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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por spectro Dom Jul 29, 2018 8:37 pm

    A Biblioteca, o Mago e a desfigurada.

    Olga estava dormindo profundamente, em seu sonho ela estava no dia em que chegara a biblioteca, seu corpo queimava, ardia no circulo mágico conhecido como “A Pira” (Veja a nota ao final da página), naquele dia sua carne queimava e ela pôde sentir o cheiro, mesmo agora nos sonhos ela podia sentir o cheiro.

    Seu corpo caiu pesadamente no chão e sua pele começou a deixar um rastro de resíduos humanos, tentou se arrastar, seu corpo obedeceu, mas se arrastou poucos metros, tentou gritar, mas sua voz não tinha poder, uma dor em seu corpo inteiro a imobilizou por algum tempo, depois conseguiu erguer a cabeça e viu um homem correr em sua direção.

    Depois de alguns dias ela acordava em uma cama, com pedaços de metal a cobrir seu corpo, o homem a sua frente sorria ao saber que ela havia acordado, tinha os cabelos brancos como a neve e estar ao seu lado dava uma sensação fria.

    O Homem usava uma coroa dourada com pedras preciosas vermelhas embutidas nela, eram no total três pedras, ele havia se apresentado como Gedrus Mobius, um Mago que acordara assim como você aqui na biblioteca mágica.

    Gedrus Mobius:

    Gedrus disse que seu corpo havia sido teletransportado para cá e que ele havia salvado sua vida usando um ritual contido nos livros acerca de forjar uma armadura em cima do corpo, ele disse que seu ritual não tinha saído perfeito, por isso o corpo da moça ainda doía tanto, bem como de tempos em tempos ele haveria de fazer reparos em seu corpo.

    Olga, esse foi o nome que o Forjado bélico escolheu, ou talvez este fosse mesmo seu nome real, era dificil se lembrar de algo em sua vida, a magia ritual chamava aquele processo de Forjado Bélico, assim o corpo poderia se fundir a armadura de maneira permanente, o objetivo disso era a guerra, mas nesse caso foi usado para salvar a vida de alguém.

    Então os dois passaram a tomar conta da Biblioteca mágica e assim Olga Curie aprendeu muitas coisas, ela ficou sabendo da existência de Demônios na região, e às vezes a Biblioteca fora atacada, tendo que os dois saíssem para destruírem tais feras.

    Gedrus disse que tinha uma filha, mas iria contar sobre ela apenas em um determinado tempo, depois que fizesse o reparo na armadura e corpo de Olga, o reparo necessário, com o tempo Gedrus iria dominar a arte do Ritual do forjado e o reparo não precisaria mais ser feito.

    A Biblioteca não estava organizada quando o Mago chegara ali, portanto trabalho não faltava, havia uma infinidade de livros para limpar e organizar, além do trabalho em todo o castelo, por isso os dias eram de longas tarefas domésticas, mas havia o tempo de lazer leitura e de contar histórias.

    Gedrus Mobius ainda tinha um livro que ensinava a cultivar as plantações, inclusive um fruto chamado Ambrosia, este fruto podia ser alimento suficiente para as pessoas, pois continha nutrientes necessários para o corpo, além de ter várias maneiras de prepará-lo, Gedrus também sabia fazer um pão sem fermento derivado de mel chamado maná.

    Olga Curie não precisava comer, apenas dormir, mas mesmo assim aprendeu a cultivar o fruto, Gedrus dizia que mesmo que ele morresse o forjado deveria continuar a cultivar o fruto, pois assim desejava a Biblioteca.

    O forjado teve no sonho todas as lembranças desde o dia que veio para cá, e havia chegado o momento de reparo e então o ser desfigurado de armadura dormiu e depois deste longo sonho acordou no altar, deitada, ao seu lado algumas ferramentas, estopas,  
    gaze e instrumentos cirúrgicos.

    Gedrus teve bastante trabalho, o que talvez tenha durado dias, mas ele não estava ali, pelo menos era o que parecia no primeiro momento, ao olhar direito, percebeu algo enrolado em trapos na escadaria leste perto da porta, era alguém deitado, deu pra ver as mechas de cabelo branco, era o Mago.

    Aprenda mais sobre a Biblioteca mágica:
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por ayana Qua Dez 05, 2018 1:48 am

    Olga Curie

    Um sonho reconduziu Olga a vivenciar mais uma vez o início de sua nova existência. Ou melhor, ela estava de volta a um pesadelo. A vida de alguém que renasce das chamas se inicia com desespero e dor. As primeiras lembranças eram cicatrizes na alma, provocadas pelo sentimento de despertar com o corpo chamuscado de um cadáver. Enquanto ela se arrastava, sentia pedaços de pele se descolarem e um cheiro forte e repulsivo de carne queimada. A dor parecia tão intensa que, para muito além do altar da biblioteca, era possível ouvir o grito mecânico e agonizante de Olga. Como um retrato do passado, no sonho, todo o esforço que fez para gritar foi completamente em vão. As primeiras lembranças terminavam com a figura de Gedrus correndo em sua direção.

