[JOGO] Introdução: Sidequest C: fazendo cobrança

Garrick já quase se acostumou à movimentação da caravana. Enquanto se aproxima do rio onde supõe que ficam as docas, abre caminho pela multidão composta dos mais diversos tipos de anão. Mas, concentrado em seu objetivo, não lhes dá atenção.

Quando se aproxima das docas, uma alta mulher loira, equipada com uma grande espada, destaca-se da multidão de anões. Enquanto a observa, ela começa a gritar com os elfos com quem conversava, para depois sair bufando, esbarrando no humano em seu caminho. Garrick dá um meio-sorriso pela comicidade da situação; sabia que seria fácil encontrar uma bárbara, mas aquela estava literalmente gritando.

Supondo que os marinheiros eram quem ele deveria cobrar, Garrick aproxima-se deles, e aborda-os amigavelmente:

Não seria tão fácil assim; Bardin não está ali. Mas, pelo menos, os marinheiros sabem onde ele deve estar, em uma tal taverna do Anão Afogado.

- Vocês saberiam me dizer onde fica essa taverna? - indaga Garrick, educadamente. Eles respondem prontamente, dando-lhe direções precisas. O humano sorri largamente e agradece profusamente, antes de se afastar e seguir seu caminho.

Mulherengo, hein? Pergunto-me se ele tem uma esposa que odiaria ficar sabendo..., reflete, vagando por pensamentos improváveis enquanto caminha em direção à taverna. Mas dá de ombros; decide deixar para ver como resolverá a situação na hora.

Enfim chega ao destino, um edifício já antigo, mas ainda inteiro. No chão, um anão desacordado e perceptivelmente embriagado. Garrick ergue uma sobrancelha, contorna-o e entra no lugar.

O recinto está menos movimentado do que ele esperava de uma taverna em uma caravana anã. Mas talvez seja apenas pelo horário. Ao fundo, um anão de barba ruiva, músico, ao lado de uma anã morena. Será esse o devedor?

Antes que possa aproximar-se para abordá-lo, um outro anão recepciona-o à porta.

- Meu caro, desejo um anão seu, embora com certeza não no sentido que você quis dizer - responde Garrick, com um sorriso divertido - Fui informado que Bardin estava por aqui. Sabe me dizer se é aquele ruivo ali? - indaga, acenando com a cabeça em direção ao músico.

Garrick sorri diante da afirmativa do anão.

- Sim, por favor - responde, assentindo com a cabeça. Em seguida, aproxima-se de Bardin e da mulher que o acompanha. Cumprimenta ambos com um aceno.

Para criar uma impressão amigável, o humano resolve não se apresentar de pronto como cobrador. Ao invés disso, joga uma moeda na tigela de Bardin e tenta puxar conversa.

- Bom dia, senhor! Como vai o movimento?

- Hum... Sim... - responde o humano, desinteressado. Começa a se indagar sobre a possibilidade de o anão de fato não ter dinheiro para o pagamento. Bem, alguma coisa é melhor que nenhuma coisa, pensa.

Garrick então senta-se à mesa, ainda tentando manter certa cordialidade, mas já decidido a levar aquela tigela de moedas para Caravin. Talvez fosse melhor esperar até o movimento maior à noite, mas não sabe o quão urgentemente Caravin precisa do dinheiro, e prefere levar uma parcela agora do que perder Bardin e não conseguir recuperar nada. Mas tentaria, antes, negociar.

- Como posso chamá-lo? - indaga ao anão - E a senhorita? - pergunta à anã ao seu lado. Ao mesmo tempo, olha ao redor, buscando sinal do outro anão, que ficou de levar bebidas.

Garrick dá um sorriso amarelo ao anão com as bebidas quando ele diz o preço. Já estou me arrependendo disso..., reflete amargamente. Mas dá as moedas mesmo assim, e pega para si o terceiro copo de cerveja.

Depois de uma golada, volta-se novamente a Bardin.

- Ah, senhor Bardin, que coincidência - começa, depositando o copo sobre a mesa - O senhor Caravin está procurando justamente o senhor. Algo sobre uma dívida... - e pega de volta o copo, dando mais uma golada enquanto aguarda a reação do anão.

Em um piscar de olhos, Bardin empurra a anã e sai correndo, tentando fugir. Garrick, pego de surpresa, larga o copo de cerveja, que se espatifa sobre o chão. Levantando-se de um salto, persegue o anão, tentando impedir sua fuga.

Felizmente suas pernas humanas, mais compridas que a do anão, favorecem-no. Garrick puxa Bardin pelos ombros e segura-o contra a parede, seu antebraço pressionando o pescoço do fugitivo.

- Não tão rápido, meu caro. É assim que você responde à cortesia de um colega? - diz Garrick, ofegante e com um sorriso cínico no rosto - Eu realmente gostaria de resolver isso no diálogo, mas você não parece estar tão disposto... - e saca um de seus punhais, discretamente encostando-o na barriga do anão. Não tem reais intenções de ferir o coitado, mas apenas assustá-lo o suficiente para que não tente sair correndo de novo.

- E então, sobre aquela dívida... - continua - Você vai ser um anão cortês e me dar o dinheiro, o eu terei também que revistar seus bolsos?

- Ora, mas é claro que podemos - responde Garrick, guardando novamente a lâmina - Era o que eu queria desde o início. Você que surtou, não? - indaga, com um sorriso cínico.

O humano afasta-se lentamente do anão, atento para novas tentativas de fuga. Agora, pelo menos, Bardin deve estar mais disposto a negociar.

Enquanto solta o anão, Garrick olha com tristeza para o copo que deixou cair. Desperdício de boa cerveja..., pensa, lamentoso. Mas não compraria outra; já gastou moedas o suficiente para uma simples cobrança de dívida.

- Pois bem - diz, sentando-se novamente e fazendo sinal para que Bardin faça o mesmo - O senhor pagará ou não a dívida?

Garrick bufa de frustração quando percebe que, de fato, a anã deixou o recinto com as moedas. Sabia que tinha que pegar aquilo logo..., pensa, desgostoso. Mas dá de ombros. Agora não há o que fazer.

Não pode deixar de se apiedar de Bardin ao ver as lágrimas em seus olhos. O anão parece estar sendo sincero. Garrick suspira; tudo aquilo por nada.

- Tudo bem - afirma, resoluto - Em três dias eu vou te achar. Espero que nossa conversa seja mais proveitosa quando isso acontecer.

Sem ter mais o que fazer ali, levanta-se frustrado consigo mesmo e deixa a taverna para ir relatar o ocorrido a Caravin.