16 de Tarsakh, 1372
A garçonete, então, finalmente chegou com a cidra de rum que Hyn havia pedido. A moça depositou a cidra sobre a mesa, e antes de se retirar, ela lhe lançou um sorriso insinuante. Hyn bebericou a bebida enquanto via a garçonete atender os apostadores da mesa ao lado. Ela era nova, tanto em idade quanto em tempo empregada na Cauda, e sem dúvida tinha uma beleza acima da média.
De certo modo, a garçonete o fez lembrar-se de Aideen, a sua amada desaparecida. Já fazia duas dezenas que ele não tinha sinais dela, e nem de Sinistro, o seu captor. Para piorar a situação, seus companheiros de tripulação não pareciam ter o desejo de voltar ao encalço do Desmorto. A aventura e o confronto na ilha de Paldir havia sido o suficiente para esfriar os seus ânimos. Neste momento a maioria dos tripulantes estava no interior da taverna na companhia de alguma meretriz qualquer. Aqueles ratos-do-mar pareciam estar afetados pela maldição da luxúria.
- Opa, eu acho que ganhei!
Um dos jogadores se levantou da mesa e recolheu as moedas da bandeja para si. Os outros três estavam com caras emburradas, não aceitando muito bem a derrota. Logo eles se levantaram da mesa e se dispersaram. Hyn agora estava sozinho em seu canto, vendo a lua que se erguia sobre as docas. Ele não ouviu os passos quando a garçonete aproximou-se dele, e perguntou, novamente com um sorriso contundente estampado no rosto:
- O senhor gostaria de mais alguma coisa? Algo para comer, talvez? Temos um cardápio se você quiser dar uma olhada.
Seus olhos pareciam duas pérolas retiradas do fundo do oceano, e seu nariz e sua boca tinham o formato perfeito. Seu vestuário era decotado, assim como o de todas as garçonetes que serviam na Cauda, e ela cheirava a fragrâncias das rosas.