    Agora Olga estava de volta ao dia em que acordou com um corpo mecânico. Ela se lembrava de como se sentiu ao observar pela primeira vez suas mãos de metal. Seus movimentos eram ásperos como se houvesse uma pequena trava em cada articulação. Ao tentar se levantar, ela se deu conta de que estava duas vezes mais pesada. Só começou a compreender tudo que havia acontecido quando se olhou de corpo inteiro no espelho. No que ela havia se transformado? Era uma mulher no corpo de uma máquina, ou uma máquina inspirada em uma mulher? A única certeza era de que, em certa medida, Olga perdera sua humanidade junto com as memórias da época em que fora humana.

    Ela adotou o nome de "Olga" porque lhe soava familiar. Escutava-o insistentemente em sua cabeça, de um jeito muito sutil, como o batimento cardíaco de um esquilo. Se não fosse de fato seu verdadeiro nome, era de alguém muito próximo a ela no passado. A necessidade de escolher um sobrenome surgiu meses depois, quando ela percebeu que apenas objetos não tinham um sobrenome. Até as plantas nos livros de botânica que ela lia tinham nomes científicos compostos. Escolheu "Curie" porque era o sobrenome de uma cientista mulher de grande relevância na área da física.

    A finalidade da magia que salvou sua vida era criar uma arma de guerra. Por isso, a maior preocupação de Olga era preservar uma humanidade que não residia nem mesmo em suas memórias. O primeiro grande desafio foi se adaptar ao esqueleto mecânico. Regularmente, a resistência de seu corpo era colocada à prova nas vezes em que ela caiu do alto de uma escada ou escorregou no chão molhado. Em condições normais, já teria fraturado todos os ossos. Agora, bastava fazer alguns pequenos ajustes e ela já podia voltar a andar.

    Ainda que não precisasse comer, Olga aprendeu a cultivar alimentos e a cozinhar. Ela sempre se sentava à mesa enquanto as outras pessoas faziam as refeições. Na sua frente, uma tigela, talheres e um copo. Havia até um pouco de comida, eventualmente. Assim, ela se sentia menos desconfortável, como alguém que se empanturrou muito depressa e agora aguarda os demais terminarem de comer. De vez em quando, ela aproveitava o tempo na cozinha para praticar movimentos mais delicados e precisos, como retirar espinhas de um peixe ou a casca de um ovo.

    Um dia, ela estava arrumando um dos quartos do castelo e encontrou uma caixinha musical. Ao abri-la, uma pequena bailarina se levantou e começou a rodopiar ao som de uma música que a fazia se reconectar à infância. Sentiu-se como uma criança cega, porque as imagens dessa etapa da vida não estavam lá. O que mais chamou sua atenção, contudo, foi o equilíbrio da bailarina... girando, girando e girando na ponta dos pés. A partir então, o balé se tornou uma grande fonte de inspiração. Ela buscava na sutileza da dança o equilíbrio para movimentar seu corpo rígido de metal.

    Olga mostrou a bailarina para Gedrus. Pediu para ele ajudá-la a construir uma nova armadura, inspirada na pequena peça da caixinha de música. Projetou seu novo corpo nos mínimos detalhes: o cabelo preso em um coque por um arranjo de flores; a saia levemente levantada pelo vento; as sapatilhas com fitas trançadas nos calcanhares. Tudo forjado em metal. Terminado o trabalho, teve de controlar a ansiedade para esperar pelo próximo reparo que Gedrus faria nela.

    Dias atrás, a espera acabou. Hoje, ao despertar, Olga demorou para acreditar que o sonho de toda uma vida havia chegado ao fim. Já aconteceu de ela acordar de um sonho em outro sonho. Tudo ao redor dela parecia real, mas era difícil ter total convicção, porque usar uma armadura limitava bastante a sensibilidade. Mesmo quando se tratava de uma armadura feita com muito amor... ao ver os instrumentos cirúrgicos e as ferramentas mecânicas, Olga se convenceu de que era uma nova mulher.

    Era possível perceber que todo o procedimento fora muito exaustivo. Na escadaria leste, havia alguém deitado coberto de trapos. Pelos cabelos brancos, ela deduziu que era Gedrus. Com certeza, ele merecia descansar, por isso ela se afastou dele como se estivesse andando sobre uma fina camada de gelo, para que seu pesado caminhar não o acordasse. Queria fazer uma surpresa para o mago. Estava em dúvida se colheria algumas flores ou se buscaria um pouco daquele doce de ambrosia que havia preparado.
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por spectro Dom Dez 09, 2018 8:02 pm

    Olga então desceu a escadaria, o mais silenciosa que pôde em direção a porta de saída, o corpo do Mago estava lá embaixo, porém não era intenção dela acordá-lo, mas a cada passo, em cada degrau, parecia que uma marreta golpeava o chão, Olga teve de se concentrar na “bailarina”, na verdade imaginar que seu corpo era igual a do boneco giratório para que não acordasse seu amigo.

