Perfil dos Sobreviventes - [PCs]

Nikolai Vetrov era um homem bem sucedido, um marido fiel, um pai amoroso de uma menina linda. Trabalhava em uma das maiores empresas cervejeira do pais, ele entrou jovem no ramo ainda nos primeiros anos do curso de Engenharia Química, ele nunca foi um bom aluno mas era extremamente esforçado no que fazia e isso atraiu a atenção dos empregadores e passou de estagiário a efetivado e quando se formou já possuía um cargo de respeito dentro da empresa.

Sua esposa Ivanka era uma estilista famosa, vivia viajando o que causava varias discussões entre eles, principalmente pelo fato de sua esposa querer se mudar para paris e abrir um atelier, Nikolai preferia ficar na cidade onde havia feito sua carreira como diretor da filial da empresa em sua cidade.
Abdicar disso seria abdicar de tudo apenas para seguir o sonho de sua esposa. E o inevitável aconteceu, Ivanka pediu o diforcio. Isso fez desestabilizar emocionalmente Nikolai que passou a beber mais do que o normal. Em uma dessas bebedeiras ele acabou saindo com um garota que conhecera em um bar, os dois se envolveram e quando ele acordou ressacado ela já não estava lá e a sua carteira havia desaparecido, apenas seus documentos estavam sobre o criado mudo. Não houve tempo dele se recuperar do acontecido quando a porta foi arrombada, era a policia, Nikolai não entendia o por que estava sendo preso, quando indagou os policiais descobriu que estava sendo detido por estupro de vunverável.

Sua vida agora esta de ponta a cabeça, uma jovem que Nikolai não lembrava de ter conhecido o acusou de leva-la a força para seu apartamento e a estuprado, a moça na verdade era menor de idade o que acabou aumentando a acusação sendo acusado por pedofilia. Não demorou muito para que seu rosto estivesse nas manchetes, a empresa o demitiu por justa causa, sua esposa mudou-se para a frança com sua filha Katya, Kikolai passou 3 anos na cadeia até que uma advogada do estado descobriu que a jovem que o acusou nunca esteve com ele e que na verdade ele foi alvo de uma quadrilha,
pessoas que Nicolai já havia se metido na juventude uma das integrantes era filha do chefe da quadrilha na época seu nome era Agnieska, Nikolai a deixou para ficar com Ivanka e Agnieska carregouesse rancor por anos até finalmente ter a oportunidade de destruir a vida de Nikolai.

Nikolai foi solto, mas não conseguiu recuperar sua vida, alguns órgãos perceberam inconsistências na defesa de Nikolai e que possuíam provas de que ele esteve com a jovem naquele dia e não só naquele dia, ele a seguia, hoje ninguém sabe a verdade, nem mesmo Nikolai que não lembra dela, para a maior parte da sociedade ele era um pedófilo mesmo sendo inocentado, ele não conseguia mais arrumar emprego, não podia ver sua filha graças a uma medida protetiva movida pela sua ex-mulher. Nikolai foi forçado a viver nas ruas de Boriska como um sem teto, tendo que se adaptar ao frio, a fome e a tristeza de não ter mais ninguém na vida e o desespero de não saber se era culpado ou não.

Nascido numa comunidade rural, filho de Alberico e Elisa Martini, Roberto cresceu em meio à uma fazenda, herdada dos pais de seu pai.
Durante sua infância, vivendo junto ao gado bovino e à rotina de cuidar dos mesmos, o garoto chegou a ter algum apreço por aquele tipo de vida, mas desde cedo ele sabia que não era ali que ele gostaria de ficar. Ele não queria passar a vida na loja da família vendendo cortes bovinos defumados de forma artesanal.
Ele não queria ser um simples vendedor de carnes, queria poder fazer algo para ajudar as pessoas.

Curioso, sempre que algum conhecido ou mesmo um animal adoeciam, ele procurava saber sobre o que era a doença e como faziam para curá-la.
Ele queria saber como vencer as doenças e porque certas pessoas acabavam morrendo porque o tratamento não funcionou ou as pessoas resolviam se tratar.

Com essa ideia em mente, o garoto procurou estudar sobre isso e, após o fim de seus estudos regulares, ingressou na faculdade afim de estudar ainda mais, vindo a se formar no curso de Farmácia. Ele queria saber como funcionavam os medicamentos, descobrir novos meios de tratamento, descobrir porque haviam reações.
O que ele mais queria era que pessoas pudessem ser tratadas de forma eficiente, evitar mortes, mas também, saber como fazer para que essas pessoas aderissem de forma correta o tratamento, evitar que elas deixassem de se tratar por que achavam que estavam curadas, ou mesmo dizer que não precisavam disso.

Então ele não parou de estudar, começou a estudar sobre isso e iniciou sua pós-graduação em Assistência Farmacêutica, queria depois disso abrir um consultório para melhor orientar as pessoas, mas teve de parar seus estudos.

Primeiro, por conta de todos os acontecimentos estranhos. Uma guerra ? Mas, por que ? Quem estava lutando e qual o objetivo ? Por que logo ali ?
Seus colegas de estudo, seus professores, a faculdade onde estudava, tudo destruído. Seu objetivo foi interrompido de maneira tão violenta que ele não soube o que fazer a princípio, então pensou em mudar de país, continuar seus estudos onde tudo não estivesse sendo explodido e as pessoas morrendo sem saber porquê. Mas então, o outro motivo...

