mais como homens de verdade. Porém, em certa vez, uma tentativa de emboscada contra o bruto Betrand não ocorreu como esperado - ele conseguiu derrubar seus agressores, mesmo em desvantagem, e acertou um golpe certeiro contra o herdeiro. Seu irmão, o filho legítimo do Senhor, estava morto.

Inesperadamente, o Lorde tomou como uma afronta que seu bastardo tivesse matado seu herdeiro. Embora antes o considerasse como um filho e um de seus soldados mais leais, a fúria caiu sobre Bertrand e ele foi acusado de ter tentado assassinar o herdeiro para tomar seu lugar. Enfurecido com a acusação, Bertrand fugiu à noite, abandonando as ilhas que eram dominadas pela Casa Harlaw.

Durante seus muitos anos de luta, o rapaz, em torno de seus 30 e poucos anos, lutou ao lado de outros lordes, como os Blacktyde , os Farlaw e os Greyjoy, mas logo, saberia que sua acusação chegaria também a eles. Tendo adquirido a amizade e confiança dos Blacktyde, ele ficou sabendo que eles estavam se preparand pra sair em uma longa viagem, e Bertrand Pyke decidiu acompanhar a comitiva de Raveena.

Tempos passaram, uma aliança foi formada, e Bertrand Pyke agora estava do outro lado do continente - servindo agora à Casa Gray, tendo dobrado - a contragosto - o joelho para servir a um Lorde fora das ilhas de Ferro, a Raron, Cyke e família. Se tornou um dos guerreiros e responsáveis pela sua frota - o que o aproximou também de alcançar sua vingança contra a injusta acusação dos Harlaw da Ilha de Ferro. Sente que a idade e o sucesso lhe amoleceram - nem tudo que possui foi pago com preço de ferro, e passou a dar certo apreço pelas coisas que conseguiu ao lado dos Gray, além de ter ganhado alguns quilos a mais. Mas ainda assim, não se importa - já foi acusado de traidor uma vez, e Bertrand Pyke continua tendo o mesmo sangue salgado, e irá tentar mostrar sua superioridade aos Harlaw nem que morra tentando.