    Não foi fácil, seu corpo ainda parecia estranho, pois algumas modificações foram feitas, e estas implicavam em deixar pontos de equilíbrio levemente diferentes, no começo se sentiu como um gato sem cauda, mas a cada passo foi se acostumando mais e mais, agora ela imaginava a bailarina dançar em cima de um lago de gelo, um lago congelado com uma fina camada abaixo de seus pés, a bailarina dançava e rodopiava sem deixar seu peso quebrar o gelo.

    A cada passo daquela donzela oscilante seu coração pulsava varias vezes, Olga notou que ela tinha um coração, algo dentro de seu peito que pulsava com vigor, algo que desempenhava um papel importante em seu corpo de metal, lembrou-se de uma história contada pelo mago, uma história em que um ser mecânico procurava um coração, no caso dela talvez isso não se aplicasse, mas poderia haver um coração figurativo, um objetivo que ela procure completar.

    Seus passos fluíam, não eram mais marretas agredindo o solo, era uma bailarina dançando ao vento, uma camada fina de poeira em uma balança, Olga chegara até perto da porta e lá estava a camada de cobertor cobrindo o Mago, ele parecia dormir, mas alguns passos e ela estaria na saída e assim iria agradecê-lo de forma como planejara.

    Mas o destino é as vezes cruel demais, Olga subestimou o peso de sua armadura, embora fora reduzido um pouco ainda assim era uma armadura que não dava liberdades de movimentos, seu pé, um pedaço de metal que não eram pés de bailarina marretou o solo mais uma vez, seu corpo pendeu pra um dos lados e ela se equilibrou, não caindo, mas fazendo barulho suficiente. Olga viu aquela bailarina pisando em falso, e a crosta de gelo se partindo e a levando para o fundo do lago congelado.

    O Mago então se mexeu em meio ao barulho das engrenagens do corpo da mulher de metal, os trapos de cobertor foram se levantando, como um fantasma na espreita o Mago foi se erguendo de seu sono nada pesado. O que foi revelado a Olga parecia absurdo, o homem jovem de pele azulada, mas de aspecto jovem mudara, agora em seu lugar, existia um ser diferente, um velho de olhos inocentes e tristes, cansado dos anos e castigados pelo tempo. Ele ajeitou sua coroa na cabeça e sorriu...

    Homem velho:
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por ayana Dom Dez 16, 2018 3:06 pm

    Olga Curie

    A armadura de bailarina transmitia a sensação de leveza. Movimentá-la, no entanto, era outra história. De fato, estava mais leve que em seu corpo anterior, tanto que ao usar a mesma força para mexer os braços, seus movimentos se aproximavam mais aos de um ferreiro do que aos de uma dançarina. Olga sabia que, para quem conseguiu se adaptar a uma armadura de guerra, não seria difícil se acostumar com um corpo que ela mesma ajudou a projetar. Na época, ela ficava sonhando com o dia em que conseguiria dar piruetas na ponta dos pés. Até lá, já era possível notar que haveria um longo caminho a percorrer.

    À medida que andava como uma bailarina, encostando primeiro a ponta do pé no chão antes de soltar o peso, Olga começou a sentir palpitações no peito. Para qualquer pessoa, seria apenas mais um sinal de apreensão e nervosismo. Para Olga, sentir um coração pulsando foi a descoberta mais extraordinária de seu novo corpo.

    Ela se recordou de uma história, contada pelo mago, sobre um lenhador apaixonado que teve o corpo todo substituído por peças de lata. Quando perdeu o coração, ele acreditou que nunca mais sentiria o amor novamente. Era assim também que Olga se sentia desde que acordou em um corpo mecânico. Ao perder a sensibilidade, o amor se tornou ainda mais difícil de se entender. Um sentimento tão complexo, que só se manifestava nos seres humanos; tão potente que poucos eram capazes de controlá-lo. Não se tratava de algo flexível às vontades individuais porque, segundo Olga, sua origem não estava no cérebro, mas sim no coração. Ao sentir o dela batendo, ela se convenceu de que se reencontraria, algum dia, com o amor.

    Ela andava bem devagar para fazer pouco barulho. Cada passo emitia um som abafado, como se ela datilografasse uma carta em uma máquina de escrever com as teclas embaralhadas. Quando estava próxima ao mago e à saída do altar, ela deu um passo em falso e se desequilibrou. O estrondo de metal só não foi alto suficiente para espantar todos os pássaros do telhado porque, por muito pouco, ela não caiu de bunda no chão. Porém, foi o suficiente para despertar o mago.