Ainda pondo a mente em ordem com tudo, Rob resolveu voltar para a fazenda, ficar com seus pais, tentar ajuda como podia, mas era tarde.
Toda a propriedade havia sido saqueada, o gado esquartejado e levado como alimento, a construção destruída, provavelmente por explosões e usada durante combate.
Seus pais não estavam mais lá, não sabia se mortos ou vivos, não tinha pista alguma deles.

Roberto rumou para a loja da família, não muito distante ali, num pequeno distrito do subúrbio. Assim como esperava, a loja havia sido invadida, mas não tudo perdido.
Ainda havia algo no estoque, pensou que havia sido deixado para trás porque não conseguiram carregar mais.

Então com o que tinha em mãos, criou uma barricada. Selou as janelas, fortaleceu as portas.
Tinha um lugar para ficar, não sabia quanto tempo sobreviveria ali, mas faria o que pudesse.

Vez ou outra ele ainda teria de sair dali, buscar água e outra coisa que não fosse carne defumada.
Enfrentar o caos, enfrentar pessoas que assim como ele não sabia de nada e lutava para viver.

O sonho de Irina Marsh era ser uma mãe exemplar e se tornar escritora. Mas agora ela tinha certeza de que jamais conseguiria. Muitos anos atrás, seus pais já haviam previsto esse destino. Eles só não esperavam que ela teria de passar por duas guerras para desistir de vez de seus sonhos.

Nina cresceu em um bairro periférico na capital de uma pequena província separatista. Seus pais semianalfabetos nunca tentaram ler outro livro que não fosse a bíblia. Não compreendiam de onde teria surgido a paixão da filha por literatura. Seria mais útil se aprendesse a cozinhar para ajudar a mãe a preparar os pães e bolos que provinham o sustento da família. Ou se fosse para gastar tempo com leitura, que fosse nos livros escolares. Aí, quem sabe ela conquistaria uma bolsa de estudos em uma faculdade de direito ou medicina?

Os sonhos dos pais em relação ao futuro da filha também foram frustrados. Durante os anos que passou trabalhando, ela juntou dinheiro suficiente para ingressar em um curso de roteiro. Sua primeira obra de destaque foi uma paródia que revelava as entrelinhas do trabalho na periferia de entidades religiosas. Todas eram ligadas ao governo e tentavam convencer os fiéis de que a independência do territória iria contra a vontade de deus.

O teor da peça despertou a atenção de vários militantes separatistas, dentre eles, Edmund Marsh, seu futuro marido. A decisão de se casar veio nos primeiros meses de relacionamento, quando Nina descobriu que estava grávida. Ao terminar a faculdade pouco antes de Thomas nascer, ela decidiu pôr de lado sua carreira profissional para se dedicar de corpo e alma à maternidade.

Embora poucas vezes a família passasse necessidade, o dinheiro que conseguiam economizar durava até surgir o próximo imprevisto. Toda a renda vinha de um emprego modesto que Edmund mantinha em uma fábrica de veículos. Irina escrevia contos, roteiros, poemas e composições. As editoras recusaram tudo, como seus pais teriam feito se ela lhes entregasse um livro.

A independência da província demorou bastante tempo para acontecer, mas durou pouco, não mais que um ano. Na época, Thomas já estava com seis anos de idade e quase não se encontrava mais com o pai. Edmund estava na linha de frente do grupo separatista que havia tomado o poder por meio da violência. Os meios empregados na revolução serviram de justificativa para a truculência desmedida do Estado. A cidade se transformou em um mar de escombros alimentado por rios de sangue, principalmente de civis. A maioria dos militantes também padeceu. Edmund foi um deles.

Para fugir do conflito, Irina e Thomas, assim como outras famílias, deslocaram-se até Boriska, onde permaneceram em um campo de refugiados. Foi lá que ela passou os piores meses de sua vida. Para os oficiais do país, os refugiados não passavam de animais sujos e incapazes de se comunicar no idioma local. Por isso, Irina tratou logo de aprender algumas palavras, o suficiente para implorar que a deixassem cruzar a fronteira.

Ela e o filho receberam vistos humanitários e, após alguns anos, a tão esperada cidadania. Nesse ínterim, ela tentou reconstituir sua vida. Desta vez não mais por meio das palavras que a encantavam desde a infância, mas sim vendendo os pães e bolos que a mãe costumava fazer. Não havia outra opção agora que estava sozinha e com um filho para criar. Nina vendeu comida nas ruas por dois anos, até conseguir um emprego em uma padaria.  

Fazia três anos que trabalhava na padaria e ainda atendia, por conta própria, encomendas de doces em geral. Os negócios começavam a prosperar e finalmente ela estava conseguindo juntar um dinheirinho.

Com onze anos, Thomas já era uma criança bem madura e independente, afinal teve de lidar com a constante ausência da mãe, sempre muito ocupada com o trabalho. Irina acreditava que logo iria compensar a falta de atenção dedicada ao filho. Acreditava que logo teria estabilidade para voltar a escrever as histórias que se perderam enquanto a prioridade era sobreviver. Acreditava que dias melhores estavam por vir.

Havia sim muita esperança, antes de uma nova guerra trazer de volta antigos pesadelos.