    - Me desculpa, Gedrus, eu não queria te acordar - disse com a voz apressada e sem jeito antes de ele se levantar. - Eu… eu… eu…

    Ela travou como se houvesse uma chave entre suas engrenagens. Olhou para o mago sem acreditar que fosse real. Que se tratava da mesma pessoa com quem convivera a vida inteira. "O que aconteceu com você?", pensou sem conseguir se manifestar. Perplexa como estava, era como se faltasse ar para pronunciar qualquer palavra. Ela se aproximou do mago para vê-lo mais de perto. Tocou o ombro dele com a ponta dos dedos para se certificar de que era real. Deu um passo para trás e, com os ânimos retomando alguma estabilidade, perguntou:

    - Gedrus, por quanto tempo eu fiquei desacordada?
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por spectro Ter Dez 25, 2018 5:11 pm

    Gedrus a olhou ternamente:

    - Parece querida que ainda falta se acostumar as novas mudanças que eu fiz, não se preocupe com minha aparência, na verdade acho um preço justo a pagar, não se passou tanto tempo assim, acontece que a coroa está cobrando seu preço, ela me dá poderes, a biblioteca assim desejou que eu a usasse, e assim foi por longos anos, eu não envelheci durante este período.

    Gedrus foi até o chão recolhendo suas tralhas, cobertores foram dobrados e o colchão enrolado:

    - Agora a coroa cobrou seu preço, eu envelhecendo tudo de uma vez, mas como eu disse é um preço justo, fiquei com minha aparência jovial por tempo demais, agora vou sentir as agonias da velhice de uma vez só em vez de gradativamente, o que eu posso fazer? Vamos até a sala de Jantar, eu quero um chá, estava bastante cansado e acabei adormecendo aqui, trabalhei por 3 meses em você querida.

    Os bots recolhiam as coisas de Gedrus e levavam até o seu quarto, ele seguia o corredor indo em direção a sala de jantar e com ele Olga:

    - Minha filha dizia sobre minha aparência, “O senhor a cada dia continua mais e mais jovem” era uma garota saudável e bonita, ai, ai... Gostaria que ela pudesse estar aqui de novo comigo.

    Ele olha Olga com ternura e olhos lacrimejando enquanto caminham na escuridão dos cômodos da Biblioteca, alguns quadros na parede, eles mostravam paisagens, rostos desconhecidos, e demônios castigando pessoas para não dizer que só de rosas e flores viviam os quadros.

    - Tenho de falar algo para você querida, algo que compromete a nossa vida aqui na biblioteca mágica. Primeiro de tudo, eu a criei como se fosse minha filha, mas os navios embora ficam protegidos nos portos, eles não são feitos para ficar atracados minha querida, com isso quero dizer que um dia você irá embora, alguém virá buscar você, talvez não hoje, talvez não amanhã, mas virão buscar você um dia.

    Gedrus vai até a cozinha preparar seu chá, as instalações da biblioteca como as torneiras funcionam perfeitamente, hidráulica com perfeição, seja quem criou tal lugar era perfeito como moradia:

    - Então você deve oferecer-lhes seus serviços, irá ajudá-los em sua busca, é o seu destino, e caso eu venha a fenecer neste ínterim, esta coroa não deve ser usada, digo colocada em mais nenhuma pessoa, nem por você nem por ninguém mais, é a vontade da biblioteca.

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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por ayana Dom Jan 06, 2019 3:25 pm

    Olga Curie

    Enquanto o mago dava as primeiras explicações, Olga insistia em ajudá-lo a organizar seus pertences. Agora ele era uma pessoa idosa e por isso deveria evitar se agachar o tempo todo para recolher os objetos do chão. Ela tinha certeza de que seguia uma boa recomendação, mesmo desconsiderando, intencionalmente, dois detalhes.

    Em primeiro lugar, Olga não tinha a menor ideia de quantos anos já havia completado. Quem sabe não seria até mais velha que Gedrus? A bem da verdade, ela se sentia jovem, mas não descartava a possibilidade dessa impressão ser falsa. É natural se sentir jovem quando todas as memórias da vida são recentes. Quando um novo mundo, cheio de mistérios, exige aprendizados e estimula descobertas.

    O segundo detalhe era que Gedrus pegava os objetos do chão com muito mais jovialidade do que ela. Ao se inclinar para baixo, ela sentiu a força da gravidade quando o peso de seu tronco a puxou em direção ao chão. Para não cair de quatro, jogou de leve seu corpo para trás e se endireitou como se invertesse os passos de uma coreografia de balé mal-executada.  

    - Vamos até a sala de Jantar, eu quero um chá, estava bastante cansado e acabei adormecendo aqui, trabalhei por 3 meses em você querida.

    Ela segurou a mão do mago. A luz irradiada entre os vãos da armadura e em seus olhos ficou mais intensa. Colocou a mão dele sobre armadura, na região onde sentia seu coração bater. A barreira de metal impossibilitava que o mago sentisse as contrações no peito dela. Mas Olga sabia que todo movimento liberava energia. Para alguns tipos, o metal era um ótimo condutor.

    - Você fez um ótimo trabalho! Agora, eu consigo até sentir meu coração!

    Depois de agradecer, ela deu uns passos para trás e fez um giro completo com muita cautela, finalizado com a saudação final de um espetáculo.

    - Acho que fiquei mais bonita também - disse com a luz dos olhos brilhando mais forte.

    Os dois seguiram pelo corredor até a sala de jantar.

    - Minha filha dizia sobre minha aparência, “O senhor a cada dia continua mais e mais jovem” era uma garota saudável e bonita, ai, ai... Gostaria que ela pudesse estar aqui de novo comigo.

    - Eu sinto muito por isso. Você sabe que eu evito tocar nesse assunto com você, mas estou sempre disposta a te ouvir. Olha só, no começo, eu achei muito estranho quando você me disse que tinha uma filha. Pelos meus cálculos, você teria se tornado pai com, sei lá, uns doze anos. - Ela riu e o brilho em seus olhos se intensificou.

    Aos poucos, porém, o brilho foi se apagando. Ela ficaria surpresa se o envelhecimento dele não tivesse nenhuma relação com a nova vida dela. Atendendo a esse importante questionamento, resolveu mudar o rumo da conversa.

    - Gedrus, você ainda não me explicou por que teve que abrir mão dessa juventude eterna.



    "Como assim alguém vai vir me buscar?", ela se surpreendeu com a revelação de Gedrus. Ficou parada no caminho para a cozinha, com as mãos apoiadas sobre a saia, olhando nos olhos dele. Era quase impossível ter alguma ideia do turbilhão de questionamentos que se passava na cabeça dela. A expressão invariável e neutra de um rosto de metal não deixava transparecer insegurança, revolta, ceticismo ou desalento.

    - Eu gosto de morar aqui... - comentou em voz baixa para si mesma antes de voltar a caminhar ao lado do mago.

    ...

    Na cozinha, ela se adiantou para preparar o chá. Encheu uma chaleira com água e foi acender o fogo.

    - Então você deve oferecer-lhes seus serviços, irá ajudá-los em sua busca, é o seu destino, e caso eu venha a fenecer neste ínterim, esta coroa não deve ser usada, digo colocada em mais nenhuma pessoa, nem por você nem por ninguém mais, é a vontade da biblioteca - disse Gedrus.

    Ela não disse nada, mas concordou acenando a cabeça. Achou a conversa bem estranha. A pessoa envelheceu uma vida toda em poucos meses e agora falava em morte. Sob esse ponto de vista, não havia nada de estranho nas palavras dele. Havia uma mensagem oculta que ela ainda não estava preparada para decifrar.

    Olga abriu o armário onde guardavam os chás.

    - Qual chá você vai querer?

    Colocou na mesa duas xícaras com pires e duas colheres pequenas. Na xícara dela, havia apenas água quente que ela mexia com a colher. Parecia distraída, mas ainda estava com o assunto de ir embora martelando na sua cabeça. Então, de repente, perguntou:

    - Por que eu não posso ficar aqui? Até hoje só me dediquei a cuidar desse lugar. De que jeito eu seria útil pra essas pessoas?

    Em seguida, ela continuou:

    - Se o meu destino é ajudá-los, foi pra isso que você me trouxe de volta à vida?
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por spectro Ter Jan 22, 2019 3:09 pm

    Gedrus apontou o chá que queria, o saquinho seguia-se com um pequeno barbante, Gedrus mesmo fabricava estes objetos para facilitar a vida na biblioteca, as ervas eram cultivadas na pequena estufa e num pequeno jardim do lado de fora. Diante do questionamento da garota do porque não poder ficar, ele disse:

    - Ficar aqui não é algo que eu possa conceder, como sabe aqui dentro temos o dever de fazer a vontade da biblioteca, e o preço do aluguel é isso, em troca ela nos oferece o abrigo e a comida, bem no seu caso não há necessidade de se alimentar, mas digamos que seu alimento é poder viver aqui com estes livros, tendo um trabalho para executar, eu também me dediquei a cuidar deste lugar, porém era a vontade da biblioteca, seu serviço a ela também está prestes a findar.

    Ele pegou a xícara que foi servida, mesmo que desengonçadamente, colocou a perto da boca e bebericou de leve por causa da quentura.

    - Olga querida! Sua utilidade é mais expressiva do que pensa, acho que ainda tem um objetivo com a biblioteca, e depois suas tarefas serão cessadas, aqui pelo menos. Há algo aqui dentro precioso em você.

    Ele fez o movimento apontando o coração de Olga.

    - Muito precioso que servirá de ajuda para a pessoa que vier buscá-la, é assim que descobrirá seu passado, presente e futuro. Você me pergunta se foi por isso que eu a ajudei a sobreviver, no começo sim, foi só por vontade da biblioteca, porém me foi uma boa maneira de me lembrar de minha filha, a sua presença foi muito bem vinda, mas eu sei que as pessoas são ímpares e cada uma tem suas características, pontos fortes, pontos fracos. Embora sempre soube que não era minha filha, ver seu desenvolvimento aqui foi tão gratificante quanto criar a minha prole.

    Ele bebe mais um pouco:

    - Olga você disse que eu deveria contar histórias né? Então vamos lá...

    Você ir embora não é algo ruim, pois vai desenvolver sua vivência neste mundo, vai desenvolver você como pessoa e você vai poder ter um objetivo novo, ajudar alguém, se ajudar alguém é tão precioso? Você pode se perguntar, mas tenho uma garantia de que sim é sim, ajudar a outros significa ajudar a você também, ao se preocupar com problemas dos outros e ajudá-las e resolvê-los, os seus problemas você irá esquecer e irá se ajudar também.

    Sua forma física é algo que pode preocupar no inicio, mas como eu disse, o que há dentro de você, em seu coração, é o que importa, é a verdadeira beleza, você não é uma bailarina de uma caixinha de música, você querida foi feita para ser livre, mesmo presa a esta armadura, acredito que um dia será livre, e para conquistar sua liberdade é que terá de sair da sua caixinha de música e enfrentar o mundo lá fora com força, a armadura é apenas uma proteção, logo talvez você consiga se livrar dela.

    Acho que estou falando por meio de muitas metáforas não é mesmo? Hehehe!!! Me desculpe mas acontece que nem mesmo eu sei o que acontece lá fora, e o que vai acontecer daqui pra frente, logo que eu cheguei aqui a biblioteca me disse para usar esta coroa, e então por muitos anos ela me deu a juventude, mas agora ela cobrou seu preço, acho que haverá um preço para você pagar em breve, e não é esta biblioteca que irá cobrar.

    Vou terminar este chá, e depois vou deixar a senhorita cuidar de seus afazeres, eles ficaram acumulando, mas alguns deles as máquinas fizeram...


    O agora velho sorriu e esperou ouvir os questionamentos da moça, isso ele é o que ele esperaria de sua filha, mas como ele mesmo disse, as pessoas são ímpares mesmo que parecidas e talvez os questionamentos não viessem, ou viessem, bastava esperar pra ver...

    Alheio a tudo isso lá fora algo estava prestes a ocorrer, algo que talvez despertasse lembranças ruins para o velho Gedrus, algo que poderia de alguma forma prejudicar a vivência nesta vasta construção mágica, um vulto, correndo diante de uma tempestade brutal e se aproximava da grande construção repetindo em voz sussurrante a pergunta... "Você tem medo do escuro?"...

    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada 0c6e2f849a5baf04d7dc4d4be33749c0660d4db3r1-660-1064v2_hq
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por ayana Dom Fev 10, 2019 1:45 am

    Olga Curie

    Desde o primeiro dia, Olga executou todas as ordens da biblioteca com a obediência de uma devota que acreditava apenas na palavra de um único deus. A biblioteca era uma entidade divina, com a qual Olga não se comunicava diretamente, mas estava sempre disponível para atender suas vontades. Era para isso que máquinas serviam, para executar um trabalho até que fosse concluído.

    Uma vez, desgastada por uma colônia de cupins, parte de uma enorme estante desabou quando Olga colocou um pilha de romances na prateleira mais alta. Ela caiu para trás do alto da escada e, no chão, pôde acompanhar o móvel se esfacelando como se fosse feito de areia. Pelos próximos dias, ela trabalhou dia e noite para organizar tudo. Empilhou os livros, retirou os destroços de madeira, aplicou veneno para afastar os cupins, construiu uma nova estante, tirou o pó dos livros e colocou todos em ordem.

    As únicas recordações claras que tinha daqueles dias foram os momentos em que voltava para descansar em seu quarto. No restante do dia, executava o trabalho de forma automática, contínua e alienante; o que se esperaria de uma máquina. Para ela, passar o resto da vida executando ordens seria indiferente. Não existia vida, quando a consciência estava desativada. Cultivar experiências que compunham a vida do ser humano era uma necessidade.

    Além de um coração e uma armadura nova, havia mais alguma coisa de diferente nela. Dessa vez, sentada de frente para Gedrus, ela não o encarava. Estava cabisbaixa, com a mão ao redor da xícara, observando o vapor subir em direção ao rosto, na expectativa de que poderia sentir o calor através da armadura. "A biblioteca salvou minha vida e agora está decidindo como vou viver", pensou inconformada.

    Graças às palavras do mago, acolhedoras como o último capítulo de um conto de fadas, aos poucos ela conseguia se acalmar. Estava se convencendo de que seria melhor deixar a biblioteca para conhecer o mundo e ajudar outras pessoas. Mas havia uma evidente contradição nesse objetivo que lhe era atribuído. Até pouco tempo atrás, ela podia acreditar que não tinha empatia pelas pessoas porque não tinha um coração. E mesmo depois de recuperá-lo, ainda sentia que não se importava com ninguém...

    Gedrus era a exceção.

    Era evidente que ela sentia um carinho especial por ele, uma gratidão que, por não ser possível se expressar por um sorriso, dependia da manifestação em palavras: "Obrigada por me trazer de volta à vida", repetiu muitas vezes. Ele sabia que o ela não se referia ao ritual que fundiu seu corpo à armadura, mas sim por fazê-la se sentir uma mulher de verdade, como se fosse sua filha. O mago era a principal fonte de todos os sentimentos humanos da bailarina mecânica... e agora ele estava mais próximo de morrer e ela de ir embora.

    Despertou o desespero.

    A xícara em volta de sua mão fez um pequeno estalo e trincou. Segundos depois estava em pedaços. Olga se afastou da mesa virando as costas para o mago. A cor dos olhos mudou de azul claro para cinza escuro. Era possível ouvir um som que parecia uma transmissão instável de uma sequência de pequenos sopros em um microfone. Foi a primeira vez que uma máquina chorou, mas Olga nem percebeu porque, naquela hora, estava se sentindo plenamente humana.

    - Por que precisamos fazer tudo que essa biblioteca manda? - Ela se virou para ele, com os olhos em um tom azul escuro.

    Ficou em silêncio, observando com atenção o rosto envelhecido do amigo. De repente, a cor dos olhos mudou para vermelha e uma rachadura se formou no chão quando ela bateu o pé, antes de gritar mais alto do que esperava:

    - Olha o que ela fez com você!

    Sentou-se de volta à mesa para se acalmar. Olhou para a xícara estilhaçada e, pela primeira vez, não pensou em recolher os cacos e enxugar a mesa. Havia mesmo algo de diferente nela, ainda difícil de se identificar, mas era... libertador...

    - Eu não tô pronta pra sair e não vou te deixar aqui sozinho. Eu não posso porque... - fez uma pausa, quando a luz dos olhos mudou para um tom lilás - você foi como um pai pra mim.

    Em seguida, Olga olhou para cima como se visse a divindade Biblioteca no céu.

    - Essa biblioteca não vê que você é a única pessoa com quem eu me importo? E se eu for embora e alguma coisa acontecer com você?
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por spectro Dom Fev 10, 2019 7:13 pm

    "Eu sou um homem que caminha sozinho
    E quando estou andando por uma estrada escura
    À noite ou passeando pelo parque".

    Trilha sonora:


    Gedrus escutou as indagações e reclamações da garota, na realidade não achou que ela fosse tão intensa, daquela maneira ela parecia mesmo sua filha, porém a falecida talvez fosse mais apaixonada do que intensa, Olga era uma mulher forte. Gedrus riu deliciosamente:

    - Hehehehehehe!!! Sabe, não quero de maneira nenhuma menosprezá-la, nem ofendê-la com um suposto humor sádico e ácido, mas apesar de sua aparência, creio que você é a mais humana aqui Hehehehe, e falo isso de coração, não de um modo pejorativo, você é uma pessoa que não deveria estar aqui sabe, sim, é uma garota com um coração de ouro, agora sim vejo que você deve mesmo conhecer novas pessoas e espalhar esta semente que carrega com você, uma semente rara e bela.

    "Quando a luz começa a enfraquecer
    Às vezes me sinto um pouco estranho
    Um pouco ansioso quando está escuro
    Medo do escuro, medo do escuro
    Tenho um medo constante que sempre há algo perto
    Medo do escuro, medo do escuro
    Eu tenho uma fobia de que alguém sempre está lá".


    O velho com a coroa não se preocupou com a xícara e líquido derramado, ele novamente sorveu mais um pouco do conteúdo da xícara, ele não sabia dizer se a garota dizia que não estava pronta pra sair se era por ele ou por ela mesma, talvez pelas duas coisas:

    - Escute querida!!! Mesmo que fique aqui ou não, o que acontecerá comigo acontecerá de qualquer forma, está além do seu e do meu alcance é algo que talvez nem a biblioteca possa impedir. Então lhe digo que sua presença é importante, no entanto como eu disse os barcos embora estejam seguros no porto, não foi para ficarem lá parados que foram feitos, você poderá desbravar e encontrar seu verdadeiro objetivo.

    "Você já correu seus dedos pela parede
    E sentiu a pele de sua nuca arrepiar
    Quando está procurando pela luz?
    Algumas vezes quando você está com medo de olhar
    No canto da sala
    Você sente que alguma coisa está lhe observando
    Medo do escuro, medo do escuro
    Tenho um medo constante que sempre há algo perto
    Medo do escuro, medo do escuro
    Eu tenho uma fobia de que alguém sempre está lá.".

    Gedrus por um momento parou de falar, como se sentisse um mal estar, ele pousou a xícara na mesa, o líquido ainda fumegava dentro dela, Gedrus fechou os olhos, esfregou seus dedos agora enrugados uns nos outros.

    "Você alguma vez já esteve sozinho a noite
    Pensou ouvir passos por trás
    E quando virou de costas, não havia ninguém lá?
    E enquanto você acelera seu passo
    Você achará difícil olhar de novo
    Porque você tem certeza de que há alguém lá
    Medo do escuro, medo do escuro
    Tenho um medo constante que sempre há algo perto
    Medo do escuro, medo do escuro
    Eu tenho uma fobia de que alguém sempre está lá".

    Gedrus teve uma mesma sensação no passado, algo que lhe rendeu uma pessoa preciosa, naquela época ele perdeu sua filha, e agora... Agora ele está mais que apreensivo, o sentimento toma conta de seus sentimentos e um calafrio toma conta de seu corpo.

    Medo do escuro
    Medo do escuro
    Medo do escuro
    Medo do escuro
    Medo do escuro
    Medo do escuro
    Medo do escuro
    Medo do escuro.


    Gedrus abre os olhos com violência e se levanta da mesa, ele fica calado todo esse tempo e diz calmo:

    - Me desculpe Olga querida, eu preciso ver uma coisa, podemos continuar esta conversa depois, por favor, eu preciso verificar algo... Eu... Eu já venho falar com você, eu posso encontrá-la no salão principal daqui a pouco?

    "Assistindo filmes de terror na noite anterior
    Debatendo sobre bruxas e folclore
    Os problemas desconhecidos na sua mente
    Talvez sua mente esteja pregando truques
    Você sente, e subitamente seus olhos fixam
    Em sombras dançando por trás de você

    Medo do escuro, medo do escuro
    Tenho um medo constante que sempre há algo perto
    Medo do escuro, medo do escuro
    Eu tenho uma fobia de que alguém está lá

    Medo do escuro, medo do escuro
    Tenho um medo constante que sempre há algo perto
    Medo do escuro, medo do escuro
    Eu tenho uma fobia de que sempre alguém está lá

    Quando estou andando por uma estrada escura
    Eu sou um homem que caminha sozinho".
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

    Mensagem por ayana Seg Mar 11, 2019 2:37 am

    Olga Curie

    A risada de Gedrus foi uma reação inesperada que, a princípio, deixou Olga irritada. Um ingrediente a mais para o turbilhão emotivo que se agitava em sua cabeça como uma colmeia de abelhas. Nunca tantos sentimentos diferentes se manifestaram em um período tão breve. Era a constatação de que o mago estava certo ao supervalorizar a humanidade dela, que deveria estar se sentindo orgulhosa agora. Não era o caso porque, como todos sabem, os humanos se deixam levar mais pelas paixões do que propriamente pela razão.

    Parar, respirar e ouvir com atenção as palavras do mago foi um procedimento eficaz para a bailarina mecânica se acalmar. Não podia se deixar levar pelos impulsos, porque contava com uma força destrutiva, adquirida por meio do ritual de guerra que a trouxe de volta à vida. Segundo Gedrus, logo ela conheceria seu verdadeiro objetivo, mas ela não queria esperar para descobrir. Estava levantando as primeiras conjecturas que a alertavam para deixar as ilusões de lado; com certeza, ela não fora criada para se tornar uma bailarina. "Eu sou uma arma", ela pensou ao olhar mais uma vez para suas mãos e para os cacos de porcelana sobre a mesa.

    Ela voltou a olhar para Gedrus que estava em silêncio e de olhos fechados. Pensou que poderia ser o efeito da idade avançada recém-adquirida. Chamou pelo nome dele com a voz suave, mais de uma vez. Estava prestes a tocar no ombro dele com a ponta do dedo, quando ele acordou de repente, levantando-se da mesa.

    - Tá tudo bem? - Olga também se levantou.

    - Me desculpe Olga querida, eu preciso ver uma coisa, podemos continuar esta conversa depois, por favor, eu preciso verificar algo... Eu... Eu já venho falar com você, eu posso encontrá-la no salão principal daqui a pouco?

    - Espera aí, Gedrus! O que tá acontecendo? Do nada, você apagou e agora… seja o que for eu posso ajudar! Vou lá com você!
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    A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada Empty Re: A Biblioteca, O Mago e a Desfigurada

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